A Ginástica Rítmica do Brasil vive um momento muito positivo. No Mundial de Kitakyushu, no ano passado, conseguiu uma inédita classificação para a final dos conjuntos, e Bárbara Domingos também alcançou um feito sem precedentes, ao avançar para a final no individual geral. A partir desta quinta-feira (7), o Brasil tem novamente outra chance de brilhar na modalidade, com a disputa do Campeonato Pan-Americano, que se estende até domingo.
Pelo segundo ano consecutivo, o evento será realizado no Parque Olímpico da Barra da Tijuca. Em 2020, a equipe brasileira conquistou lá a vaga para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Neste ano, as expectativas são novamente muito altas, e a medalha de bronze na etapa de Pesaro da Copa do Mundo confirmou o excelente momento desfrutado pelo País.
Camila Ferezin, a treinadora do conjunto, confirma que a motivação está em alta. “O grupo está unido, motivado e focado, e isso faz a diferença para trabalhar. Mais que isso, estamos competindo em casa, com uma superestrutura, e vindo de bons resultados, como a final no Campeonato Mundial de Kitakyushu e a medalha de bronze na Copa do Mundo de Pesaro. Analisando por esse ponto de vista, posso dizer que estamos em um dos nossos melhores momentos”.
Se os progressos saltam aos olhos, o esforço para que o Brasil se consolide entre os grandes do mundo é constante. “Estamos sempre evoluindo, nunca nos acomodamos. Já subimos a pontuação das séries, mas priorizando a limpeza e com foco sempre na parte artística. Tentamos incrementar aonde foi possível para conseguir mais pontos. Na GR não podemos nunca estacionar, novos desafios surgem a cada dia”, contextualiza Camila.
Pensando mais além da esfera dos resultados, Camila vê no Pan uma oportunidade de fazer a Ginástica Rítmica ganhar um espaço ainda maior no coração dos brasileiros. “Receber um campeonato que tenha essa magnitude é muito importante. Temos uma modalidade muito massificada, a mais praticada entre aquelas geridas pela Confederação Brasileira de Ginástica. O brasileiro já ama a GR, e tenho certeza de que teremos um público bem grande nesse campeonato. Isso só haverá de contribuir para popularizar ainda mais nosso esporte”.
Para reforçar esse vínculo com os torcedores, Camila aposta no impacto que as novas séries são capazes de proporcionar. A série mista (duas bolas e três fitas) é especialmente tocante, e isso já foi atestado em Pesaro. A coreografia foi montada com base na música “Smile”, composta por Charles Chaplin para integrar a trilha de um de seus filmes mais marcantes, “Tempos Modernos”. O público italiano não ficou impassível diante do que viu na área de competição – as diversas referências ao grande mestre do cinema mudo, como aquelas que remetem ao peculiar jeito de andar de Chaplin, ajudaram a conquistar os torcedores.
“Exibir essas séries em casa, com o calor da torcida nos colocando para cima, vai ter um gostinho especial. Estamos com saudades desse carinho. No ano passado competimos o Pan em casa, mas foi sem público. Nossa modalidade é feita disso, é um espetáculo e estamos prontas para fazer nosso melhor para todos os amantes da GR do Brasil, recebendo deles as palmas, gritos e vibrações. Não tenho dúvidas de que vai ser muito especial!”, destaca a treinadora.
Individual. Sem Bárbara Domingos, que ainda se recupera de uma cirurgia, e Natália Gaudio, que encerrou sua carreira no ano passado, o Brasil será representado por atletas mais jovens: Ana Luísa Passos Neiva, Geovanna Santos - que disputou o Pan de 2021, mas como integrante do conjunto - além de Maria Flávia Barros de Mello e Mariana Vitória Gonçalves Pinto, que participaram da última Gymnasiade.
Geovanna, originalmente uma ginasta que se envolveu em disputas individuais, voltou a elas depois da Olimpíada de Tóquio, e sua rápida readaptação chamou a atenção da comunidade ginástica. Na etapa de Pesaro, ela ficou muito perto de alcançar a final nas maças, ao obter a décima posição.
“A Geovanna é uma atleta que tem muita vontade. Traça seus objetivos e vai atrás deles com com bastante garra”, diz sua treinadora, Gizela Batista. “Nas últimas semanas, a gente focou em pequenos aperfeiçoamentos. Trabalhamos muito a série de fita, especialmente, e nos ativemos a detalhes, como a troca na ordem de alguns elementos”.
Ana Luísa esteve inscrita para o Pan do ano passado, mas não pôde competir porque um exame realizado poucos dias antes do evento deu positivo para covid-19. “Este ano esse evento terá um gostinho especial, por conta disso tudo. É uma excelente oportunidade que a CBG nos proporciona ao receber esse evento. Vamos poder contar com o apoio da torcida, da comissão multidisciplinar e de todos os treinadores, um ajudando o outro”, afirma a treinadora da ginástica brasiliense, Kely Espínola.
Acompanhar o Pan é uma oportunidade também para observar aquelas que podem dar um retrato do futuro da ginástica rítmica brasileira. Dois talentos que despontam na novíssima geração terão a oportunidade de representar o País: a sergipana Maria Flávia Britto e a paranaense Mariana Vitória Gonçalves Pinto. As duas participaram da última edição da Gymnasiade, realizada em maio, na Normandia, no noroeste da França.
Maria Flávia foi a nona colocada no individual geral da Gymnasiade. “É uma ginasta muito elegante, focada e talentosa. Teve um grande desempenho na Gymnasiade e melhora a cada dia”, diz sua treinadora, Iracema Alves.
Mariana Vitória, 12ª na Gymnasiade, também vem em franca ascensão. Sua treinadora, Kareen Priscila, espera que a pupila possa mostrar suas qualidades na Arena Carioca 1. “É uma atleta muito disciplinada, organizada e tranquila. E ama demais a ginástica. Espero que ela faça suas séries com alegria, e que seja feliz ao entrar e sair da quadra, porque treinou muito para esse momento e tenho a certeza de que fará o seu melhor”.
Foto: Ricardo Bufolin/CBG
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