Primeiro medalhista em Tóquio no ano passado, o mineiro Gabriel Araujo, 20 anos, chega ao Mundial de natação, que acontece partir de 12 até 18 de junho, na Ilha da Mandeira, em Portugal, como uma das grandes esperanças de medalha da Seleção Brasileira na competição. Ao todo, o atleta da classe S2 vai diputar em quatro provas: 50m costas, 100m costas, 200m livre, 50m peito.
Nos Japão, Gabrielzinho, como é conhecido, conquistou duas medalhas de ouro, mas provas dos 50 m costas e 200 m livre, e uma prata nos 100m costas, disputa que ficou marcada pelo primeiro pódio do país no megaevento paradesportivo em 2021.
E, apesar de já ser campeão paralímpico, o nadador de Santa Luzia fará na carreira sua estreia em Mundiais, já que antes só havia participado também de Jogos Parapan-americanos, quando obteve um ouro nos 50 e 100m livre e bronze nos 50m costas e nos 50m borboleta em Lima 2019, entre outras competições nacionais e internacionais.
"Cada competição tem a sua diferença, a sua importância. Para mim, vai ser um Mundial novo, mas talvez não seja tão novo assim. Fui para o Parapan de Lima 2019 e 'pulei' o Mundial, pois logo depois participei dos Jogos de Tóquio. Mas conheço os adversários, eles me conhecem. Vai ser uma primeira vez bem diferente", afirmou o nadador que tem focomelia, doença congênita que impede a formação normal de braços e pernas.
Atualmente, Gabrielzinho é lider do ranking mundial nas provas dos 50 m livre (com o tempo de 53s08), dos 100m livre (1min58s75), dos 200m livre (4min08s68), dos 50m costas (55s52), dos 50m borboleta (55s59), e dos 150m medley (3min35s44). Porém, nem todas essas disputas fazem parte do programa dos Jogos Paralímpicos pela classe S2.
"É saber que o trabalho vem dando certo, mostra que estamos no caminho certo. É uma motivação muito boa. Agora a gente treina sabendo que existe muitos adversários focados em mim, querendo me superar, estar no meu lugar no topo do ranking. E é isso que me motiva mais a cada dia a me manter a ser o melhor em todas as provas", apontou o atleta que conheceu a natação por meio de um professor de Educação Física da escola onde estudava, nos Jogos Escolares de Minas Gerais (JEMG).
Com os resultados recentes obtidos, Gabrielzinho também "reascendeu" a nova geração dos atletas das classes baixas (que concentram nadadores com os mais severos comprometimentos nos quatro membros ou ainda com graves lesões medulares).
A valorização e estímulo à participação de atletas com deficiências severas em eventos esportivos do CPB e na composição da delegação brasileira nos Jogos Parapan-Americanos de 2023 também fazem parte do planejamento estratégico 2017-2024 do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).
"É sensacional poder dar continuidade ao que meus ídolos das classes baixas fizeram, como o Clodoaldo [Silva], um atleta fenômeno, a Edênia [Garcia], uma pessoa maravilhosa. É ótimo dar sequência no trabalho e nos resultados grandiosos que eles tiveram. Os [atletas] classes baixas também sofrem no treino como qualquer um e, graças a essa minha dedicação e esforço, ao lado da minha comissão técnica, pude evoluir tão rápido dentro das piscinas", completou.
Foto: Miriam Jeske/CPB
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