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Olimpíadas, Paris, Tênis e Taylor Swift: uma hora com Laura Pigossi

De regata azul, Laura Pigossi vibra com ponto. Ela está usando saia branca e é loira com pele branca
Fotos: BJK Cup



*Entrevista feita por Carlo Saleme, Gabriel Sanches, Laura Leme e Nathan Raileanu.

Num começo de noite agradável em Barcelona, Chico Bento e Amora, dois poodles carinhosos, foram os coadjuvantes da entrevista exclusiva de Laura Pigossi, tenista medalhista de bronze em Tóquio-2020 nas duplas e campeã dos Jogos Pan Americanos de Santiago-2023 em simples, para o Surto Olímpico.

A paulistana de 29 anos, radicada na Espanha há quase 10, foi a convidada especial da última edição do SurtoCast – podcast disponível em todas as plataformas de áudio – para um bate-papo sobre a maior conquista de sua carreira - a medalha olímpica -, as expectativas para a disputa dos Jogos Olímpicos de Paris, seu momento atual, a transformação quando joga com a camisa do Brasil e muito mais – sobrou até tempo para mostrar as friendship bracelets, ou pulseiras da amizade, que confeccionou para ir ao show de Taylor Swift. Spoiler: você vai descobrir que a música é um dos maiores hobbies da atleta brasileira.


Além disso, Laura falou sobre as expectativas visando as Olímpiadas. Dessa vez com a vaga conquistada antecipadamente, Pigossi disse que está confiante para Paris.

Confira abaixo os principais destaques da entrevista de Laura Pigossi. Para ouvir a conversa completa, ouça o SurtoCast em seu tocador de áudio preferido, como o Sportify, para acessar é só clicar aqui


Classificada para sua segunda olimpíada, imaginamos que Paris será bem diferente de Tóquio para você. A vaga dessa vez veio com calma e com direito a medalha de ouro no Pan de Santiago, teremos a presença de torcida, e você chega como medalhista olímpica e não mais uma surpresa. Nesse sentido, como você se sente para estes jogos?

LP: Acho que essas Olimpíadas vão ser muito diferentes das Olimpíadas passadas. Eu não sei dizer como elas vão ser [no quesito de torcida], porque eu nunca participei de Olímpiada com público, com essa atmosfera [...]. Eu gosto muito, eu até cresço nessas situações. E comparado com as Olimpíadas de Tóquio, que eu entrei de última hora e foi tudo muito rápido. Eu não tinha nem ideia que eu estava inscrita, então eu recebi a notícia e, em quatro dias, eu já estava jogando. Em uma semana, eu já estava com uma medalha, foi uma loucura.

[Quanto à preparação] Acho que dessa vez, eu estava com um peso nas costas de querer me classificar de novo e pelos meus próprios esforços. Precisava me classificar e eu via o Pan Americano como uma oportunidade que eu ia deixar de jogar qualquer torneio para tentar me classificar por lá. Depois do Pan Americano, eu acho que tirei uns 50 kg das costas.

Considerando que Roland Garros será o palco dos jogos, como está seu planejamento para Paris pensando em torneios, na parte física, técnica e mental?

LP: O tênis é um pouco diferente das outras modalidades, a gente segue o nosso calendário normal de torneios e acaba tendo torneio toda semana. Mas eu, por exemplo, esse ano vou acabar esticando mais a temporada de saibro, não jogando muito na grama. Acho que vou jogar um torneio só, Wimbledon, ou talvez um torneio antes se realmente meu técnico quiser, mas por mim eu jogo só Wimbledon para poder realmente ficar mais no saibro e não ter que me adaptar de novo.


Você tem um ótimo desempenho quando veste o uniforme do Brasil seja em Olimpíadas/Pan ou Billie Jean King Cup. Há alguma coisa que explique a energia que você carrega quando tem a bandeira brasileira no uniforme? Você se sente confortável com a torcida a favor?


LP: Com certeza, eu acho que uma parte de mim para de jogar como Laura Pigossi e começa a jogar por um país inteiro. Onde eu não permito me colocar para baixo, não me permito não dar 100% em cada ponto, então é algo que eu realmente sinto muito nas minhas costas, mas não não é um peso, eu sinto orgulho. Até meu técnico brinca, você tem que jogar com a camiseta do Brasil embaixo da camiseta [normal] nos torneios, porque a diferença é realmente gritante, até a maneira como eu me apresento na quadra, mas é tipo eu realmente ser vista, né? Acho que assim seria a palavra.


Como foi o seu começo no tênis? Quando descobriu essa paixão e quando viu que ali era o seu lugar e sua profissão?


LP: Eu comecei a jogar quando eu tinha 6 anos de idade, no Clube Paulistano, que é meu clube até hoje. Comecei a jogar por causa do meu irmão mais velho. Tudo que ele fazia, eu queria fazer também para competir, ter essa rivalidade, e eu queria fazer melhor.

Comecei a jogar torneio Paulista quando eu tinha 9, 10 anos. Depois eu comecei a jogar torneio brasileiro e, quando eu tinha 12 anos, me mudei para uma academia de tênis, porque precisava ver os profissionais treinando para poder me espelhar neles e isso me ajudou bastante.


Acho que quando eu mudei para essa academia, tomei realmente a decisão de querer me tornar tenista profissional. E daí depois, quando eu tinha 15 anos, comecei a jogar torneios internacionais. Depois, com 21, me mudei para Europa para treinar em Barcelona, que, para mim, era o centro do tênis culturalmente e me ajudou muito.


Como enxerga o seu crescimento, tanto em nível de jogo, como em resultados, desde o bronze em Tóquio?

LP: Com certeza as Olimpíadas foram um diferencial na minha vida. Eu passei realmente a acreditar que eu também podia estar entre as melhores do mundo, não só de duplas, como individual, e depois das Olimpíadas, eu prometi que eu ia entrar nessas Olimpíadas de Paris pelos meus próprios esforços. Comecei a levar essa confiança para os torneios, para o dia a dia e acabei terminando o ano em 170º, joguei meu meu primeiro Grand Slam. A final no WTA 250 de Bogotá também foi uma virada de chave. Então eu precisava desse processo de me manter, passei a jogar torneios muito duros e esses torneios grandes era algo muito novo que eu também tinha que me adaptar.

É continuar treinando, continuar fazendo o trabalho do dia a dia que eu acho que esse é o mais importante pra seguir nessa mesma direção correta que eu tenho certeza que vai me levar onde eu quero chegar.

Como você enxerga a nova geração do tênis brasileiro, tanto no feminino, como no masculino? Como você analisa os motivos da base estar tão forte?

LP: Até aquece o coração, né? Porque é muito bom poder ver o tênis crescendo da maneira que está crescendo. Acho que as gerações menores precisavam dessa visibilidade, de acreditar que elas também poderiam conseguir uma medalha olímpica, fazer uma final de dupla de Grand Slams ou semifinal de Roland Garros, que nem fez a Bia. Eu acho que isso é o que realmente mais inspira você quando pequeno. A CBT (Confederação Brasileira de Tênis) está fazendo um trabalho incrível com a base e a gente com certeza vai ver isso daqui uns 5, 10 anos com a quantidade de tenistas que vão surgir graças a esses torneios que estão aparecendo.


Considerando o ótimo momento do tênis feminino brasileiro, vemos muitos pedidos de torneios nível WTA no Brasil. Como vocês atletas veem essa questão?

LP: Eu acho que a Confederação já faz um grande trabalho, eu acho que é tudo um crescimento, né? Do dia para noite a gente não consegue mudar o mundo, mas com certeza vem aumentando o número de torneios, principalmente os de base. Eu acho que também não se consegue fazer só torneios muito grandes, porque a gente acaba usando todo esse dinheiro em um só.


Então acho que as coisas vêm acontecendo pouco a pouco e, com certeza, daqui um, dois anos vamos ter muitos muito mais torneios e poder vivenciar momentos como do Ginásio do Ibirapuera [onde foi realizado a Billie Jean King Cup]. Eu gosto muito de poder ter esse contato com o público brasileiro, eu jogando em casa me sinto jogando no paraíso e, com certeza, se tivessem mais torneios eu provavelmente jogaria todos.


Como foi jogar o seu primeiro Grand Slam sendo Wimbledon?

LP: Foi uma sensação de realização. O meu Grand Slam favorito é Roland Garros, mas, para mim, Wimbledon sempre foi o mais autêntico, mais chique - as pessoas vão de terno - e poder estar participando, jogar naquelas quadras, sentir o ambiente foi sensacional.


Como está seu coração para essa edição de Roland Garros, já que no ano passado você bateu na trave no quali?

LP
: Eu acho que vai ser uma preparação bem bem interessante, né? Eu sempre tento deixar tudo de mim dentro da quadra e jogar com a maior energia, e com certeza não vai ser diferente.


A gente sabe que a vida do tenista é cheia de altos e baixos, e isso também impacta na questão financeira do tenista profissional. Você pode contar um pouco pra gente de como você se prepara para isso?


LP: Eu tenho patrocinadores que me ajudam e, depois da medalha olímpica, acabei tendo mais visibilidade. Porém, mesmo antes disso, o Banco BRB me ajudava, ele comprou esse meu sonho e acho que deu certo, ele vem me apoiando desde então para eu poder também ficar mais tranquila na quadra. Eu acho que quando você acaba conseguindo viajar com seu técnico tendo essa tranquilidade de só ter que se preocupar no seu calendário e no dentro de quadra em ter a melhor performance ajuda muito.


Você comentou que já mora fora do Brasil há muito tempo e como é isso na sua vida? Você já está acostumada a ficar mais longe da família?

LP: Para mim o que facilitou muito a minha vida, foi que o meu irmão veio morar em Barcelona antes de mim. Então ele veio um ano antes e quando eu vim ele já estava, depois veio a namorada dele morar aqui também, ela estudou comigo e a conheço desde que eu tenho 11 anos de idade, acaba sendo uma das minhas melhores amigas também.

Então para mim voltar para Barcelona significa voltar para casa, tenho esse sentimento de família. Então, podendo ter a sorte de ter um irmão, ter a mulher dele, tenho os dois cachorros (Chico Bento e Amora) acaba deixando tudo mais aconchegante.

Qual foi a sensação quando ganhou a medalha olímpica?

LP: Eu comecei a chorar, a primeira sensação foi de alívio, eu senti muito quando a gente perdeu a semifinal, com certeza foi uma das piores sensações que eu já senti na vida, parecia que tinham colocado uma faca no meu coração. E ter que me recuperar dessa dura derrota em 24 horas não foi fácil, até porque era o jogo mais importante da minha carreira, era literalmente tudo ou nada, e essa partida foi muito importante para o meu crescimento como pessoa e como atleta superando essas adversidades.

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