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Guia da Copa do Mundo Feminina de Futebol - Grupo A

 Tabela de Jogos (No Horário de Brasília)

1ª Rodada:

20/07 – 04h: Nova Zelândia x Noruega (Eden Park – Auckland/NZL)

21/07 – 02h: Filipinas x Suíça (Forsyth Barr Stadium – Dunedin/NZL)

2ª Rodada:

25/07 – 02h30: Nova Zelândia x Filipinas (Wellington Regional Stadium – Wellington/NZL)

25/07 – 05h: Suíça x Noruega (Waikato Stadium – Hamilton/NZL)

3ª Rodada:

30/07 – 04h: Suíça x Nova Zelândia (Forsyth Barr Stadium – Dunedin/NZL)

30/07 – 04h: Noruega x Filipinas (Eden Park – Auckland/NZL)


 As duas seleções classificadas enfrentam adversários do Grupo C nas Oitavas de Final


Guia da Copa do Mundo Feminina de Futebol - Informações Gerais


Nova Zelândia

Foto: PhotosportNZ

Uma das seleções anfitriãs dessa edição da Copa do Mundo, a Nova Zelândia chega ao mundial buscando uma inédita classificação à segunda fase. Aliás, a equipe busca também a sua primeira vitória na história da competição. O fato de ter o torcedor local ao seu lado é importante demais e serve como um elemento a mais de motivação para o plantel, mas é fato que o país da Oceania terá que se superar para alcançar as etapas decisivas do torneio.

Ainda mais agora, com o formato de 32 seleções garantindo que somente duas equipes de cada chave consigam a classificação para as oitavas de final. Outro fator que vem preocupando as donas da casa é a sequência de resultados em testes amistosos. Dos últimos dez confrontos prévios ao 2x0 contra o Vietnã no último dia 10, a Nova Zelândia empatou dois e perdeu oito. Outro detalhe que vale a pena ser citado é que grande parte desses tropeços ocorreu em frente ao próprio torcedor.

Mais do que isso: os testes não estão servindo para consolidar uma equipe titular ou encontrar alternativas para a Copa. Pelo contrário. As frequentes alterações e o pouco impacto que essas estão tendo no desempenho da seleção dão a entender que nem a comissão técnica sabe ao certo a equipe que iniciará o mundial. Jitka Klimková, primeira técnica mulher a ocupar o cargo no país, terá trabalho para equilibrar as coisas diante das favoritas equipes de Noruega e Suíça.

 A fase atual, aliás, dá a entender que até o duelo contra a estreante seleção de Filipinas vai ser complicado. Em 2022, as duas equipes se enfrentaram e a Nova Zelândia teria dificuldades para bater o rival pelo placar de 2x1. A lesão da experiente Ria Percival no ano passado foi um susto grande e obrigou a comissão técnica até mesmo a testar um novo esquema. Menos mal para as Football Ferns que ela voltou a tempo de disputar a Copa, ainda que suas reais condições físicas gerem dúvidas.

Ranking da FIFA: 26º Lugar.

Participações Anteriores em Copas do Mundo: 5/8 (1991, 2007, 2011, 2015, 2019).

Melhor Campanha: Fase de Grupos (1991, 2007, 2011, 2015, 2019).

A técnica Jitka Klimková não conta com um elenco tão forte no aspecto técnico, mas já mostrou condições de competir com rivais mais fortes quando bem organizada. Foto: Photosport

Técnica: Jitka Klimková (desde Setembro de 2021).

Convocação

Goleiras: 1-Erin Nayler (31 anos – 17/04/1992; IFK Norrköping-SUE), 21-Victoria Esson (32 anos – 06/03/1991; Rangers FC-ESC), 23-Anna Leat (22 anos – 26/06/2001; Aston Villa-ING);

Laterais: 4-CJ Bott (28 anos – 22/04/1995; Leicester City-ING), 5-Michaela Foster (24 anos – 09/01/1999; Wellington Phoenix), 7-Ali Riley (35 anos – 30/10/1987; Angel City FC-EUA), 19-Elizabeth Anton (24 anos – 12/12/1998; Perth Glory FC-AUS);

Zagueiras: 3-Claudia Bunge (23 anos – 21/09/1999; Melbourne Victory-AUS), 13-Rebekah Stott (30 anos – 17/06/1993; Brighton & Hove Albion-ING), 14-Katie Bowen (29 anos – 15/04/1994; Melbourne City-AUS);

Volantes/Meio Campistas: 2-Ria Percival (33 anos – 07/12/1989; Tottenham Hotspur-ING), 6-Malia Steinmetz (24 anos – 18/01/1999; Western Sydney Wanderers-AUS), 8-Daisy Cleverley (26 anos – 30/04/1997; HB Køge-DIN), 10-Annalie Longo (32 anos – 01/07/1991; Christchurch United), 12-Betsy Hassett (32 anos – 04/08/1990; Stjarnan-ISL);

Meias/Pontas: 11-Olivia Chance (29 anos – 05/10/1993; Celtic FC-ESC), 15-Paige Satchell (25 anos – 13/04/1998; Wellington Phoenix), 16-Jacqui Hand (24 anos – 19/02/1999; Åland United-FIN), 18-Grace Jale (24 anos – 10/04/1999; Canberra United-AUS), 20-Indiah-Paige Riley (21 anos – 20/12/2001; Brisbane Roar-AUS);

Atacantes: 9-Gabi Rennie (22 anos – 07/07/2001; Arizona State Sun Devils-EUA), 17-Hannah Wilkinson (31 anos – 28/05/1992; Melbourne City-AUS), 22-Milly Clegg (17 anos – 01/11/2005; Wellington Phoenix);

Lista de Suplentes: Kate Taylor (ZAG | 19 anos – 21/11/2003; Wellington Phoenix), Grace Wisnewski (MA/MC | 21 anos – 28/06/2002; Wellington Phoenix), Ava Collins (AT/MD | 21 anos – 18/04/2002; St. John’s Red Storm-EUA).

Ausências Notáveis: Grace Neville (LD – London City Lionesses-ING; opção técnica), Meikayla Moore (ZAG – Glasgow City-ESC; se recusou a estar na lista de suplentes), Mackenzie Barry (ZAG/LD – Wellington Phoenix; opção técnica), Ally Green (LE – AGF Foldbold-DIN; opção técnica), Ashleigh Ward (LE – Southampton FC-ING; opção técnica), Hannah Blake (ME – Perth Glory FC-AUS; opção técnica), Emma Rolston (AT – Wellington Phoenix; opção técnica).

Time-Base:

Victoria Esson; CJ Bott, Katie Bowen, Claudia Bunge, Ali Riley ©; Ria Percival; Paige Satchell, Annalie Longo, Betsy Hassett, Olivia Chance; Hannah Wilkinson.

Durante seu período no ciclo, Klimková utilizou principalmente dois esquemas. O 4-1-4-1 tinha na volante Ria Percival uma jogadora de muita importância para este posto de proteção à linha defensiva e também na saída de bola trabalhada desde o campo defensivo. Ela que foi a lateral titular da Nova Zelândia durante longos anos e passou para essa função mais central do campo ainda no ciclo passado, sob o comando de Tom Sermanni.

O problema foi o grave problema no joelho que a atleta sofreu em Abril do ano passado. Essa lesão a afastou da maior parte dos amistosos de 2022 e 2023 e obrigou a comissão técnica até mesmo a repensar o esquema de jogo, partindo para o 4-4-2. O retorno de Percival é fundamental para o estilo neozelandês de marcação forte, roubo de bola e busca por lançamentos quase que imediatos às pontas para o contra-ataque.

Caso a jogadora não suporte o ritmo dos confrontos e Klimková opte por manter o 4-1-4-1, Rebekah Stott surge como principal alternativa para ocupar esse espaço entre as linhas de defesa e meio campo. Trata-se de uma zagueira transformada em volante, mas que apresenta qualidade nos passes e tem boa estatura para lances aéreos na região central. Vê-la em ação novamente é ótimo pelo fato de Stott ter superado um câncer no sistema linfático descoberto em 2021.

O retorno de Ria Percival no centro do campo é fundamental para que a Nova Zelândia ganhe equilíbrio defensivo. A atleta do Tottenham, aliás, será "co-capitã" da seleção, dividindo-se na função com Ali Riley. Foto: Kyungsik Yoon (PhotosportNZ)

As atletas do meio campo com mais qualidade técnica e que são responsáveis por guiar o time à frente com mais trabalho de bola são as experientes Betsy Hassett e Annalie Longo, ambas já com Copas do Mundo disputadas pela Nova Zelândia. O problema delas é a fragilidade física, o que pode comprometer os duelos contra meio campistas de maior força (como as da Noruega, já na partida de estreia). Longo é mais uma atleta que se recuperou somente nos últimos meses de grave lesão no joelho.

As alternativas para tal função são Malia Steinmetz e Daisy Cleverley, destaques em passe curto e combatividade respectivamente. Além disso, existe a possibilidade de Katie Bowen atuar por ali. A versátil jogadora com passagem pelo estadunidense North Carolina Courage, inclusive, possui a virtude de conseguir atuar em várias posições dentro dos esquemas organizados por Klimková. Certo é que Bowen tem tudo para ser titular na Copa do Mundo, a grande questão é descobrir em qual setor.

Até mesmo a ponta-esquerda Olivia Chance apareceu como meio campista em amistosos, ainda que pareça ter sido algo momentâneo e de exigência específica das partidas em questão. Uma alternativa utilizada a partir de 2022 foi Grace Wisnewski, com passagem de sucesso pelas seleções de base da Nova Zelândia e que se destaca mais pela criatividade para passes curtos e longos e também por ter uma característica mais ofensiva de jogo. Sua aparição funciona melhor num 4-1-4-1 ou num 4-2-3-1, mas ela acabaria sendo ausência da lista final.

Katie Bowen pode atuar como meio campista ou lateral. Porém, até pelas escolhas da comissão técnica na convocação final, a tendência é que ela atue no centro da defesa. Foto: FIFA

Na frente, Paige Satchell e a já mencionada Chance são as armas em velocidade pelos lados do campo. Essa, relembrando, é a maneira como as Football Ferns mais levam perigo à meta rival. Como o meio campo prioriza o trabalho feito para proteger as defensoras e não costuma reter muito a posse de bola em busca de uma trama mais bem construída, é através das suas pontas e em velozes movimentações que a seleção leva perigo.

As alternativas para ocupar as laterais do campo normalmente são as igualmente velozes Indiah-Paige Riley e Jacqui Hand. As duas se mostram capazes de aparecer bem tanto no setor direito quanto no esquerdo, o que contribui para uma alteração de posicionamento com o passar dos minutos. Jacqui Hand, diga-se, terminou bem a preparação neozelandesa, sendo uma das poucas a obter destaque nessa sequência bastante negativa da equipe nacional no período pré-Copa do Mundo. Hoje, ela parece ser a opção imediata para Satchel ou Chance.

Todas elas têm por característica a busca por cruzamentos à área na direção de uma atacante de boa presença física. Algo semelhante ao que era executado por Sarah Gregorius até o ano de 2020, quando a histórica atacante local anunciou aposentadoria. Ainda que as atuais opções tenham condições de incomodar as defesas adversárias, é evidente a dificuldade que a Nova Zelândia tem de criar chances de gol quando se depara com seleções de outros continentes. E isso independe da equipe ser de Ásia, América do Sul ou Europa.

Hannah Wilkinson normalmente é a atacante titular do conjunto neozelandês. Ainda que o seu forte seja o jogo aéreo, ela também consegue levar perigo quando acionada em velocidade às costas das zagueiras. Foto: PhotosportNZ

Para se ter uma ideia: após o empate de 1x1 contra a Coreia do Sul em Novembro de 2022, as comandadas de Jitka Klimková passaram em branco nos cinco confrontos seguintes. O gol que acabou com essa sequência negativa ocorreu já na data FIFA de Abril, no 1x1 contra a Islândia. A responsável por balançar as redes nórdicas foi Hannah Wilkinson, a maior esperança do país para reverter esse cenário ofensivo desfavorável e conseguir uma boa participação na Copa do Mundo.

A atacante encaixa no pensamento padrão de utilizar uma atacante de boa presença física e que seja capaz de aproveitar os lances pelo alto, ainda que Wilkinson seja capaz de levar perigo também em cenários distintos. Especialmente quando ela é acionada às costas da linha de defesa rival. Pela sua força e também a velocidade para arrancar, torna-se interessante buscar um lançamento longo no espaço entre as zagueiras adversárias e a goleira.

Outras atletas testadas para essa função no centro do ataque durante o ciclo foram Gabi Rennie, Ava Collins e Emma Rolston. Elas acabariam sendo utilizadas também como meias-laterais num 4-1-4-1 ou como atacantes de movimentação (fazendo companhia à titular Hannah Wilkinson) num 4-4-2. O problema é que nenhuma de fato correspondeu, e somente Rennie acabaria sendo convocada. Isso abriu espaço para que Milly Clegg, goleadora do Sub-17 neozelandês e maior esperança para a próxima geração, conseguisse uma vaguinha no grupo já na reta final.

Victoria Esson teve atuações seguras na reta final do ciclo e chega ao mundial como uma das afirmações do setor defensivo neozelandês. Foto: PhotosportNZ

A posição de goleira teve em Victoria Esson um importante ganho nesse ciclo. Suas exibições especialmente contra a Coreia do Sul (em duas oportunidades) e Noruega deixaram uma boa impressão, e hoje ela lidera a corrida pela titularidade na meta neozelandesa contra a rodada Erin Nayler. Essa, titular em Copas do Mundo e também Jogos Olímpicos recentes. Entretanto, nos jogos onde Esson não atuou por conta de problemas médicos, a sua reserva não conseguiu manter uma boa solidez debaixo das traves.

Outro nome a ganhar importante sequência nos últimos tempos foi Claudia Bunge, jovem que se firmou como titular no miolo de zaga neozelandês e assumiu o posto então ocupado por Abby Erceg, lenda do futebol local e que viria a anunciar sua aposentadoria do futebol internacional no começo de 2023 ainda que continue atuando normalmente pelo estadunidense Racing Louisville. Rápida para recuperações e precisa nos botes, a outrora lateral Bunge foi um dos maiores ganhos do país para esse ciclo.

Sua parceira mais provável parecia ser Meikayla Moore, zagueiro com passagem de relativo destaque pelo futebol inglês e que está atualmente no Glasgow City da vizinha Escócia. Porém, Klimková tomaria a decisão de deixar a experiente defensora fora da lista final nessa que foi a maior surpresa neozelandesa. E a situação só piorou a partir do momento em que Moore se recusou a fazer parte da lista de suplentes, preferindo ser descartada de vez do elenco. Ela que já havia perdido a competição de 2019 por conta de uma lesão.

Além da eficiência no jogo aéreo, Claudia Bunge mostrou ser uma zagueira de boa velocidade e capaz de acompanhar atacantes mais móveis e habilidosas. Foto: PhotosportNZ

Katie Bowen, Ali Riley e as jovens Kate Taylor e Mackenzie Barry também foram escaladas no centro da zaga nos últimos anos, ainda que as duas primeiras sejam meio campista e lateral de origem. Curiosamente, as duas atletas realmente acostumadas a frequentar essa região central da defesa acabariam de fora do mundial. Especialmente Barry vinha de ótima temporada no Wellington Phoenix, e sua ausência gerou críticas pesadas à comissão técnica.

A lateral-direita normalmente seria ocupada por CJ Bott, mas algumas lesões interromperam o ciclo da lateral do Leicester City e abriram margem para testes. Assim, Klimková escalou muitas possibilidades para a posição. Duas delas seriam as próprias Bowen e Riley, improvisações para o lado direito ainda que com uma característica de participar da construção ofensiva. Até mesmo a zagueira Meikayla Moore foi colocada ali, em mudança que representaria mais a ideia de manter ao menos uma lateral mais presa no campo de defesa.

As opções utilizadas que realmente costumam executar essa função em seus clubes foram Grace Neville e a polivalente Elizabeth Anton. A primeira é de fato uma novidade para o ano de 2023, já que a atleta nascida em Londres optou por defender a Nova Zelândia somente nos últimos meses. Entretanto, apesar da boa sequência no futebol inglês, ela seria cortada da lista final. Pelo setor canhoto, os testes também foram frequentes.

A lateral-esquerda Michaela Foster teve bom rendimento em amistoso recente e pode receber chances durante a Copa do Mundo. Foto: PhotosportNZ

A alternativa mais óbvia é a co-capitã Ali Riley, mas sua utilização no lado inverso em determinados confrontos dão a entender que a lateral-esquerda reserva pode receber minutos na Copa do Mundo. Inclusive, a briga foi boa por esse posto. No final, a contemplada foi Michaela Foster, mais um nome de destaque no Wellington Phoenix e que confirmou sua presença na lista final especialmente pela atuação diante da Islândia.

Foster é um nome equilibrado para a posição e ainda se destaca nas jogadas de bola parada, algo que deve ser bastante explorado pela Nova Zelândia no decorrer da competição. Ally Green, Ashleigh Ward e Elizabeth Anton também foram utilizadas por esse corredor canhoto, mas somente a versátil e já mencionada Anton acabaria na lista decisiva para a Copa do Mundo.

Uma perda significativa para o setor defensivo foi Anna Green. A polivalente atleta foi parte do conjunto nacional em quatro Olimpíadas e também em três Copas do Mundo, mas anunciaria a sua aposentadora no início deste ano. Bem como Abby Erceg, trata-se de um nome rodado e que poderia adicionar maior tranquilidade à equipe com o passar dos minutos e a pressão que naturalmente começaria a vir das arquibancadas.

Olivia Chance é um dos principais trunfos de uma equipe que sofre bastante com problemas no setor ofensivo. Foto: Richard Gosselin (Panoramic)

Quem também é ausência para o mundial é a atacante Rosie White, com tantas participações em grandes torneios como Anna Green. Essa se destacou especialmente pela versatilidade, visto que esteve em campo em praticamente todas as zonas ofensivas e também em algumas centrais. E, embora tenha participado de determinados treinamentos com a nova comissão técnica, a jogadora não se fez presente no momento final do ciclo.

White teve passagens por times de Inglaterra e Estados Unidos durante a sua carreira, mas viria a sofrer com uma colite ulcerosa pouco antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio e desde então não conseguiu retomar o alto nível. Com participações em grandes torneios internacionais e confrontos de mais peso, ela também seria um nome capaz de assimilar melhor um possível cenário desfavorável dentro dos jogos. Green e White, mais do que cores, seriam referências importantes no grupo neozelandês.

Para a partida de abertura do mundial, a Nova Zelândia já tem um bom conhecimento da rival. Em amistoso recente diante da própria Noruega, a seleção foi a campo em um 4-4-2 compacto e que priorizava a marcação pelos lados do campo. Nesse cenário, Klimková utilizou jogadoras de privilegiada estatura física, em clara tentativa de anular um dos pontos fortes das europeias no ataque e também buscar uma vantagem em bolas paradas ofensivas quando possível.

Para um time que deve apostar especialmente em contra-ataques, contar com uma atleta como Paige Satchell pode fazer a diferença para as donas da casa. Foto: PhotosportNZ

Na partida, a móvel Paige Satchell avançou para atuar ao lado de Hannah Wilkinson na frente e a equipe passou a utilizar especialmente lançamentos longos para chegar perto da meta adversária. De preferência com Hannah Wilkinson vencendo um duelo aéreo para que a bastante veloz Satchell pudesse correr contra a lenta e exposta linha de defesa norueguesa.

Isso deixava o meio campo muito mais preocupado com tarefas de marcação, já que somente Olivia Chance (pelo lado esquerdo) eventualmente se juntava à intermediária ofensiva para auxiliar a dupla de frente. Quem ganha espaço nesse 4-4-2 é Grace Jale, meio campista forte fisicamente e de qualidade com a bola no pé.

Ela seria usada pelo setor direito mesmo não tendo características de uma atleta que corre a faixa toda do campo e sim de uma volante ou armadora. Em uma formação bem mais ofensiva, Satchell e Chance aparecem como meias-laterais e Wilkinson tem o reforço de outra atacante de origem na frente (Gabi Rennie ou Milly Clegg).

De apenas 17 anos, Milly Clegg recebeu chances no grupo principal especialmente pelo que apresentou em seleções de base. Ela é uma alternativa interessante para a equipe, de evidentes problemas para marcar gols. Foto: Andrew Cornaga (Photo Sport NZ)

Independente do esquema escolhido, fato é que a Nova Zelândia tem em contra-ataques seu estilo principal de levar perigo ao gol adversário. A ideia para a Copa é ter um time organizado e que seja capaz de vencer divididas nas redondezas do gol adversário, através de uma pressão adiantada, para abastecer o trio formado por Chance, Satchell e Wilkinson. O grande problema é que a altamente modificada linha defensiva não se mostrou sólida durante esses quatro anos e oferece espaços generosos aos rivais.

Mesmo com um meio campo que pouco se desprende e que pode ter até uma zagueira de origem ocupando o posto de proteção à linha de defesa, a equipe apresenta muitos problemas de marcação em lances aéreos e também em movimentos pelos lados do gramado. Quando o oponente escapa dessa marcação adiantada posta a campo por Jitka Klimková, encontra muito espaço para avançar contra zagueiras totalmente expostas e, dependendo das escolhas para a posição, lentas e alvos fáceis para jogadoras de aceleração e drible.

A comissão técnica testou muitos nomes para praticamente todas as funções durante esse período, mas essas constantes trocas não significaram time-base forte e também opções de banco, e sim uma rotação incapaz de proporcionar entrosamento para setores vitais. Porém, nem tudo é culpa de Klimková e da sua maneira de pensar o conjunto neozelandês. A equipe carece de maiores referências técnicas para um jogo mais atrativo.

Ali Riley vai para mais uma Copa do Mundo. Agora, podendo exercer até mesmo uma função pelo lado direito ou no centro da zaga. Foto: Ricardo Mazalan (AP)

Destaque – Ali Riley

Aos 35 anos, a defensora vai para a sua quinta Copa do Mundo. Titular em todas as partidas de mundial que a seleção disputou desde a edição de 2007, ela é o grande símbolo de uma equipe que se acostumou a participar de grandes competições internacionais em décadas recentes. A saída da Austrália do grupo da Oceania ajudou, mas é fato que as Football Ferns competiram a nível mundial durante boa parte desses anos.

E Riley vivenciou e foi figura importante durante todo esse período. Inicialmente como lateral-esquerda, mas sendo escalada também no outro lado quando necessário e até mesmo como zagueira em alguns momentos do ciclo. Ainda que não tenha mais a velocidade de outros momentos (quando auxiliava muito o lado canhoto com boas arrancadas), ela é um nome fundamental para dar maior segurança a uma linha defensiva que tem muitos problemas.

De quebra: ela, eventualmente, colabora com o jogo neozelandês no campo de ataque, especialmente em combinações com Olivia Chance. Esses avanços já não são tão velozes, mas servem para explorar os espaços para algum cruzamento ainda na região da intermediária ou uma bola longa buscando a centroavante em velocidade às costas da zaga. Até pela escassez de defensoras na lista de 23 e o bom momento de Michaela Foster na lateral-esquerda, não se pode descartar a utilização de Riley preferencialmente como zagueira com o decorrer da Copa.


Noruega

Foto: Alarmy

No papel, a Noruega é uma seleção que sempre está no grupo das favoritas a chegar longe em competições internacionais. Muito por conta disso, a inesperada eliminação ainda na primeira fase da Eurocopa do ano passado interrompeu o trabalho do sueco Martin Sjögren. Na ocasião, a sua equipe chegou a sofrer uma acachapante derrota de 8x0 para a dona da casa e futura campeã Inglaterra antes de perder o duelo direto contra a Áustria que selaria a precoce queda nórdica no torneio.

Quem assumiu o comando após a competição continental foi uma figura bastante conhecida do futebol feminino local e também da modalidade no geral: Hege Riise. A histórica meio campista foi nome essencial para que as norueguesas alcançassem o título de campeãs mundiais em 1995, até hoje a maior conquista internacional das europeias. Aos 53 anos, Riise tem uma experiência interessante no local Lillestrom e também em equipes nacionais de base nos últims anos.

Dentro das quatro linhas, espera-se que a seleção nórdica retome seu nível competitivo e faça uma Copa do Mundo à altura da qualidade de suas atletas. Para ajudar nessa retomada, o país contará com o retorno da craque Ada Hegerberg, figura-chave do poderoso Lyon-FRA e Melhor Jogadora do Mundo em 2018. A atacante estava ausente de competições internacionais desde 2017 em protesto contra a diferença de tratamento estrutural e salarial da seleção feminina em comparação à masculina.

Com a craque de volta, a equipe nacional também terá uma maior pressão por bons resultados. Especialmente se levarmos em conta que esse Grupo A não é exatamente dos mais complicados para a Noruega, que desponta como a clara favorita para a liderança ao final das três rodadas. Qualquer saldo que não seja esse servirá para gerar ainda mais desconfiança para o futuro norueguês dentro do mundial (caso ainda consiga a segunda colocação) e também para outros torneios que virão.

Ranking da FIFA: 12º Lugar.

Participações Anteriores em Copas do Mundo: 8/8 (1991, 1995, 1999, 2003, 2007, 2011, 2015 e 2019).

Melhor Campanha: Campeã (1995).

O desafio de Hege Riise é dar maior estabilidade a um time individualmente forte, mas que não vem conseguindo ser altamente competitivo enquanto conjunto. Foto: NFF (Norges Fotballforbund)

Técnica: Hege Riise (desde Agosto de 2022).

Convocação

Goleiras: 1-Cecilie Fiskerstrand (27 anos – 20/03/1996; LSK Kvinner), 12-Guro Pettersen (31 anos – 22/08/1991; Vålerenga), 23-Aurora Mikalsen (27 anos – 21/03/1996; Brann);

Laterais: 2-Anja Sønstevold (31 anos – 21/06/1992; Internazionale-ITA), 4-Tuva Hansen (25 anos – 04/08/1997; Bayern de Munique-ALE), 13-Thea Bjelde (23 anos – 05/06/2000; Vålerenga), 19-Marit Bratberg Lund (25 anos – 07/11/1997; Brann);

Zagueiras: 3-Sara Hørte (22 anos – 24/11/2000; Rosenborg), 5-Guro Bergsvand (29 anos – 03/03/1994; Brighton & Hove Albion-ING), 6-Maren Mjelde (33 anos – 06/11/1989; Chelsea FC-ING), 16-Mathilde Harviken (21 anos – 29/12/2001; Rosenborg);

Volantes/Meio Campistas: 7-Ingrid Engen (25 anos – 29/04/1998; FC Barcelona-ESP), 8-Vilde Bøe Risa (27 anos – 13/07/1995; Manchester United-ING), 11-Guro Reiten (28 anos – 26/07/1994; Chelsea FC-ING), 18-Frida Maanum (23 anos – 16/07/1999; Arsenal FC-ING);

Meias/Pontas: 10-Caroline Graham Hansen (28 anos – 18/02/1995; FC Barcelona-ESP), 15-Amalie Eikeland (27 anos – 26/08/1995; Reading FC-ING), 17-Julie Blakstad (21 anos – 27/08/2001; BK Häcken-SUE), 20-Emilie Haavi (31 anos – 16/06/1992; AS Roma-ITA), 21-Anna Jøsendal (22 anos – 29/04/2001; Rosenborg);

Atacantes: 9-Karina Sævik (27 anos – 24/03/1996; Vålerenga), 14-Ada Hegerberg (28 anos – 10/07/1995; Lyon-FRA), 22-Sophie Haug (24 anos – 04/06/1999; AS Roma-ITA).

Lista de Suplentes: Malin Brenn (ZAG | 24 anos – 13/03/1999; Calcio Como-ITA), Emma Stølen Godø (MC | 23 anos – 31/05/2000; LSK Kvinner), Elisabeth Terland (ME/AT |22 anos – 28/06/2001; Brighton & Hove Albion-ING).

Ausências Notáveis: Maria Thorisdottir (ZAG – Manchester United-ING; lesão no pé sofrida em Março de 2023), Lisa Naalsund (MC – Manchester United-ING; opção técnica), Sunniva Skoglund (GOL – Stabæk IF; opção técnica), Synne Skinnes Hansen (LD – Rosenborg BK; opção técnica), Thea Sørbo (LD/MD – Hammarby IF-SUE; opção técnica), Emilie Bragstad (ZAG – Bayern de Munique-ALE; opção técnica), Kristine Bjørdal Leine (ZAG – Rosenborg BK; opção técnica), Andrine Hegerberg (MC – SK Brann; opção técnica), Emilie Nautnes (MD/ME – Rosenborg BK; opção técnica), Celin Bizet Ildhusøy (AT – Tottenham Hotspur-ING; opção técnica).

Time-Base:

Guro Pettersen; Tuva Hansen, Maren Mjelde ©, Guro Bergsvand, Marit Bratberg Lund; Frida Maanum, Ingrid Engen, Guro Reiten; Caroline Graham Hansen, Ada Hegerberg, Julie Blakstad.

Durante o período de Martin Sjögren, a nominalmente ótima Noruega se caracterizou por não funcionar tão bem como equipe. O talento individual prevalecia em muitos momentos, porém era nítido que o time se mostrava bastante vulnerável quando atacado pelos lados do campo e também no espaço entre as duas meio campistas. O esquema mais frequente nesse cenário defensivo era o 4-4-2, enquanto no momento ofensivo as nórdicas costumavam se posicionar num 4-2-3-1.

Essa variação acontecia a partir do momento em que Caroline Graham Hansen se deslocava para uma região mais central e assumia o cargo de coordenar a armação das jogadas. Tê-la em um curto espaço do campo a limita demais e também torna a craque do Barcelona um alvo menos complicado para a marcação. Dessa forma, era comum ver Hansen trocando de função com as meias-laterais e aparecendo pelos lados esquerdo e direito.

Essa maneira de montar a equipe parecia ser a melhor, principalmente se levarmos em conta as características das atletas. Mas, a Noruega se prendia demais às suas individualidades e não conseguia se reinventar em meio aos jogos quando necessário. Um bom exemplo era a dificuldade da seleção em sair da defesa através de troca de passes assim que o adversário optava por uma marcação agressiva. A falta de uma alternativa de jogo era algo grave, como foi possível notar na última Eurocopa.

Ter a craque Caroline Graham Hansen em condições físicas ideais é essencial para o sucesso da Noruega. Foto: Eurasia Sport Images

Já é possível observar algumas alterações importantes desde que Hege Riise assumiu o cargo, especialmente no que se refere ao posicionamento das atletas. Mas, é preciso citar que certas trocas podem ter acontecido pelo fato de a comandante não conseguir contar com as craques Caroline Graham Hansen e Ada Hegerberg no final de 2022 e também no início deste ano. Ter as duas em campo em plena forma física altera totalmente o poderio ofensivo da equipe, que passa a ter uma dupla capaz de desequilibrar qualquer confronto.

Até por ser a maior favorita neste Grupo A, espera-se que a Noruega tome a iniciativa nos três confrontos e atue grande parte do tempo no campo do adversário. Especialmente nas partidas diante de Filipinas e Nova Zelândia, seleções que devem adotar uma postura mais defensiva e focada primeiro em tirar espaços das nórdicas para só então buscar algo produtivo no campo de frente.

Essa tática por parte das adversárias vai exigir que as comandadas de Hege Riise mostrem uma maior variação em seus movimentos ofensivos. Ou seja: justamente o problema enfrentado com Sjögren até a Eurocopa. Conseguir dar esse passo além e terminar o Grupo A com a liderança e também com convincentes atuações certamente vai contribuir muito para aliviar a pressão sofre o talentoso elenco e ainda dará uma maior confiança às atletas para os jogos mais complicados que virão.

Desde a chegada da nova comissão técnica, Ingrid Engen vem sendo escalada como volante. Essa mudança tem tudo para favorecer todo o meio campo norueguês. Foto: Trondler Bradlet.

Em amistosos disputados desde a metade do ano passado, Hege Riise montou a Noruega num 4-3-3, com Ingrid Engen mais presa à frente das defensoras. Trata-se de um ponto importante e muito necessário tendo em vista o que ocorria em anos anteriores. Em muitos momentos as nórdicas sofreram quando tiveram suas zagueiras expostas a ataques mais velozes e de drible. Ter a meio campista do Barcelona por ali parece crucial para que o centro do campo fique mais equilibrado.

Entretanto, é preciso dizer que Engen não se resume a uma jogadora somente de marcação e fechamento de espaços. Sua qualidade em passes curtos e a dinâmica que oferece na saída desde o campo de defesa certamente serão importantes para o andamento ofensivo da Noruega. Isso especialmente em duelos onde a equipe precisará impor seu ritmo e tende a ter maior posse de bola, como tudo leva a crer que será esse Grupo A.

Perdê-la seria um baque enorme, e significaria uma grande mudança na ideia de jogo das europeias. Isso porque a sua reposição imediata é a experiente Vilde Bøe Risa. Que não vem obtendo uma sequência tão grande no Manchester United, diga-se. Outro ponto em debate é a sua característica de jogo. Na seleção, ela quase sempre foi uma volante de marcação. Porém, o passar do tempo na Inglaterra a transformou em uma meio campista mais ofensiva e de chegada à área rival. E esse não é exatamente o papel atual de Engen.

Vilde Bøa Risa vem assumindo um protagonismo técnico interessante nos últimos anos e desponta como alternativa para qualquer posto no centro do campo norueguês. Foto: Alexander Larsen

Mais à frente, outra novidade importante trazida por Riise. A nova comissão técnica apostou em uma dupla de pontas formada, na maioria das vezes, por Amalie Eikeland e Julie Blakstad. Elas, naturalmente, têm como principal tarefa abastecer a atacante central através de cruzamentos ou passes às costas da zaga adversária. Ou seja: não existe mais a figura de uma armadora específica.

Tampouco a de uma segunda atacante muito móvel, com ambos os papéis sendo efetuados pela habilidosa Caroline Graham Hansen no 4-2-3-1 e no 4-4-2 de momentos passados. Isso, logicamente, se trabalharmos com o grande período de tempo onde Hege Riise não conseguiu contar com a craque do Barcelona em treinamentos nem amistosos.

Quando ela está disponível, tem-se em mente que Graham Hansen seja utilizada como ponta-direita, e ainda contando com bastante liberdade de movimentação. Para esse trabalho pelos lados do campo, Hege Riise contou com outros nomes interessantes durante esse quase um ano comandando a seleção europeia. Em especial os de Emilie Haavi, Anna Jøsendal, Elisabeth Terland, Emilie Nautnes e Thea Sørbo. Apenas as duas primeiras, entretanto, estão na lista que disputará a Copa do Mundo.

A volta de Ada Hegerberg adiciona mais talento a um conjunto já tão privilegiado nesse aspecto. Foto: Naomi Baker

Ao posto de referência, nomes como Sophie Haug e Celin Bizet Ildhusøy já mostraram virtudes em seus clubes e surgiram como apostas interessantes para o andamento dos jogos caso Hegerberg fosse ausência por questão médica ou por escolha técnica. Haug fez parte do elenco da Roma que encerraria a temporada com o título nacional, enquanto Ildhusøy não figura na lista para a Copa. Uma alternativa é Karina Sævik, que também atua pelos lados do campo e vem de gol marcado no empate por 3x3 contra a Suécia na data FIFA de Abril.

Quando as duas estrelas não estão no gramado, as pontas passam a dividir as atenções com as meio campistas para a execução das tarefas ofensivas. E logicamente que é melhor contar com craques como Graham Hansen e Hegerberg na equipe, mas essa dupla central de meio campo sempre correspondeu quando teve maior liberdade de avanço. Guro Reiten foi um dos nomes de maior destaque da Noruega na última Copa do Mundo e vem de temporadas muito interessantes no Chelsea.

Ela é capaz de atuar pelo meio e também aberta pelo lado esquerdo. Porém, como a Noruega já utiliza duas pontas de origem, tende a ser comum ver Reiten em uma região mais central. Já Frida Maanum confirmou todas as expectativas que se tinham no seu futebol desde o ciclo passado. Vista como uma promessa no mundial de 2019, hoje em dia a meio campista é uma realidade e de vital importância em outro clube londrino: o Arsenal.

A briga por esse posto no setor esquerdo de ataque promete ser interessante. Julie Blakstad é a mais jovem, mas já mostrou boas credenciais. Foto: FNF

E vale dizer: Maanum atingiu um nível bastante alto na Inglaterra atuando bem próxima a uma atacante centralizada e possuindo a liberdade de avançar até a área rival para finalizar. Dessa forma, ela aproveita o bom porte físico para vencer duelos aéreos perto do gol adversário ao mesmo tempo em que é capaz de decidir confrontos duros em chutes de média/longa distância. Que o diga o Bayern de Munique, vítima de um golaço marcado por Maanum na última Liga dos Campeões.

Por conta desse grande momento de Frida Maanum como armadora, não podemos descartar o possível retorno norueguês ao 4-2-3-1, ainda que essa seja uma possibilidade muito remota. A razão é que essa mudança prejudicaria as frequentes transições de Guro Reiten ao campo de frente, deixando-a como uma volante pelo setor esquerdo e com maiores responsabilidade defensivas. Talvez em um confronto específico que exija um maior poderio de ataque, mas dificilmente para o mundial todo.

E, por mais que a atleta do Chelsea pudesse ser eventualmente deslocada para a meia-esquerda, esse movimento afetaria o ideal prioritário de Hege Riise, que é contar com pelo menos uma ponta de origem em campo. Caso opte por continuar no 4-3-3, a equipe conta com a já citada Bøe Risa também como alternativa para Maanum e Reiten. Quem reapareceu no futebol norueguês nessa temporada foi Andrine Hegerberg, irmã da craque Ada.

Um dos maiores destaques da Noruega no mundial de quatro anos atrás, Guro Reiten permanece sendo de extrema importância para a seleção. Foto: Goal

Com passagem por Roma e Paris Saint-Germain, ela retornou ao local Brann para atuar com mais frequência e também ficar mais perto dos olhares da nova comissão técnica. Entretanto, nem ela e nem Lisa Naalsund e Emma Stølen Godø acabariam o ciclo no grupo de 23 que vão para o mundial. A alternativa para o posto é Emilie Haavi, ponta de origem e que já apareceu em uma função mais central recentemente. Isso manteria uma boa transição à frente e premiaria com mais minutos em campo a ótima temporada da experiente atleta na Roma.

Desde a mudança no comando técnico, nota-se também uma tentativa de rejuvenescer o time. Com isso, mais jogadoras jovens passaram a fazer parte das convocações nacionais no período pós-Eurocopa e nomes de maior rodagem foram brevemente sacados para experimentos. Caso de Maria Thorisdottir, ausência nos primeiros amistosos, mas que naturalmente foi retomando seu espaço dentro do conjunto norueguês com o passar do tempo. Porém, uma lesão em Março acabaria comprometendo o final de sua temporada na Inglaterra e a presença na Copa.

A zagueira do Manchester United certamente seria um importante pilar defensivo ao lado da capitã Maren Mjelde. Essa parceria dura um bom tempo e ainda é capaz de transmitir segurança em duelos aéreos e também qualidade no momento em que a equipe busca avançar através de uma paciente troca de passes. Agora, a tendência é que Guro Bergsvand, do inglês Brighton & Hove Albion, seja a companheira de Mjelde no miolo de zaga norueguês.

A capitã Maren Mjelde adiciona experiência e qualidade com a bola nos pés. Com a lesão de Maria Thorisdottir, ela se tornou a maior referência do setor defensivo nórdico. Foto: Marius Simensen

A alternativa à dupla é Mathilde Harviken, que deixou para trás suas companheiras de Rosenborg (Sara Hørte e Kristine Bjørdal Leine) no concorrido posto para a função de zagueira, que contou também com Emilie Bragstad, do campeão alemão Bayern de Munique. Vale ressaltar que Hege Riise chegou a utilizar um 5-4-1 no jogo ante a Inglaterra, dando a entender que essa formação com três defensoras de ofício pode ser uma opção para o decorrer do mundial caso a Noruega se depare com uma seleção de maior poderio e que utilize bastante os lados do campo.

Outra jogadora considerada titular a perder o posto pelo menos em alguns momentos da era Riise foi Guro Pettersen (de 30 anos). A goleira viu Aurora Mikalsen e Sunniva Skoglund receberem oportunidades no final do ano passado e atuarem inclusive em partidas mais pesadas. A tendência, porém, é que Pettersen seja a escolhida para iniciar a Copa do Mundo. A boa notícia é o retorno de Cecilie Fiskerstrand, ausência desde o ano passado por conta de lesão ligamentar no joelho mas que desde Março vem atuando regularmente em seu clube.

Nas laterais, a prioridade é manter o ideal do trabalho da comissão técnica anterior. Ou seja: ter uma lateral acostumada ao apoio e outra com características mais equilibradas. Normalmente o lado canhoto é o mais ofensivo, mas depende muito do adversário encarado e também dos seus pontos mais fortes. Por ali, as testadas com mais frequência foram Thea Bjelde e Marit Bratberg Lund, que atuam como meia-esquerda em seus clubes e são naturalmente ofensivas.

A polivalente Tuva Hansen parece ter se firmado na lateral com a chegada de Hege Riise ao comando técnico nacional. Foto: NFF (Norge Fotballforfund)

Martin Sjögren optou por utilizar Julie Blakstad nessa função em muitos momentos do ciclo. A atual atleta do BK Hacken é realmente uma ponta, o que evidenciava essa escolha por deixar o setor canhoto disposto a atacar sempre que possível. No equilibrado lado direito, quem desponta como favorita à Copa é a polivalente Tuva Hansen (com facilidade para jogar também na esquerda quando preciso). Anja Sønstevold adiciona maior entendimento das tarefas defensivas e por ventura pode jogar ali também.

O grande desafio da comissão técnica é organizar a Noruega como um conjunto. Neste Grupo A nem tão problemático, tudo leva a crer que as nórdicas terminarão na liderança ao final das três rodadas. Isso acrescentaria muito inclusive no aspecto anímico, já que serviria para aliviar a péssima impressão deixada na Eurocopa do ano passado. O problema será fortalecer o time para os duelos de mais peso, já na fase decisiva da competição.

Em amistosos recentes, a equipe sofreu com a irregularidade. Ao mesmo tempo em que mostrou boa solidez diante de Países Baixos e França, a Noruega foi batida por 4x1 pelo Brasil em duelo onde voltou a conviver com os muito comuns problemas de cobertura e também a exposição excessiva de suas zagueiras. Qualidade técnica e interessantes opções no banco de reservas a equipe de Hege Riise tem.

A dificuldade parece ser transformar esse grupo de excelentes jogadoras em um time forte e organizado o suficiente para galgar maiores posições na Copa. Se pegarmos os principais clubes da Europa na atualidade, praticamente todos eles contam com uma norueguesa em seu plantel. Caso a técnica consiga corrigir alguns problemas graves de organização e posicionamento, não soa nada de outro mundo ver a Noruega alcançando uma fase semifinal.

Frida Maanum cresceu demais nos últimos anos e virou referência técnica da seleção e também do Arsenal. Foto: Mia Eriksson (Sports Press Photo)

Destaque – Frida Maanum

Normalmente o espaço seria utilizado por Caroline Graham Hansen ou Ada Hegerberg. Porém, uma sequência de problemas médicos acabaria atrapalhando o trabalho das duas com a nova comissão técnica. Dessa forma, é justo valorizar uma atleta que teve sua melhor temporada da carreira a poucos meses dessa Copa do Mundo. Trata-se de Frida Maanum, de um crescimento que chama a atenção com a camiseta do Arsenal.

No forte clube inglês, a meio campista de 24 anos assumiu um posto de liderança técnica com o passar da temporada e se descobriria como artilheira. Foram 16 gols em 38 partidas, muitos deles fundamentais para que o clube londrino se mantivesse na briga pelos títulos de Liga dos Campeões da Europa e Campeonato Inglês até o final. Além disso, Maanum foi eficiente realizando as principais movimentações que sua zona do gramado exigem.

Foram 11 as assistências durante o período, e com a jogadora se reinventando e passando a atuar numa função que lhe dava maior liberdade para aparecer na área adversária. Como a Noruega comandada por Hege Riise utiliza duas meio campistas caracterizadas pela frequente chegada ao ataque, Maanum é uma das maiores esperanças para lances de talento e criatividade e também de gols. Liberdade para avançar ela certamente terá – especialmente nesse Grupo A que não soa tão complicado.


Filipinas

Foto: AFC Media

Chegar até o mundial já é uma grande façanha para Filipinas. Ainda mais se considerarmos que a equipe deixou pelo caminho nada menos do que a Tailândia, seleção que parecia consolidada como a grande potência do Sudeste da Ásia e que vinha de duas participações consecutivas em Copas do Mundo. E tudo é fruto de um trabalho de continuidade e crescimento regular, já que no torneio continental de cinco anos atrás Filipinas havia conseguido um importante feito: vencer a dona da casa Jordânia na partida de abertura e conquistar seus primeiros pontos na Copa Asiática. 

Para 2022, com um novo comando, a equipe evoluiu mais um pouquinho. Muito desse sucesso é mérito do técnico Alen Stajcic, com passagem recente pelo time nacional da Austrália e responsável por agregar uma bagagem bastante interessante para as Filipinas. Um ponto que chamou a atenção durante a última Copa da Ásia e também no pós-competição foi o fato de a seleção quase sempre contar com atletas de qualidade no meio campo e buscar chegar ao ataque com jogadas trabalhadas. Ainda que no mundial a exigência seja maior, não devemos ver Filipinas somente se defendendo nessa primeira fase.

Outro fator que contribuiu muito para a histórica classificação foi o fato de o conjunto filipino agregar ao seu elenco atletas que nasceram em outros territórios mundo afora, mas possuem ligação familiar com o país oriental. Algumas delas corresponderam já no torneio continental, mas a Federação local não parou por aí. Para o time principal e também os de base, a entidade segue monitorando e também dando oportunidades para que novas jogadoras (especialmente das ligas escolares dos Estados Unidos) possam fazer parte do elenco.

Apesar de ter assumido o cargo apenas no final de 2021, Stajcic não pode reclamar de um possível tempo escasso para conhecer melhor o elenco. Isso porque, durante o período, a seleção de Filipinas teve mais de 30 partidas disputadas. Tempo suficiente para que o técnico fizesse um diagnóstico profundo sobre o elenco que tem em mãos (inclusive optando por não convocar certos nomes que pareciam consolidados no grupo) e também conseguisse colocar em prática seus ideias de jogo com esquemas táticos e também posturas nos momentos de posse de bola e marcação.

Ranking da FIFA: 46º Lugar.

Participações Anteriores em Copas do Mundo: Não Possui.

Alen Stajcic guiou Filipinas ao seu maior feito na história da modalidade. Um time organizado e que também tenta jogar com bola no pé é o que devemos assistir na Copa. Foto: Manila Bulletin

Técnico: Alen Stajcic (desde Outubro de 2021).

Convocação

Goleiras: 1-Olivia McDaniel (25 anos – 14/10/1997; Stallion Laguna), 18-Kaiya Jota (17 anos – 05/02/2006; Los Angeles Breakers-EUA), 22-Kiara Fontanilla (24 anos – 01/07/2000; Central Coast Mariners-AUS);

Laterais: 2-Malea Cesar (19 anos – 09/12/2003; Blacktown City-AUS), 13-Angela Beard (25 anos – 16/08/1997; Western United-AUS), 16-Sofia Harrison (24 anos – 16/02/1999; Werder Bremen-ALE), 17-Alicia Barker (25 anos – 22/05/1998; Pacific Northwest SC-EUA);

Zagueiras: 3-Jessika Cowart (23 anos – 30/10/1999; IFK Kalmar-SUE), 5-Hali Long (28 anos – 21/01/1995; Kaya–Iloilo), 19-Dominique Randle (28 anos – 10/12/1994; Þór/KA-ISL), 23-Reina Bonta (24 anos – 17/04/1999; Santos FC-BRA);

Volantes/Meio Campistas: 4-Jaclyn Sawicki (30 anos – 14/11/1992; Western United-AUS), 8-Sara Eggesvik (26 anos – 29/04/1997; KIL/Hemne-NOR), 12-Ryley Bugay (27 anos – 23/01/1996; FC Saarbrücken-ALE);

Meias/Pontas: 6-Tahnai Annis (35 anos – 20/06/1989; Þór/KA-ISL), 11-Anicka Castañeda (23 anos – 16/12/1999; Mt Druitt Town Rangers-AUS), 14-Meryll Serrano (26 anos – 20/07/1997; Stabæk-NOR), 20-Quinley Quezada (26 anos – 07/04/1997; Red Star Belgrade-SER), 21-Katrina Guillou (29 anos – 19/12/1993; Piteå IF-SUE);

Atacantes: 7-Sarina Bolden (28 anos – 30/06/1996; Western Sydney Wanderers-AUS), 9-Isabella Flanigan (18 anos – 22/02/2005; West Virginia Mountaineers-EUA), 15-Carleigh Frilles (21 anos –11/04/2002; Blacktown Spartans-AUS), 10-Chandler McDaniel (25 anos – 04/02/1998; Stallion Laguna).

Lista de Suplentes: Inna Palacios (GOL | 29 anos – 08/02/1994; Kaya–Iloilo), Maya Alcantara (ZAG | 22 anos – 22/07/2000; Georgetown Hoyas-EUA), Bella Pasion (MA/MC | 16 anos – 28/11/2006; Lebanon Trail High School-EUA).

Ausências Notáveis: Tara Shelton (LE – DLSU Lady Booters; opção técnica), Cathrine Buccat Graversen (LE – Sem Clube; opção técnica), Morgan Brown (ZAG – Sem Clube; opção técnica), Chantelle Maniti (ZAG – FNSW Institute-AUS; opção técnica), Kaya Hawkinson (VOL/ZAG – Central Coast Mariners-AUS; opção técnica), Jessica Miclat (VOL /MC – Eskilstuna United-SUE; opção técnica), Camille Rodriguez (MC/MA – Lords FA-IND; opção técnica), Sara Castañeda (MD – Sem Clube; opção técnica), Eva Madarang (ME/LD – Blacktown Spartans-AUS; opção técnica), Keanne Alamo (MD/AT – HSU Soccer-EUA; opção técnica), Alyssa Ube (MD – UP Fighting Maroons; opção técnica), Alisha del Campo (AT – Kaya FC; opção técnica), Karli White (AT – Sem Clube; opção técnica).

Time-Base:

Olivia McDaniel; Alicia Barker, Hali Long, Dominique Randle, Sofia Harrison; Quinley Quezada, Sara Eggesvik, Jaclyn Sawicki, Tahnai Annis ©; Sarina Bolden, Katrina Guillou.

Desde a chegada de Alen Stajcic, Filipinas adotou o 4-4-2. Essa formação ajuda principalmente as atletas de lado de campo, as maiores responsáveis pela organização dos lances de perigo da equipe.  Porém, nem sempre essas meias-laterais se caracterizam pela velocidade e o ataque à linha de fundo. Em um cenário ideal, quando o combinado asiático é considerado favorito ou a partida tende a ser mais equilibrada, Quinley Quezada e Katrina Guillou atuam juntas por ali.

A dupla acrescenta drible e maior rapidez nos movimentos em contra-ataque, além de ter maior fôlego para ajudar na marcação e realizar a recomposição defensiva. Praticamente pontas, em muitos momentos as duas jogadoras fazem com que a seleção atue num esquema semelhante ao 4-2-4. Anicka Castañeda (irmã mais jovem da barrada Sara) e Carleigh Frilles são opções muito interessantes, mantendo velocidade e jogo frequentemente ativo pelos lados.

O detalhe é que a utilização de duas atletas desse estilo auxilia na constante mudança de posicionamento entre meias-laterais e atacantes, o que confunde a marcação rival e faz com que as asiáticas tenham uma maior variação de movimentos no campo de ataque. Ter uma equipe com um bom fôlego para atacar e defender tende a ser importante para quem atuará na Copa do Mundo pensando primeiramente em marcar e fechar espaços do combinado adversário – ainda que não abdique do ataque nos momentos em que tiver a bola nos pés.

Carleigh Frilles é uma jogadora de ótima movimentação no setor de ataque, podendo atuar muitas vezes como meia-direita ou meia-esquerda. Foto: Angelo Rosales (Tiebreaker Times)

Porém, é muito provável que uma dessas meias-laterais seja escalada como atacante durante o mundial. No caso, como uma jogadora de movimentação e que comumente sai da área para buscar jogo nas pontas. Dessa forma, Stajcic busca adicionar uma meio campista de qualidade técnica para atuar no lado esquerdo. Neste cenário, quem ganha espaço no conjunto titular é a habilidosa Tahnai Annis, alternativa também para executar uma posição mais central do setor.

Ela não é rápida como os nomes mencionados anteriormente, mas acrescenta bastante ao time filipino em matéria de retenção de bola e criatividade. O detalhe é: embora ela comumente apareça pelos lados, seu movimento quase sempre tem a direção do centro. A alternativa direta a essa função é Meryll Serrano, que estreou na equipe nacional no final de 2022 e também é uma jogadora caracterizada principalmente pela habilidade com a bola nos pés. Seria ela a escolhida para a armação nos poucos momentos em que o time usou o 4-2-3-1.

Por se sentir confortável em jogadas de contra-ataque diante de duas seleções (Noruega a Suíça) que deverão buscar um jogo ofensivo e com a iniciativa dos ataques, o time asiático deve ir a campo com uma velocista ao lado de Sarina Bolden na frente. Essa pode ser Katrina Guillou, Anicka Castañeda, Quinley Quezada ou Carleigh Frilles, dependendo da opção feita pela comissão técnica. Outro ponto que pode favorecer Filipinas é fato de essas duas adversárias enfrentarem grandes problemas recentes em seus sistemas defensivos. Seja pela lentidão ou pelo posicionamento falho.

Katrina Guillou vem de ótimo 2022 e é uma das principais esperanças de Filipinas para conseguir algo a mais neste mundial. Foto: Philippines Football Federation

Contra a Nova Zelândia, a expectativa é por um confronto parelho na posse de bola. Ainda que a equipe da casa tenha a responsabilidade de atacar mais, é nítido que ela prefere explorar espaços defensivos do rival em velocidade. A já citada Sarina Bolden é o nome incontestável no ataque de Filipinas. De grande experiência internacional apesar dos 25 anos de idade, ela é o alvo principal para cruzamentos efetuados à área. Mas mais do que isso.

A atacante do Western Sydney Wanderers mostra sua importância também no momento da construção, já que eventualmente recua até a intermediária ofensiva na tentativa de aprimorar o andamento do jogo e também qualificar o passe em direção a uma das meias-laterais. Bolden teve como companheiras de ataque durante o ciclo a jovem Isabella Flanigan (de 17 anos) e também Carleigh Frilles. Que adicionam características diferentes ao time.

Caso a escolha seja pela primeira, a goleadora filipina tem uma maior liberdade de circulação, visto que Flanigan pode muito bem ocupar um posto de referência no ataque. Por outro lado, a escolha pela movediça Frilles tende a deixar a parceira Bolden guardando uma posição mais ao centro do ataque. Um nome que quebra essa linha de pensamento e surge como alternativa brusca à mudança de estilo do ataque filipino é Chandler McDaniel, de desempenho satisfatório na mais recente Copa da Ásia.

Quinley Quezada é mais um nome de destaque no setor ofensivo. Sua capacidade de drible e também a velocidade costumam ser uma boa forma de ataque por parte das filipinas. Foto: Philippines Football Federation

Essa se destaca pela força física e também pela presença de área, com seu 1,70cm servindo para que a seleção consiga prender mais a bola na frente e fuja de sua característica de movimentação intensa. O detalhe é que a atacante ficou praticamente um ano afastada dos gramados por conta de uma lesão ligamentar no joelho direito sofrida em Fevereiro de 2022. Havia até a dúvida se ela estaria na lista final, mas Stajcic não hesitou em momento algum. McDaniel é uma atleta que adiciona uma característica diferente ao ataque, e ela acabaria convocada.

A região central do campo proporcionou ganhos importantes ao técnico nessa reta final de ciclo e parece o setor mais fortalecido se compararmos os nomes atuais aos que disputaram o torneio asiático. Durante a competição continental, Jessica Miclat e Ryley Bugay formaram uma dupla de força física e que também se destacava ao sair para o jogo através da troca de passes e lançamentos quando preciso.

A última tinha as características de uma volante de marcação, e já foi escalada como zagueira em determinados momentos do ciclo. Já Miclat perdeu espaço no período pós-Copa da Ásia por conta de um problema de lesão e também em virtude dos estudos. Por isso, a sua ausência no mundial não chega a ser uma surpresa tão grande. De maior habilidade do que a parceira, ela era a meio campista que mais tentava se desprender à frente quando era necessário. Porém, a reposição encontrada pela comissão técnica seria das mais interessantes.

Sara Eggesvik foi uma das melhores novidades de Filipinas para essa reta final de ciclo. A meio campista se destaca demais nos passes e logo se tornou essencial no esquema nacional. Foto: Tiebreaker Times

As alternativas encontradas pela comissão técnica acabariam correspondendo muito bem nesses meses até a Copa do Mundo. Especialmente Sara Eggesvik, Jaclyn Sawicki e Kaya Hawkinson (essa, porém, acabaria sendo cortada). Vale relembrar que Meryll Serrano e Tahnai Annis são originalmente dessa região mais central do campo, ainda que na seleção atuem pelos lados ou até mesmo como uma meia-atacante. Assim, as duas podem ser opções para o setor com o passar do mundial.

Até por essa familiaridade com a posição, elas não teriam problemas de adaptação à função. Outro reforço de semelhante estilo foi Bella Pasion, que estreou na seleção no último mês de Abril tendo somente 16 anos. Entretanto, a concorrência era pesada e a jovem acabaria ficando somente na lista de suplentes. Destaquemos as demais duas jogadoras que receberam mais oportunidades após a classificação do país para a Copa do Mundo e viajaram para a disputa da competição.

Sara Eggesvik é uma meio campista de ótima qualidade no passe e que costuma recuar para fazer a saída de bola, recebendo-a das zagueiras. Desde que estreou, não apenas garantiu um posto na equipe titular como também se tornou um nome de importância gigante para a seleção asiática. Jaclyn Sawicki se caracteriza em especial pela qualidade técnica e a agilidade para se livrar de uma pressão adversária mais agressiva.

A capitã Tahnai Annis pode atuar como meia-esquerda (com características de centralização do jogo sempre que possível) ou como uma meio campista. Certo é que ela adiciona muito no aspecto técnico. Foto: AFC

Ela também acabou 2022 em alta e tem tudo para pelo menos iniciar o mundial como titular se estiver bem fisicamente. Ter as duas ao mesmo tempo significa que Filipinas dará uma atenção maior ao seu jogo com a bola nos pés. Eggesvik e Sawicki são os maiores exemplos dessa mudança de pensamento que a comissão técnica tem para o centro do campo, já que não são jogadoras marcadas pela força física e sim pelo que acrescentam ao time no aspecto técnico.

Já a ausente Kaya Hawkinson se notabilizou por ser uma meio campista mais defensiva. Ela se assemelha bastante à Ryley Bugay, já que também é utilizada como zagueira em certos momentos e se destaca por dar uma maior estatura ao centro do campo filipino. Para o mundial, Alen Stajcic acabaria optando por Bugay. O técnico, aliás, tem a alternativa de variar o esquema para o 4-1-4-1 se julgar conveniente, e podendo escolher (para atuar entre as linhas de defesa e meio campo) entre uma volante que preza por proteger as defensoras ou uma que tem como maior característica pensar melhor o jogo com a posse de bola.

E foi justamente esse setor de meio campo o mais visado para adições no plantel. Isso porque, mesmo com a classificação assegurada e um time que parecia organizado o suficiente para não ser saco de pancadas em uma Copa do Mundo, a seleção asiática continuou realizando muitos testes com atletas estadunidenses a fim de tornar o grupo mais forte. Dessa forma, Alan Stajcic foi convocando diferentes nomes à seleção nacional na medida em que esses foram aceitando os convites feitos pela Federação local.

Uma das jogadoras com maior experiência dentro da seleção, a zagueira Hali Long é uma liderança consolidada no conjunto filipino. Foto: George Calvelo (ABS)

As oportunidades vieram em amistosos e competições regionais como a Copa do Sudeste da Ásia e as etapas iniciais do qualificatório olímpico. Além, claro, das observações realizadas em treinamentos diários quando o calendário assim permitia. A ideia por parte da comissão técnica era observar o estilo de jogo que essas jogadoras possuem em seus respectivos clubes e notar onde cada uma delas acrescentaria qualidade ao esquema (priorizando o 4-4-2).

A própria Sara Eggesvik é fruto desse trabalho mais recente de observação, já que a talentosa meio campista chegou a defender equipes nacionais de base da Noruega antes de aceitar o convite de Filipinas. Além dela, Sawicki também representou outra nação em anos anteriores da carreira. No caso, a atual capitã do Western United (clube da anfitriã Austrália) jogou a Copa do Mundo Sub-20 de 2012 pelo Canadá.

A defesa parece estar bem encaminhada. Hali Long e Dominique Randle foram fundamentais para a histórica classificação e devem ser titulares no miolo de zaga. A primeira é uma grande referência da equipe e se destaca pelo bom posicionamento em lances aéreos e desarmes. Já sua parceira, também nascida nos Estados Unidos, acabaria se firmando pelo bom porte físico e a velocidade para recuperações.

Sofia Harrison foi uma das melhores laterais-esquerdas da última Copa da Ásia. A defensora efetua bons cruzamentos e ainda é destaque pelos arremessos longos a artir da linha lateral. Foto: Angelo Rosales (Tiebreaker Times)

Jessica Cowart, também utilizada como volante e mais uma atleta nascida no país da América do Norte, parece ser a reserva imediata para o posto. Porém, não podemos desconsiderar a possibilidade de as três aparecerem juntas para uma partida em específico. Essa formação foi testada em um amistoso contra a Costa Rica em 2022 e ajudou o time de Alen Stajcic a ter maior solidez defensiva diante de uma seleção que utiliza bastante os lados do campo para atacar.

Isso, aliás, é uma coisa que o time de Filipinas terá pela frente em seus três confrontos no Grupo A. Outras opções testadas no centro da defesa foram Reina Bonta e Maya Alcantara. Ambas agradaram bastante em suas tarefas defensivas e também no instante em que é necessário ter a bola nos pés e auxiliar a seleção na construção ofensiva. Maya acabaria ficando na lista de suplentes, enquanto Bonta parece ter convencido o treinador de sua importância também pelo que vem apresentando nesses primeiros meses com a camiseta do Santos.

Na lateral-esquerda, uma unanimidade. Sofia Harrison mostra boa qualidade nos cruzamentos e tem tudo para manter a titularidade após a grande Copa da Ásia que teve. A atual defensora do Werder Bremen é importante também quando efetua arremessos longos à área adversária a partir de cobranças de lateral. Uma alternativa das mais interessantes é Angela Beard, que chegou a defender a Austrália em amistosos, mas optaria por defender Filipinas às vésperas do mundial. Ela chegou a sofrer um problema no pé em meados de Abril, mas se recuperou a tempo.

Jessica Cowart é opção para o centro do campo e também para a zaga. Sua presença em campo dá maior poderio físico ao time, já que as volantes consideradas titulares não necessariamente são combativas. Foto: Philippines Football Federation

Outra garantia é Olivia McDaniel, goleira que se firmou apesar de a concorrência ser pesada no setor. O seu maior momento até com a camiseta de Filipinas deu-se no confronto contra Taipé Chinês, válido pela quartas de final do mais recente torneio continental. McDaniel defendeu dois pênaltis e marcou outro, garantindo sua seleção na Copa do Mundo. Olivia é irmã da atacante Chandler McDaniel, que também está na lista final para o mundial.

As boas opções para essa posição foram Kaiya Jota, Inna Palacios e Kiara Fontanilla, que também receberam oportunidades nos últimos anos. A atleta barrada na convocação final seria Palacios, o que causou certa surpresa. Isso pelo fato de Jota, de apenas 17 anos, ter somente uma atuação com a camiseta de Filipinas. A grande dúvida na linha defensiva está mesmo na lateral-direita. Que também teve um corte importante, já que Eva Madarang acabaria ficando de fora até mesmo da lista de suplentes.

Na seleção, ela costumava atuar ali ou em uma posição mais adiantada – como meia-esquerda, centralizando os movimentos e se aproximando da dupla de meio campistas. Com sua ausência, a comissão técnica conta com Alicia Barker e Malea Cesar como alternativas para esse posto na lateral-direita. Malea, de somente 19 anos, normalmente atua mais avançada em sua equipe e tem como maior característica a boa velocidade.

Olivia McDaniel garantiu a titularidade em uma posição tão concorrida no país graças especialmente ao seu rendimento na Copa da Ásia. Na ocasião, ela foi uma das mais regulares goleiras da competição. Foto: AFC

Mesmo com reforços importantes e um elenco bem mais encorpado, soa difícil pensar em uma classificação de Filipinas à fase decisiva. De qualquer maneira, é nítido que a diferença para as demais equipes do Grupo A já pareceu bem maior do que é atualmente. O time de Alan Stajcic fez um duelo muito equilibrado diante da Nova Zelândia no ano passado. Não era a equipe considerada a ideal das neozelandesas, é verdade, mas Filipinas mostrou organização defensiva, disposição e eficiência para lances em contra-ataques e aproveitou a única chance que criou.

Fisicamente, todavia, é uma seleção que sofre muito em duelos pelo alto. Tanto que a ideia primordial da comissão técnica ao reforçar Filipinas com jogadoras de dupla-cidadania atraídas do futebol estadunidense é justamente essa: encorpar o time que vai a campo e torna-lo competitivo também nesse aspecto. Em confrontos amistosos realizados na Europa no começo de 2023, Filipinas teve dificuldade quando enfrentou Gales (0x1), Escócia (1x2) e Islândia (0x5).

Esse último, um adversário que usa com grande frequência o jogo aéreo. De cara, dentro da Copa do Mundo, a equipe asiática terá testes contra Noruega e também um ataque neozelandês que provavelmente contará com Hannah Wilkinson, atleta de notável porte físico – além de defensoras que avançam bem em lances de bola parada. É algo a ser aprimorado se a equipe quiser ser competitiva em um cenário ainda mais complicado do que o da Copa da Ásia.

Sarina Bolden é uma arma importante em lances pelo alto, mas já mostrou ser bastante eficiente também quando deixa a área. Seus passes e a inteligência para achar espaços ajudam na construção dos ataques. Foto: AFC

Destaque – Sarina Bolden

Nascida na Califórnia, ela é o exemplo claro do trabalho feito no país para a captura de atletas pelo mundo afora. Com a experiência de ter atuado também nas ligas de Suécia, Japão e Taipé Chinês, Sarina Bolden é a maior esperança ofensiva de uma seleção de que busca surpreender as demais três adversárias deste Grupo A da Copa do Mundo.

E a importância dela vai muito além dos gols marcados, já que a atacante costuma participar bastante do jogo também no setor de meio campo, auxiliando na organização dos lances com bola trabalhada e também em desvios de cabeça para uma companheira mais rápida atacar o espaço entre as zagueiras ou nas costas delas.

Dentro da sua zona de finalização, a jogadora de 27 anos também mostra qualidade nos movimentos pelo alto, sendo um alvo importante quando cruzamentos efetuados pelas meias-laterais têm como destino a área adversária. Vale ressaltar que a atacante do Western Sydney Wanderers foi a autora do gol decisivo contra Taipé Chinês na disputa por pênaltis pós-empate por 1x1 no tempo normal. A cobrança dela foi a que confirmou a classificação de Filipinas para o primeiro mundial de futebol de sua história.


Suíça

Foto: Marly Darlington (Reuters)

As impressões deixadas nos confrontos diante das principais potências do continente europeu não foram das melhores. Especialmente quando nos referimos ao desempenho defensivo, com a Suíça saindo goleada de campo nos duelos ante Alemanha, Inglaterra e Países Baixos. Corrigir isso é a principal tarefa de Inka Grings, alemã anunciada na reta final do ano passado e que vai ter a sua primeira experiência comandando uma seleção.

Menos mal que o Grupo A parece bem acessível para as suíças, já que a chave tem uma favorita lógica que é a Noruega e duas seleções que não chegam exatamente como reais candidatas à classificação pelo que vêm apresentando. Dessa forma, aumentam as chances de o conjunto europeu repetir o desempenho de oito anos atrás, quando estreou em mundiais já conseguindo uma classificação para as oitavas de final. Tanto o jovem grupo da época tinha qualidade, que a ausência na Copa de 2019 foi uma surpresa.

Para ajudar a alcançar esse objetivo, jogadoras importantes daquela geração continuam sendo parte do elenco. Casos especialmente de Lia Wälti e Ana-Maria Crnogorčević, duas das maiores referências nacionais para o centro do campo e também do ataque. É incontestável que o time apresenta um estilo de jogo bastante ofensivo e interessante e já o fazia desde o momento em que Nils Nielsen era o encarregado de comandar a equipe.

O problema é achar um meio termo dentro dessa postura de buscar o ataque sem que isso sobrecarregue a linha defensiva. Por ter laterais acostumadas a avançar e um meio campo talentoso e que avança bem para construir e também finalizar jogadas, em muitos momentos a marcação deixa a desejar e os espaços a serem explorados pelos adversários surgem. Diante de seleções que preferem se fechar e buscar contra-ataques, a Suíça pode encontrar sérios problemas.

Ranking da FIFA: 20º Lugar.

Participações Anteriores em Copas do Mundo: 1/8 (2015).

Melhor Campanha: Oitavas de Final (2015).

Um dos principais nomes da história do futebol alemão, Inka Grings assumiu o comando da seleção vizinha após ótimo trabalho no FC Zürich. Foto: Switzerland Times

Técnico: Inka Grings (desde Novembro de 2022).

Convocação

Goleiras: 1-Gaëlle Thalmann (37 anos – 18/01/1986; Real Betis-ESP), 12-Livia Peng (21 anos – 14/03/2002; Levante UD-ESP), 21-Seraina Friedli (30 anos – 20/03/1993; FC Zürich);

Laterais: 3-Lara Marti (23 anos – 21/09/1999; Bayer Leverkusen-ALE), 5-Noelle Maritz (27 anos – 23/12/1995; Arsenal FC-ING), 8-Nadine Riesen (23 anos – 11/04/2000; FC Zürich), 19-Eseosa Aigbogun (30 anos – 23/05/1993; Paris FC-FRA);

Zagueiras: 2-Julia Stierli (26 anos – 03/04/1997; FC Zürich), 4-Laura Felber (21 anos – 17/08/2001; Servette FC), 15-Luana Bühler (27 anos – 28/04/1996; TSG Hoffenheim-ALE), 18-Viola Calligaris (27 anos – 17/03/1996; Paris Saint-Germain-FRA);

Volantes/Meio Campistas: 6-Géraldine Reuteler (24 anos – 21/04/1999; Eintracht Frankfurt-ALE), 13-Lia Wälti (30 anos – 19/04/1993; Arsenal FC-ING), 14-Marion Rey (24 anos – 01/03/1999; FC Zürich), 16-Sandrine Mauron (26 anos – 19/12/1996; Servette FC);

Armadoras: 11-Coumba Sow (28 anos – 27/08/1994; Servette FC), 17-Seraina Piubel (23 anos – 02/06/2000; FC Zürich);

Atacantes: 7-Amira Arfaoui (23 anos – 08/08/1999; Bayer Leverkusen-ALE), 9-Ana-Maria Crnogorčević (32 anos – 03/10/1990; FC Barcelona-ESP), 10-Ramona Bachmann (32 anos – 25/12/1990; Paris Saint-Germain-FRA), 20-Fabienne Humm (36 anos – 20/12/1986; FC Zürich),  22-Meriame Terchoun (27 anos – 27/05/1995; Dijon-FRA), 23-Alisha Lehmann (24 anos – 21/01/1999; Aston Villa-ING).

Lista de Suplentes: Não Divulgada.

Ausências Notáveis: Sally Julini (VOL/ZAG – Guingamp-FRA; lesão no ligamento cruzado anterior do joelho sofrida em Fevereiro de 2023), Svenja Fölmli (AT – SC Freiburg-ALE; lesão no ligamento cruzado anterior do joelho sofrida em Novembro de 2022), Iman Beney (MA/AT – Young Boys; lesão no ligamento cruzado anterior do joelho sofrida em Julho de 2023), Rachel Rinast (MC/LE - Grasshopper; aposentada da seleção em Abril de 2023), Riola Xhemaili (MA – VfL Wolfsburg-ALE; de problemas físicos às vésperas da Copa), Ella Touon (LE – SGS Essen-ALE; opção técnica), Alena Bienz (MA – FC Köln-ALE; opção técnica), Stefanie da Eira (AT – Sporting de Huelva-ESP; opção técnica).

Time-Base:

Gaëlle Thalmann; Noelle Maritz, Viola Calligaris, Julia Stierli, Eseosa Aigbogun; Géraldine Reuteler, Lia Wälti ©, Seraina Piubel; Coumba Sow; Ana-Maria Crnogorčević, Ramona Bachmann.

A Suíça chega ao mundial como a segunda melhor equipe do Grupo A tecnicamente falando. A facilidade da equipe para transitar entre diferentes esquemas dentro da mesma partida chama a atenção, bem como a qualidade técnica apresentada por praticamente todas as jogadoras do time titular. Esses dois aspectos colocam as europeias à frente das adversárias Nova Zelândia e Filipinas e em condições de complicar a vida das norueguesas no confronto direto.

Ainda que o período de Inka Grings no comando técnico tenha sido relativamente curto, foi possível notar sua preferência pelo 4-3-1-2. Entretanto, e até pelo que fora visto com Nils Nielsen poucos meses atrás, a Suíça não encontra dificuldades em atuar no 4-2-3-1 ou no 4-4-2. Tudo depende do adversário a ser enfrentado e de quem vai ocupar os papéis referenciais dentro de campo. Na região central, é certo que será Lia Wälti.

A volante do Arsenal segue sendo a maior referência suíça para a saída trabalhada com bola no pé desde a própria intermediária. Consequentemente, também é ela a meio campista com mais recurso técnico para escapar de uma pressão avançada do adversário com troca rápida de passes para a companheira mais próxima ou inversões de jogo. A capacidade de utilizar os dois pés quase com a mesma eficiência ajuda nesse trabalho de fugir de uma marcação individual mais agressiva.

Noelle Maritz costuma ter bastante liberdade para apoiar o ataque. O detalhe é que a atleta do Arsenal tem facilidade para atuar em qualquer lateral. Foto: Daniela Porcelli (SPP/JP)

Se pensarmos no 4-3-1-2, ela é a peça mais central do trio. Assim sendo, é Wälti também a principal encarregada de proteger as zagueiras. Pela qualidade e a tranquilidade que acrescenta ao time, ela é insubstituível. E é muito por conta disso que a lesão sofrida no tornozelo em Maio (vestindo a camiseta do clube inglês) abalou a torcida local. Menos mal que a craque acabaria se recuperando sem maiores problemas com o passar das semanas e estará 100% para o início da Copa.

Sua companheira na equipe londrina é outro destaque e um ótimo escape da Suíça pela lateral do campo. Trata-se de Noelle Maritz, uma das principais figuras do esquema montado por Nils Nielsen pelo lado direito do gramado. Porém, a comissão técnica capitaneada por Inka Grings a utilizou também pelo setor esquerdo, e abre essa possibilidade para a Copa do Mundo. Certo é que, em muitos momentos, Maritz tem toda a faixa do campo para apoiar e é presença constante nas proximidades da linha de fundo.

A utilização de mais duas meio campistas facilita esse desprendimento e faz com que a defensora chegue com bom espaço para efetuar cruzamentos à área. Caso sua utilização se dê pelo setor direito, ela é uma ótima companhia à experiente Ana-Maria Crnogorčević por ali. Por vezes uma meia-lateral (em um 4-4-2 ou 4-2-3-1), a atual jogadora do Barcelona parece ter recebido maior liberdade para atuar em uma zona perto da meta rival.

Em um time acostumado a atuar em diferente esquemas, é até difícil prever onde atuará Ana-Maria Crnogorčević. Fato é que a atleta do Barcelona é titular e uma das maiores esperanças da Suíça para o mundial. Foto: UEFA

Um provável motivo para que Inka Grings tenha alterado seu posicionamento na tática suíça é a facilidade que Crnogorčević tem de vencer duelos lances pelo alto. Até por conta disso, ela é um alvo natural para os lançamentos efetuados pelas laterais do campo e sempre se faz presente nos arredores do gol adversário. E, dependendo da escalação posta em campo, ela seria o nome de maior referência para as finalizações.

Isso porque as lesões tirariam a craque Ramona Bachmann dos duelos amistosos em Abril e também a atacante Svenja Fölmli de praticamente qualquer envolvimento desde o mês de Novembro por conta de uma grave lesão no joelho. A jovem jogadora do Freiburg retornou aos treinos às pressas em Junho e tentou até o fim buscar um lugarzinho na Copa do Mundo, mas não foi possível. É uma perda significativa para o ataque, visto o faro de gol demonstrado por Fölmli nos últimos anos.

A ausência de Ramona Bachmann na última data FIFA impediu que fosse vista de maneira mais clara onde e como ela será utilizada na nova formação suíça. Na era Nils Nielsen, a jogadora do Paris Saint-Germain muitas vezes atuou centralizada no ataque, ainda que sem ser exatamente uma atacante de ofício. Nesse caso, o esquema nos mostrava um 4-3-3, com rotineira variação para o 4-3-1-2 dependendo da movimentação exercida por Bachmann.

Ramona Bachmann é outro nome que pode desequilibrar no setor ofensivo. O que preocupa é a questão física, já que a jogadora perdeu alguns amistosos com a seleção em 2023. Foto: Marc Schumacher (Freshfocus)

Em confrontos maiores (como contra Alemanha, Itália e Inglaterra), a craque do setor ofensivo suíço permanecia mais adiantada para não precisar cumprir tarefas de marcação quando sua seleção não tinha a bola nos pés. Agora, Inka Grings parece querer tirar toda e qualquer responsabilidade defensiva de sua craque. Muito por conta disso, provavelmente veremos Bachmann atuando como parceira duma outra atacante ou atuando como meia-atacante e abastecendo essa dupla de frente.

No cenário onde a Suíça oferece maior liberdade para a estreia do PSG circular pelo campo, vai ser possível relembrar bons momentos do ciclo onde ela abandonava com frequência os arredores da área para buscar a bola entre as volantes. Isso libera o espaço perto da meta rival para uma companheira vinda de trás. Foi comum ver meio campista ou lateral aparecendo para concluir lances dentro da área após trama onde a camisa 10 estava em uma zona central do campo.

As alternativas durante o ciclo para o posto de atacantes que atuam mais próximas ao gol foram Alisha Lehmann e Fabienne Humm. Lehmann voltou a fazer parte do elenco principal com a troca no comando e tem facilidade para atuar pelos lados do campo, o que pode ser um diferencial para Inka Grings caso a opção seja por um 4-3-3 onde Bachmann atua pelo centro e tanto Crnogorčević quanto a jogadora do Aston Villa ocupe uma faixa mais próxima da lateral, atuando realmente como ponta.

Além de ter marcado o gol da classificação à Copa, a experiente Fabienne Humm foi a principal artilheira do FC Zürich no período em que Inka Grings comandava a equipe. Foto: Claudio Thoma (Freshfocus) 

Fabienne Humm e Meriame Terchoun são nomes de experiência e que servem para aumentar a movimentação na frente, colaborando com qualquer esquema desses mais prováveis de serem utilizados pela nova comissão técnica. Humm fez parte do plantel que disputou o mundial de 2015 e foi responsável por balançar as redes três vezes em quatro jogos realizados naquela competição. Ela terminaria a competição como um dos grandes destaques das europeias.

De quebra, foi a atacante de 36 anos a responsável por marcar o gol da classificação da Suíça para a atual Copa do Mundo. Isso no duelo contra Gales, vencido pela equipe dos Alpes pelo placar de 2x1 já na prorrogação. Fabienne Humm tem total confiança da comissão técnica, já que foi atleta e principal artilheira do FC Zürich no período em que Grings comandou o clube.

Nota-se que, por mais que Bachmann seja a mais completa jogadora para as opções ofensivas, existem nomes capazes de apresentar eficiência e desequilíbrio ao combinado suíço dentro de suas próprias características. Quando essa alternância de posições funciona e o time consegue espaço para jogar na intermediária adversária, a Suíça torna-se um time bastante agradável de assistir pelas ideias interessantes que apresenta.

Coumba Sow pode ser utilizada como volante pelo lado esquerdo ou armadora. De qualquer forma, ela adiciona ao time nacional uma ótima chegada à área adversária. Foto: Vlastimil Vacek (Imago)

Agora, se pensarmos a seleção de Inka Grings com a estrela do PSG atuando mais adiantada, o mais comum é a Suíça preferir uma armadora de ofício para esse papel criativo. O nome que despontava como o favorito para desempenhar essa tarefa era o de Riola Xhemaili, habilidosa atleta do Freiburg (onde era companheira de Svenja Fölmli) e que já está acertada com o poderoso e vice-campeão continental Wolfsburg para a próxima temporada.

Com apenas 20 anos de idade, a jogadora já apresenta uma qualidade enorme nos momentos onde é preciso dar um passe mais caprichado e também quando é momento de sua equipe ter mais a bola nos pés e tirar a velocidade do jogo. Entretanto, ela ficaria de fora do mundial por conta de problemas físicos. Pelo menos essa é a alegação oficial. Uma alternativa bastante comum para atuar por ali é a polivalente Coumba Sow, que pode ser encaixada também como uma volante pelo lado esquerdo.

Quando ela é escalada como meia-atacante, a Suíça torna-se mais perigosa em jogadas aéreas, já que Sow tem boa estatura para isso e é muito inteligente na tarefa de encontrar uma melhor colocação para finalizar. A grande prova são os seus nove gols marcados na eliminatória. Além disso, esse posicionamento mais ofensivo coloca a meio campista do Servette FC como a responsável por pressionar agressivamente a volante rival de maior qualidade para passes.

Seraina Piubel vem de ótima temporada no FC Zürich e tem tudo para ser uma das afirmações da Suíça na Copa do Mundo. Além do bom passe, ela se destaca quando aparece mais próxima do gol para finalizar. Foto: Imago

Ela cumpre, dessa forma, funções extremamente importantes para o conjunto europeu em diferentes cenários do jogo. Entretanto, e até pela concorrência pesada pelo posto de meia-atacante, a tendência é que Inka Grings a utilize como uma meio campista pelo lado esquerdo. Com papéis defensivos, mas também possuindo liberdade de avanço quando possível.

As novidades para o finalzinho do ciclo foram Alena Bienz e Seraina Piubel, de chamativas temporadas em FC Köln e FC Zürich respectivamente. A dupla já atuou em posições mais avançadas, mas, nesse esquema em losango proposto pela comissão técnica, seria alternativa para auxiliar Lia Wälti nos momentos defensivos e melhorar a qualidade na circulação de bola numa faixa central do gramado, tendo como direção o campo rival.

Bienz acabaria sendo cortada da Copa, já Piubel foi titular na partida diante da China ocupando justamente essa função e agradou a comissão técnica, acostumada a trabalhar com a atleta no Zürich. Outra opção surgida de última hora foi Iman Beney. De somente 16 anos, a jogadora do Young Boys chamou a atenção pelo que apresentou nas equipes de base da Suíça e participou do período de treinamentos da seleção no pré-Copa do Mundo.

Géraldine Reuteler é outra curinga da equipe. Quando preciso, ela atua em diferentes regiões do campo, e sempre mostrando qualidade nos avanços em velocidade e em matéria de disposição. Foto: Andy Müller (Freshfocus)

Beney agradou a ponto de conseguir um lugarzinho no concorrido setor de meio campo, especialmente nessa função mais ofensiva. Porém, no último dia 04 ela acabaria sendo cortada da lista por lesão nos ligamentos do joelho. Sua substituta seria Amira Arfaoui, atacante bastante móvel e que pode desequilibra também como meia por qualquer um dos lados. Dessa forma, a comissão técnica aproveitou a triste perda de uma meio campista para reforçar uma região diferente do campo.

No 4-3-1-2 ou no 4-3-3, as características exigidas especialmente para essa região de meio campo parecem encaixar melhor as atletas do elenco suíço. Lia Wälti, como já foi dito, é uma jogadora especial no esquema. Ela é o motorzinho da equipe e parece não ter uma real companheira para que se desse uma sequência ao 4-2-3-1 mais equilibrado. Todas as jogadoras citadas acima são meio campistas de qualidade técnica e que destacam com a posse de bola, não possuindo exatamente o estilo agressivo ou de fechamento de espaços.

Vale lembrar que as suíças não contam mais com Sandy Maendly, nome de experiência dentro da equipe nacional e que anunciou a aposentadoria ao final da última Eurocopa. Era ela quem comumente fazia companhia à Wälti nessa dupla de volantes devidamente montada por Nils Nielsen para avançar menos e equilibrar o avanço frequentes das laterais. Sem uma jogadora dessa característica, o jeito encontrado foi o de mudar a forma de montar o time.

Viola Calligaris pode atuar como lateral ou zagueira no conjunto nacional. Neste mês, a atleta acertou sua saída do futebol espanhol para defender o PSG. Foto: Imago

Se a disputa pelo lado canhoto está aberta, o lado direito tem em Géraldine Reuteler uma certeza. Destaque especialmente pelas transições em velocidade, ela é um nome dos mais importantes no esquema justamente por ser alternativa ao paciente toque de bola e ao avanço com mais jogadoras e de maneira mais organizada. Reuteler consegue se desprender desse tripé central e em muitos momentos busca os lados do campo para efetuar seus lances.

A alternativa com um estilo mais próximo é Marion Rey, meio campista que chegou a defender as seleções de base da França e optou pela Suíça desde o ano passado. Ela também é nome de confiança da comissão técnica, já que foi peça importante no Zürich em temporadas recentes. Todas elas, vale repetir, são atletas mais leves. A volante com mais "cara de volante" seria Malin Gut, talento que surgiu no mesmo clube e viria a se destacar com mais força no Grasshopper antes de conseguir uma transferência para o forte time do Arsenal.

Porém, uma séria lesão sofrida em Maio de 2021 prejudicaria totalmente sua carreira. Uma alternativa para a posição seria Sally Julini, mas a versátil jogadora do Guingamp (utilizada também como zagueira na seleção suíça) foi mais uma vítima das lesões de joelho no início deste ano. O nome de maior experiência é Sandrine Mauron, de boa rodagem na Liga da Alemanha e também na Eurocopa mais recente. Mas que costuma avançar também.

Outrora uma atacante, Eseosa Aigbogun se consolidou como lateral-esquerda da seleção. Pela natural ofensividade, porém, é bastante comum vê-la na intermediária de ataque. Foto: Imago

Assim, ela também gosta de jogar com a bola e costuma avançar ao campo rival quando a equipe tem a posse. Essa ausência de marcação na região central inviabiliza o 4-2-3-1 e favorece a ideia de um tripé que fecha espaços e também joga quando preciso. No caso, o 4-3-1-2 ou 4-3-3 testados com mais força por Inka Grings. A importância das meio campistas acontece especialmente na cobertura dos frequentes avanços das laterais.

O lado esquerdo tem em Eseosa Aigbogun uma grande opção para o apoio. Ela que despontou nas seleções de base como atacante e foi aos poucos recuando até vir a tornar uma alternativa das mais interessantes quando parte de trás, tendo espaço a percorrer. Buscar o equilíbrio nos avanços dela e de Noelle Maritz sem se expor totalmente atrás parece ser o maior desafio para as europeias.

Nadine Riesen e Lara Marti são opções para o lado canhoto, mas vale relembrar que Maritz foi testada por ali no período de Inka Grings. Neste cenário, quem fez a lateral pelo setor direito foi Viola Calligaris, polivalente defensora do Levante UD e recém-contratada pelo Paris Saint-Germain. Porém, sua característica de jogo é muito mais equilibrada, o que faz com que o conjunto sofra alguns ajustes quando ela é escalada por ali.

Gaëlle Thalmann deve fazer sua despedida da seleção suíça neste mundial. A goleira disputou a Eurocopa de 2022 e foi a titular também na Copa do Mundo de 2015. Foto: Keystone

No caso, a meio campista Géraldine Reuteler passa a ter maior liberdade para avançar, bem como a lateral escalada no lado inverso. O centro da defesa tem Calligaris, Luana Bühler, Julia Stierli e Laura Felber (surpresa na lista e vinda de ótima temporada no Servette) brigando por dois lugares. Todas elas se sentem confortáveis com a bola nos pés, o que facilita a saída trabalhada através de passes curtos e também serve como um desafogo de Lia Wälti caso a volante precise recuar a bola às zagueiras.

Uma ausência sentida é Sally Julini, como já fora dito. Por ser comumente uma volante, ela naturalmente tem mais qualidade nas conduções à frente e costumava se soltar bastante nos momentos em que a seleção tinha a posse de bola e precisava se impor diante de um rival que busca especialmente se defender. Já a meta suíça conta com a experientíssima Gaëlle Thalmann (de 37 anos) como a goleira titular em sua última grande competição com a equipe nacional. A ideia é que a jovem Livia Peng (de 21 anos e quem recebendo mais chances em 2023) assuma a meta após o mundial.

Remanescente da equipe de 2015, Lia Wälti é nome fundamental para o andamento da engrenagem suíça. A volante é quem normalmente inicia as jogadas com bola trabalhada desde a intermediária defensiva. Foto: Ennio Leanza (Keystone)

Destaque – Lia Wälti

Nome fundamental para o sucesso da seleção nacional, Wälti manteve-se em alto nível dentro do futebol europeu de clubes durante toda a última década. Primeiro na Alemanha, lugar onde vestiu a camisa do outrora poderoso Turbine Potsdam. E agora no inglês Arsenal, atuando num dos principais times do continente e que é candidato a quase todos os títulos que disputa.

Com mais de 100 partidas pela Suíça, ela é o verdadeiro termômetro da equipe e foi fundamental já na Copa do Mundo de 2015, quando as europeias fizeram sua estreia em mundiais femininos e avançaram até a fase final. Atualmente, com maior rodagem, a atleta alia à refinada qualidade técnica uma experiência em grandes competições internacionais. Wälti já foi zagueira, líbero e agora parece fixada como volante. Mas é fato que sua posição não é o mais importante.

O que a destaca mesmo é a função executada, já que a jogadora de 30 anos é a maior referência para iniciar a construção ofensiva. Seja em passes curtos ou lançamentos longos, ela faz a diferença. Ainda mais dentro de uma Suíça que usa muito a bola no chão e busca sair ao campo de frente com inteligência e também paciência. O que o time tem de melhor passa pela capitã Lia Wälti.

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