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Numa Olimpíada, não é apenas nos esportes coletivos e revezamentos que alguns nomes podem despontar durante as competições. O time de narradores olímpicos da Globo, sem Galvão Bueno, Cléber Machado ou Luis Roberto (o único que ainda o integrará) pela primeira vez em décadas ao longo desses dois dias iniciais do evento, deu conta da emoção necessária para tantas horas de grade em um evento tão gigante.
Com a ausência do trio que concentrou as medalhas brasileiras nas edições anteriores transmitidas pela Globo, todo o quinteto que passou pelos microfones do canal nessas primeiras 48 horas esteve com um espaço completamente inédito e maior em relação ao exercido em Olimpíadas passadas. Mas a missão foi coletivamente cumprida de uma forma surpreendente. No lugar de uma cautela que seria natural pela tensão, a equipe aproveitou o espaço para mostrar que pode permanecer em voos maiores.
Everaldo Marques foi o grande maestro desses dias. Se havia brilhado em Tóquio com esportes que surgiram no programa olímpico para o grande público já sob a sua voz, dessa vez também dominou transmissões de modalidades mais tradicionais. E encontrou o tom certo para conduzir frustrações na natação, esperanças na ginástica e uma montanha-russa de sentimentos no skate emprestando o seu carisma para contar as provas sem ultrapassar a linha em que se sobrepusesse aos eventos. No skate, aliás, vai se construindo uma história em que a modalidade fica cada vez mais associada com a sua performance. Na disputa final de Rayssa Leal, Everaldo foi essencial para equilibrar o tom do comentarista Geninho Amaral, que falava apenas para a sua comunidade, com o que era relevante para o Brasil como um todo. A Olimpíada, afinal, não destoa de nenhum outro evento ao nos envolver principalmente pela paixão despertada.
Uma paixão que não pode ser cega. E aí entra o destaque para Natália Lara, que soube acertar o tom da transmissão dos minutos finais do futebol feminino, quando o Brasil sofreu uma inacreditável virada para o Japão já nos acréscimos. Sem poupar o time das justas críticas, ela mostrou como já se sente à vontade na função na maior das vitrines, o que também ficou evidenciado nos flashes das diferentes modalidades que conduziu em outros horários.
No vôlei, Gustavo Villani aliviou um pouco mais para o fracasso inicial da equipe masculina contra a Itália. A transmissão contemporizou excessivamente o momento delicado dos comandados de Bernardinho, normalizando uma estreia negativa que não acontecia há 28 anos. Mas no saldo pessoal das exibições, que contemplou também diversas partidas dos brasileiros nas quadras de areia, Villani mostrou que se adaptou tecnicamente ao esporte com as experiências no SporTV.
Também saem ainda maiores desse final de semana os narradores Rogério Corrêa e
Rembrandt Júnior. Acionados constantemente durante provas simultâneas, ambos cumpriram com louvor a função de permitir que cada profissional possa ter o foco completo em apenas uma modalidade por vez, algo essencial para maximizar o envolvimento dele e do público com aquela ocasião. E mais do que o papel tático, também entregaram técnica para valorizar cada oportunidade.
Talvez ajudados pela ausência do futebol masculino, mas o fato é que esse primeiro fim de semana olímpico permitiu que não se sentisse falta de nenhum outro narrador diante do desempenho da equipe inicial. Resta torcer para que todos possam ter a mesma sorte de Everaldo Marques e Rogério Corrêa e possam estar gravados na memória nacional com a conquista de medalhas pelo Brasil.
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