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05/09/1972: Há 50 anos, a Olímpiada conhecia o terrorismo

Um dos terroristas na varanda de um dos apartamentos (Foto: Kurt Strumpf/Associated Press)

No dia 05 de setembro de 1972, o mundo assistiu chocado em tempo real, um dos mais assustadores episódios da história dos Jogos Olímpicos. 

O fato ocorreu durante os Jogos de Munique-1972, evento no qual a Alemanha decidiu mostrar para o mundo que tudo o que havia ocorrido entre 1933 e 1945, período do Partido Nazista no poder, estava no passado. 

Se em Berlin-1936, os nazistas usaram os Jogos como propaganda política do povo ariano e do Terceiro Reich, era a vez de mostrar que o povo alemão não compactuava mais com os ideais racistas e antissemitas do regime e que aprendeu com tudo o que aconteceu.

Foram mortos no Holocausto, seis milhões de judeus. Por isso, a delegação de Israel era foco de todo o mundo, afinal, como seriam a Olimpíada para eles? A delegação contava com sobreviventes do genocídio, entre eles Shaul Ladany, que correu com a estrela amarela que todos os judeus eram obrigados a usar na época.

Surte +: Surto História: Shaul Ladany, o homem que sobreviveu ao Holocausto, competiu em Munique 1972 e segue marchando

O evento transcorria bem, mas havia uma preocupação. O Comitê Organizador decidiu fazer uma segurança mais branda, para não passar a sensação de uma Alemanha militarizada e então, a segurança da Vila Olímpica quase inexistia.

O atentado

Os 11 integrantes da delegação israelense assassinados (Foto: Divulgação)

Na madrugada do dia 5 de setembro de 1972, terroristas do movimento Setembro Negro invadiram a Vila dos Atletas, entraram no prédio onde estava a delegação israelense e adentraram em seus apartamentos, atirando no treinador de wrestling, Moshe Weinberg, que mesmo com a boca ferida tentou lutar contra os invasores, deixando um deles inconsciente. No entanto, ele foi baleado novamente e acabou não resistindo aos ferimentos. Também da equipe de wrestling, o atleta Yossef Romano foi morto ao tentar enfrentar os terroristas, que acabaram fazendo nove atletas reféns.

Os terroristas pediam a libertação de 234 presos palestinos em Israel e, para mostrar força, jogaram o corpo de Weinberg, perfurado de balas, para fora do apartamento, o deixando a mostra para o mundo todo. 

Os criminosos decidiram ir com os reféns até a base aérea de Fürstenfeldbrück, onde a polícia alemã os esperava para uma emboscada com um Boeing 727 que seria utilizado para fuga com uma tripulação de policiais disfarçados de agentes de voo. 

O trajeto até lá foi feito de helicóptero e, ao chegar, dois terroristas decidiram inspecionar o avião e os policiais que deveriam estar disfarçados, abandonaram o posto ligando o alerta dos integrantes do Setembro Negro. Em razão disso, os dois terroristas correram aos helicópteros e atiradores de elite iniciaram fogo. 

Em resposta, os terroristas assassinaram todos os reféns dentro dos helicópteros, inclusive explodindo um deles, deixando os corpos irreconhecíveis. Dos oito terroristas que participaram do ato, cinco foram mortos e três capturados, todos os reféns foram mortos e um policial alemão não resistiu após ser atingido durante o tiroteio. Os Jogos terminaram ali para Israel.

Como consequência, Mark Spitz (destaque daqueles Jogos com sete medalhas de ouro na natação) por ser judeu, teve que voltar para os Estados Unidos por segurança, assim como outros atletas judeus, que também abandonaram o evento junto de outros esportistas que julgavam não haver mais clima para continuar o megaevento. 

Após 34 horas de interrupção, o presidente do Comitê Organizador retomou as competições com um discurso de que "os Jogos devem continuar e devemos continuar nossos esforços em mantê-lo limpo, puro e honesto".

50 anos depois: homenagens e indenização

Coroa de flores em evento realizado pela lembrança do atentado (Foto:Leonhard Foeger/ Reuters)

Por anos. os familiares da vítimas pediram para que o massacre fosse lembrado e apenas em Tóquio-2020, o COI (Comitê Olímpico Internacional) permitiu que fosse realizado um minuto de silêncio em memória às vitimas. 

A associação de familiares das vítimas brigou para que houvesse uma indenização por parte do governo alemão e ela só veio na última sexta (5), no valor de 28 milhões de euros. O valor será repartido entre governo federal, governo da Bavária e prefeitura de Munique. 

Ao longo do dia 5, foram feitas homenagens na Alemanha e presidente do COI, Thomas Bach, que é bávaro, se pronunciou sobre o assunto em carta, lembrando as vítimas. 


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