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Guia da Copa do Mundo Feminina de Futebol - Grupo E

Tabela de Jogos (No Horário de Brasília)

1ª Rodada:

21/07 – 22h: Estados Unidos x Vietnã (Eden Park – Auckland/NZL)

23/07 – 04h30: Países Baixos x Portugal (Forsyth Barr Stadium – Dunedin/NZL)

2ª Rodada:

26/07 – 22h: Estados Unidos x Países Baixos (Wellington Regional Stadium – Wellington/NZL)

27/07 – 04h30: Portugal x Vietnã (Waikato Stadium – Hamilton/NZL)

3ª Rodada:

01/08 – 04h: Portugal x Estados Unidos (Eden Park – Auckland/NZL)

01/08 – 04h: Vietnã x Países Baixos (Forsyth Barr Stadium – Dunedin/NZL)


As duas seleções classificadas enfrentam adversários do Grupo G nas Oitavas de Final


Guia da Copa do Mundo Feminina de Futebol - Grupo A

Guia da Copa do Mundo Feminina de Futebol - Grupo B

Guia da Copa do Mundo Feminina de Futebol - Grupo C

Guia da Copa do Mundo Feminina de Futebol - Grupo D


Estados Unidos

Foto: Brad Smith (ISI Photos)

Atual bicampeã mundial, a equipe estadunidense é uma natural candidata ao título. Porém, o ciclo foi turbulento e em poucos momentos o time de fato empolgou e mostrou parte do potencial que o credencia aos postos mais altos da Copa. O técnico Vlatko Andonovski é muito questionado por conta de algumas convocações (e não convocações) e surge como o alvo mais fácil às pedras, mas é verdade que ele comanda um trabalho de renovação. Em alguns casos e momentos, com essa mudança sendo praticamente forçada.

Isso porque, durante esses anos, o comandante sofreu com a ausência de nomes importantes para o funcionamento da equipe. Em especial o de Julie Ertz, que voltou ao conjunto dos Estados Unidos somente em Abril deste ano após grave lesão no joelho, uma participação nos Jogos Olímpicos de Tóquio sem estar em suas melhores condições e também por conta da gestação. Sem contar os problemas médicos de Mallory Swanson, Christen Press e Tobin Heath, todas elas ausências confirmadas para a Copa.

Apesar do título da CONCACAF W Championship (que serviu também como eliminatória ao mundial de Austrália e Nova Zelândia) e a classificação sem grandes sustos, a sequência de derrotas sofridas em amistosos impressiona. Quando os Estados Unidos enfrentaram rivais de aspirações semelhantes, tiveram problemas. Contra Inglaterra, Espanha e Alemanha, foram nada menos do que três derrotas.

E com a ressalva de que o resultado negativo diante das espanholas teve as rivais atuando com seu bastante modificado grupo de atletas. A boa notícia para a seleção estadunidense em 2023 foi o título da SheBelieves Cup, ainda que as atuações nesse torneio não sirvam para empolgar. De qualquer forma, as três vitórias serviram para acabar com a sequência negativa diante de seleções de maiores ambições e aliviar a pressão da comissão técnica até a Copa.

Ranking da FIFA: 1º Lugar.

Participações Anteriores em Copas do Mundo: 8/8 (1991, 1995, 1999, 2003, 2007, 2011, 2015, 2019).

Melhor Campanha: Campeão (1991, 1999, 2015, 2019).

Vlatko Andonovski não é exatamente uma unanimidade no país, ainda que esteja comandando uma renovação no elenco estadunidense. Foto: Getty Images

Técnico: Vlatko Andonovski (desde Outubro de 2019).

Convocação

Goleiras: 1-Alyssa Naeher (35 anos – 20/04/1988; Chicago Red Stars), 18-Casey Murphy (27 anos – 25/04/1996; North Carolina Courage), 21-Aubrey Kingsbury (31 anos – 20/11/1991; Washington Spirit);

Laterais: 3-Sofia Huerta (30 anos – 14/12/1992; OL Reign), 5-Kelley O’Hara (34 anos – 04/08/1988; NJ/NY Gotham FC), 19-Crystal Dunn (31 anos – 03/07/1992; Portland Thorns), 23-Emily Fox (25 anos – 05/07/1998; North Carolina Courage);

Zagueiras: 4-Naomi Girma (23 anos – 14/06/2000; San Diego Wave), 12-Alana Cook (26 anos – 11/04/1997; OL Reign), 14-Emily Sonnett (29 anos – 25/11/1993; OL Reign);

Volantes/Meio Campistas: 2-Ashley Sanchez (24 anos – 16/03/1999; Washington Spirit), 8-Julie Ertz (31 anos – 06/04/1992; Angel City FC), 9-Savannah DeMelo (25 anos – 26/03/1998; Racing Louisville), 10-Lindsey Horan (29 anos – 26/05/1994; Lyon-FRA), 16-Rose Lavelle (28 anos – 14/05/1995; OL Reign), 17-Andi Sullivan (27 anos – 20/12/1995; Washington Spirit), 22-Kristie Mewis (32 anos – 25/02/1991; NJ/NY Gotham FC);

Pontas: 7-Alyssa Thompson (18 anos – 07/11/2004; Angel City FC), 11-Sophia Smith (22 anos – 10/08/2000; Portland Thorns), 15-Megan Rapinoe (38 anos – 05/07/1985; OL Reign), 20-Trinity Rodman (21 anos – 20/05/2002; Washington Spirit).

Atacantes: 6-Lynn Williams (30 anos – 21/05/1993; NJ/NY Gotham FC), 13-Alex Morgan (34 anos – 02/07/1989; San Diego Wave).

Lista de Suplentes: Não Divulgada.

Ausências Notáveis: Sam Mewis (MC/VOL – Kansas City Current; recupera-se de cirurgia no joelho realizada em Janeiro de 2023), Catarina Macario (MA/AT – Lyon-FRA; lesão no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo sofrida em Junho de 2022), Mallory Swanson (PD/PE – Chicago Red Stars; rompimento do tendão patelar do joelho esquerdo ocorrido em Abril de 2023), Christen Press (PE/PD – Angel City FC; lesão no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo sofrida em Junho de 2022), Tobin Heath (PD/PE – OL Reign; recupera-se de cirurgia no joelho esquerdo realizada em Setembro de 2022), Becky Sauerbrunn (ZAG – Portland Thorns; lesão no pé sofrida em Abril de 2023), Casey Krueger (LD/ZAG/LE – Chicago Red Stars; opção técnica), Tierna Davidson (ZAG/LE – Chicago Red Stars; opção técnica), Sam Coffey (VOL – Portland Thorns; opção técnica), Taylor Kornieck (MA/MC/VOL – San Diego Wave; opção técnica), Midge Purce (PD/PE – NJ/NY Gotham FC; opção técnica), Ashley Hatch (AT – Washington Spirit; opção técnica).

Time-Base:

Casey Murphy; Sofia Huerta, Alana Cook, Naomi Girma, Crystal Dunn; Rose Lavelle, Julie Ertz, Lindsey Horan; Trinity Rodman, Alex Morgan ©, Sophia Smith.

Mesmo com tantos problemas enfrentados durante esse quadriênio, é inegável que o elenco dos Estados Unidos tem qualidade suficiente para competir pelo tricampeonato mundial consecutivo. Porém, a distância para outras seleções ao redor do mundo vem caindo com o passar dos anos a ponto de que um torneio internacional desse tamanho não tenha mais as estadunidenses como amplas favoritas e equipe a ser batida.

E isso pode ser positivo para a equipe de Vlatko Andonovski, já que tira a obrigação de conquistar o título mundial e permitiu que a etapa final de preparação fosse realizada num clima de menor pressão sobre o elenco. Um trunfo da comissão técnica para Copa é o retorno de atletas indisponíveis durante esses últimos anos do ciclo. Em especial: Crystal Dunn e Julie Ertz. As duas foram ausências por conta de suas fases de gestação e buscam retomar o alto nível apresentado em anos anteriores.

Se levarmos em conta a última Copa do Mundo, aliás, Dunn e Ertz foram fundamentais para a conquista dos Estados Unidos em solo francês. A primeira por adicionar velocidade e ofensividade pelo flanco esquerdo do campo, enquanto a outra se destacava justamente por um trabalho de marcação e cobertura que permitia que diferentes nomes do esquema estadunidense tivessem liberdade de avanço. Até pelo fato de ambas se complementarem, Andonovski não abre mão da dupla.

Julie Ertz é o termômetro do conjunto estadunidense. No período sem ela, a seleção sofreu demais na montagem do meio campo e viu sua linha de defesa ser vazada com mais frequência. Foto: Stephen McCarthy (Sportsfile)

E esse período de inatividade de Julie Ertz causou muita dor de cabeça para a comissão técnica. Outrora uma zagueira, ela foi adiantada para um posto de contenção no meio campo ainda na época de Jill Ellis e acabaria se tornando uma das grandes referências no mundo para uma volante de suas características. Além de ter uma boa saída de bola e ajudar no momento de transição ao ataque, Ertz era importantíssima para a manutenção do equilíbrio na equipe.

Como fora dito, é comum que pelo menos uma das laterais se projete ao campo adversário a fim de colaborar com as tarefas ofensivas. Mas não é só isso. No meio campo ideal projetado por Vlatko Andonovski, as duas meio campistas parceiras de Ertz se destacam mais pelo apoio e construção na intermediária rival do que propriamente pela recomposição. Cabe a Ertz, portanto, realizar esse trabalho de proteção às zagueiras.

Andi Sullivan foi a aposta da comissão técnica para repor a atleta de 31 anos, mas ela não concentra exatamente as mesmas características da titular. Sullivan até mantém a qualidade na saída de bola e a capacidade de organizar as ações ofensivas, mas não conta com um poderio tão grande para coberturas. Sam Coffey, de grande temporada no Portland Thorns justamente quando foi ajustada nessa função entre defesa e meio campo, seria uma alternativa interessante. Entretanto, ela praticamente não recebeu chances durante o ciclo.

Crystal Dunn é ponta no Portland Thorns e executa função de lateral-esquerda na seleção. Entretanto, é fácil entender que sua importância no esquema dos Estados Unidos se dá principalmente no campo ofensivo. Foto: Imago

Dessa forma, a jogadora ficou de fora da lista final em decisão que dividiu opiniões. Por conta dessa reposição praticamente impossível, a ausência de Ertz faz com que os Estados Unidos sofram quando se deparam com uma equipe bem posicionada e de qualidade na circulação de bola. O duelo contra o Japão no início deste ano mostrou isso. O que evitou um empate ou derrota foi a sequência de boas chances desperdiçadas pelas rivais do continente asiático.

Rose Lavelle e Lindsey Horan despontam como as favoritas para completar o trio de meio campo na Copa. Ambas estiveram no elenco campeão mundial em 2019 e seguem sendo importantes para a mecânica da equipe, que frequentemente deixa o 4-3-3 e ruma a um 4-2-3-1 por conta da característica dessas atletas. Neste caso, quem costuma assumir o posto de armação é Lavelle, um dos maiores destaques dos Estados Unidos no título conquistado quatro anos atrás. Algo a se observar, porém, é como a craque chegará ao mundial no aspecto físico.

A facilidade que Lavelle apresenta para se desprender e carregar a bola pelo lado direito do gramado faz com que a meio campista do OL Reign possa ser utilizada até mesmo como uma ponta. Quem se assemelha ao seu estilo móvel é Ashley Sanchez, que vem de ótimas temporadas como armadora no Washington Spirit e aparece com destaque também quando escalada pelos lados. Desse elenco, ela parece ser a meio campista mais capaz de apresentar algo diferente em matéria de talento e movimentações individuais.

Rose Lavelle é garantia de talento no meio campo dos Estados Unidos. A maior preocupação é a sua condição física, já que ela era dúvida até uns dias antes da convocação oficial. Foto: Liza Rosales

Já Horan é menos uma atleta de transição e mais uma pensadora, possuindo qualidade técnica para trocar passes e sendo arma em lances de bola parada e finalizações de média distância. Eventualmente, ela pode ser utilizada como uma volante central. Sem tanta intimidade com os trabalhos defensivos, é verdade, mas sendo capaz de adicionar talento e criatividade para duelos onde os EUA despontam como favoritos e podem ter um cuidado não tão grande assim com coberturas às zagueiras.

Uma novidade das mais interessantes para essa região é Savannah DeMelo, que chama a atenção pelo trabalho ofensivo e a qualidade nos momentos de bola parada enquanto atleta do Racing Louisville. Na atual temporada, ela já tem cinco gols e uma contribuição gigante nos momentos em que a equipe está com posse de bola e inicia a construção dos movimentos de ataque. Além de passes decisivos e importantes, DeMelo chega muito bem ate às cercanias da área rival para buscar finalização. Referência local, ela seria outra atleta a demorar a estrear na seleção. Isso aconteceu apnas em Julho, após a lista.

É importante mencionar que essa zona do gramado tem o desfalque importantíssimo de Sam Mewis, outra atleta de grande experiência no conjunto estadunidense e que vem sendo afetada com frequentes lesões. Sua irmã, a polivalente Kristie Mewis, está no grupo e é uma boa opção para o centro do campo. Quem também ganhou espaço com a ausência de Sam foi Taylor Kornieck, alternativa para elevar a média de altura e auxiliar em movimentos próximos ao centro do campo. Porém, ela não consta na convocação decisiva e perderá o mundial.

Lindsey Horan tem um estilo de jogo mais cadenciado, mas nem por isso é menos importante para o esquema dos Estados Unidos do que a companheira Rose Lavelle. Foto: Brad Smith (Getty Images)

Por falar em problemas físicos, é necessário abordarmos as laterais. Kelley O’Hara (34 anos) fez parte de um grupo que venceu inúmeros títulos internacionais na última década, mas no atual estágio da carreira dificilmente consegue emendar uma sequência grande de partidas. Ainda que tenha bastante prestígio com a comissão técnica e acrescente bastante em experiência e pela representatividade vencedora que carrega, não se sabe exatamente em que condições O’Hara chega ao mundial.

E, se pensarmos que a Copa do Mundo tende a exigir mais da atleta no aspecto físico, não é possível assegurar a sua presença durante toda a competição. Porém, Andonovski não pode se queixar das opções disponíveis para a função. Uma atleta que vivia grande momento individual e acabaria de fora da lista decisiva é Casey Krueger. Também experiente, a defensora do Chicago Red Stars se firmou como uma das melhores laterais da Liga local e ainda seria opção para o centro da defesa se fosse preciso.

Além disso, a ausência de O’Hara durante o ciclo serviu para que Sofia Huerta tivesse minutos importantes atuando pelo lado direito. Meia de origem, a jogadora de 30 anos correspondeu quando foi chamada e é destaque principalmente no apoio ao ataque e à velocidade que imprime partindo com bola dominada desde o campo defensivo. Esse lado direito dos Estados Unidos que deve iniciar a Copa ainda contém um alto nível de entrosamento, já que Huerta é companheira da meio campista Rose Lavelle no OL Reign.

Meia no início da carreira, Sofia Huerta se firmou na seleção como uma lateral-direita. Assim como Crystal Dunn, porém, seu forte está no apoio. Foto: NBC Sports

Pelo lado esquerdo, o grande ganho para a reta final do ciclo foi Crystal Dunn. Como fora dito anteriormente, a jogadora ficou afastada dos gramados por conta da gravidez. Porém, desde que retornou à ativa, vem mostrando notável evolução física e técnica com a camiseta do Portland Thorns. O lado positivo para a comissão técnica nacional é que a lateral foi titular nas vitórias contra a Nova Zelândia e também nas três partidas da SheBelieves Cup.

Ou seja: começou o ano de 2023 já com bons minutos em campo e atuando com boa parte do grupo convocado para a Copa do Mundo. Outra meia/ponta transformada em lateral, a atleta de 31 anos naturalmente adiciona um poderio ofensivo bastante interessante pelo setor canhoto. Em duelos onde os Estados Unidos são claramente favoritos, é possível imaginar a equipe com Sofia Huerta e Crystal Dunn atuando juntas e oferecendo uma variação ofensiva bastante interessante nos movimentos da intermediária em diante.

Em confrontos mais equilibrados, porém, isso pode mudar. Até pela experiência, Dunn é a favorita para permanecer na equipe titular e a mudança muito provavelmente iria acontecer no lado direito. Durante a ausência da defensora do Portland Thorns, Andonovski utilizou Emily Sonnett, Tierna Davidson (zagueiras de origem) e Emily Fox como lateral-esquerda. Agora, com a volta da campeã mundial em 2019, Fox acabou se tornando opção também para o lado direito. Tanto que ela e Dunn atuaram juntas na vitória de 2x0 sobre a Irlanda no início de Abril.

O centro da defesa tem em Naomi Girma um ponto de muita solidez. De quebra, a jovem zagueira se destaca com a bola nos pés e com frequência ajuda na construção ofensiva. Foto: Getty Images

O centro da defesa tinha em Becky Sauerbrunn um ponto de bastante solidez, além da óbvia experiência de disputar e também vencer competições de alto nível. Contudo, uma lesão ocorrida em Abril acabaria tirando a chance de a atleta de 39 anos disputar sua quarta Copa do Mundo consecutiva. Até por conta da idade, se imaginava que Sauerbrunn fosse utilizada de forma inteligente e quando fosse realmente necessário, aparecendo principalmente nos confrontos de mata-mata.

Sem ela, Naomi Girma, Emily Sonnett e Alana Cook são as opções de Andonovski para preencher os postos no miolo da zaga. Tierna Davidson parecia o nome mais provável à titularidade ao retornar de grave lesão no joelho, mas a jogadora do Chicago Red Stars seria ausência até mesmo da lista decisiva apesar de atuar com boa frequência no clube a partir da reta final de Março. O rendimento abaixo das expectativas da comissão técnica desde o seu retorno parece ser o principal motivo para o corte da versátil defensora.

Essa, aliás, foi outra decisão bastante contestada pelo torcedor estadunidense. Vale dizer que a escalação de Tierna Davidson acrescentaria muito em matéria de presença física, o que seria um ponto importante para os Estados Unidos especialmente em jogos contra seleções que se destacam nesse quesito. Lembrando: o Grupo E nos reserva um EUA x Países Baixos já na segunda rodada. As neerlandesas possuem defensoras que se dão bem nos duelos pelo alto em ambas as áreas e também Jill Roord, ainda que não contem como uma centroavante de ofício como Fenna Kalma.

Alyssa Thompson é a esperança para o futuro, mas já vem dando o que falar no presente. Aos 18 anos, ela é a caçula de um elenco experiente e acostumado a títulos. Foto: Jeff Roberson (AP)

No setor defensivo, o grande ganho para Andonovski no ciclo é Naomi Girma. De 23 anos recém-completados, a jovem apareceu recentemente na equipe principal graças ao trabalho muito bem feito em Ligas Universitárias do país e também no San Diego Wave. Ela se destaca especialmente pelo bom posicionamento e a velocidade para equilibrar os duelos contra atacantes de velocidade. Além disso, Girma apresenta uma enorme capacidade técnica para sair jogando com bola trabalhada. Isso auxilia nos momentos de construção ofensiva dos EUA.

Sem dúvida, trata-se de uma joia capaz de se manter na titularidade da equipe nacional por alguns longos anos. Outra certza é que Naomi Girma terá como parceira de defesa uma atleta do OL Reign. Emily Sonnett é quem possui maior rodagem, já tendo no currículo uma participação em Copa do Mundo e também em Olimpíada. Porém, Alana Cook foi a titular em todos os confrontos da reta final de 2022 e parece estar em vantagem pelo menos para o início da Copa do Mundo.

Outra dúvida bastante positiva para a comissão técnica se dá no posto de goleira titular. Casey Murphy merecidamente passou a receber chances na seleção principal após passagem pelas equipes nacionais de base dos Estados Unidos e também clubes como Seattle Reign e North Carolina Courage. Uma das suas principais atuações aconteceu no amistoso contra a Austrália, ainda no ano de 2021. Contra um ataque poderoso e que finalizou muito, ela deu conta do recado e teve uma jornada impecável.

Alex Morgan segue sendo a referência (técnica e em matéria de posicionamento) no setor ofensivo dos Estados Unidos. Ela marcou seis vezes na edição de quatro anos atrás. Foto: Robin Alam (ISI Photos)

Porém, existe a possibilidade de a comissão técnica apostar na experiente Alyssa Naeher, titular na conquista do mundial de 2019 e na campanha olímpica de dois anos mais tarde (essa já sob o comando de Andonovski). Na Copa do Mundo, aliás, Naeher brilhou na semifinal contra a Inglaterra ao defender um pênalti cobrado pela defensora Steph Houghton já aos 39 minutos da etapa final. Dessa forma, manteria o apertado 2x1 que mais tarde daria a vaga na grande decisão ao conjunto dos Estados Unidos então comandado por Jill Ellis.

Os atuais 35 anos de Naeher não pesam, já que ela ainda é uma das goleiras mais confiáveis do país. A disputa parece em aberto, e não seria realmente uma surpresa se Vlatko Andonovski apostasse em uma alternância de nomes nas três partidas da fase de grupos. Certo é que o conjunto estadunidense está muito bem servido nessa posição. Isso porque Aubrey Kingsbury, terceira opção para atuar na meta, também tem um histórico bastante interessante como goleira na Liga nacional ainda que tenha atuado somente uma vez com a camiseta da seleção.

O ataque é um ponto em aberto e que também promete uma disputa bastante interessante na Copa. Sobram jogadoras de talento e de diferentes características, mas muitas delas sofreram com problemas médicos recentemente. A ausência considerável é Mallory Swanson, de séria lesão sofrida em Abril. Christen Press e Tobin Heath, outrora nomes fundamentais para criar espaços pelos lados do campo e que venceram muita coisa dentro do time estadunidense nos últimos anos, também estão fora dos gramados já há um bom tempo.

Uma das líderes do elenco, Megan Rapinoe disputará o seu quarto mundial na carreira. As condições físicas não são as mesmas de outrora, então sua utilização deve ser feita de maneira moderada. Foto: Lionel Bonaventure (Getty Images)

Outra jogadora a sofrer com lesão foi Catarina Macario, nascida no Maranhão e que optou por defender o país da América do Norte. Ela é mais meia-atacante do que uma atacante, já que apresenta uma enorme movimentação no ataque mesmo quando escalada em um posto central. Apesar desses tantos problemas durante o ciclo, os EUA se dão ao luxo de contar ainda com nomes como os de Sophia Smith, Trinity Rodman, Megan Rapinoe e Alex Morgan para compor o seu trio de frente.

Morgan segue sendo o nome para a referência, enquanto as demais costumam aparecer pelos lados do campo e se destacam pela habilidade e também a qualidade em dribles e cruzamentos à grande área. Para ocupar esse posto de centroavante, quem recebeu chances a partir do ano passado foi Ashley Hatch, de ótima média de gols no Washington Spirit em temporadas recentes. Contudo, ela perderia o posto na Copa do Mundo para Lynn Williams, que correspondeu na Olimpíada passada e desde então vem mantendo o bom rendimento ofensivo – apesar de perder o ano de 2022 quase que total por conta de uma lesão.

A grande novidade no grupo é Alyssa Thompson, de somente 18 anos e poucas aparições na seleção principal. Seu raro talento técnico apresentado com as camisetas nacionais de base e também com a do Angel City FC chamou a atenção de Andonovski já em 2022, com somente 17 anos. A concorrência por minutos tende a ser pesada, mas qualidade técnica ela já apresentou. É ver a frequência com que a jovem, que pode atuar centralizada ou com maior mobilidade para deixar a área e buscar os lados do campo, vai receber minutos na Copa.

Aos 22 anos, Sophia Smith já ocupa um posto de grande importância no ataque dos Estados Unidos. E, dependendo da formação, ela pode até deixar o lado do campo e atuar mais fixa no comando de ataque. Foto: Getty Images

Destaque – Sophia Smith

Até por perder Mallory Swanson por lesão a poucos meses da Copa do Mundo, as expectativas tendem a crescer sobre Sophia Smith. Por mais que Alex Morgan seja a real esperança de gols pelo que apresentou até hoje na carreira, quem tende a desequilibrar para os Estados Unidos é a habilidosa e veloz atacante do Portland Thorns.

Que na seleção atua preferencialmente pelas pontas, ainda que venha mostrando ótimo faro de gol desde a última temporada e eventualmente atue mais centralizada em seu clube. O que pode contribuir para esse seu novo posicionamento no comando de ataque em algum momento da Copa do Mundo é a condição física de Morgan, atleta que deve se preservada em confrontos considerados mais acessíveis.

Outro fator que colabora para que Smith seja uma atacante é o alto número de jogadoras de qualidade capazes de atuar pelas pontas, como mencionado anteriormente. Importante nas seleções de base dos Estados Unidos, Smith confirmou todas as expectativas que foram criadas por conta do seu desempenho e já é uma referência importante do futebol local mesmo com somente 22 anos. Nesta reformulação iniciada por Andonovski, ela encabeça a lista das jovens estadunidenses com potencial para explodir já nesta edição de mundial.

 

Vietnã

Foto: Voice of Vietnam

Chegar a uma Copa do Mundo é um feito histórico para o Vietnã. A seleção asiática já vinha beliscando a classificação em edições anteriores, mas geralmente esbarrava na vizinha equipe da Tailândia e saía de mãos abanando. Desta vez, porém, a vaga veio com direito a um 2x0 sobre as rivais tailandesas na disputa do triangular continental que classificaria a vencedora do grupo diretamente à Copa. Independentemente do gênero, será a estreia do país do Sudeste Asiático em mundiais.

O grande problema para as vietnamitas se deu no sorteio. A seleção estreia simplesmente contra os Estados Unidos, atuais bicampeões mundiais. E não é só isso: as asiáticas ainda terão Países Baixos pela frente. Nada mais nada menos do que a atual vice-campeã. Por conta disso, pontuar já seria um feito histórico para o Vietnã. Até mesmo um golzinho marcado nas prováveis derrotas para essas seleções já seria motivo de comemoração.

O fato de encarar Portugal também não é muito animador. Ainda que se trate de outra equipe estreante em Copas, as lusas possuem maior experiência internacional e despontam como a principal candidata a desbancar as duas potências da chave. Mas, mesmo com o desequilíbrio técnico, o confronto terá seu simbolismo. Isso porque ele marca o encontro da capitã Huỳnh Như com o país onde atualmente joga.

Principal nome do futebol vietnamita, a atacante defende o Länk FC Vilaverdense desde o ano passado em transferência que foi a primeira de uma atleta local para o continente europeu. Quem comandou a campanha de classificação das Guerreiras da Estrela Dourada foi Mai Đức Chung, um dos pioneiros na história da seleção feminina e que tem uma passagem também pela equipe masculina. Mai havia manifestado interesse em deixar a seleção em Fevereiro de 2022, mas permanece no cargo para a Copa.

Ranking da FIFA: 32º Lugar.

Participações Anteriores em Copas do Mundo: Não Possui.

Nome histórico do futebol no país graças aos resultados em torneios regionais, Mai Đức Chung enfim conseguiu classificar a seleção vietnamita a uma Copa do Mundo. Foto: VN Express

Técnico: Mai Đức Chung (desde Dezembro de 2015).

Convocação

Goleiras: 1-Đào Thị Kiều Oanh (20 anos – 25/01/2003; Hanoi), 14-Trần Thị Kim Thanh (29 anos – 18/09/1993; Hồ Chí Minh City), 20-Khổng Thị Hằng (29 anos – 10/10/1993; Than KSVN);

Alas: 5-Hoàng Thị Loan (28 anos – 06/02/1995; Hanoi), 22-Nguyễn Thị Mỹ Anh (28 anos – 27/11/1994; Thai Nguyen T&T), 23-Nguyễn Thị Bích Thùy (29 anos – 01/05/1994; Hồ Chí Minh City);

Zagueiras: 2-Lương Thị Thu Thương (23 anos – 01/05/2000; Than KSVN), 3-Chương Thị Kiều (27 anos – 19/08/1995; Hồ Chí Minh City), 4-Trần Thị Thu (32 anos – 15/01/1991; Hồ Chí Minh City), 6-Trần Thị Thúy Nga (28 anos – 02/11/1994; Thai Nguyen T&T), 17-Trần Thị Thu Thảo (30 anos – 15/01/1993; Hồ Chí Minh City);

Meio Campistas: 8-Trần Thị Thùy Trang (34 anos – 08/08/1988; Hồ Chí Minh City), 10-Trần Thị Hải Linh (22 anos – 08/06/2001; Hanoi), 11-Thái Thị Thảo (28 anos – 12/02/1995; Hanoi), 13-Lê Thị Diễm My (29 anos – 06/03/1994; Than KSVN), 16-Dương Thị Vân (28 anos – 20/12/1994; Than KSVN);

Meias/Pontas: 7-Nguyễn Thị Tuyết Dung (29 anos – 13/12/1993; Phong Phú Hà Nam), 19-Nguyễn Thị Thanh Nhã (21 anos – 25/09/2001; Hanoi);

Atacantes: 9-Huỳnh Như (31 anos – 28/11/1991; Länk Vilaverdense-POR), 12-Phạm Hải Yến (28 anos – 09/11/1994; Hanoi), 15-Nguyễn Thị Thúy Hằng (25 anos – 19/11/1997; Than KSVN), 18-Vũ Thị Hoa (19 anos – 06/11/2003; Hồ Chí Minh City), 21-Ngân Thị Vạn Sự (22 anos – 29/04/2001; Hanoi).

Lista de Suplentes: Não Divulgada.

Ausências Notáveis: Trần Thị Phương Thảo (ZAG - Hồ Chí Minh City; ausente por escolha própria), Phạm Hoàng Quỳnh (MC/MD - Phong Phú Hà Nam; ausente do futebol por conta do nascimento do segundo filho), Châu Thị Vang (MD/ME - CLB Than Quảng Ninh; se aposentou em Maio), Đoàn Thị Ngọc Phượng (GOL – Hồ Chí Minh City; opção técnica), Trần Thị Duyên (AD - Phong Phú Hà Nam; opção técnica), Phạm Thị Tươi (AD - Phong Phú Hà Nam; opção técnica), Hà Thị Ngọc Uyên (AE – Phong Phú Hà Nam; opção técnica), Nguyễn Thị Trúc Hương (VOL/MC – Than KSVN; opção técnica), Trần Nguyễn Bảo Châu (VOL/MC – Hồ Chí Minh City; opção técnica), Nguyễn Thị Vạn (MD - Than Khoáng Sản; opção técnica), Nguyễn Thị Tuyết Ngân (AT – Hồ Chí Minh City; opção técnica).

Time-Base:

Trần Thị Kim Thanh; Nguyễn Thị Bích Thùy, Lương Thị Thu Thương, Chương Thị Kiều, Trần Thị Thu Thảo, Hoàng Thị Loan; Trần Thị Thùy Trang, Thái Thị Thảo, Nguyễn Thị Tuyết Dung; Huỳnh Như ©, Phạm Hải Yến.

A permanência de Mai Đức Chung no comando técnico vietnamita acaba sendo boa também por ajudar a manter o estilo de jogo da equipe. Que, até pela dificuldade imposta já na fase de grupos, não deve apresentar muito mais do que um organizado sistema defensivo e investidas à frente através de contra-ataques e lançamentos longos em direção à atacante central. Em confrontos onde é considerado o favorito e precisa ter iniciativa ofensiva, o Vietnã utiliza um 4-4-2 com frequente presença das meias no apoio ao ataque.

É dessa forma que a equipe se apresenta especialmente em competições regionais, como fora visto nas recentes aparições em Copa do Sudeste da Ásia e também nas fases prévias da eliminatória olímpica. Para duelos onde a tendência é o time ser muito atacado pelo adversário, porém, é normal o experiente técnico optar por um 5-3-2 que na prática acaba se tornando um 5-4-1.

Contra Estados Unidos e Países Baixos, a tendência é por essa escalação mais cautelosa e que prioriza o fechamento de espaços e o povoamento da própria área para rebotes e consequentes rebatidas. Isso porque nos embates físicos e aéreos a vantagem das favoritas estadunidenses e neerlandesas é bastante evidente. No amistoso realizado conta a França no final do ano passado (com derrota vietnamita pelo placar de 7x0), essa diferença entre as equipes foi gritante.

A goleira Trần Thị Kim Thanh foi uma das principais goleiras da última Copa da Ásia. Suas belas defesas ajudaram a colocar o país do Sudeste na Ásia na maior competição de toda a sua história. Foto: VFF (AFC Media)

Entretanto, apesar desse alto número de gols sofridos, em nenhum momento pode-se discutir a contribuição dada por Trần Thị Kim Thanh. Tanto que a sua continuidade para o mundial nem parece ameaçada. Titular nos seis jogos da recente Copa da Ásia, a goleira foi a que mais realizou defesas durante a competição e foi um dos destaques de um conjunto organizado e que ofereceu alguma resistência até mesmo diante de seleções mais fortes.

Contra a futura campeã continental China e contra o sempre poderoso Japão na primeira fase, o Vietnã mostrou-se bem posicionado e concentrado na linha de defesa antes de sofrer os gols. No duelo diante das chinesas, a seleção do Sudeste asiático largou em vantagem no placar e chegou até a conseguir alguns bons lances em contra-ataque antes de sofrer a virada no marcador.

Trần Thị Kim Thanh mostrou estar em grande forma no torneio e realizou defesas incríveis tanto no clássico local contra Myanmar como na partida das Guerreiras da Estrela Dourada contra a vice-campeã Coreia do Sul. A tendência para esta Copa é que a boa goleira vietnamita seja bastante exigida nos três duros duelos da fase de grupos e apareça ainda mais.

A defensora Chương Thị Kiều costuma incomodar também nos lances aéreos ofensivos. Foi dela o gol que confirmou a classificação do Vietnã à Copa do Mundo. Foto: Getty Images

Até para dar essa continuidade ao time que fez história, a tendência era que Trần Thị Phương Thảo, Chương Thị Kiều e Trần Thị Thu Thảo formassem o trio de zagueiras pelo menos para o início do mundial. O destaque principal aqui é Chương Thị Kiều, seja pela contribuição que dá no aspecto anímico ou por ser a mais imponente vietnamita nos duelos físicos. É ela quem costuma se dar bem nos duelos pelo alto, sendo efetiva inclusive no campo ofensivo.

Tanto que foi Chương quem abriu o marcador na histórica vitória de 2x1 contra Taiwan, em placar responsável por colocar o Vietnã na Copa do Mundo. Sua parceira de defesa Trần Thị Phương Thảo era a atleta com maior facilidade para sair jogando. Era normalmente através dela que acontecia a saída com bola dominada desde o campo de defesa. E sempre pelo setor direito, o preferencial para iniciar as tramas vietnamitas ao campo rival. Porém, a defensora perderá a Copa do Mundo por escolha própria, em decisão ocorrida já em 2023.

A substituta no grupo é Trần Thị Thúy Nga, titular na conquista vietnamita dos Jogos do Sudeste da Ásia. Outra opção para atuar como zagueira é Lương Thị Thu Thương. Nome também para a lateral-direita, ela adiciona uma maior estatura à linha de defesa do Vietnã. Isso ajuda especialmente na tentativa de tornar o setor mais sólido pelo alto e na briga por rebotes nas proximidades do próprio gol. Já Trần Thị Thu Thảo cumpre o papel defensivo pela esquerda, mas costuma guardar mais posição e raramente ultrapassa a linha de meio campo.

Como zagueira ou ala, certo é que Lương Thị Thu Thương adiciona maior poderio físico ao setor defensivo do Vietnã. Foto: VFF (Vietnam Football Federation)

Nesse 5-4-1 montado por Mai Đức Chung, Nguyễn Thị Bích Thùy aparece como uma boa opção para atuar como ala pelo lado direito do campo. Até pelo fato de a saída de bola asiática geralmente começar por ali, ela é a jogadora que costuma se desprender da linha de defesa e buscar um lance mais contundente no campo adversário. Sua participação na mais recente Copa da Ásia foi digna de muitos elogios, especialmente pelo que apresentou nos confrontos “mais acessíveis” ao conjunto do Sudeste da Ásia.

Duas laterais de ofício e que nos últimos anos foram utilizadas tanto em linhas de quatro atletas como de cinco foram Trần Thị Duyên (22 anos) e Phạm Thị Tươi (29 anos). Porém, nenhuma delas se fará presente na equipe que disputará a Copa. Uma opção para essa função é a promissora Nguyễn Thị Thanh Nhã. Normalmente ela atua como meia-direita ou até como atacante de mobilidade em um 4-4-2, mas o cenário para a Copa do Mundo tende a ser diferente.

Como o esquema dá prioridade aos trabalhos defensivos, o fato de Nguyễn ter fôlego e disposição para cobrir toda a faixa direita do gramado a torna uma ótima alternativa para o posto de ala. Outro ponto que contribui para esse posicionamento mais retraído da jovem de 21 anos é o fato de a capitã Huỳnh Như ser uma titular indiscutível neste posto de atacante que cobre a faixa direita. Em resumo: a ala mais ofensiva do Vietnã atua por esse lado. E isso independe da atleta escolhida pelo técnico.

De volta após a ausência na Copa da Ásia, Hoàng Thị Loan deve ser a titular na ala-esquerda vietnamita. De boa experiência internacional, ela também dá mais velocidade ao setor. Foto: Bongda

Pelo setor canhoto, quem larga na frente pelo posto de titularidade é Hoàng Thị Loan. Com 28 anos de idade e uma boa experiência em competições continentais de maior exigência, ela deve naturalmente retomar o posto para o mundial após as frequentes aparições em torneios locais e amistosos recentes. Contra a Alemanha, a seleção asiática até apresentou uma maior solidez por aquele lado (apesar do gol do 0x1 nascer por ali), o que deve colaborar para a manutenção de Thị Loan para os primeiros compromissos da equipe.

É importante dizer que sua ausência na disputa da última Copa da Ásia se deu por fazer parte do surto de COVID-19 que afetou o elenco das Guerreiras da Estrela Dourada pouco antes do início da competição, e não exatamente por escolha da comissão técnica. Nesta competição, a titular foi a jovem Nguyễn Thị Mỹ Anh, de muito menor ímpeto ofensivo do que a escolhida para desempenhar o papel de ala pelo setor direito.

O detalhe é que esse equilíbrio acabou funcionando bem, e contribuiu para fortalecer a linha defensiva do Vietnã. Como a saída à frente geralmente acontece pela direita, é normal que o lado inverso esteja focado em guardar posição e não se desprender tanto. Porém, vale ressaltar que Hoàng Thị Loan é uma opção com maior característica ofensiva, já que em anos passados atuou como meia-esquerda e também apresenta maior velocidade se comparada à Nguyễn Thị Mỹ Anh.

Nguyễn Thị Tuyết Dung já foi destaque por marcar dois gols olímpicos em uma só partida. Hoje em dia, ela é a meio campista que mais se aproxima da histórica dupla de ataque das asiáticas. De quebra, vem de ótima participação na Copa da Ásia. Foto: VFF (Vietnam Football Federation)

E essa opção da comissão técnica por uma defensiva Nguyễn Thị Mỹ Anh acabou contribuindo para que Nguyễn Thị Tuyết Dung tivesse maior liberdade de ataque na Copa da Ásia. Algo que deu muito certo, diga-se. Isso porque a experiente atleta do Phong Phú Hà Nam teria uma menor exigência nos trabalhos defensivos e poderia focar a maior parte do seu preparo físico em movimentos já no campo de frente.

Acabaria sendo essencial para que a meio campista terminasse a competição asiática com dois gols marcados e participasse de vários outros lances de perigo criados pelo conjunto de Mai Đức Chung. Quando o Vietnã tinha a posse de bola, Nguyễn Thị Tuyết Dung avançava a ponto de se tornar praticamente uma ponta pelo lado esquerdo (5-2-3). Foi dessa forma, como elemento-surpresa, que ela apareceu para abrir o marcador diante da China nas quartas de final.

Quando a equipe se defendia, Nguyễn se transformava em outra atleta de combate na linha de meio campo e encostava às volantes na formação de um 5-3-2/5-4-1. Caso o técnico opte por retomar a formação da linha defensiva com uma ala mais acostumada ao ataque, vale a pena observar como será o ajuste para que a equipe se mantenha perigosa quando ataca ao mesmo tempo em que não fique exposta demais atrás.

Phạm Hải Yến é uma companheira das mais interessantes para a artilheira Huỳnh Như. A movimentação da dupla de ataque vietnamita costuma dar trabalho às rivais. Foto: Bongda24h

Na frente, reside a principal esperança do Vietnã em fazer história na Copa do Mundo. Phạm Hải Yến e Huỳnh Như certamente fazem parte do grupo de jogadoras históricas do futebol local pelo alto número de gols marcados que acabariam contribuindo para que o país se tornasse nome frequente em fases finais de pré-olímpicos e também Copas da Ásia em anos recentes.

E, por mais que uma deles apareça também na recomposição pelo lado direito em confrontos de maior peso (formando o 5-4-1), são duas jogadoras que se caracterizam pela finalização dos lances ofensivos. Outro ponto forte da dupla é o avanço em velocidade, o que fortalece o jogo em contra-ataques e um eventual lançamento longo às costas de laterais ou zagueiras adversárias para uma trama rápida.

Dentro desse esquema montado pela comissão técnica, a capitã Huỳnh Như atua normalmente pelo lado direito. Porém, a troca de posição com a parceira Phạm Hải Yến é constante e evita o natural cansaço físico que uma delas possa ter ao acompanhar rivais por longos metros do campo e também em muitos momentos. Dessa forma, o bastante móvel setor ofensivo do Vietnã pode causar problemas justamente por essa alternância, já que não conta com uma atleta que atue como referência no centro do ataque.

Nguyễn Thị Thanh Nhã adiciona velocidade e pode atuar como ala, meia ou atacante. Foi dela o histórico gol marcado pelo país na derrota contra a Alemanha em Junho. Foto: Le Hoai Nam

Outra opção interessante para o ataque seria Nguyễn Thị Vạn, com bons minutos na Copa da Ásia e que acrescenta uma maior disposição física para cobrir toda a faixa lateral do gramado. Porém, ela não faria parte do grupo para a Copa do Mundo. A entrada de Thị Vạn no lugar de Phạm Hải Yến ou Huỳnh Như acabaria liberando a remanescente atacante para o posto central, sem maiores incumbências na marcação.

Esse importante papel também era bem cumprido por Châu Thị Vang, atacante que passou a frequentar as listas de Mai Đức Chung a partir da metade do ano passado e que prezava especialmente pelo cumprimento tático de suas tarefas de recomposição e fechamento de espaços pelos lados do campo. Entretanto, ela deixaria de fazer parte das convocações mais recentes para priorizar a vida fora dos gramados.

Esse estilo de velocidade e drible é algo semelhante ao apresentado pela já mencionada Nguyễn Thị Thanh Nhã, uma meia-direita por característica e que pode ser utilizada por ali ou como ala pelo mesmo setor direito. Ela foi destaque da derrota recente contra a Alemanha, quando o Vietnã surpreendeu e conseguiu fazer um jogo competitivo apesar de ser derrotado por 2x1. Quem surge de fato como opção para o centro do ataque é Ngân Thị Vạn Sự, de apenas 22 anos e que já marcou gol importante pelo time principal vietnamita no último pré-olímpico.

Vũ Thị Hoa foi a melhor jogadora jovem do país em 2022 e é uma opção das mais interessantes para reforçar o fôlego vietnamita no setor de ataque. Foto: Vietnam Football Federation (VFF)

Até pela boa capacidade de definição dos lances, espera-se que ela apareça principalmente como alternativa à histórica dupla formada por Phạm Hải Yến e Huỳnh Như. Outro nome de bom rendimento com a camiseta da seleção é Nguyễn Thị Thúy Hằng, de 27 anos e de bom tempo de bola para lances aéreos ao mesmo tempo em que é móvel e mostra qualidade ao sair da área.

Uma aposta para o posto central seria Nguyễn Thị Tuyết Ngân, de 23 anos e muitos gols marcados pela seleção de base. No Sub-20 nacional, ela vestia também a braçadeira de capitã do Vietnã, mas acabaria descartada na convocação decisiva para o mundial. Outra jovem que vem dando o que falar é Vũ Thị Hoa, melhor jogadora jovem do país em 2022 aos 19 anos e que fez parte do time nacional que venceu o primeiro lugar nos Jogos do Sudeste da Ásia no último mês de Maio. Essa sim está garantida na Copa.

Existe ainda a opção da comissão técnica em escalar somente uma das suas atletas de frente mais decisivas. Neste caso, além de todas as demais citadas que apresentam um bom poderio ofensivo, quem despontou como uma interessante alternativa para o lado direito foi Phạm Hoàng Quỳnh. Porém, ela é muito mais uma meio campista de recomposição do que propriamente uma atacante, o que certamente comprometeria as tentativas de contra-ataque pelo lado mais ofensivo vietnamita.

A meio campista Thái Thị Thảo é uma garantia de combatividade e bons passes no centro do campo. Ter esse setor funcionando bem é essencial para que o conjunto asiático consiga também organizar alguns lances no setor de frente. Foto: Voice of Vietnam

Outro detalhe: por conta da recente gravidez, ela obviamente não se fará presente na Copa do Mundo. Quando Phạm está em campo, quem se beneficia é Nguyễn Thị Tuyết Dung, que ganha ainda mais liberdade de apoio pelo setor canhoto e de fato se torna uma ponta ou uma segunda atacante. As volantes titulares, se priorizarmos o aspecto técnico, devem ser Trần Thị Thùy Trang e Thái Thị Thảo, que se caracterizam pela boa troca de passes e um relativo apoio ao ataque.

A alternativa com um estilo mais parecido seria Nguyễn Thị Trúc Hương, grande promessa das seleções de base em anos recentes. Porém, ela é ausência para o mundial. E, em um campeonato de exigência maior, não seria nada surpreendente se a dupla escolhida priorizasse o trabalho defensivo e pouco de postasse no campo rival. Chance, portanto, para as marcadoras Dương Thị Vân e Lê Thị Diễm My, bem como à jovem Trần Thị Hải Linh, que venceu a briga contra as também novatas Phạm Thị Lan Anh e Trần Thị Thu Xuân e vai à Copa.

E vale mencionar: mesmo nos momentos em que o time atuava no 4-4-2, uma dessas meio campistas costumava recuar e marcar as bolas aéreas ao lado das zagueiras. Assim, consolidava-se uma quinta defensora. Isso foi visto especialmente nos duelos do Vietnã contra seleções de primeiro porte do futebol mundial. Diante de Alemanha e França, a equipe buscou povoar bem a sua área devido ao porte físico privilegiado das adversárias. A tendência é que isso ocorra também contra Países Baixos e Estados Unidos na primeira fase da Copa.

A capitã Huỳnh Như chega ao mundial como uma das esperanças do Vietnã para conseguir ao menos um golzinho nos três confrontos da primeira fase. Foto: Hoàng Linh (TTXVN)

Destaque – Huỳnh Như

A capitã do Vietnã sempre foi uma das principais referências da equipe, mas não conseguia um maior reconhecimento internacional por conta das participações discretas do país em torneios continentais de patamar mais alto. Com a classificação inédita ao mundial, porém, a maior artilheira da história do país terá a chance de escrever mais um importante capítulo em sua carreira.

Poucos meses após a histórica campanha do país na Copa da Ásia, Huỳnh Như foi contratada pelo Länk Vilaverdense para disputar divisões inferiores do futebol português. E ela vem conseguindo bons números na liga lusa, mostrando que tem mesmo faro de gol e possui capacidade de atuar em equipes de porte médio na Europa. Na seleção do Sudeste da Ásia, a jogadora costuma atuar pelo lado direito do campo, ainda que o seu habitat principal seja o de um posto mais central e próximo ao gol.

De qualquer forma, seu bom posicionamento dentro da área e a inteligência para ocupar espaços em meio a defensoras adversárias certamente ajudarão o Vietnã durante a Copa do Mundo. Pensar em classificação e vitória é demais em um Grupo E tão complicado, mas um golzinho já seria algo marcante para o país asiático. E gol é com ela, a maior artilheira da história das Guerreiras da Estrela Dourada.

 

Países Baixos

Foto: UEFA (Getty Images)

A atual vice-campeã chega ao mundial em um cenário bastante diferente daquele de quatro anos atrás. No caso, a equipe de Andries Jonker apresenta muito mais dúvidas do que certezas. A maior baixa é a ausência de Vivianne Miedema, uma das melhores atacantes do futebol mundial e que vem sofrendo constantemente com lesões. A mais séria viria no último mês de 2022, mas outras questões médicas vinham afetando seu rendimento pelo menos desde a última Eurocopa.

Outro ponto importante e que vem afetando a preparação neerlandesa é a falta de constância de Lieke Martens, vítima de problemas clínicos e técnicos durante todo o ciclo. Mesmo assim, a jogadora do Paris Saint-Germain é a única remanescente do ataque que foi tão bem em 2019. Isso porque o atual técnico optou pela não convocação de Shanice Van de Sanden, de volta ao time do Liverpool ainda que longe dos melhores momentos da carreira.

Porém, mesmo com tantos problemas, o time comandado por Andries Jonker acompanha os Estados Unidos no favoritismo para chegar à segunda fase. O trunfo parece ser a facilidade da seleção em trocar de formações e esquemas táticos sem perder a força. Desde que a comissão técnica iniciou o trabalho à frente das Leoas Laranja, ocorreram muitos posicionamentos e testes que até geraram questionamentos, mas serviram para que o conjunto europeu tivesse um maior leque de possibilidades para o decorrer da Copa.

Jonker é o segundo nome a comandar a seleção desde a saída de Sarina Wiegman para a Inglaterra em 2020. Com o contestado Mark Parsons, que durou pouco mais de um ano no cargo, poucas coisas positivas são relembradas. Espera-se que o novo técnico consiga reajustar a equipe a tempo de ser competitiva. Repetir o vice-campeonato parece improvável, mas Países Baixos têm qualidade suficiente para realizar mais uma boa campanha em mundiais.

Ranking da FIFA: 9º Lugar.

Participações Anteriores em Copas do Mundo: 2/8 (2015 e 2019).

Melhor Campanha: 2º Lugar (2019).

Andries Jonker vem tentando modificar a estrutura da equipe em busca de uma maior solidez defensiva. O problema é que alguns nomes deixados de lado para a Copa geraram descontentamento no torcedor local. Foto: Daniel Kopatsch (EPA)

Técnico: Andries Jonker (desde Agosto de 2022).

Convocação

Goleiras: 1-Daphne van Domselaar (23 anos – 06/03/2000; FC Twente), 16-Lize Kop (25 anos – 17/03/1998; AFC Ajax), 23-Jacintha Weimar (25 anos – 11/06/1998; Feyenoord);

Laterais: 2-Lynn Wilms (22 anos – 03/10/2000; VfL Wolfsburg-ALE), 18-Kerstin Casparij (22 anos – 19/08/2000; Manchester City-ING);

Zagueiras: 3-Stefanie van der Gragt (30 anos – 16/08/1992; Internazionale-ITA), 4-Aniek Nouwen (24 anos – 09/03/1999; AC Milan-ITA), 5-Merel van Dongen (30 anos – 11/02/1993; Atlético de Madrid-ESP), 15-Caitlin Dijkstra (24 anos – 30/01/1999; FC Twente), 20-Dominique Janssen (28 anos – 17/01/1995; VfL Wolfsburg-ALE);

Volantes/Meio Campistas: 6-Jill Roord (26 anos – 22/04/1997; VfL Wolfsburg-ALE), 8-Sherida Spitse (33 anos – 29/05/1990; AFC Ajax), 10-Daniëlle van de Donk (31 anos – 05/08/1991; Lyon-FRA), 12-Jill Baijings (22 anos – 23/02/2001; Bayern de Munique-ALE), 14-Jackie Groenen (28 anos – 17/12/1994; Paris Saint-Germain-FRA), 17-Victoria Pelova (24 anos – 03/06/1999; Arsenal FC-ING), 19-Wieke Kaptein (17 anos – 29/08/2005; FC Twente), 21-Damaris Egurrola (23 anos – 26/08/1999; Lyon-FRA).

Pontas: 7-Lineth Beerensteyn (26 anos – 11/10/1996; Juventus FC-ITA), 11-Lieke Martens (30 anos – 16/12/1992; Paris Saint-Germain-FRA), 22-Esmee Brugts (19 anos – 28/07/2003; PSV Eindhoven);

Atacantes: 9-Katja Snoeijs (26 anos – 31/08/1996; Everton FC-ING), 13-Renate Jansen (32 anos – 07/12/1990; FC Twente).

Lista de Suplentes: Barbara Lorsheyd (GOL | 32 anos – 26/03/2001; ADO Den Haag), Shanice van de Sanden (PD/AT | 30 anos – 02/10/1992; Liverpool FC-ING).

Ausências Notáveis: Vivianne Miedema (AT – Arsenal-ING; lesão no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo sofrida em Dezembro de 2022), Kika Van Es (LE – PSV Eindhoven; anunciou aposentadoria em Junho de 2023), Lisa Doorn (ZAG – AFC Ajax; opção técnica), Inessa Kaagman (MC/MA – PSV Eindhoven; opção técnica), Marisa Olislagers (PE/AE – FC Twente; opção técnica), Alieke Tuin (ME/AE – Fortuna Sittard; opção técnica), Romée Leuchter (AT – AFC Ajax; opção técnica), Fenna Kalma (AT – FC Twente; opção técnica), Tiny Hoekstra (AT – AFC Ajax; opção técnica).

Time-Base:

Daphne van Domselaar; Kerstin Casparij, Sherida Spitse ©, Stefanie van der Gragt, Dominique Janssen, Esmee Brugts; Damaris Egurrola, Jackie Groenen, Daniëlle van de Donk; Lineth Beerensteyn, Lieke Martens.

Nos últimos anos, nos acostumamos a ver a seleção especialmente em um 4-3-3. Foi dessa forma que Países Baixos conseguiram o título continental em 2018 e chegaram à decisão da Copa do Mundo no ano seguinte, quando sofreram derrota para os Estados Unidos. Porém, a saída da competente Sarina Wiegman deu início a uma sequência de acontecimentos que comprometeram o andamento do ciclo.

Mark Parsons foi bastante criticado por algumas escolhas durante a Eurocopa e seria demitido pouco tempo após o final do torneio. Os principais pontos de contestação durante o seu período à frente das Leoas Laranja foram o fato de realizar substituições questionáveis e também não dar chances a certas atletas jovens que vinham pedindo passagem pelo desempenho apresentado em seus clubes.

A nova comissão técnica busca retomar pontos fortes da equipe e vê com bons olhos uma mudança no esquema tático para que os ajustes sejam ainda mais eficazes e façam com que Países Baixos deixem para trás esse período decepcionante que viveu nos últimos tempos. Desta forma, o 4-3-3 dividiu espaço com os esquemas 5-3-2 e 4-2-3-1 desde o final de 2022. Ambos são interessantes alternativas pelo que o plantel neerlandês oferece a Andries Jonker.

A polivalente Kerstin Casparij pode atuar em qualquer um dos lados e parece ser a opção prioritária para o setor direito caso a comissão técnica improvise uma ponta na ala-esquerda. Foto: Pro Shots

Na meta, Daphne van Domselaar dificilmente perderá o posto de titular após a fenomenal Eurocopa que fez. Suas ótimas aparições durante toda a competição continental evitaram que o problemático setor defensivo de Países Baixos sofresse ainda mais. Tanto que até mesmo na aparentemente tranquila vitória de 4x1 contra a Suíça ela foi fundamental para o resultado final ao fazer boas defesas quando o confronto ainda estava em aberto.

O FC Twente conseguiu segurá-la até a metade deste ano, mas no mês passado a goleira de 23 anos deixou o clube para acertar com o inglês Aston Villa. E vale dizer que a atleta continuou em alto nível após o torneio continental de seleções e foi essencial para o clube neerlandês na conquista do seu terceiro título nacional consecutivo.

Um detalhe importante e que deve ser mencionado é que Daphne van Domselaar teve a difícil tarefa de substituir a histórica Sari van Veenendaal com a competição continental em andamento. E ela deu conta do recado. Só para termos uma ideia: Van Veenendaal foi titular da seleção nacional em Copa do Mundo, Eurocopas e Jogos Olímpicos até se aposentar em Julho de 2022 ainda com 32 anos de idade.

Esmee Brugts é uma das sensações do conjunto neerlandês. Ponta em um 4-3-3, ela se torna uma ala extremamente ofensiva quando escalada em um 5-3-2. Foto: Toon Dompeling

As indefinições começam já na linha defensiva. Jogar com uma linha de quatro nomes faz com que a seleção tenha em mente um meio campo mais equilibrado e que também seja capaz de colaborar no trabalho de marcação e no fechamento de espaços. Caso Jonker opte por um 5-3-2, porém, essa maior proteção atrás faz com que as duas alas estejam mais presentes no campo de ataque. E, pela convocação feita para o mundial, a tendência é que a seleção ao menos inicie o mundial desta maneira.

Independentemente do esquema, quem desponta como as favoritas para a titularidade nos duelos mais duros são Lynn Wilms e Kerstin Casparij. Mas, vale ressaltar que essa última encontra bastante facilidade caso precise atuar também no lado direito. Casparij tem uma vocação mais ofensiva e começou seu início de trajetória no Manchester City de maneira bastante promissora, chamando a atenção pelas assistências e também pela qualidade ao efetuar cruzamentos.

Ela, independentemente do lado que atue, é quem mais avança desta dupla. Nesse setor esquerdo que é mais afeito ao apoio e conta com um maior número de alternativas, a comissão técnica escolheu Esmee Brugts, do PSV. A ausência mais sentida foi a de Marisa Olislagers, campeã nacional com o Twente e que ficou fora até mesmo da convocação prévia à oficial. Outra opção para essa função no corredor canhoto foi Alieke Tuin, mais uma atleta que não fará parte do grupo que viaja à Oceania.

A experiente Stefanie van der Gragt continua sendo um pilar defensivo para Países Baixos. Na formação utilizada recentemente, ela é quem permanece como a zagueira central do trio. Foto: Jonathan Moscrop

Brugts e Olislagers são duas jovens de bastante potencial (19 e 22 anos respectivamente) e que já atuaram até mesmo em uma zona mais avançada do campo em seus clubes. A bola de segurança seria a experiente Kika Van Es, polivalente defensora de 31 anos e parte importante das neerlandesas no ciclo passado. Entretanto, ela ficaria de fora da convocação em anúncio feito ainda na reta final de Junho e anunciaria sua saída do futebol internacional após o corte.

No centro da defesa, Stefanie van der Gragt, Aniek Nouwen, Merel van Dongen e Dominique Janssen são nomes remanescentes do último ciclo e que possuem grande experiência em confrontos “pesados”. Caso se opte por uma escalação onde somente duas zagueiras estejam em campo, dificilmente a escolha será por alguém de fora desse quarteto. Isso mesmo com as neerlandesas tendo Caitlin Dijkstra à disposição como boa novidade no ciclo. Sua presença, a princípio, ocorreria em um confronto teoricamente menos complicado.

A grande alteração posta em prática pela atual comissão técnica foi a presença de uma meio campista de origem capaz de ocupar um posicionamento na zaga quando a equipe atuou em um 5-3-2. Dessa forma, a ideia era ter uma jogadora de grande qualidade para passes curtos e longos já na saída de bola. Ainda que Países Baixos sejam capazes de atuar muito bem em combinações rápidas de contra-ataque, é sabido que ter uma posse de bola consciente pode evitar apuros diante de uma natural adaptação das atletas ao novo esquema.

A capitã Sherida Spitse passou a ser utilizada também na linha de zagueiras. Sua qualidade para passes curtos e longos pode ser melhor aproveitada por ali, sem tantos metros a percorrer como no meio campo. Foto: UEFA (Getty Images)

Essa iniciativa de Jonker é muito semelhante ao que foi feito pela seleção masculina de Países Baixos em anos recentes, quando Louis van Gaal chegou a utilizar Matthijs de Ligt como um zagueiro que se desprendia da linha de defesa quando a equipe tinha a posse de bola e se tornava mais um meio campista. O detalhe é que no conjunto feminino essa atleta tem uma maior liberdade de movimentação, já que não necessariamente fica restrita a fazer a saída à frente por um dos lados ou no centro. Isso ajuda a desencaixar uma marcação individual.

Especialmente Sherida Spitse e Damaris Egurrola foram utilizadas dessa forma. A primeira foi essencial para o grande ciclo passado das neerlandesas pelo que contribuiu principalmente nos momentos em que tinha a bola nos pés. Além do bom porte físico e a inteligência para buscar sempre o melhor posicionamento em campo, seu talento para lançamentos em profundidade ajuda na adaptação a esse papel de maior participação no jogo desde a linha de zagueiras.

Até porque Spitse já tem 33 anos, então é natural que a questão física não seja a mesma de quatro anos atrás e um maior desgaste surja quando escalada no centro do campo. Porém, vale dizer que esse foi somente um dos testes realizados por Andries Jonker desde que foi contratado para comandas as Leoas Laranja. Em outros cenários, Sherida Spitse chegou a atuar como meio campo e até como lateral pelo lado direito. Preferencialmente guardando posição, e permitindo o avanço constante de quem aparece pelo lado inverso.

Jackie Groenen correspondeu quando passou a frequentar uma zona mais central desse trio de meio campo. É bem provável que a atleta do PSG inicie o mundial sendo essa peça, independente do esquema. Foto: Remko Kool (Pro Shots)

Alguns ganhos evidentes desse 5-3-2: Países Baixos variam sua forma de iniciar as transições ao ataque; ganham em qualidade técnica já nas proximidades da própria meta; e ainda liberam suas ofensivas alas ao frequente apoio. Como dito anteriormente, Egurrola também foi recuada e testada no trio central. Porém, ela é uma meio campista que costuma se desprender mais ao ataque. Assim, é muito mais provável que a atleta do Lyon apareça realmente em funções centrais e não em um posto defensivo.

Todos esses ajustes da comissão técnica foram montados para que o meio campo ficasse livre de tantas incumbências defensivas e focasse principalmente em pensar o jogo no momento de ataque. E, diga-se, a equipe europeia está muito bem servida nesse setor. Além das já citadas Damaris Egurrola e Sherida Spitse, Jill Roord, Jackie Groenen e Daniëlle van de Donk surgem como talentos inquestionáveis e já trazem na bagagem uma grande experiência em torneios internacionais.

Durante o período Sarina Wiegman, o funcionamento do meio campo era parte essencial para o sucesso da equipe, e todas essas atletas contribuíram de alguma forma para o sucesso de Países Baixos a nível continental e mundial. Esse grupo todo possui uma qualidade técnica alta, mas não se mostra afeito ao combate a partir do momento em que acontece um desarme. Muito menos lhe interessa uma corrida desesperada na direção do próprio gol na tentativa de frear um contra-ataque adversário.

Victoria Pelova pode ser utilizada como meio campista ou em uma função mais lateral. A atleta do Arsenal, outrora uma ponta, foi testada como ala-direita. Isso dá mais controle de bola e qualidade técnica ao time nacional. Foto: Pro Shots

Por conta disso, a nova comissão técnica optou por uma linha defensiva mais preenchida. Na última Eurocopa, ficou evidente como o centro do campo parecia desorganizado, mal posicionado e não aproveitava a qualidade das atletas para que o jogo fluísse a seu favor. Ao invés de manter a posse de bola e ter a iniciativa de jogo, a equipe com muita frequência errava passes até certo ponto arriscados demais e, por consequência, se via exposta por já estar posicionada para receber a bola no campo do adversário.

Outro nome para o setor central do campo é Victoria Pelova. Ela é a principal esperança para adicionar talento e juventude ao setor de criatividade neerlandês. Muito se espera dela desde que a atleta de 24 anos passou a frequentar as seleções nacionais de base, e este ciclo foi responsável por dar uma maior sequência de oportunidades à Pelova.

Recém-chegada ao poderoso Arsenal, ela já mostrou no clube a grande qualidade que dispõe para organizar o meio campo, cumprindo o papel de conduzir a equipe ao ataque através de bons passes e também aparecendo perto da área rival para finalizar eventuais movimentações. Pelova já foi utilizada como ponta-direita em testes passados no futebol de clubes e também na seleção, mas por vezes centralizando seu posicionamento e variando o 4-3-3 para o 4-3-1-2.

O 5-3-2 tende a beneficiar Lieke Martens, que fica mais solta e sem tantas tarefas defensivas. A questão é ver se a craque retoma seus melhores dias, já que o momento recente não é dos mais favoráveis. Foto: ANP

Uma alternativa interessante durante o ciclo para esse posto de organização em uma região mais central é Jill Baijings, com números interessantes de gols e assistências no Bayer Leverkusen na última temporada e recentemente negociada com o Bayern de Munique. Ela e a jovem Wieke Kaptein (de somente 17 anos) são outras peças de renovação para os próximos anos. Essa última teve momentos atuando como volante, mas costuma ser uma atleta com maior liberdade para se desprender e auxiliar o ataque.

Como é possível notar, são muitas as possibilidades de jogo para Países Baixos durante a Copa do Mundo. Pelo potencial de polivalência apresentado por grande parte do elenco, a equipe tem todas as condições de variar o seu esquema em campo sem necessariamente precisar de um alto número de trocas. O grande problema pode ser a compreensão de algumas ideias, já que o tempo com a nova comissão técnica foi relativamente curto e determinadas mudanças são profundas.

Se tivermos como base o 5-3-2, o setor ofensivo também passa a ser beneficiado nesta nova formação. Claro que perder uma craque como Vivianne Miedema afeta bastante o poderio neerlandês em matéria de gols marcados e também jogo gerado, mas deixar Lieke Martens e Lineth Beerensteyn livres para circular e trocar funções torna o ataque um ponto interessante. Ambas adicionam movimentação e qualidade técnica, e se forem bem abastecidas pelo meio campo podem fazer estragos (especialmente contra uma defesa mais lenta).

Lineth Beerensteyn cumpre muito bem os papéis de ponta e de atacante. De quebra: na última temporada, a jogadora alcançou a marca de 14 gols com a camiseta da Juventus. Trata-se do seu melhor número na carreira. Foto: Remko Kool (Beeld Pro Shots)

Além disso, esse estilo de reforçar o centro do campo e apostar em contra-ataques pode ser uma boa visando o duelo direto contra os Estados Unidos. Por mais que as estadunidenses não sejam tão afeitas a um jogo de maior condução de bola e também se sintam confortáveis ao acionar suas pontas para explorar os espaços deixados pelas defensoras rivais, é fato que as atuais campeãs do mundo vêm encontrando sérios problemas para fechar espaços e proteger sua própria meta após a lesão sofrida pela volante Julie Ertz.

Uma alternativa diferente a esse estilo móvel adotado recentemente por Andries Jonker é Jill Roord. Sempre uma reserva com bons minutos (seja no meio campo ou no setor de frente), ela é a mais experiente opção de Países Baixos para um jogo físico e baseado em bolas cruzadas à área. Foi assim que a atleta do Wolfsburg decidiu o duro jogo contra a Nova Zelândia em 2019. A própria convocação, sem nomes considerados de peso para esse papel central no ataque, dá a entender que Roord pode ser frequentemente utilizada nessa região do gramado.

Por falar em centroavantes, as Leoas Laranja contam com boas opções durante o ciclo. As maiores finalizadoras do país com essas características voltadas ao embate físico foram Fenna Kalma e Renate Jansen. Especialmente a primeira conseguiu números assombrosos em seu período no FC Twente. Esses acabariam lhe rendendo uma transferência ao Wolfsburg vice-campeão europeu a partir da próxima temporada. Entretanto, a decisão mais controversa da comissão técnica foi a de não leva-la ao mundial.

Pelo alto número de meio campistas convocadas e devido às escassas opções para o centro do ataque, a tendência é que mais uma vez Jill Roord seja opção para essa função mais ofensiva. Foto: Orange Pictures

Para termos uma ideia: Kalma marcou 45 gols em 30 jogos durante a temporada 2022/2023. Isso após um 2021/2022 onde já havia balançado as redes por 47 vezes em 33 partidas. Essa média absurda a colocaria como uma forte postulante a um espaço na equipe titular, especialmente no 4-3-3. Entretanto, sua ausência dá a entender que a formação só será usada de maneira emergencial na Copa.  A jogadora convocada com essas características de atleta de referência na área foi Katja Snoeijs, de números menos chamativos no Everton.

Quem também buscou seu espaço no ataque foi a promissora Romée Leuchter, de 22 anos e que vem de temporadas muito produtivas no Ajax. Seus 53 gols em dois anos obviamente chamam a atenção e a tornam um sonho de consumo para diferentes equipes do futebol europeu. Porém, e de forma surpreendente, esses números não foram suficientes para convencer Jonker de sua convocação. Dessa forma, a jogadora é mais uma ausência notável na lista de 23 nomes neerlandeses a disputar a Copa do Mundo.

Mesmo assim, nota-se que o fato de não contar com a lesionada Vivianne Miedema não tira a capacidade de Países Baixos de incomodar qualquer linha defensiva do mundo. Com características diferentes e com um time remodelado, pensando primeiro em dar maior sustentação defensiva do que propriamente manter o estilo ofensivo do ciclo anterior. Por falar em peça importante do time de quatro anos atrás: a dribladora Shanice Van de Sanden também não faz parte do grupo que viajou para a Oceania na lista original, ainda que seja suplente.

Daphne van Domselaar assumiu a titularidade da seleção em meio à Eurocopa e deu conta do recado. Tanto que hoje é uma afirmação no elenco e uma das melhores da posição no continente. Foto: Orange Pictures (Rene Nijhuis)

Destaque – Daphne van Domselaar

A jovem goleira do Twente foi o principal nome de Países Baixos na decepcionante campanha de Eurocopa do ano passado. Por mais que tenha sofrido com problemas de lesão e ausências por COVID, as Leoas Laranja pareciam depender muito de suas individualidades para conseguir algo dentro dos jogos. Em geral, a equipe então comandada por Mark Parsons teve raríssimos momentos dignos de elogios enquanto conjunto.

E é lógico que tamanha desorganização fez com que o setor defensivo acabasse ficando sobrecarregado em todos os confrontos. Foi neste momento que apareceu Daphne van Domselaar. A goleira começou a competição no banco de reservas, entrou de forma emergencial já na difícil partida de estreia contra a Suécia e tomou conta da posição com defesas incríveis e uma tranquilidade notável quando estava debaixo das traves.

O andar da competição manteve a goleira como o principal nome de Países Baixos e a Copa do Mundo tem tudo para afirmar van Domselaar como um nome indiscutível na equipe neerlandesa. Em meio a testes, trocas frequentes de esquemas e variações táticas, ela é uma das poucas certezas que comissão técnica e torcida têm para o mundial que vem aí.

 

Portugal

Foto: Federação Portuguesa de Futebol

Portugal enfim disputará a sua primeira Copa do Mundo. A equipe lusa vinha de participações consecutivas em Eurocopas e demonstrava notória evolução dentro da local Algarve Cup, mas faltava dar esse salto a uma grande competição mundial para consolidar sua melhora. E o time comandando por Francisco Neto chegou ao ápice de sua história no futebol feminino graças ao resultado de 2x1 diante de Camarões em repescagem intercontinental realizada nos primeiros meses de 2023.

O maior problema para as Lusas ocorreu na realização do sorteio para a Copa, responsável por colocar a Seleção das Quinas em um Grupo E que conta simplesmente com os finalistas da edição anterior: Estados Unidos e Países Baixos. Além desses duros rivais, Portugal encara o também estreante Vietnã nesta primeira fase da competição. Esse é um duelo válido pela segunda rodada e tem tudo para ser o mais acessível para as europeias nesta fase inicial.

Contudo, se quiser algo mais do que simplesmente participar da Copa do Mundo, as europeias precisarão beliscar pontos diante da dupla favorita à classificação. Dessa forma, o confronto de estreia contra Países Baixos já possui um ar de decisão. E o que faz as portuguesas acreditarem num bom resultado diante das neerlandesas é o bom enfrentamento realizado na Eurocopa do ano passado, quando Portugal fez um jogo parelho e perdeu apenas por 3x2.

A defesa, aliás, é um ponto a ser mais bem trabalhado pela comissão técnica para a Copa. Por mais que todas as atletas da função tenham qualidade e experiência de sobra em competições de boa exigência, o conjunto defensivo das portuguesas como um todo deixa a desejar em confrontos diante de equipes de maior nível. O outro lado da balança é que o ataque luso já mostrou em diferentes momentos ser capaz de incomodar as seleções favoritas. Nesse ponto, Portugal dará trabalho.

Ranking da FIFA: 21º Lugar.

Participações Anteriores em Copas do Mundo: Não Possui.

O técnico Francisco Neto guiará Portugal ao seu primeiro mundial na categoria. A ideia agora é continuar fazendo história e desbancar uma das duas seleções finalistas da última Copa. Foto: Imago

Técnico: Francisco Neto (desde Fevereiro de 2014).

Convocação

Goleiras: 1-Inês Pereira (24 anos – 26/05/1999; Servette FC-SUI), 12-Patrícia Morais (31 anos – 17/06/1992; SC Braga), 22-Rute Costa (29 anos – 01/06/1994; SL Benfica);

Laterais: 2-Catarina Amado (23 anos – 21/07/1999; SL Benfica), 3-Lúcia Alves (25 anos – 22/10/1997; SL Benfica), 5-Joana Marchão (26 anos – 24/10/1996; Parma-ITA);

Zagueiras: 4-Sílvia Rebelo (34 anos – 20/05/1989; SL Benfica), 15-Carole Costa (33 anos – 03/05/1990; SL Benfica), 17-Ana Seiça (22 anos – 25/03/2001; SL Benfica), 19-Diana Gomes (24 anos – 26/07/1998; Sevilla FC-ESP);

Volantes/Meio Campistas: 6-Andreia Jacinto (21 anos – 08/06/2002; Real Sociedad-ESP), 11-Tatiana Pinto (29 anos – 28/03/1994; Levante UD-ESP), 13-Fátima Pinto (27 anos – 16/01/1996; Deportivo Alavés-ESP), 14-Dolores Silva (31 anos – 07/08/1991; SC Braga);

Armadoras: 7-Ana Rute (25 anos – 29/01/1998; SC Braga), 8-Andreia Norton (26 anos; 15/08/1996; SL Benfica), 20-Francisca Nazareth (20 anos – 17/11/2002; SL Benfica);

Atacantes: 9-Ana Borges (33 anos – 15/06/1990; Sporting CP), 10-Jéssica Silva (28 anos – 11/12/1994; SL Benfica), 16-Diana Silva (28 anos – 04/06/1995; Sporting CF), 18-Carolina Mendes (35 anos – 27/11/1987; SC Braga), 21-Ana Capeta (25 anos – 22/12/1997; Sporting CP), 23-Telma Encarnação (21 anos – 11/10/2001; CS Marítimo).

Lista de Suplentes: Não Divulgada.

Ausências Notáveis: Alícia Correia (LE – Sporting CF; opção técnica), Suzane Pires (MC/MA – Ferroviária-BRA; opção técnica), Vanessa Marques (MC – SC Braga; opção técnica), Andreia Faria (MC/VOL – SL Benfica; opção técnica), Kelsey Araújo (AT – Le Havre AC-FRA; opção técnica).

Time-Base

Inês Pereira; Catarina Amado, Diana Gomes, Carole Costa, Joana Marchão; Andreia Jacinto, Dolores Silva ©, Tatiana Pinto; Ana Borges, Diana Silva, Jéssica Silva.

Até por conta do trabalho conduzido por Francisco Neto durar quase dez anos, as atletas que fazem parte do elenco já estão acostumadas ao seu modo de montar o esquema de jogo. E ele muito dificilmente abandona o 4-3-3 ou o 4-3-1-2, com a grande diferença de um para o outro sendo a característica principal da atleta mais centralizada do setor ofensivo. Para específicos confrontos, o conjunto português utiliza uma atacante de referência ou uma atleta inteligente e móvel que seja capaz de ocupar e criar espaços dentro ou próximo à área rival.

Em outros, a ideia de Neto é colocar uma armadora nata e que combine ainda mais com o estilo técnico do setor de meio campo. O nascedouro de uma jovem de raro talento no país serviu para facilitar essa alternância, como veremos adiante. No mais, Portugal já está habituado a ir a campo com meio campistas de boa qualidade com a bola nos pés e que se mostram capazes de trocar suas funções com facilidade.

Outra virtude do estilo luso é utilizar os lados do campo para o ataque. Dessa forma, as laterais são presença constante na zona ofensiva e com frequência aparecem mais próximas às atacantes e também meio campistas para tabelas. Além disso, elas servem também para desencaixar uma possível marcação individual e abrir espaços na linha de defesa.

Com passagem por grandes clubes do futebol europeu, faltava apenas uma Copa do Mundo no currículo da polivalente Ana Borges. Faltava. Foto: Mais Futebol

Comecemos a nomear essas jogadoras que fazem os torcedores portugueses sonharem. Para a lateral-direita, a briga pelo posto de titularidade envolve principalmente Ana Borges e Catarina Amado. Porém, existe a possibilidade de ambas jogarem juntas pela faixa direita do gramado, como foi possível observar em alguns momentos do ciclo.

A primeira tem 33 anos de idade e é uma das maiores referências do futebol feminino português em toda a história, tendo atuado em mais de 150 jogos com a camisa da Seleção das Quinas. Enquanto isso, Catarina Amado é mais jovem e dá uma maior presença física para o setor defensivo em lances aéreos. Ela tem tudo para ter uma carreira bastante longa dentro do conjunto luso e é tida como a sucessora natural de Borges, ainda que se caracterize por ser uma lateral bem mais equilibrada do que a companheira. E é justamente por conta desse estilo de jogo distinto que elas podem ser usadas simultaneamente.

Por ter como principais características de seu jogo a velocidade e o drible, ver a experiente jogadora do Sporting atuando numa linha mais avançada é algo comum. Isso ajuda a não sobrecarrega-la em tarefas defensivas de exigência alta e serve especialmente para duelos onde Portugal pensará primeiro em marcar bem o rival.

Joana Marchão é mais uma lateral acostumada a jogar mais avançada em seu clube. Além da velocidade, a portuguesa acrescenta qualidade em cruzamentos e chutes de média distância. Foto: Federação Portuguesa de Futebol (FPF)

Na esquerda, a principal opção é Joana Marchão. Trata-se de outra atleta do elenco luso que iniciou a carreira atuando em uma função mais ofensiva e acabou sendo recuada para que pudesse ter maiores oportunidades no grupo. Nos tempos de Sporting, Marchão era escalada como se fosse uma meia-esquerda e tinha como principal característica pegar muito bem na bola.

Ainda que tenha sido recuada, essa facilidade para efetuar cruzamentos e arriscar chutes de média distância não desapareceu. Dessa forma, a atual atleta do Parma-ITA é essencial para os bons momentos ofensivos de Portugal pelo setor esquerdo do campo. Nos Leões de Lisboa, inclusive, era comum vê-la cobrando faltas e levando perigo também quando optava por fazer lançamentos à área sem necessariamente estar nas proximidades da linha de fundo.

A opção imediata é Lúcia Alves, que também começou a carreira atuando no ataque e aos poucos foi ganhando espaço na seleção como alternativa à Marchão. O detalhe é que ela pode atuar em qualquer um dos lados, se caracterizando pela alta velocidade e o ímpeto ofensivo quando está perto da linha lateral do campo.

Ter Diana Gomes em boa forma é fundamental para que o setor defensivo de Portugal consiga fazer frente aos dois amplos favoritos da chave. Foto: Federação Portuguesa de Futebol (FPF)

Vale a pena lembrar que a comissão técnica não utiliza necessariamente meias-laterais em seu esquema, o que deixa Francisco Neto mais à vontade para optar por atletas de velocidade atuando já na linha de defesa. Quem apresentava um maior equilíbrio entre os campos ofensivo e defensivo no lado esquerdo era Alícia Correia, defensora do Sporting e ausência na lista final.

O centro da defesa parece consolidado com Diana Gomes e Carole Costa. A dupla foi a titular durante toda a Eurocopa e teve certos momentos de destaque apesar do alto número de gols sofridos nos três jogos disputados pelo conjunto português. Diana é um dos nomes de maior destaque da equipe pelo que apresentou recentemente no Braga e em sua temporada inicial no Sevilla, ainda que uma lesão tenha interrompido sua boa sequência no futebol espanhol.

Vale destacar ainda a importância das duas no aspecto ofensivo. Isso porque foram Diana e Carole as responsáveis pelos gols lusos no 2x1 contra Camarões, em partida que decretou a classificação das europeias à Copa do Mundo. As duas opções imediatas no banco de reservas são a experiente Sílvia Rebelo (de 34 anos) e Ana Seiça (de 22 anos), companheiras de Carole Costa no Benfica.

Kika Nazareth é uma das grandes atletas do futebol europeu na atualidade. Com ela em campo, Portugal ganha em capacidade técnica e chegada à frente. Curiosamente, porém, na seleção ela ainda não conseguiu se firmar no time titular. Foto: Hernani Pereira (FPF)

A última estreou na equipe principal já em 2023 e conseguiu uma das raras vagas ainda em aberto na lista final de Francisco Neto. Para a meta, Inês Pereira é o nome que transmite maior segurança. Mesmo com alguns erros ao deixar o gol, dificilmente ela perderá a posição para a Copa do Mundo. Ainda assim, vale destacar que Patrícia Morais é uma sombra interessante no banco de reservas, tendo inclusive iniciado a decisão diante de Camarões.

O meio campo português é um dos trunfos da equipe. O tripé central é garantido, e o esquema adotado pela comissão técnica eventualmente adiciona uma quarta jogadora ao setor. Essa, de qualidade técnica para organizar melhor as ações de ataque e aparecendo no entorno da área rival a partir de uma zona mais central. Dessa forma, Portugal deixa de lado o 4-3-3 que utiliza um veloz e móvel trio de frente e adota o 4-3-1-2.

E ninguém no elenco parece ser mais capaz de realizar essa tarefa de armação do que a jovem Francisca Nazareth. A maior joia do futebol local vem de temporadas fantásticas pelo Benfica e, apesar de ainda não ser titular absoluta do conjunto luso, é uma excelente opção para o andamento das partidas. É questão de tempo para que ela acabe assumindo um posto de maior importância na Seleção das Quinas.

Inês Pereira deve iniciar a Copa do Mundo na meta portuguesa. Mas vale destacar as últimas atuações de Patrícia Morais, atleta do Braga. Uma substituição não significaria perda de qualidade. Foto: Quality Sport Images

Vale dizer também que “Kika” se sente muito bem quando tem essa maior liberdade de rodar em diferentes zonas do campo, o que possibilita aparições mais próximas ao tripé de volantes e também ao ataque. Assim, e até pela boa estatura que possui, vê-la como opção na área para cruzamentos gerados pelos lados do campo também acaba se tornando algo interessante a ser explorado. Isso caracteriza o retorno luso ao 4-3-3, ainda que gerado de uma forma diferente.

Quando a opção é por um 4-3-1-2 sem Kika Nazareth, a jogadora mais utilizada para esse posto de ligação ao ataque é Andreia Norton. Ela que viveu excelentes momentos com a camiseta do Braga em temporadas recentes e também se sente muito confortável quando tem o controle da bola. Norton, porém, tem um estilo diferente em comparação à talentosa atleta do Benfica. Sua principal virtude é a mobilidade, o que a torna uma meio campista a mais e facilita tabelas curtas com a volante mais próxima.

De quebra, a utilização de Andreia Norton à frente do trio contribui para a movimentação total das peças do centro do campo, o que facilita uma troca de posições constante com o andamento da partida. No caso, a jogadora pode sem maiores problemas aparecer como uma meio campista pelo lado direito ou esquerdo e permitir que a parceira que atua ali apareça como elemento-surpresa em uma eventual movimentação.

Dolores Silva é a volante do time, mas também tem qualidade técnica para auxiliar na construção ofensiva quando preciso. Foto: CNN Portugal.

Algo distinto do que ocorre quando Nazareth está em campo, já que ela sempre vai ser a alternativa principal para essa aproximação ao ataque a partir de uma zona central. Ana Rute foi chamada para a seleção graças a ótimos momentos recentes em Braga e Condeixa e se assemelha mais a esse estilo de Kika. Inclusive pela estatura, o que tende a aumentar suas aparições na área.

Outra opção à armação é Tatiana Pinto. A meio campista do Levante normalmente atua mais recuada e tem como principal virtude a facilidade em encontrar passes e coordenar a saída de bola desde o seu setor defensivo, ainda que já tenha mostrado capacidade de fazer a diferença também quando escalada com uma maior liberdade no campo de ataque. A tendência, porém, e que a vejamos como uma meio campista que se aproxima bastante da volante Dolores Silva.

 A capitã portuguesa é a principal encarregada da marcação, algo que difere da forma como ela quase sempre é escalada no Braga. Quem parece estar em vantagem pela última vaga no tripé de meio campo é Andreia Jacinto, ausência na última Eurocopa por conta de uma lesão e que retomou o posto de titularidade na equipe nacional desde a data FIFA de Fevereiro. A opção no banco de reservas é Fátima Pinto, que venceu a batalha contra Suzane Pires, Vanessa Marques e Andreia Faria nesse concorrido setor central.

Ausência na última Eurocopa, Andreia Jacinto é um reforço importante para a Copa do Mundo. Em plena forma, a meio campista tem tudo para fortalecer ainda mais um setor que já chama a atenção pela qualidade técnica. Foto: Record

Fátima Pinto e Andreia Jacinto elas se destacam quando escaladas como meio campistas, ainda que não fosse realmente uma surpresa se uma delas aparecesse como reposição imediata à volante Dolores Silva e ocupasse um papel mais retraído. Especialmente Fátima, de bons momentos vividos no Sporting e que atualmente defende o Deportivo Alavés. Independentemente das escolhas, Portugal se caracteriza por ser um time de bom controle de bola em seu meio campo.

Agora, o ponto de desequilíbrio português parece estar mesmo em seu ataque. Especialmente se pensarmos que a equipe de Francisco Neto terá em contra-ataques a sua principal maneira de causar problemas aos favoritos conjuntos de Estados Unidos e Países Baixos dentro deste Grupo E. Caso a opção da comissão técnica seja por contar com uma meio campista a mais, a interessante dupla formada por Jéssica Silva e Diana Silva ganha uma maior liberdade para se movimentar e buscar espaços gerados pelos adversários.

E é importante mencionar que eles devem aparecer bastante. Isso porque as estadunidenses não demonstram uma solidez como as de ciclos passados e costumam deixar generosos espaços entre as linhas de meio campo e de defesa. Além disso, a necessidade de tomar a iniciativa do confronto pode fazer com que desajustes ocorram e cresçam em número com o passar do tempo. Diante de Países Baixos, o cenário é semelhante.

Diana Silva pode ocupar um posto mais central ou outro onde busca lances pelos lados do campo. Em ambos os cenários, ela costuma fazer a diferença. Foram 39 gols nos últimos dois anos de Sporting. Foto: Mais Futebol

E aqui, há de se ressaltar que a equipe neerlandesa foi afetada por duas trocas no comando técnico desde o último mundial e ainda procura corrigir arestas defensivas. É lógico que a possibilidade de Portugal pontuar nesses dois confrontos está muito mais ligada ao que a equipe vai apresentar em sua linha de defesa, mas entender as fraquezas dos rivais é importante para que se busque uma opção que não seja somente defender-se por 90 minutos.

Se a escolha de Francisco Neto for pelo 4-3-3, Ana Borges desponta como a companheira de Jéssica Silva e Diana Silva nesse trio de frente. E ela atuaria pelo lado direito, setor onde faz a função de lateral em alguns momentos. Isso aumentaria o poderio de frente, e mais ainda se considerarmos que uma das laterais se destaca especialmente pelo que é capaz de acrescentar no campo ofensivo.

E vale dizer: além da velocidade, Jéssica Silva e Diana Silva são inteligentes para gerar e encontrar espaços pelos lados do campo e também às costas das zagueiras rivais. Ademais, com boa frequência elas trocam de posicionamento em um movimento que busca confundir a marcação e abrir espaços para quem se desprende do meio campo.

A habilidosa Jéssica Silva é essencial para uma equipe caracterizada por ter contra-ataques bem montados e que dependam de drible e velocidade de suas atletas de frente. De quebra, ela vem de uma temporada onde marcou 23 gols em 35 jogos. Foto: FPF

Jéssica ainda tem a habilidade como ponto de desequilíbrio. Contra defensoras lentas e diante de equipes que não apresentam uma cobertura eficaz e atenta, trata-se de algo que pode pesar a favor de Portugal. A alternativa que apresenta maiores pontos em comum com esse móvel e habilidoso setor de frente português é Ana Capeta, de grandes momentos vividos no Sporting e que atua especialmente pelo lado esquerdo.

Telma Encarnação (de 21 anos) vem de ótimas temporadas no Marítimo e é outro nome de destaque no ataque português. Já Carolina Mendes ocupa um papel menos móvel, se destacando pelo posicionamento nas proximidades do gol adversário. Caso que se assemelha ao de Kelsey Araújo, atualmente no futebol francês e que foi ausência na lista final.

Graças às atuações recentes no Levante, Tatiana Pinto vem sendo cobiçada por grandes equipes do futebol europeu. Foto: Bruno de Carvalho (SOPA Images)

Destaque – Tatiana Pinto

Com exatas 100 aparições pela seleção lusa desde a estreia, a meio campista do Levante é de suma importância para o funcionamento do jogo português. Isso pelo fato de a jogadora de 29 anos se destacar em praticamente todos os aspectos técnicos e mostrar grande capacidade de desequilíbrio em qualquer setor do campo. Não raramente ela busca uma maior aproximação às zagueiras na tentativa de auxiliar a saída de bola para poucos instantes depois aparecer nas redondezas da área rival.

 E é justamente essa movimentação intensa que faz com que o centro do campo português seja um dos pontos mais fortes da equipe. Outra característica que vem chamando a atenção em Tatiana Pinto é a sua recente competência em balançar as redes. Pelo clube espanhol, a meio campista marcou 12 gols em 31 jogos na temporada recém-encerrada. Nada mal para quem havia balançado as redes rivais apenas em 12 oportunidades nas últimas quatro temporadas somadas.

Trata-se de um momento bastante especial para Tatiana e que coincide com o maior vivido também pela Seleção das Quinas. Se a jogadora conseguir manter essa excelente forma durante o mês da Copa do Mundo, Portugal tem todo o direito de sonhar com a histórica classificação à segunda fase mesmo estando em um grupo tão complicado.

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