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Guia da Copa do Mundo Feminina de Futebol - Grupo G

 Tabela de Jogos (No Horário de Brasília)

1ª Rodada:

23/07 – 02h: Suécia x África do Sul (Wellington Regional Stadium – Wellington/NZL)

24/07 – 03h: Itália x Argentina (Eden Park – Auckland/NZL)

2ª Rodada:

27/07 – 21h: Argentina x África do Sul (Forsyth Barr Stadium – Dunedin/NZL)

29/07 – 04h30: Suécia x Itália (Wellington Regional Stadium – Wellington/NZL)

3ª Rodada:

02/08 – 04h: Argentina x Suécia (Waikato Stadium – Hamilton/NZL)

02/08 – 04h: África do Sul x Itália (Wellington Regional Stadium – Wellington/NZL)


As duas seleções classificadas enfrentam adversários do Grupo E nas Oitavas de Final


Guia da Copa do Mundo Feminina de Futebol - Grupo A

Guia da Copa do Mundo Feminina de Futebol - Grupo B

Guia da Copa do Mundo Feminina de Futebol - Grupo C

Guia da Copa do Mundo Feminina de Futebol - Grupo D

Guia da Copa do Mundo Feminina de Futebol - Grupo E

Guia da Copa do Mundo Feminina de Futebol - Grupo F

Suécia

Foto: UEFA

De boas campanhas recentes em Eurocopa, Copa do Mundo e Olimpíada, a Suécia é novamente candidata a chegar às fases decisivas de um grande torneio. O principal motivo de tamanho sucesso é a solidez da equipe. Atletas com muita qualidade individual e também experiência internacional estão espalhadas em todos os setores. A rigor, o time titular sueco não deve nada a nenhuma seleção considerada favorita a vencer o mundial.

Outro ponto importante é o entrosamento que as atletas possuem dentro da seleção. Só para termos uma ideia: a defesa conta com a segurança transmitida pela zagueira Linda Sembrant enquanto o centro do campo é comandando pela capitã Caroline Seger e o ataque tem em Sofia Jakobsson um nome de desequilíbrio. O trio fez parte da campanha nórdica ainda no mundial de 2011. E a experiência em competições desse porte poderia ser ainda maior, não fosse a lesão da goleira Hedvig Lindahl (de 40 anos).

A principal expectativa para a atual competição mundial é ir além deste 3º lugar obtido doze anos atrás. Um objetivo bastante alcançável, especialmente pela a manutenção do ótimo trabalho desempenhado por Peter Gerhardsson desde o ano de 2017. Seu conhecimento profundo do elenco auxilia bastante na hora de organizar a equipe para as partidas. Afinal, uma característica marcante dessa Suécia é variar seus esquemas de jogo com boa frequência – e sem uma queda brusca de rendimento.

Especialmente no setor defensivo a equipe deve ir a campo de diferentes maneiras durante o mundial. Isso porque, além de perder Lindahl e não ter uma substituta clara às vésperas da Copa, a titularíssima lateral/ala Hanna Glas também será ausência por conta de problemas médicos. Mesmo assim, a seleção é ampla favorita a deixar o Grupo G como líder absoluta. O primeiro real teste de peso tem tudo para acontecer nas oitavas de final, quando as europeias devem enfrentar Países Baixos ou Estados Unidos. Simplesmente os finalistas da última Copa.

Ranking da FIFA: 3º Lugar.

Participações Anteriores em Copas do Mundo: 8/8 (1991, 1995, 1999, 2003, 2007, 2011, 2015, 2019).

Melhor Campanha: 2º Lugar (2003).

Peter Gerhardsson vai para o seu segundo mundial consecutivo à frente das suecas. Até pela continuidade do trabalho, a equipe apresenta interessantes variações de jogo. Foto: Getty Images

Técnico: Peter Gerhardsson (desde Setembro de 2017).

Convocação

Goleiras: 1-Zećira Mušović (27 anos – 26/05/1996; Chelsea FC-ING), 12-Jennifer Falk (30 anos – 26/04/1993; BK Häcken), 21-Tove Enblom (28 anos – 20/11/1994; KIF Örebro);

Laterais: 2-Jonna Andersson (30 anos – 02/01/1993; Hammarby IF), 4-Stina Lennartsson (26 anos – 04/04/1997; Linköpings FC), 5-Anna Sandberg (20 anos – 23/05/2003; BK Häcken);

Zagueiras: 3-Linda Sembrant (36 anos – 15/05/1987; Juventus FC-ITA), 6-Magdalena Eriksson (29 anos – 08/09/1993; Chelsea FC-ING), 13-Amanda Ilestedt (30 anos – 17/01/1993; Arsenal FC-ING), 14-Nathalie Björn (26 anos – 04/05/1997; Everton FC-ING);

Volantes/Meio Campistas: 16-Filippa Angeldahl (26 anos – 14/07/1997; Manchester City-ING), 17-Caroline Seger (38 anos – 19/03/1985; FC Rosengård), 20-Hanna Bennison (20 anos – 16/10/2002; Everton FC-ING), 23-Elin Rubensson (30 anos – 11/05/1993; BK Häcken);

Armadoras: 8-Lina Hurtig (27 anos – 05/09/1995; Arsenal FC-ING), 9-Kosovare Asllani (33 anos – 29/07/1989; AC Milan-ITA);

Pontas: 7-Madelen Janogy (27 anos – 12/11/1995; Hammarby IF), 10-Sofia Jakobsson (33 anos – 23/04/1990; San Diego Wave-EUA), 18-Fridolina Rolfö (29 anos – 24/11/1993; FC Barcelona-ESP), 19-Johanna Rytting Kaneryd (26 anos – 12/02/1997; Chelsea FC-ING), 22-Olivia Schough (32 anos – 11/03/1991; FC Rosengård);

Atacantes: 11-Stina Blackstenius (27 anos – 05/02/1996; Arsenal FC-ING), 15-Rebecca Blomqvist (25 anos – 24/07/1997; VfL Wolfsburg-ALE).

Lista de Suplentes: Não Divulgada.

Ausências Notáveis: Hedvig Lindahl (GOL – Djurgårdens IF; cirurgia no menisco em Abril de 2023), Hanna Glas (LD/AD - Kansas City-EUA; lesão no ligamento cruzado anterior do joelho sofrida em Setembro de 2022), Hanna Lundkvist (LD – Atlético de Madrid-ESP; lesão no tornozelo sofrida em Julho de 2023), Amanda Nildén (LE – Juventus FC-ITA; opção técnica), Alva Selerud (LE – AS Roma-ITA; opção técnica), Emma Kullberg (ZAG - Brighton & Hove Albion-ING; opção técnica), Freja Olofsson (VOL – Real Madrid-ESP; opção técnica), Julia Zigiotti Olme (MC/MA – Brighton & Hove Albion-ING; opção técnica), Matilda Vinberg (MA – Hammarby IF; opção técnica), Anna Anvegård (AT - BK Häcken; opção técnica).

Time-Base:

Zećira Mušović; Stina Lennartsson, Amanda Ilestedt, Magdalena Eriksson, Jonna Andersson; Filippa Angeldahl, Caroline Seger ©; Johanna Rytting Kaneryd, Kosovare Asllani, Fridolina Rolfö; Stina Blackstenius.

Vários esquemas foram testados durante o ciclo, independentemente da força do adversário. Os mais comuns foram 4-2-3-1, 4-3-3, 3-5-2 e 3-4-3. E o saldo principal de tantos experimentos é que a Suécia conseguiu competir muito bem em todos eles. Dessa forma, a comissão técnica pode montar sua equipe baseada em escolhas técnicas, físicas e também de acordo com o que o adversário oferece de perigo. Tudo isso com um elenco já acostumado a tantas variações, o que diminui a possibilidade de a Suécia se desorganizar demais em campo ou determinada atleta sentir muito o peso da partida.

Aliás, ter um banco de reservas pronto para qualquer emergência será bastante importante para a sequência da Suécia na competição. Isso por conta da idade avançada de algumas das maiores referências da seleção – que estão espalhadas em praticamente todos os setores do campo. Logicamente que, em um esporte cada vez mais nivelado, a questão física pode fazer a diferença em um confronto onde as equipes são naturalmente parelhas. Montar o time com mais ou menos 15 atletas aptas a atuar de forma consistente é o que norteia o pensamento da comissão técnica no atual ciclo.

Comecemos a detalhar a equipe por pelo gol. Hedvig Lindahl certamente permaneceria como a titular na meta nórdica mesmo com 40 anos. Titular nos cinco jogos da Eurocopa em 2022, a goleira do local Djurgårdens IF vivia grande momento e ainda era uma líder natural do conjunto sueco por todo o currículo em grandes competições de clubes e também na seleção. Porém, um problema no joelho e a consequente cirurgia de menisco a tiraram da lista final.

Com a lesão de Hedvig Lindahl, a vaga de titular na meta sueca está em aberto. Zećira Mušović, do Chelsea, compete com Jennifer Falk pelo posto. Foto: Michael Erichsen (Bildbyrån)

Zećira Mušović e Jennifer Falk despontam como as principais candidatas a assumir o posto, mas nem mesmo a comissão técnica parece saber ainda qual delas iniciará a competição como titular. Não se pode descartar a possibilidade de as duas receberem oportunidade já na fase de grupos para que o rendimento dentro da Copa defina a dona da posição para a sequência do torneio. Quem completa o grupo de goleiras é Tove Enblom, do KIF Örebro.

Outra indefinição está na lateral-direita. Hanna Glas não se recuperou a tempo de disputar o mundial após sua quarta cirurgia de ligamento no joelho. A reposição natural era Hanna Lundkvist, consolidada como titular no Atlético de Madrid e que parece não sentir a pressão também quando é chamada ao conjunto nacional. Porém, uma torção no tornozelo sofrida na metade Julho a tiraria da Copa. A reposição imediata atende pelo nome de Stina Lennartsson, acostumada a atuar ali e que de forma até surpreendente havia sido cortada da lista original.

No centro da defesa, Amanda Ilestedt será titular e muito provavelmente terá a companhia de Magdalena Eriksson no setor. Vale destacar que essa última pode atuar como zagueira ou lateral pelo setor canhoto, encontrando facilidade para atuar em um esquema que utiliza um trio de defensoras. Porém, para o corredor esquerdo, a Suécia conta com uma Jonna Andersson que vem de uma Eurocopa em alto nível e dificilmente perderá a posição.

Recém-contratada pelo Arsenal, Amanda Ilestedt é uma zagueira de imposição nos duelos pelo alto e que também sabe jogar com a bola nos pés. Foto: AP

No melhor dos cenários, e considerando que Peter Gerhardsson vá utilizar uma linha com quatro atletas de defesa, Ilestedt, Eriksson e Andersson largam em vantagem para iniciar os confrontos de maior exigência técnica e física. A lateral-direita parecia consolidada com Lundkvist, mas seu problema médico abrirá a disputa por essa vaga. Na convocação final, é interessante notar as ausências de Amanda Nildén e Alva Selerud para o lado canhoto. Duas jogadoras que atuam na Itália e pareciam ter boas chances de disputar o mundial.

Uma alternativa bastante interessante para a Suécia em é ter Linda Sembrant na equipe titular. Normalmente sua utilização acontece quando o comandante nacional opta por uma linha com três zagueiras, já que o fato de ser acompanhada por duas atletas próximas acaba expondo menos a experiente defensora a duelos que exijam maior velocidade. Sua entrada no time ganha mais força com a perda significativa que as nórdicas tiveram na lateral já neste mês de Julho.

Neste esquema, a atleta de 36 anos ocupa um papel mais central e é a principal responsável por levar o time à frente com bola dominada. Defensora de grande qualidade técnica, a jogadora da Juventus ainda adiciona um melhor senso de posicionamento ao setor além do natural acréscimo anímico que transmite às companheiras. Emma Kullberg e Nathalie Björn são outras opções para a zaga, mas especialmente em uma linha formada por quatro atletas. Invariavelmente a sólida dupla pode executar essa tarefa desempenhada por Sembrant, mas sem apresentar a mesma eficiência em passes curtos e inversões de jogo.

Jonna Andersson foi um dos destaques da Suécia na última Eurocopa. Na ocasião, a seleção nórdica parou na semifinal, sendo derrotada somente pela futura campeã Inglaterra. Foto: Ludvig Thunman

Em confrontos onde as nórdicas tendem a ter maior posse de bola e entram como favoritas absolutas, a seleção dispõe de um meio campo mais refinado tecnicamente. Isso aumenta a capacidade de controlar o ritmo do jogo e também de encontrar algum passe que desmonte a marcação adversária. Um nome indiscutível nesse cenário é o da experiente Caroline Seger. Lembremos que a saída trabalhada ao campo rival costuma acontecer já com uma zagueira. Porém, é com a volante de 38 anos que a Suécia passa a um estágio de construção ofensiva em uma zona mais perto da intermediária de ataque. Por mais que eventualmente ela recue para iniciar o jogo entre as duas defensoras, naturalmente seu posicionamento é mais próximo de meias e também da atacante.

O equilíbrio que a atleta de 38 anos dá ao time é incomparável e explica a sua presença no time mesmo com uma idade mais avançada. Ela já foi destaque em Copas do Mundo e Olimpíadas anteriores e permanece vital para o andamento do jogo sueco desde aquele momento. A nível de curiosidade: sua primeira grande competição com a seleção foi a Eurocopa no já distante ano de 2005.

Neste cenário ofensivo, a companheira de Seger é Kosovare Asllani. Porém, esse posicionamento mais retraído acaba tirando a atleta do Milan de uma área onde ela é muito mais decisiva. E, por mais que sua companheira mais próxima avance pouco, Asllani ainda é obrigada a realizar trabalhos defensivos. Algo que definitivamente não combina com suas características de jogo e também o seu perfil físico.

Aos 36 anos, Linda Sembrant é uma das grandes lideranças da Suécia. Ainda que não seja titular em todas as partidas, ela adiciona muita qualidade e experiência ao setor defensivo quando está em campo. Foto: Football365

Outro ponto que contribui para que Gerhardsson utilize mais uma boa marcadora é a idade de Caroline Seger. Seus 38 anos naturalmente tiram o poder de combatividade e a intensidade para quem executa uma função tão próxima à própria meta. O esquema com três zagueiras pode amenizar o problema, ainda que não resolva o posicionamento de Asllani. Com tantos “contras”, soa muito mais plausível imaginar a Suécia com duas meio campistas de origem.

Nathalie Björn volta a aparecer como uma boa alternativa para aumentar a agressividade no centro do campo. Já Elin Rubensson, Hanna Bennison e Filippa Angeldahl gostam mais da bola e aparecem com frequência ao campo rival em transições ou para finalizar de média distância. Rubensson era unanimidade no ciclo anterior, mas a concorrência aumentou desde então. De qualquer forma, ela é quem mais consegue executar a tarefa desempenhada pela capitã Carolina Seger.

O fato de liberar Kosovare Asllani para a criação adiciona imprevisibilidade e muito recurso técnico nas imediações da área adversária. Se a Suécia atua num 4-2-3-1 ou 3-5-2 (que se assemelha mais a um 3-4-1-2), a craque executa o papel de elo entre meio campo e ataque. E desequilibra especialmente através de dribles ou encontrando uma companheira melhor posicionada em passe que exija maior recurso técnico.

Outra remanescente de campanhas passadas em Copas do Mundo, Olimpíadas e Eurocopas é Caroline Seger. Os 38 anos não impedem que ela siga sendo fundamental para iniciar as tramas ofensivas suecas com bola no pé. Foto: Göteborgs (Posten)

Vale ressaltar também que a criativa jogadora não necessariamente fica restrita a um posicionamento fixo. Por mais que seu rendimento tenda a ser maior em um posto central, atrás da única atacante, não raramente é possível ver Asllani trocando de função com uma das meias. E é justamente essa movimentação a maior virtude apresentada pela Suécia no campo ofensivo.

Quando a craque é escalada ao lado de uma volante, é natural que o trabalho defensivo acabe comprometendo seu rendimento físico no momento de atacar. E tem mais: Asllani já não é uma atleta tão jovem assim. Seus 33 anos vão contribuir para uma queda de rendimento caso ela seja bastante exigida no aspecto de recomposição e acompanhamento até o próprio campo.

A idade e o desgaste praticamente obrigam a Suécia a ter uma opção no banco de reservas mais ou menos das mesmas características das apresentadas por Asllani. Porém, não foi o que aconteceu. Quem despontou como a opção imediata à craque do Milan foi Julia Zigiotti Olme. Atualmente no Brighton, a cerebral meio campista de 25 anos também tem na criatividade seu ponto forte. O maior problema de Olme é a dificuldade em repetir na seleção o alto nível que já apresentou em clubes. Por conta disso, ela acabaria fora da lista definitiva.

Atleta do Chelsea, Johanna Rytting Kaneryd parece ter sido a meia-direita que mais convenceu a comissão técnica nos últimos anos. Dessa forma, ela tem tudo para iniciar a Copa do Mundo como a titular na posição. Foto: Ludvig Thunman (Bildbyrån)

Um talento que vem chamando a atenção nas categorias de base é Matilda Vinberg, de 20 anos. A atleta do Hammarby foi eleita a Melhor Jovem do país em 2022 e vem crescendo partida após partida no campeonato local, se dando muito bem em um time que se caracterizou por um estilo ofensivo e com boas novatas no elenco principal. Mesmo assim, Gerhardsson optou por não chama-la para o mundial.

Caso a comissão técnica opte por não ter armadora em uma eventual ausência de Asllani, a Suécia tira bastante a responsabilidade ofensiva das costas de suas meio campistas. O 3-4-3 utilizado em alguns confrontos durante o ciclo facilita o avanço de alas e pontas e muda consideravelmente a forma de as nórdicas atacarem. As protagonistas da vez passam a ser Sofia Jakobsson e Fridolina Rolfö. Remanescentes de ciclos anteriores, as duas atletas atuam pelo lado do campo e fazem a diferença em arrancadas e cruzamentos. Além disso, elas cumprem uma função defensiva importante e que torna a equipe mais compacta.

Rolfö se tornou um nome indiscutível na seleção nacional após excelentes temporadas no futebol alemão e também no Barcelona. Hoje, é uma das melhores jogadoras do mundo ao cumprir praticamente qualquer tarefa pelo setor canhoto do campo. Já Jakobsson não chega a ser uma titular absoluta por conta das boas opções que a Suécia tem para o lado direito e também pela fase atual. De qualquer forma, ela é, no mínimo, uma alternativa das mais interessantes para o andamento dos jogos.

No lado canhoto, Fridolina Rolfö é um nome insubstituível. Além da qualidade na chegada ao ataque, chama a atenção sua polivalência. Na seleção e também no Barcelona, ela já executou todas as funções no setor esquerdo do campo. Foto: Ludvig Thunman (Bildbyrån)

Lembremos que até mesmo Asllani pode ocupar um posto no lado direito de ataque caso seja do desejo da comissão técnica. Além dela, o setor ainda conta com nomes de velocidade e habilidade como Madelen Janogy, Johanna Rytting Kaneryd e Olivia Schough (essa atuando também na armação quando preciso). Lina Hurtig, meio campista ofensiva, é alternativa para dar maior cadência de jogo. Ainda que possa ser escalada também no comando de ataque, ela parece render mais quando atua com liberdade para circular entre meio campo e área rival.

Sua aparição ao lado de Asllani num 3-4-3 deixaria o time com mais cara de 3-4-2-1, já que as duas centralizam bastante seus movimentos. Dessa forma, ambas não encaixam na característica de pontas que buscam a linha de fundo para efetuar cruzamentos. Especialmente Hurtig, que é uma arma interessante justamente na conclusão desses lances pelo alto. O 1,80cm ajuda a atleta, dotada de bom tempo de bola ainda que venha de temporada discreta no Arsenal.

O jogo aéreo ofensivo, aliás, funciona muito bem para a Suécia. Por ter um elenco de bom porte físico, a equipe costuma levar vantagem nesse tipo de enfrentamento. A marcação adiantada também é um ponto que merece ser destacado. Especialmente na figura de Stina Blackstenius, normalmente a escolhida para o posto de titularidade no comando de ataque. Ela lidera um conjunto sueco que costuma pressionar bastante as zagueiras adversárias quando elas buscam uma saída de bola através da troca de passes.

Além de marcar gols, Stina Blackstenius costuma auxiliar bastante o setor defensivo. Sua combatividade já no ataque facilita o trabalho de volantes e zagueiras. Foto: SvFF

Dentro do seu habitat artilheiro, a jogadora do Arsenal é uma boa opção para cruzamentos oriundos da linha de fundo. Mas não é só isso. Ela demonstra qualidade quando sai da área para ajudar na organização (abrindo espaços para Asllani ou pontas) e também quando é acionada em velocidade às costas da linha de defesa do time adversário. Lina Hurtig também pode aparecer no comando de ataque, lembremos.

Essa com uma menor contribuição sem a bola, mas permanecendo importante pela movimentação que gera na área e também em seus arredores. A principal alternativa à dupla no comando de ataque nórdico é Rebecka Blomqvist, de bons momentos no alemão Wolfsburg. Outra opção seria Anna Anvegård, com passagem pelo futebol inglês e que também pode atuar pelos lados do campo. Porém, ela ficaria de fora da lista definitiva.

Kosovare Asllani é quem costuma fazer a diferença para a Suécia quando acionada pelo centro, como uma armadora. Eventualmente, porém, a craque aparece buscando o jogo pelos lados do campo. Foto: Ludvig Thunman

Destaque – Kosovare Asllani

Para dar esse passo além em uma competição de alto nível, muito provavelmente a Suécia terá em Asllani um nome de muita importância. E vale ressaltar que a meio campista vem de um excelente ano de 2022 com a seleção – principalmente pelo que apresentou na Eurocopa. Ali, fez parte de um setor ofensivo móvel, talentoso e que guiou as nórdicas até as semifinais.

Além disso, a mudança de ares para o futebol italiano deu a ela uma importância ainda maior. Isso porque Asllani soube lidar com a pressão de liderar um elenco do Milan não tão forte e manteve o seu alto nível também no futebol de clubes. Ponta ou armadora, a craque comumente é a principal atleta sueca para o espaço entre a intermediária ofensiva e a área defensiva adversária.

Ela é o cérebro da equipe e quem mais busca se movimentar para abrir espaços para as companheiras mais próximas. De quebra: no esquema nórdico de marcar o time adversário já na saída de bola, Asllani é quem costuma fazer a investida na volante rival de forma agressiva. Não raramente ela vence duelos importantes já na intermediária ofensiva.

 

África do Sul

Foto: Getty Images

O título continental em 2022 confirmou o excelente momento vivido pelas Banyana Banyana. Se as nigerianas são a principal potência do continente em um contexto histórico, o momento atual parece ser da África do Sul. E a principal figura por trás desse crescimento recente atende pelo nome de Desiree Ellis.

A técnica assumiu o cargo ainda em 2018 e desde então vem coordenando um vitorioso trabalho à frente de uma equipe talentosa e que está cada vez mais acostumada a frequentar torneios de grande porte. Durante esse período, Ellis disputou duas decisões da Copa das Nações Africanas e vai para a segunda Copa do Mundo à frente das sul-africanas. Em 2019, foram três derrotas em um complicado grupo que ainda contava com Alemanha, Espanha e China. Mesmo assim, a equipe teve bons momentos durante todos esses jogos.

Para melhor seu histórico em mundiais, porém, a África do Sul precisará corrigir problemas que ganharam maior proporção na reta final do ano passado. Especialmente os defensivos, já que nos três confrontos realizados contra Brasil e Países Baixos a seleção sofreu 14 gols. Por mais que na Copa Africana de Nações o desempenho tenha sido melhor, a exigência em uma Copa do Mundo é bastante diferente. Outra questão que afetou a preparação das sul-africanas é o problema médico enfrentado pela craque Thembi Kgatlana.

Com experiência em campeonatos de Europa, Ásia e América do Norte, a jogadora ficou praticamente dez meses afastada dos gramados por conta de uma grave lesão. Menos mal para a seleção que a estrela do conjunto adquiriu ritmo de jogo no futebol dos Estados Unidos desde Maio e está no grupo que vai à Copa. Tê-la nas melhores condições físicas é essencial para que a equipe mantenha a esperança de superar a fase de grupos.

Ranking da FIFA: 54º Lugar.

Participações Anteriores em Copas do Mundo: 1/8 (2019).

Melhor Campanha: Fase de Grupos (2019).

Desiree Ellis mais uma vez comandará a África do Sul em Copas do Mundo. A técnica busca agora continuar fazendo história com a seleção, quem sabe alcançando uma das vagas à fase final. Foto: Gypseenia Lion

Técnica: Desiree Ellis (desde Fevereiro de 2018).

Convocação

Goleiras: 1-Kaylin Swart (28 anos – 30/09/1994; Janine van Wyk FC), 16-Andile Dlamini (30 anos – 02/09/1992; Mamelodi Sundowns), 21-Kebotseng Moletsane (28 anos – 03/03/1995; Royal AM);

Laterais: 2-Lebohang Ramalepe (31 anos – 03/12/1991; Mamelodi Sundowns), 7-Karabo Dhlamini (21 anos – 18/09/2001; Mamelodi Sundowns), 8-Fikile Magama (21 anos – 19/01/2002; University of the Western Cape), 18-Sibulele Holweni (22 anos – 28/04/2001; University of the Western Cape);

Zagueiras: 3-Bongeka Gamede (24 anos – 22/05/1999; University of the Western Cape), 4-Noko Matlou (37 anos – 30/09/1985; SD Eibar-ESP), 13-Bambanani Mbane (33 anos – 12/03/1990; Mamelodi Sundowns), 14-Tiisetso Makhubela (26 anos – 24/04/1997; Mamelodi Sundowns);

Volantes/Meio Campistas: 15-Refiloe Jane (30 anos – 04/08/1992; US Sassuolo-ITA), 19-Kholosa Biyana (28 anos – 06/09/1994; University of the Western Cape), 22-Nomvula Kgoale (27 anos – 20/11/1995; TS Galaxy);

Armadoras: 10-Linda Motlhalo (25 anos – 01/07/1998; Glasgow City-ESC), 20-Robyn Moodaly (29 anos – 16/06/1994; Janine van Wyk FC);

Meias/Pontas: 6-Noxolo Cesane (22 anos – 11/10/2000; Tigres UANL-MEX), 8-Hildah Magaia (28 anos – 16/12/1994; Sejong Sportstoto-COR), 9-Gabriela Salgado (25 anos – 20/02/1998; Janine van Wyk FC), 23-Wendy Shongwe (20 anos – 18/01/2003; University of Pretoria);

Atacantes: 11-Thembi Kgatlana (27 anos – 02/05/1996; Racing Louisville-EUA), 12-Jermaine Seoposenwe (29 anos – 12/10/1993; Monterrey-MEX), 17-Melinda Kgadiete (30 anos – 21/07/1992; Mamelodi Sundowns).

Lista de Suplentes: Regirl Ngobeni (GOL | 27 anos – 29/02/1996; University of the Western Cape), Amogelang Motau (MC | 26 anos – 27/02/1997; University of the Western Cape), Siphumelele Shamase (MA | 21 anos - 16/01/2002; University of Johannesburg).

Ausências Notáveis: Janine van Wyk (ZAG – Janine van Wyk FC; lesão não divulgada abertamente ao público, mas ocorrida em Junho de 2023), Nothando Vilakazi (LE – TS Galaxy Queens; opção técnica), Thalea Smidt (MA – Mamelodi Sundowns; opção técnica), Asanda Hadebe (ME/PE – Sunflower WFC; opção técnica), Nthabiseng Majiya (AT – Richmond United; lesão não divulgada ocorrida em Julho de 2023; ela estava na lista de suplentes, e mais tarde seria substituída por Siphumelele Shamase).

Time-Base:

Andile Dlamini; Lebohang Ramalepe, Bambanani Mbane, Noko Matlou, Karabo Dhlamini; Kholosa Biyana, Refiloe Jane ©; Hildah Magaia, Linda Motlhalo, Thembi Kgatlana; Jermaine Seoposenwe.

Algumas questões extracampo acabaram atrapalhando a preparação da África do Sul para a Copa do Mundo. Especialmente as lesões, que impediram Desiree Ellis de dar continuidade a um time que manteve boa parte das atletas presentes no histórico ciclo anterior. O caso mais sério envolveu a atacante Thembi Kgatlana, que se machucou ainda na fase de grupos da Copa das Nações Africanas do ano passado.

E, por mais que as Banyana Banyana tenham vencido a competição, é nítido que a atual jogadora do Racing Louisville FC faz muita falta à equipe. Isso porque Kgatlana representa o talento e a imprevisibilidade no ataque sul-africano. Além de marcar gols em profusão, a atleta se destaca principalmente pela inteligência para atacar espaços oferecidos pela linha defensiva adversária.

No 4-2-3-1 comumente utilizado pela África do Sul no momento ofenaivo, ela pode atuar pelo lado esquerdo do campo ou como atacante. Em confrontos onde as africanas preferem reforçar a marcação e optam por explorar contra-ataques, normalmente é Kgatlana quem atua isolada na frente. Seu retorno, mesmo que sem o ritmo de jogo adequado, representa um acréscimo significativo para a equipe.

Thembi Kgatlana faz a diferença para o setor ofensivo sul-africano. A única dúvida que se tem é quanto ao seu real nível físico, já que a atleta ficou praticamente um ano sem atuar. Foto: CAF

A “boa notícia” em meio a esse problema envolvendo sua principal craque foi a maior sequência de jogo proporcionada à Hildah Magaia. A grande descoberta sul-africana para a reta final do ciclo possui características bastante semelhantes quando comparada a Kgatlana, especialmente quando mencionamos sua facilidade em atuar pelos lados do campo ou em uma função mais central.

E, durante a Copa Africana de Nações, ela parece ter herdado também a veia artilheira de sua companheira. Isso porque Magaia marcou um gol decisivo no duro 2x1 diante da Nigéria poucas semanas antes de marcar mais dois contra Marrocos, em partida que decretou o título continental às comandadas de Desiree Ellis. Pelo desempenho apresentado na competição, a talismã sul-africana se consolidou como a principal parceira de Jermaine Seoposenwe no setor ofensivo.

Melinda Kgadiete é quem desponta como opção ao comando de ataque sul-africano. Embora atue mais nas pontas, essa posição mais centralizada não seria uma novidade em sua carreira. No mundo ideal de Desiree Ellis e da torcida sul-africana, porém, Kgatlana, Seoposenwe e Magaia atuam juntas em um ataque interessantíssimo e que combina dribles, movimentação incessante e faro de gol.

Hildah Magaia assumiu o protagonismo na seleção após a lesão sofrida por Kgatlana. Seria ela uma das maiores responsáveis pelo título continental conquistado em 2022 diante de Marrocos. Foto: Getty Images

E não para por aí. A África do Sul conta com mais nomes interessantes dentro de seu elenco para o setor ofensivo. O principal deles é Noxolo Cesane, habilidosa jogadora recém-chegada ao futebol mexicano. A jovem de 22 anos atua preferencialmente pelo lado direito e é uma jogadora que encaixa muito bem numa formação montada para explorar contra-ataques. O que parece faltar para que ela brigue fortemente por um posto no conjunto titular sul-africano é uma maior eficiência no momento das finalizações.

Curiosamente, balançar as redes é uma das principais virtudes apresentadas por Gabriela Salgado, boa alternativa para essa faixa direita do campo. O único problema para a atleta no ciclo foi a lesão sofrida na metade do ano passado, responsável por tira-la da disputa da Copa Africanas de Nações. De qualquer forma, seu nome consta na lista que disputará o mundial. Quem vem surgindo muito bem nas seleções de base é Asanda Hadebe, caracterizada especialmente pelo alto número de gols. Essa, porém, ficaria de fora da convocação definitiva.

O setor canhoto conta com duas opções de grande potencial. Sibulele Holweni (22 anos) e Karabo Dhlamini (21 anos) quebraram o galho na lateral-esquerda nos últimos anos e corresponderam. Porém, o estilo apresentado por ambas é de um jogo mais técnico e ofensivo, o que as torna opções principalmente para a linha de meio campo. O problema para a dupla é que a convocação da meia-esquerda Wendy Shongwe praticamente garante as duas mencionadas acima como opções especialmente para a função de lateral.

Jermaine Seoposenwe completa esse trio ofensivo bastante interessante. Assim como as móveis Magaia e Kgatlana, ela é capaz de atuar num posto mais central ou buscando os lados do campo. Foto: CAF

O tripé central parece estar consolidado com Refiloe Jane, Linda Motlhalo e Kholosa Biyana. As três jogadoras estiveram no mundial da França quatro anos atrás e desde então adquiriram uma rodagem bastante interessante em diferentes ligas do futebol mundial. Especialmente Motlhalo, que passou por China, Estados Unidos e Suécia antes de chegar à Escócia. Aliás, vale mencionar que o seu começo de trabalho no Glasgow City vem sendo excelente em nível de rendimento e também de números.

Muito pelo que contribui na intermediária de ataque, é ela quem possui características mais ofensivas e costuma se desprender da dupla de meio campo. Dessa forma, o 4-1-4-1 montado para a saída de bola varia para o 4-2-3-1, com Motlhalo assumindo o posto de armadora central. Eventualmente, a jogadora pode até mesmo ser escalada para cumprir um papel pelos lados do campo.

Foi assim, inclusive, que ela apareceu de fato para o futebol mundial com a camiseta das Banyana Banyana. A sua primeira Copa do Mundo foi discreta. Muito pela pouca idade à época, Motlhalo não conseguiu apresentar na França o que fazia em amistosos e torneios continentais. Agora, ela ganha uma nova chance.

Linda Motlhalo vem chamando a atenção quando atua como armadora pelo centro. Porém, é comum vê-la também em uma das pontas. Ela é uma das maiores esperanças da África do Sul para conseguir uma das vagas à fase final. Foto: iDiski Times

Caso a opção seja por dar continuidade ao 4-1-4-1 e povoar melhor a zona central, Refiloe Jane é quem normalmente assume esse posto entre as linhas de defesa e meio campo. A ideia da comissão técnica é adicionar qualidade técnica desde a saída do setor defensivo, visto que a volante do Sassuolo é muito mais uma jogadora de boa intimidade com a bola do que propriamente uma marcadora que se limita a fechar espaços e fazer perseguições.

Esse perfil de enfatizar o trabalho defensivo encaixa mais com as características de Kholosa Biyana. Até por isso, é comum ver Jane recuando para a saída de bola e logo depois se adiantando no campo ofensivo para se aproximar de Motlhalo. Tecnicamente, é ótimo para as africanas ter as duas talentosas atletas em condições de tabelar e organizar lances na intermediária de ataque.

A alternativa para aumentar o poderio de marcação no meio campo é Nomvula Kgoale, comumente utilizada como volante de proteção. Sua escalação proporciona maior liberdade de avanço às demais meio campistas e também às laterais. Enquanto isso, Robyn Moodaly e Thalea Smidt acrescentam uma maior qualidade no centro do campo sul-africano. Ambas se sentem muito mais confortáveis no momento em que têm a bola nos pés e poderiam estar juntas na Copa, mas a comissão técnica optou pela convocação somente de Moodaly.

Kholosa Biyana é um nome importante no setor de meio campo sul-africano. Especialmente quando mencionamos o aspecto da marcação, já que ela tem uma característica mais combativa do que Refiloe Jane e Linda Motlhalo. Foto: SAFA

A linha defensiva deveria ser um ponto bastante sólido das sul-africanas, mas não é. Apesar de as atletas titulares atuarem juntas há um bom tempo, trata-se de um setor envelhecido e que encontra dificuldades de rejuvenescimento para determinadas funções. Para piorar, problemas médicos acabariam afetando a continuidade do quarteto durante todo o ciclo. Isso aconteceu especialmente com a lateral-esquerda Nothando Vilakazi (de 35 anos).

A atual defensora do local TS Galaxy Queens foi ausência na última edição da Copa das Nações Africanas e enfrentou outros probleminhas físicos no período anterior ao mundial que certamente atrapalharam sua consolidação no conjunto nacional. Vilakazi é uma das figurinhas carimbadas do elenco africano por já ter disputado Olimpíadas e Copa do Mundo com a seleção em um passado recente. Ou seja: testemunhou a maior parte dos momentos gloriosos da África do Sul neste século. Todavia, não estará no torneio deste ano.

Menos mal que no seu caso a reposição escolhida por Desiree Ellis deu conta do recado. A improvisada Karabo Dhlamini apresentou muitas virtudes técnicas na posição e correspondeu a tal ponto que hoje se discute se a jovem meio campista não deva ser mantida na equipe titular que iniciará o mundial mesmo que essa improvisação acabe impedindo-a de atuar em uma zona do campo onde já mostrou muita qualidade.

Karabo Dhlamini é meia de origem, mas deu conta do recado quando escalada na lateral-esquerda. Tanto que a comissão técnica deve optar por mantê-la como titular na Copa do Mundo. Foto: SAFA

Outro nome conhecido das Banyana Banyana é Lebohang Ramalepe. A lateral-direita de 31 anos é presença constante na intermediária ofensiva e em muitos momentos torna-se praticamente mais uma meio campista. Isso explica a opção da comissão técnica em manter Kholosa Biyana, uma volante acostumada a realizar trabalhos defensivos, atuando mais pelo lado direito e não pelo centro.

Essa escolha dá bastante liberdade para que a defensora surja como elemento-surpresa nas imediações da área rival. A alternativa à Ramalepe é a promissora Fikile Magama, de somente 21 anos. Apesar de ser menos ofensiva em comparação às características da lateral titular, ela já mostrou boa qualidade técnica e é destaque também em cobranças de faltas e escanteios.

Bem como Dhlamini pelo setor esquerdo, Magama tem um estilo que se assemelha mais ao de uma lateral habilidosa e que acrescenta muito ao time no aspecto técnico do que propriamente uma jogadora de fôlego invejável e que é capaz de cobrir todo a sua faixa do campo. Trata-se de uma mudança de características bastante interessante visando o futuro do conjunto sul-africano.

Lebohang Ramalepe é garantia de velocidade e força ofensiva pelo lado direito do campo. Há anos ela é uma das atletas de maior importância no conjunto da África do Sul. Foto: Ashley Vlotman (Getty Images)

Andile Dlamini, onipresente nos seis jogos da África do Sul em solo marroquino, tem tudo para iniciar a Copa do Mundo como a goleira titular. Porém, a reserva imediata Kaylin Swart já disputou competição continental e começou o confronto contra a China no mundial de quatro anos atrás. Por conta disso, uma mudança na meta sul-africana com a competição em andamento não chegaria a ser algo tão fora da curva, ainda que Dlamini venha de um excelente 2022 e hoje seja um dos pontos mais confiáveis do conjunto nacional.

No centro da zaga, uma dúvida permeou a mente da comissão técnica nos últimos meses. Noko Matlou (de 37 anos) é a opção óbvia para o lado esquerdo defensivo e não gera contestações. Isso porque a outrora atacante é um dos nomes de maior regularidade do conjunto nacional nos últimos anos e vive bom momento também com a camiseta do Eibar. A indefinição maior estava no setor direito.

E a não convocação da histórica Janine van Wyk na data FIFA de Abril praticamente garantiu Bambanani Mbane na equipe titular. Dessa forma, a técnica busca dar continuidade a algo que deu muito certo em 2022. Isso porque Mbane e Matlou formaram a dupla titular da África do Sul na conquista da Copa das Nações Africanas.

Andile Dlamini foi eleita a Melhor Atleta da África do Sul em 2022. Suas boas atuações na Copa Africana de Nações colaboraram para que a goleira recebesse o prêmio. Foto: Ryan Wilkisky (BackpagePix)

Janine van Wyk, com mais de 100 jogos pela seleção e uma das principais lideranças do vestiário, não se recuperou a tempo de uma lesão e será um desfalque importante para o mundial. Bongeka Gamede surge como alternativa ao trio, e pode até mesmo cumprir um papel como volante de marcação caso seja necessário. Outra opção à zaga é Tiisetso Makhubela, que também passaria a brigar pela vaga restante com a lesão de van Wyk.

Mas será que soa tão distante assim a possibilidade de Mbane, Gamede/Makhubela e Matlou atuarem juntas? Não exatamente. Essa opção por um 5-3-2 ou 5-4-1 pode acontecer já na estreia contra a Suécia. Como as nórdicas utilizaram esse esquema em alguns momentos do ciclo, a comissão técnica sul-africana pode ir a campo com a intenção de espelhar uma possível organização tática adversária (que é bastante flexível) com um trio de zagueiras.

A ideia soa bastante animadora para as comandadas de Desiree Ellis por conta dessa melhor distribuição das atletas em campo. Mais organizado defensivamente, o conjunto sul-africano tende a ter uma marcação mais encaixada e que roube bolas relativamente longe da sua área. Ou seja: perfeito para quem atua em contra-ataques contra equipes de maior poderio técnico e que deixam espaços quando buscam se impor territorialmente.

Noko Matlou e Janine van Wyk formaram uma dupla de zaga que fez história no país dentro da última década. Com a ausência de van Wyk por conta de uma lesão, a função de liderar o setor defensivo caiu sobre os ombros de Matlou. Foto: African Football

Algo parecido com isso já foi testado por Ellis, mas normalmente a “terceira zagueira” era uma volante de origem que se desprendia quando a seleção estava com a bola nos pés. Nesse caso, o que se via era praticamente o consolidado 4-1-4-1 de grande parte do ciclo. A escolha por um trio de proteção à própria meta serviria também para aumentar o poder físico da seleção na linha de defesa.

Apesar da experiência de todas as atletas do setor, a África do Sul tem bastante dificuldade em marcar lances pelo alto e também rebotes por conta do frequente posicionamento falho. Povoar a área pode ser válido nesse aspecto e tornar a equipe melhor montada perto do próprio gol.

Refiloe Jane vem de ótimas temporadas na Europa e lidera um meio campo talentoso e muito consciente quando tem a bola nos pés. Foto: Goal

Destaque – Refiloe Jane

Ela é o ponto de equilíbrio no centro do campo sul-africano. Por mais que Kgatlana seja a mais talentosa e chame a atenção pelos gols marcados, é Refiloe Jane o nome mais regular da seleção africana na maior parte do tempo. A volante cumpre com louvor as tarefas de qualificar a saída de bola desde a linha de zagueiras e coordenar a construção à frente através da troca de passes.

De quebra, também se destaca quando a alternativa restante é um lançamento longo às costas de alguma defensora rival. Como o centro do campo normalmente conta com uma volante de maior marcação e menor recurso técnico, aumenta a responsabilidade de Jane em assumir esse papel criativo.

Nada de muito diferente do que se vê nos clubes, cenário onde a sul-africana acumulou momentos de destaque em Sassuolo e Milan dentro da Liga Italiana. Aos 31 anos de idade, ela atuou nas Olimpíadas de 2012 e 2016 e também no mundial de 2019 com as Banyana Banyana. Por esses atributos, a volante é uma liderança natural. Seja pela experiência ou pela qualidade apresentada dentro de campo.

 

Itália

Foto: FIFA (via Getty Images)

O ciclo vinha se desenrolando sem maiores complicações para as italianas até a metade do ano passado. Naquele momento, a equipe vinha de uma Copa do Mundo bastante interessante em 2019 (quando alcançou as quartas de final pela primeira vez na história) e mostrava evolução em alguns aspectos do seu jogo. A Eurocopa, porém, mudaria tudo. A Itália estreou sofrendo uma goleada de 5x1 para a França e não conseguiu mais encontrar seu rumo dentro da competição.

Na sequência, a equipe empataria com a Islândia e seria derrotada pela Bélgica, encerrando sua participação ainda na fase de grupos. Isso em uma chave onde era a segunda seleção mais forte e uma natural candidata a avançar às etapas finais. Para piorar ainda mais o cenário pré-mundial, vieram as seguidas derrotas no final de 2022.

Por mais que algumas atletas tenham sido introduzidas na seleção e até mesmo um novo esquema tático tenha sido posto em prática, fato é que as comandadas de Milena Bertolini encerraram a última temporada com resultados desfavoráveis contra Brasil, Áustria e Irlanda do Norte (essas duas últimas sequer irão ao mundial). E o começo de 2023 também não foi animador, ainda mais com o empate de 0x0 contra Marrocos no final de Junho.

O momento passou a ser de incertezas, ainda que a Itália seja considerada a principal favorita para alcançar a segunda vaga do Grupo G. Além da qualidade do elenco ser superior ao de Argentina e África do Sul, um trunfo das europeias é a experiência em Copas. Boa parte das titulares fez parte da ótima campanha de 2019. E tem mais: essa descrença pré-mundial sempre jogou a favor da equipe masculina. Será que funciona também agora?

Ranking da FIFA: 16º Lugar.

Participações Anteriores em Copas do Mundo: 3/8 (1991, 1999, 2019).

Melhor Campanha: Quartas de Final (2019).

Milena Bertolini alcançou as quartas de final quatro anos atrás. A expectativa agora parece ser menor, já que a equipe vem de uma Eurocopa decepcionante e a convocação final para a Copa teve seus momentos de polêmica. Foto: FIGC

Técnica: Milena Bertolini (desde Agosto de 2017).

Convocação

Goleiras: 1-Laura Giuliani (30 anos – 06/06/1993; AC Milan), 12-Rachele Baldi (28 anos – 02/10/1994; AFC Fiorentina), 22-Francesca Durante (26 anos – 12/02/1997; Internazionale);

Laterais: 4-Lucia Di Guglielmo (26 anos – 26/06/1997; AS Roma), 13-Elisa Bartoli (32 anos – 07/05/1991; AS Roma), 17-Lisa Boattin (26 anos – 03/05/1997; Juventus FC);

Zagueiras: 3-Benedetta Orsi (23 anos – 25/02/2000; US Sassuolo), 5-Elena Linari (29 anos – 15/04/1994; AS Roma), 19-Martina Lenzini (24 anos – 23/07/1998; Juventus FC), 23-Cecilia Salvai (29 anos – 02/12/1993; Juventus FC);

Volantes/Meio Campistas: 2-Emma Severini (20 anos – 18/07/2003; AFC Fiorentina), 6-Manuela Giugliano (25 anos – 18/08/1997; AS Roma), 16-Giulia Dragoni (16 anos – 07/11/2006; Barcelona B-ESP), 18-Arianna Caruso (23 anos – 06/11/1999; Juventus FC), 20-Giada Greggi (23 anos – 18/02/2000; AS Roma), 21-Valentina Cernoia (32 anos – 22/06/1991; Juventus FC);

Meias/Pontas: 8-Barbara Bonansea (32 anos – 13/06/1991; Juventus FC), 11-Benedetta Glionna (23 anos – 26/07/1999; AS Roma), 15-Annamaria Serturini (25 anos – 13/05/1998; AS Roma);

Atacantes: 7-Sofia Cantore (23 anos – 30/09/1999; Juventus FC), 9-Valentina Giacinti (29 anos – 02/01/1994; AS Roma), 10-Cristiana Girelli (33 anos – 23/04/1990; Juventus FC), 14-Chiara Beccari (18 anos – 27/09/2004; FC Como);

Lista de Suplentes: Maria Filangeri (ZAG | 23 anos – 28/01/2000; US Sassuolo), Beatrice Merlo (LE | 24 anos – 23/02/1999; Internazionale).

Ausências Notáveis: Martina Rosucci (MC – Juventus FC; lesão no ligamento do joelho sofrida em Fevereiro de 2023), Sara Gama (ZAG – Juventus FC; opção técnica), Katja Schroffenegger (GOL – AFC Fiorentina; opção técnica), Aurora Galli (MC/AD – Everton FC-ING; opção técnica), Valentina Bergamaschi (MD/LD/AD – AC Milan; opção técnica), Agnese Bonfantini (ME/AT – UC Sampdoria; opção técnica), Daniela Sabatino (AT/MD – US Sassuolo; opção técnica), Martina Piemonte (AT – AC Milan; opção técnica).

Time-Base:

Laura Giuliani; Lucia Di Guglielmo, Martina Lenzini, Elena Linari ©, Lisa Boattin; Valentina Cernoia, Manuela Giugliano, Aurora Caruso; Valentina Giacinti, Cristiana Girelli, Barbara Bonansea.

No período anterior à Eurocopa, o 4-3-3 e o 4-4-2 eram os esquemas mais comuns de se observar no conjunto italiano. Inclusive, foi dessa forma que a equipe apresentou um futebol bastante competitivo e alcançou um resultado inédito no mundial de quatro anos atrás. Alguns pequenos ajustes posicionais aconteciam dependendo das escolhidas para irem a campo, é lógico, mas a base estrutural se dava através desses dois esquemas.

Após a decepcionante participação na competição continental, porém, a seleção passou a testar com mais veemência uma linha defensiva com três zagueiras (que intercala entre o 3-5-2 e o 5-3-2). Ainda que os resultados em amistosos tenham sido mais negativos do que positivos nesse processo de mudança, era natural que algo do tipo pudesse acontecer.

Isso porque a comissão técnica aproveitou o período instável da seleção também para dar oportunidades a atletas que não recebiam tantos minutos em campo. Tamanhas alterações táticas e de nomes contribuíram para o rendimento ruim, mas acabariam servindo para que Bertolini pudesse trabalhar melhor as soluções para certos problemas que ficaram tão evidentes na disputa da Eurocopa.

Laura Giuliani é uma garantia de segurança na meta italiana. A goleira foi um dos principais destaques da equipe no último mundial. Foto: Getty Images

Mesmo com esses frequentes testes e observações, a base do setor defensivo italiano tinha tudo para não sofrer grandes alterações para a Copa do Mundo. Laura Giuliani de fato permanece como a goleira titular de maneira indiscutível, mas a dupla de zagueiras formada por Sara Gama e Elena Linari será desfeita. No caso, a comissão técnica optou por não convocar a primeira, capitã da equipe e uma das maiores lideranças do elenco.

O trio teve atuações de grande destaque na campanha de quatro anos atrás e parecia ter total respaldo da comissão técnica mesmo após a desastrosa Eurocopa de toda a equipe. Os aspectos positivos oferecidos pelas zagueiras: o natural entrosamento que elas possuíam por atuar praticamente dois ciclos inteiros lado a lado e também a imposição física em duelos pelo alto. Agora, a questão que mais preocupava Milena Bertolini era uma possível exposição delas.

Especialmente de Gama, já com 34 anos e com dificuldades para acompanhar atacantes de maior velocidade e explosão. Diante de seleções que bloqueiam sua área e buscam machucar a Itália especialmente através de contra-ataques, uma menor cobertura às defensoras centrais acarretou em sérios problemas. Esse parece ser o principal motivo pelo qual Milena Bertolini optou por testar a utilização de mais uma zagueira no esquema italiano.

Uma das lideranças da Itália, Elena Linari deve naturalmente herdar a braçadeira de capitã após a não convocação de Sara Gama. A zagueira é mais uma atleta remanescente da última Copa. Foto: Goal

Martina Lenzini era o nome imediato para a formação do trio e desponta agora como a provável substituta de Gama, até pela experiência adquirida em grandes torneios com a Juventus. Cecilia Salvai, sua companheira na Vecchia Signora, voltou ao grupo nacional após se recuperar de lesão nos ligamentos do joelho e é a opção mais óbvia para o centro da defesa italiana. Maria Filangeri, vinda de boas temporadas no Sassuolo, acabou ficando de fora da lista decisiva. Em seu lugar, Bertolini optou pela convocação da polivalente Benedetta Orsi.

Se a ideia for manter um esquema com cinco defensoras, a tendência é que a também jogadora do Sassuolo ganhe um posto. Contra o Marrocos, no último amistoso antes da Copa do Mundo, ela foi utilizada no centro do trio. Agora, se a ideia for por um quarteto, vale detalhar que Lenzini chegou a ser escalada na lateral. Logicamente que com características defensivas e avançando pouco, o que condiz com a solidez buscada pela técnica desde a metade de 2022. Outro acréscimo ao time com a sua escalação é o aumento da estatura física.

Caso opte por atletas com um maior conhecimento da função e que ajudem no campo ofensivo, Bertolini tem um bom leque à disposição. Especialmente na figura de Lisa Boattin, nome importantíssimo na Juventus e com qualidade técnica para auxiliar na construção do jogo pelo lado esquerdo. Sua lesão no começo do ano causou apreensão, mas ela estará na Copa do Mundo. Estando em boas condições, Boattin será a titular de maneira indiscutível.

Lisa Boattin é um nome importante para o jogo ofensivo da Itália. Independente de atuar como lateral ou ala, ela costuma avançar bastante. Foto: Cinzia Camela (LiveMedia)

Uma alternativa à função é a polivalente Elisa Bartoli. A defensora da Roma, aliás, encontra bastante facilidade para atuar em qualquer um dos lados, o que contribui para que seja um nome bastante frequente na seleção. O setor direito conta ainda com Lucia Di Guglielmo, sua companheira na equipe da capital italiana e que passou a receber oportunidades no conjunto nacional principalmente a partir de 2022.

Partindo da ideia de que a Itália utilizará um 5-3-2, é bem possível que as alas na verdade sejam meias de origem. Oportunidade especialmente para Benedetta Glionna e Annamaria Serturini (ambas da Roma). Porém, é preciso compreender que as escolhas da comissão técnica variam de acordo com o adversário enfrentado. Em confrontos onde a Itália é favorita e pode correr mais riscos atrás, não está descartada a possibilidade de uma delas atuar até mesmo em uma linha de quatro defensoras.

No 4-4-2 que deu tão certo em temporadas passadas, Valentina Bergamaschi era uma peça bastante importante. Ela fazia a função de meia pelo lado direito e se caracterizava pela entrega física para acompanhar rivais mais próximas e também pelo fato de conseguir bons cruzamentos à área adversária. Entretanto, Milena Bertolini acabaria optando por não chamar a experiente atleta do Milan para o mundial. Essa decisão acabaria chamando a atenção.

Manuela Giugliano continua sendo importantíssima para a construção do jogo italiano. A meio campista vem de uma temporada brilhante na Roma, com dois dígitos em gols e assistências e também com a conquista do título nacional. Foto: FIFA (via Getty Images)

Outra possibilidade para o posto de lateral é a já mencionada Benedetta Orsi, que parece destinada a permanecer na seleção por um longo tempo. Consolidada como titular no Sassuolo, a atleta de 23 anos costuma atuar com maior liberdade ofensiva no clube – ainda que não seja uma fazedora de gols. Suas boas exibições no Neroverde despertam o interesse da poderosa Juventus já há algumas temporadas.

O meio campo apresenta bastante qualidade e também é montado de acordo com o que o rival oferece por características de jogo. E muito do bom funcionamento dessa engrenagem se dá pelo trabalho realizado por Manuela Giugliano. Excelente em passes curtos e lançamentos, a volante da Roma é a responsável iniciar a construção ofensiva da Itália. Seja no 4-3-3 ou no 5-3-2 montado por Milena Bertolini, Giugliano atua pelo centro e é quem normalmente recua até as zagueiras para iniciar esse movimento rumo ao ataque.

Naturalmente, esse seu posicionamento mais próximo da própria meta acaba por liberar as laterais e também facilita o avanço das demais meio campistas. Por aqui, a briga pelos dois lugares remanescentes foi boa. Entretanto, as ausências de Aurora Galli e Flamini Simonetti da convocação final dão a entender que Valentina Cernoia e Arianna Caruso serão as escolhidas pela comissão técnica.

Do trio de meio campo, a jovem e criativa Arianna Caruso é normalmente a jogadora com maior liberdade para avançar e auxiliar a dupla ou o trio de frente. Foto: Daniele Buffa (Image Sport)

Cernoia executa um papel mais equilibrado e normalmente vai a campo em momentos onde a ideia italiana é reforçar a marcação em determinado lado do campo. Ela não fica restrita a isso, mas é bastante normal que guarde mais posição e permitam um maior avanço das laterais às tarefas ofensivas. Já Caruso é o meio termo, visto que rende bem como atleta de transição e também quando possui maior liberdade para encostar-se à atacante.

Uma perda significativa para o conjunto italiano é Martina Rosucci. A atleta de 30 anos sofreu grave lesão ligamentar de joelho no final de Fevereiro e certamente será uma ausência muito sentida na Copa do Mundo. Isso porque a meio campista da Juventus é uma jogadora completa. Durante os últimos anos, ela conseguiu render bem em posições mais próximas ao próprio gol e também em zonas do campo que privilegiavam a sua capacidade criativa e técnica.

Ao mesmo tempo em que auxiliava Manuela Giugliano na saída de bola sendo uma alternativa a uma possível marcação individual em cima da volante, Rosucci era capaz de encontrar algum passe diferenciado em um setor mais próximo da intermediária ofensiva. Para desmontar linhas de defesa bastante compactas, ela era a principal opção do elenco de Milena Bertolini. Desde seu problema médico, a técnica passou a convocar caras novas com características semelhantes às de Rosucci para que se pudesse amenizar a perda da meio campista da Juve.

Barbara Bonansea fez uma grande Copa do Mundo em 2019 e novamente carrega boa parte das esperanças criadas pelos torcedores italianos. Foto: Alessandro Sabatini (Getty Images)

Os principais testes aconteceram com Giada Greggi e Michela Catena. A primeira vem de ótima temporada na Roma, sendo peça essencial no time campeão nacional. Já Catena se consolidou como o cérebro do meio campo da Fiorentina, ainda que não tenha conseguido um lugar na lista final. Isso por conta do rendimento da jovem Giulia Dragoni (de 16 anos e que atua no Barcelona B) nas equipes nacionais de base e também de Emma Severini. Essa, ex-meio campista do Napoli, que é justamente a companheira de Catena na Fiorentina.

O setor ofensivo tende a dar continuidade a nomes que fizeram a diferença no último ciclo. Se não conta mais com Valentina Bergamaschi, é verdade que Cristiana Girelli e Barbara Bonansea estão mantidas para a Copa do Mundo. A dúvida principal para o 4-3-3 é quem ocuparia o posto no setor direito. As opções prováveis são Benedetta Glionna e Annamaria Serturini, citadas como alternativas também ao posto de ala caso essa seja a ideia de Milena Bertolini. Existe também a possibilidade de Chiara Beccari (jovem de 18 anos) aparecer ali.

Na canhota, a situação parece bem mais definida. Barbara Bonansea também é remanescente do mundial passado e vem de temporadas de muito destaque com a camiseta da Juventus. Se pensarmos num 4-3-3, ela é quem mais busca o jogo em diagonal. A ponta pela direita é destra, então é comum que seus lances terminem em cruzamento ou passe às costas da defesa rival.

Grande surpresa na convocação final, a adolescente Giulia Dragoni é uma das jovens mais promissoras do futebol europeu. Foto: Emmanuel Ciancaglini (Getty Images)

Já a destra Bonansea procura bastante esse movimento em direção ao centro, escapando de encaixes individuais no lado esquerdo e também abrindo espaços entre as linhas de defesa e meio campo do adversário. Além disso, a atleta da Juve é importante quando acionada dentro da área. Bonansea costuma aparecer muito bem em cabeceios na segunda trave a partir do momento em que sai da esquerda para uma zona mais central. Essa é outra arma interessante do ataque italiano.

Toda essa construção de equipe serve para facilitar o trabalho de Cristiana Girelli. A experiente atacante da Juventus tem um histórico interessante de uma atleta que participava bastante do jogo e deixava a área com grande frequência para escapar da marcação das zagueiras e também qualificar a construção ofensiva. A prova disso é que em muitos momentos dentro do período Milena Bertolini ela chegou a ocupar um posto muito mais de abastecimento às companheiras de ataque do que propriamente de finalização.

Aos 32 anos, porém, seu condicionamento físico não é mais o mesmo. Dessa forma, ainda que continue tecnicamente muito bem e acrescente talento já na intermediária ofensiva, seu trabalho principal agora é o de balançar as redes adversárias. O 1,75cm ajudam a atleta da Juve a ser um diferencial em duelos físicos, algo que encaixa bastante no estilo de uma equipe que utiliza cruzamentos advindos pelos lados do campo com boa frequência.

Sofia Cantore é uma alternativa interessante para o ataque italiano. Até pelas ausências de última hora no setor, ela deve receber bons minutos na Copa. Foto: FIGC

As opções durante o ciclo para esse posto de maior imposição e movimentação em uma zona próxima ao adversário foram Martina Piemonte e Agnese Bonfantini. Duas jovens com enorme potencial, faro de gol e que devem se firmar na seleção italiana em um futuro bastante breve. Entretanto, ambas ficariam de fora da convocação final em decisões polêmicas por parte da comissão técnica nacional. Chance para Sofia Cantore, companheira de Girelli na Juventus e que balançou as redes no amistoso contra a Inglaterra.

Quando Bertolini optar por somente duas jogadoras na frente, Cristiana Girelli e Barbara Bonansea surgem como as prováveis titulares. Esse ataque proporciona qualidade técnica, força física, constante movimentação e também um entrosamento natural que a dupla carrega por atuar na mesma equipe. Sem contar que o 5-3-2 não desgasta tanto as duas jogadoras do ataque com maior recurso técnico para desequilibrar partidas no aspecto físico.

Outra variação bastante comum durante o ciclo foi a presença de Girelli como centroavante, a de Bonansea pelo lado esquerdo e a de outra atacante de origem no setor direito. Esse agressivo 4-3-3 acabaria favorecendo a entrada de Valentina Giacinti. Mas existe um ponto importante a ser observado. Essa formação acrescenta DNA ofensivo, mas também deixa a equipe com um potencial de recomposição mais falho.

Glionna e Serturini marcam melhor e têm mais familiaridade com funções táticas defensivas, enquanto Giacinti está propensa a cometer mais erros ao executarem esse tipo de tarefa. É difícil prever uma formação base, já que a montagem do time varia muito de acordo com o adversário. E outro ponto: a versatilidade de muitas atletas faz com que a equipe alterne esquemas dentro das partidas sem precisar fazer alterações.

A artilheira Cristiana Girelli é garantia de gols na Juventus e também na seleção. Foto: UEFA (via Getty Images)

Destaque – Cristiana Girelli

Girelli é muito mais do que uma atacante especialista na arte de balançar as redes. Ainda que seus 32 anos a impeçam de ter uma grande participação no jogo coletivo italiano em regiões mais centrais do campo, ela segue sendo importante para abrir espaços às companheiras mais próximas. Algo que deu muito certo na última edição da Copa do Mundo. Em 2019, a Itália realizou a melhor campanha de sua história em mundiais femininos muito pelo que foi apresentado por Girelli em solo francês.

À época, sua busca por espaço fora da área em muitos momentos transformava o consolidado 4-3-3 montado por Milena Bertolini em uma espécie de 4-3-1-2. Vale lembrar que a jogadora terminou aquela competição como a principal artilheira da seleção e desde então se consolidou como uma das maiores referências da forte equipe da Juventus. Outro detalhe: Girelli possui o entrosamento diário com nomes como Barbara Bonansea, Lisa Boattin, Arianna Caruso e Valentina Cernoia. Todas da Vecchia Signora e capazes de desequilibrar jogos à sua maneira.

A importância da jogadora tende a aumentar ainda mais com as ausências significativas de Valentina Bergamaschi (nome ofensivo pelo lado direito e que é capaz de contribuir com bons cruzamentos) e também de Martina Piemonte e Agnese Bonfantini. As três foram utilizadas até os últimos amistosos da seleção, mas ficariam de fora da convocação final. Se nem todas eram afirmações na equipe titular italiana, é verdade que se tratavam de alternativas interessantes para aumentar o poderio ofensivo nacional.


Argentina

Foto: AFA

É evidente que a conquista do mundial masculino por parte de Lionel Messi e companhia no final do ano passado darão um maior foco no que a seleção feminina pode apresentar na Copa. Porém, a ambição da equipe de Germán Portanova é bastante diferente. Ainda mais se levarmos em conta que a comissão técnica recém completou dois anos no cargo e não conseguiu dar início a um necessário processo de renovação em nomes e também estilo de jogo.

Vale ressaltar: mesmo que o futebol sul-americano não esteja entre os melhores do mundo e que a própria seleção nacional tenha dificuldade em torneios de base, a Argentina vem se notabilizando por apresentar jogadoras jovens de boa qualidade individual. Colocando os pés no chão e pensando na Copa do Mundo de logo mais, o que se vê é uma equipe titular formada por atletas de grande experiência internacional.

Boa parte desse grupo esteve no mundial de quatro anos atrás e traz na bagagem uma campanha que superou as expectativas. Em uma chave que continha também Inglaterra, Japão e Escócia, as sul-americanas conseguiram dois empates. Um deles, o 3x3 contra as escocesas, serve de inspiração. Isso porque a então equipe de Carlos Borrello mostrou força para buscar a igualdade no marcador após sofrer três gols.

Para 2023, os adversários também estão em um estágio superior. A África do Sul é a atual campeã de um continente que vem crescendo e conta com seleções de boas aspirações na atual Copa do Mundo enquanto Suécia e Itália estiveram no grupo das oito melhores equipes no mundial de quatro anos atrás.  Ainda que a Argentina pareça estar em um estágio de interessante crescimento de seu jogo no aspecto técnico, a classificação seria uma surpresa.

Ranking da FIFA: 28º Lugar.

Participações Anteriores em Copas do Mundo: 3/8 (2003, 2007, 2019).

Melhor Campanha: Fase de Grupos (2003, 2007, 2019).

Ex-jogador sem tanto destaque internacional, Germán Portanova assumiu a seleção feminina em 2021 e conseguiu a classificação para a Copa um ano mais tarde. Foto: AFA

Técnico: Germán Portanova (desde Julho de 2021).

Convocação

Goleiras: 1-Vanina Correa (39 anos – 14/08/1983; Rosario Central), 12-Lara Esponda (17 anos – 08/11/2005; River Plate), 23-Abigaíl Cháves (26 anos – 11/07/1997; CA Huracán);

Laterais: 2-Adriana Sachs (29 anos – 25/12/1993; Santos FC-BRA), 3-Eliana Stábile (29 anos – 26/11/1993; Santos FC-BRA), 4-Julieta Cruz (27 anos – 04/06/1996; Boca Juniors), 18-Gabriela Chávez (34 anos – 09/04/1989; CA Estudiantes);

Zagueiras: 6-Aldana Cometti (27 anos – 03/03/1996; Madrid CFF-ESP), 13-Sophia Braun (23 anos – 26/01/2000; León-MEX), 14-Miriam Mayorga (33 anos – 20/11/1989; Boca Juniors);

Volantes/Meio Campistas: 5-Vanesa Santana (32 anos – 03/09/1990; Sporting de Huelva-ESP), 7-Romina Núñez (29 anos – 01/01/1994; UAI Urquiza), 8-Daiana Falfán (22 anos – 14/10/2000; UAI Urquiza), 15-Florencia Bonsegundo (30 anos – 14/07/1993; Madrid CFF-ESP), 16-Lorena Benítez (24 anos – 03/12/1998; Palmeiras-BRA), 17-Camila Gómez Ares (28 anos – 26/10/1994; Universidad de Concepción-CHI);

Pontas: 10-Dalila Ippólito (21 anos – 24/03/2002; Parma-ITA), 20-Chiara Singarella (19 anos – 05/12/2003; University of Alabama-EUA), 22-Estefanía Banini (33 anos – 21/06/1990; Atlético de Madrid-ESP);

Atacantes: 9-Paulina Gramaglia (20 anos – 21/03/2003; Red Bull Bragantino-BRA), 11-Yamila Rodríguez (25 anos – 24/01/1998; Palmeiras-BRA), 19-Mariana Larroquette (30 anos – 24/10/1992; León-MEX), 21-Érica Lonigro (29 anos – 06/07/1994; Rosario Central).

Lista de Suplentes: Não Divulgada.

Ausências Notáveis: Laurina Oliveros (GOL – Boca Juniors; lesão na mão esquerda sofrida em Julho de 2023), Agustina Barroso (ZAG – UDG Tenerife-ESP; opção técnica), Vanina Preininger (VOL – Boca Juniors; opção técnica), Ruth Bravo (VOL/LD – León-MEX; opção técnica), Fabiana Vallejos (VOL/MC – Deportivo Cali-COL; opção técnica), Maricel Pereyra (MC – San Lorenzo; opção técnica), Agostina Holzheier (MC – Grêmio-BRA; opção técnica), Marianela Szymanowski (MC/MA – Rayo Vallecano-ESP; opção técnica), Sole Jaimes (AT – Flamengo-BRA; opção técnica), Carolina Troncoso (AT – Deportivo Cali-COL; opção técnica).

Time-Base

Vanina Correa ©; Gabriela Chávez, Sophia Braun, Aldana Cometti, Eliana Stábile; Daiana Falfán, Lorena Benítez, Florencia Bonsegundo; Yamila Rodríguez, Mariana Larroquette, Estefanía Banini.

A principal mudança em relação ao mundial de quatro anos atrás aconteceu no comando técnico. Carlos Borrello deixou o cargo após uma passagem bastante problemática, onde encontrou dificuldades em lidar com o grupo de atletas e também com a pressão de torcedores locais. Durante o seu comando, o que se via era uma Argentina adotando uma postura mais retraída e que não fazia questão de utilizar o talentoso setor ofensivo para um jogo de maior intimidade com a bola nos pés.

Atuar desta forma contra Inglaterra e Japão em um cenário de Copa do Mundo até é compreensível, mas era bastante comum ver a seleção em uma postura mais conservadora até mesmo em duelos teoricamente mais acessíveis. A chegada de Portanova não causou uma mudança total nesse estilo, até por conta das poucas competições disputadas pela seleção desde que o jovem assumiu o cargo.

Porém, trata-se somente do começo de um novo trabalho. A ideia em um prazo médio parece ser a de buscar um time mais interessado em atuar de acordo com o que pode apresentar no aspecto técnico. O próprio Portanova, aliás, já afirmou que sua intenção é montar uma equipe “protagonista” com o passar dos anos.

Estefanía Banini é garantia de desequilíbrio técnico a favor das sul-americanas. Grande referência da equipe, é comum vê-la em diferentes regiões do campo com o passar dos minutos. Foto: Getty Images

O esquema argentino mais trabalhado até o momento pela nova comissão técnica foi o 4-3-3 (com variações para 4-3-1-2 e 4-2-3-1 dependendo da movimentação das atletas em campo). A figura chave na formação atende pelo nome de Estefanía Banini. A experiente jogadora do Atlético de Madrid atua preferencialmente pelo lado esquerdo e é quem costuma centralizar os movimentos no time argentino.

Habilidosa e com grande visão de jogo, Banini parte com a bola da ponta em direção ao meio, abrindo espaços à frente da linha de defesa adversária e permitindo tabelas rápidas ou um passe em ótimas condições de gol para quem se desloca. Dessa forma, surge o losango. Em muitos momentos a característica de jogo apresentada por Banini transforma a craque argentina em uma armadora de ofício, que atua na zona atrás das (agora) duas atacantes.

Quem geralmente inicia as tramas pela ponta direita e acaba centralizando o posicionamento para se aproximar da centroavante é Yamila Rodríguez. A artilheira da última Copa América e agora atleta do Palmeiras não é exatamente uma jogadora rápida, o que torna até mais interessante tê-la em uma área do campo mais próxima ao gol adversário e com boas possibilidades de finalizar sempre que tiver oportunidade.

Mariana Larroquette se firmou como mais uma ótima opção ofensiva das argentinas para a Copa. Além de chamar a atenção pela habilidade, a agora atacante do Orlando Pride emendou uma sequência chamativa de gols em 2023. Foto: Stefanía León (Prensa AFA)

O comando de ataque pode até sofrer alterações com o passar da Copa do Mundo, mas parece ter encontrado em Mariana Larroquette um nome que se adaptou bem e de forma bastante rápida ao estilo proposto por Portanova. Ela não é uma atleta que busca contato físico como a experiente Sole Jaimes ou as jovens Estefanía Palomar e Paulina Gramaglia, utilizadas durante o ciclo. Muito pelo contrário. Larroquette em muitos momentos atuou como meia e correspondeu, adicionando drible e velocidade pelos lados do campo.

Até hoje é comum vê-la trocando de função com Yamila Rodríguez, permitindo que a goleadora da equipe descanse de tarefas defensivas mais desgastantes e foque sua atenção em lances mais perto do gol. A afirmação da jogadora do Club León nesse posto mais central ocorreu na data FIFA de Fevereiro, quando a Argentina foi até a Nova Zelândia e superou as donas da casa e também o Chile em um total de três amistosos.

Em todos eles, Larroquette balançou as redes e foi destaque. Isso chamou a atenção do Orlando Pride (clube de Marta, Adriana e Rafaelle), que anunciou a contratação da argentina para a sequência da temporada estadunidense. Independentemente do trio escolhido, o que a comissão técnica sul-americana vem trabalhando é uma forte pressão já dessas atletas de frente para que as argentinas possam recuperar a bola o mais rápido possível.

Atacante do Red Bull Bragantino, Paulina Gramaglia é a principal opção para um jogo mais físico no ataque albiceleste. Foto: Prensa AFA

Quem passou a receber oportunidades no ataque Albiceleste com a chegada da nova comissão técnica foi Érica Lonigro. A atacante de 28 anos vem de temporadas recentes de bastante destaque em clubes como Rosario Central e River Plate. Ela e Carolina Troncoso (de 32 anos) foram os nomes de maior experiência vindos do banco para desempenhar tarefas ofensivas. Da dupla, só Lonigro garantia presença na Copa. Isso porque a prioridade de Germán Portanova foi rejuvenescer o setor.

O que facilita esse trabalho é o fato de a Argentina ter atletas de muito bom potencial e de diferentes características surgindo em suas divisões de base. Além das já mencionadas Estefanía Palomar e Paulina Gramaglia (delas, somente Gramaglia seria mantida na lista final) para funções centrais, os lados do campo contam com Dalila Ippólito e Chiara Singarella. Dalila chegou até a conseguir transferência para a Juventus, mas acabaria não encontrando espaço na gigante da Itália.

Atualmente, a jogadora de 21 anos defende o vizinho Parma. Já Singarella tem dois anos a menos e deve receber maiores oportunidades na equipe principal a partir do próximo ciclo. Com 19 anos, ela atua preferencialmente pelo lado direito de ataque e busca centralizar o jogo para finalizar com a canhota. Um detalhe curioso é que Singarella faz parte também do grupo Sub-20 argentino que disputa torneios de handebol. Ambas as jovens estarão na Copa, sendo opções das mais interessantes para entrar na etapa final.

Florencia Bonsegundo é mais uma atleta trocada de posição com o passar o ciclo. Um pouco mais recuada, ela participa ativamente da construção argentina. Tudo isso sem perder qualidade e inteligência nos arredores ou até mesmo dentro da área rival. Foto: Prensa AFA 

Comecemos a detalhar uma zona que sofreu importantes modificações de 2021 pra cá. Florencia Bonsegundo continua ocupando um posto de titularidade no centro do campo argentino, mas agora em uma função que privilegia sua qualidade técnica apurada e a torna mais participativa nos jogos. No 4-3-3 organizado por Portanova, tornou-se mais comum ver a atleta de 29 anos como uma volante pelo lado esquerdo.

Algo diferente em comparação a anos anteriores, quando a atleta do Madrid CFF era escalada como armadora central ou ocupava o setor canhoto em uma posição mais ofensiva. Essa troca é muito boa para a Argentina por dois motivos. O primeiro é a capacidade que Bonsegundo tem de se desprender desse tripé e arrancar à intermediária ofensiva quando tem a posse de bola (configurando a variação de esquema para o 4-2-3-1 onde ela assume o posto de armação pelo centro).

E o segundo motivo é que ela atua próxima de Estefanía Banini. Independentemente da distribuição tática, será comum ver as duas trocando passes e gerando bons momentos às sul-americanas pela esquerda. Detalhe importante: Bonsegundo foi vice-artilheira da Argentina na última Copa América. O novo posicionamento não vem diminuindo sua importância ofensiva e o número de gols.

Ter a ótima Lorena Benítez em boas condições físicas é essencial para o funcionamento do meio campo argentino. A volante se caracteriza principalmente pela inteligência nos movimentos à frente da área e aos passes precisos. Foto: AFA

Outra meio campista indispensável para a Albiceleste é Lorena Benítez. De volta após grave lesão que a impediu de disputar a Copa América, a volante do Palmeiras é uma jogadora de raro talento. Sua principal virtude é a capacidade de qualificar a saída de bola através de passes curtos e a dinâmica que oferece para o centro do campo. Isso difere do histórico argentino de ter uma primeira volante especialista em marcação e que se preocupa somente em fechar espaços perto da área.

E a melhor notícia para a Argentina é que Benítez pareceu não ter sentido tanto o período de inatividade, já que nos amistosos do começo do ano ela se mostrou fundamental para a sequência de três vitórias. Com apenas 24 anos, ainda se espera uma boa evolução da meio campista em nível internacional. Sem contar que sua capacidade técnica condiz com o que Portanova deseja executar na seleção argentina para o futuro.

Caso a opção seja por um meio campo de maior recurso técnico e qualidade no manejo da bola, é indispensável que a jovem Daiana Falfán ganhe espaço. Ela foi a escolhida para substituir Benítez durante a competição continental e manteve o número de passes certos lá no alto, ainda que tenha como principal característica um papel mais ofensivo no meio campo. Se priorizarmos o aspecto técnico, o melhor cenário possível para a Argentina tem Benítez e Falfán atuando juntas.

Romina Núñez é uma espécie de coringa no time albiceleste. Atleta de confiança de Portanova, ela pode atuar como meio campista, meia-direita ou lateral-direita. Foto: Getty Images

Caso essa última esteja indisponível ou não encaixe no modelo proposto pela comissão técnica para determinado confronto, existe a possibilidade de Romina Núñez aparecer na equipe titular. Meio campista experiente e que se tornou artilheira no futebol mexicano, ela conta com a confiança de Germán Portanova por já ter trabalhado com ele no UAI Urquiza. A partir daí, um grupo formado por mais ou menos oito atletas brigou até o final pelos lugares restantes no time convocado para a Copa do Mundo.

Inclusive Milagros Martín, que mesmo tendo somente 15 anos de idade já é destaque do time principal do Platense e é outro nome bastante promissor para o futuro. As demais ausências na convocação final foram Marianela Szymanowski, Maricel Pereyra e Fabiana Vallejos (de 37 anos), todas meio campistas que se destacam também com posse de bola. Com o detalhe de que cada uma adiciona uma característica diferente para o centro do campo. Respectivamente: imposição física, chegada à frente através de transições e qualidade em bolas paradas. A vencedora seria Camila Gómez Ares, meio campista de bom passe e que teve passagem pelo Boca Junior antes de chegar ao futebol chileno.

Já Vanesa Santana, Miriam Mayorga, Ruth Bravo e Vanina Preininger foram as principais opções argentinas para reforçar a marcação no centro do campo. As três primeiras já fizeram parte do elenco que disputou a Copa do Mundo em 2019 e encaixariam na ideia de dar maior experiência e intensidade a um setor que conta com Lorena Benítez voltando de um problema físico sério e Daiana Falfán que segue para o seu primeiro mundial. Vale relembrar: essas duas são jogadoras que se caracterizam pela intimidade com a bola nos pés.

A experiente Aldana Cometti é a remanescente do centro da zaga para a Copa do Mundo. A ausência de sua fiel parceira Agustina Barroso deve aumentar a responsabilidade de Cometti no setor. Foto: Getty Images

Preininger é novidade para o ciclo e nem chega a ser uma jogadora tão jovem assim, já que sua carreira conta com passagens de destaque por San Lorenzo e UAI Urquiza antes de chegar ao Boca Juniors. Bem como Romina Núñez, Vanina Preininger também foi comandada por Portanova durante o período em que o jovem técnico trabalhou na equipe de Villa Lynch. Porém, tanto Preininger quanto Bravo acabariam ficando de fora da Copa do Mundo.

Especialmente a ausência de Bravo chama a atenção, já que a atleta vem bem no México e poderia ser utilizada também na lateral. Assim, as “vitoriosas” pelas vagas restantes para a função defensiva do meio campo foram Vanesa Santana e Miriam Mayorga. Essa última já foi utilizada como zagueira pelo lado esquerdo em um sistema com cinco defensoras e, até pela ausência de Agustina Barroso, tende a ser utilizada especialmente nessa linha mais retraída no decorrer do mundial.

A defesa, aliás, parecia ser o setor mais bem encaminhado para a Copa do Mundo. Agustina Barroso e Aldana Cometti permaneceram como titulares absolutas durante a maior parte do tempo e iriam para mais uma competição internacional liderando a zaga Albiceleste. Entretanto, a comissão técnica optaria por não contar com a aguerrida atleta do Flamengo (recém-transferida para o UD Tenerife da Espanha) para a reta final da preparação e também para a principal competição do ciclo.

Aos 39 anos, Vanina Correa segue sendo um nome de segurança no conjunto argentino. A goleira disputou as três partidas no mundial de 2019 e saiu com um saldo positivo apesar dos quatro gols sofridos na fase de grupos. Foto: Getty Images

Trata-se de uma perda importante inclusive para o início da construção ofensiva, já que Agustina Barroso tinha como ponto forte na seleção justamente essa saída qualificada com bola dominada. Não raramente ela aparecia em uma zona próxima à de Lorena Benítez para atrapalhar algum encaixe individual em cima da volante. No estilo mais “propositivo” pensado por Portanova, Barroso certamente teria sua importância. Além disso, a defensora de 30 anos logicamente se mostrava muito eficiente em lances pelo alto dentro da sua área de atuação.

A vaga no centro da zaga tende a cair no colo de Sophia Braun, nome que serve para elevar a estatura da defesa argentina e de participações interessantes nos amistosos contra a Venezuela. Caso Portanova opte por um 5-3-2 (como aconteceu na derrota diante da Espanha), muito provavelmente o centro da defesa será composto por Cometti, Braun e Mayorga. Vale dizer que a polivalente atleta do León do México tem facilidade para atuar como volante.

A lateral-esquerda parece assegurada com a equilibrada e experiente Eliana Stábile, enquanto o lado direito viu uma briga interessante envolvendo Gabriela Chávez, Julieta Cruz, Marina Delgado (ausência na lista final) e a já citada Romina Núñez. Dependendo da ofensividade escolhida para o meio campo, é bem possível que as titulares da lateral guardem maior posição na linha de defesa e avancem pouco. Isso porque o setor apresenta problemas graves de cobertura e também de posicionamento.

Como as defensoras argentinas não se destacam exatamente pela velocidade, a equipe pode ter problemas na fase de grupos (especialmente contra África do Sul e Suécia) se optar por soltar demais as laterais ao campo de frente. No gol, Vanina Correa permanece intocável e vai para o seu segundo mundial consecutivo. Mesmo aos 39 anos, ela segue sendo a titular e passou a utilizar também a braçadeira de capitã em tempos recentes.

Yamila Rodríguez foi o principal nome argentino na última Copa América. A atacante do Palmeiras é destaque pelos gols e também pela disposição que acrescenta ao time no momento sem bola. Foto: Getty Images

Destaque – Yamila Rodríguez

A agora atacante do Palmeiras se consolidou como artilheira no Boca Juniors em temporadas recentes e tem como principal mérito o fato de ter levado essa eficiência ofensiva também para a seleção. Seus gols marcados na Copa América ajudaram muito a Argentina a se classificar novamente para um mundial e tiraram o time do sufoco – especialmente no confronto decisivo contra o Paraguai.

No duelo que valia o terceiro lugar e a última vaga direta à Copa para um país sul-americano, Yamila marcou dois gols depois dos 32 minutos do segundo tempo no 3x1 contra as paraguaias. Ela ainda marcaria outros quatro na competição, acabando a competição como uma das atletas de melhor desempenho. E não é só isso. Além de balançar as redes, a jogadora cumpre um papel importante também na marcação.

A disposição física para marcar zagueiras e acreditar em toda e qualquer bola fazem dela um nome importante para frear o ímpeto ofensivo de uma lateral (quando atua pelo lado direito) ou fechar o espaço de uma volante (quando aparece no comando de ataque). Essa facilidade para aparecer em diferentes partes do campo é positiva também para confundir a marcação rival, favorecendo assim o avanço das atletas de meio campo.

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