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Dez anos do maior feito da história do handebol brasileiro

A data de 22 de dezembro de 2013 representa um grande feito no esporte brasileiro - e arrisco dizer mundial. Pela primeira vez um país da América e pela segunda vez um país não-europeu venceu o Campeonato Mundial de handebol feminino: o Brasil composto por Bárbara Arenhart, Mayssa Pessoa, Fabiana Diniz, Alexandra Nascimento, Samira Rocha, Daniela Piedade, Fernanda da Silva, Ana Paula Rodrigues, Eduarda Amorim, Deborah Hannah, Deonise Cavaleiro, Mayara Moura, Mariana Costa Amanda de Andrade, Elaine Gomes e Karoline de Souza. A equipe era comandada pelo técnico Morten Soubak e sua comissão técnica.

(Foto: CBHb)

A seleção de handebol feminino do Brasil tinha pela frente um desafio enorme: uma final de campeonato mundial, um feito inédito, contra a seleção da Sérvia que sediava o mundial e reuniu quase 20 mil pessoas na Belgrado Arena, o maior público de um jogo de handebol na história até aquele momento.

E os sérvios, apaixonados pelo esporte que são, fizeram do ginásio um verdadeiro caldeirão, mas o foco das comandadas de Morten Soubak estava total em buscar esse título inédito. E os poucos torcedores brasileiros presentes no ginásio, alguns membros da torcida do chapolins marcaram presença em meio ao mar vermelho e azul para apoiar nossas jogadoras. No Brasil, a partida foi transmitida pelo Esporte Interativo (agora TNT Sports) e teve a narração emocionante de André Henning.



A trajetória brasileira na competição começou no Grupo B ao lado da Sérvia, Dinamarca, Japão, China e Argélia. Estreando contra o país africano, o Brasil venceu por 36x20. Contra a China, o placar foi a favor das brasileiras por 34x21. Com uma antecipação da final, vitória contra a Sérvia pr 25x23. Contra o Japão, vitória brasileira por 24x20. Terminando a primeira fase, as leoas derrotaram a Dinamarca por 23x18 e se classificaram em primeiro no grupo.

Nas oitavas de final, o Brasil enfrentou os Países Baixos (que foram garantir o primeiro título mundial em 2019). Com destaque para a armadora Ana Paula, a vitória veio por 29x23. Nas quartas de final, o desafio foi maior contra a Hungria, campeã mundial em 1965. O jogo foi para a prorrogação, terminando 26x26 no tempo normal. A ponta Alexandra Nascimento garantiu o Brasil na semifinal, a primeira vez que uma equipe não-europeia chegava a uma semifinal desde 2003, por 33x31.

Reecontrando uma rival da fase de grupos, o Brasil teve pela frente a Dinamarca na semifinal. Com o favoritismo por ter vencido o primeiro confronto, as brasileiras garantiram a vaga na final por 27x21. Do outro lado da chave, a Sérvia derrotava a Polônia por 24x18 e garantia sua primeira final em Mundiais.

Todas as estatísticas, teorias e até palpites garantiam um título para a Sérvia. Seja por estarem em casa, por ser uma seleção europeia e até por terem derrotado a grande Noruega nas quartas de final. Esses fatores foram essenciais para que o técnico Morten Soubak elaborasse um discurso motivador no vestiário brasileiro, com direito a medalha "falsa" para estimular as jogadoras. Veja como foram os momentos antes da final:

Começando com Babi Arenhart, Dara, Duda Amorim, Deonise, Ale Nascimento, Fernanda e Ana Paula, a seleção começou com sua melhor qualidade a todo vapor: a defesa forte que não deixa as adversárias respirarem. Babi fez grandes defesas e Fernanda marcou dois gols para deixar o Brasil na frente por 2 a 1 e em oito minutos, o Brasil vencia por 5 a 3, mesmo com Dara fora com suspensão de 2 minutos fora. 

Mas o Brasil teve seu pior momento ofensivo no jogo e com as bolas parando de entrar, a Sérvia virou o jogo por 6 a 5 e obrigou Morten a parar o jogo aos 12 minutos, mas a Sérvia continuou forte, chegando na metade do primeiro tempo vencendo por 8 a 6. Ana Paula diminuiu e o jogo ganhou protagonismo das defesas, com o placar ficando inalterado por alguns minutos até Alê Nascimento empatar em um tiro de sete metros.

Dragana Cvijić estava impossível no ataque e com o quinto gol no jogo, botou a Sérvia na frente de novo, mas sem conseguir abrir vantagem. A defesa brasileira controlando bem os ataques sérvios, o empate veio novamente com um golaço de Alê Nascimento, 10 a 10. E a virada brasileira veio novamente com Deborah Hannah pegando um rebote a cinco minutos do fim do primeiro tempo. Alê  em um tiro de sete metros abriu dois gols de vantagem, vantagem esta que permaneceu até o fim do primeiro tempo - 13 a 11.

No intervalo, a seleção manteve a tradição de não descer para os vestiários para perder esse clima de decisão e deu certo, o Brasil foi arrasador nos cinco primeiros minutos do segundo tempo, abrindo cinco gols de vantagem, com Duda Amorim (2) e Deonise. Com 16 a 11 no placar, parecia que o jogo começaria a se encaminhar, a Sérvia marcou três gols em cinco minutos e obrigou Morten Soubak a parar o jogo e pedir para as jogadoras evitarem a falta de concentração, e o Brasil apesar de todo o jogo brigado, continuou a controlar o jogo e mantendo a diferença de dois gols a 15 minutos do fim.

Soubak trocou Babi por Mayssa no gol e a mudança surtiu muito efeito, pois a Sérvia foi para o tudo ou nada para vencer o jogo e a goleira fez verdadeiros milagres debaixo das traves, brecando a reação sérvia o quanto pode. Mas a Sérvia acabou empatando o jogo a 4 minutos do fim e agora, quem errasse menos levaria esse título.

E logo após o empate sérvio, Dani Piedade na raça buscou um golaço para bota o Brasil na frente. mas Duda Amorim acabou levando punição de 2 minutos e em um momento crucial, a seleção estava com uma jogadora a menos. Lekic converteu o tiro de sete metros e o jogo ficou empatado novamente a 3 minutos do fim. 

Sem dar chance para falhas, Hannah, com 20 anos na época, fez linda jogada e colocou o Brasil na frente de novo. 2 minutos e meio para acabar. A seleção conseguiu se segurar uma a menos e assim que Duda voltou, Ana Paula acertou um foguete a um minuto do fim para fazer o vigésimo segundo gol brasileiro.

No desespero, a Sérvia tentou, mas Mayssa fechou a porta do gol brasileiro e após o pedido de tempo de Morten cobrando concentração total da equipe, foi só esperar o tempo passar para a vitória se concretizar e conquistarmos um título histórico: 22 a 20 Brasil, em verdadeiro 'Belgradazzo' calando um ginásio inteiro, com um silêncio quebrado pelos gritos e choro das brasileiras em quadra.

Duda Amorim foi eleita a melhor jogadora da competição e Bárbara Arenhart entrou na seleção da competição como a melhor goleira. Nas estatísticas, Babi ficou na quinta colocação com 42% de eficiência em defesas, dividindo a posição com a sérvia Katarina Tomašević. Alexandra Nascimento foi a segunda maior artilheira com 54 gols, ficando somente atrás da alemã Susann Muller com 62 gols.

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