Narração: Luis Felipe Freitas, Raony Pacheco, Marcelo Hazan, Leticia Macedo, Felipe Leite e Rômulo Mendonça
Comentaristas: Juliana Cabral/Belle Suarez (futebol feminino), Luis Folha/Guilherme Beltrão (futebol masculino), Serginho (vôlei masculino), Virna (vôlei feminino), Janeth (basquete feminino), Fernando Medeiros/Felipe Motta/ Ricardo Bulgarelli (basquete masculino), André Domingos/Rosângela Santos (atletismo), Alexandre Pussieldi (natação), Flávio Canto (judô), Bia e Branca Feres (nado sincronizado) e Andrea João (ginástica artística,)
Apresentação: Day Natale
Participação: Casimiro Miguel, Guilherme Beltrão, Fernanda Gentil, Bruna Dealtry, João Barreto e Diogo Defante
Era uma vez uma empresa de mídia e marketing esportivo, a Livemode, fundada e dirigida por Edgar Diniz e Sérgio Lopes, ambos empresários egressos da experiência vitoriosa no comando do Esporte Interativo, até a venda à Warner. Com uma ideia básica norteando os projetos na área do esporte – “o futuro é digital”, a televisão poderá até continuar mas nunca mais será única na transmissão de eventos esportivos -, a Livemode encontrou guarida e parceria num nome que se fez notar de uma maneira amadora, no melhor sentido possível. Um nome de internet que só ganhou fama por ter espontaneidade à toda prova: Casimiro Miguel, que partiu de ser só um “gordola” carioca que reagia às preparações de suculentas lancheiras internet afora, ou das obrasdo apartamento vizinho ao seu, num prédio no bairro carioca de Santa Teresa, para se tornar um dos nomes mais conhecidos da internet do Brasil. Talvez até fora da internet.
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Unir a espontaneidade e a informalidade sinceras de “Cazé” à capacidade da Livemode para se antecipar aos novos cenários de transmissões esportivas foi unir a fome à vontade de comer. Mais do que isso: foi abrir caminho para um nicho de audiência que andava doido para encontrar um jeito de exibir esportes com um ar mais jovial, mais brincalhão (para alguns, brincalhão até demais). Com concorrentes como o Grupo Globo tirando o pé do acelerador em investimentos esportivos, a Livemode começa a investir para público nenhum botar defeito. Bastou o conglomerado de mídia da família Marinho abrir mão de exclusividade nos direitos digitais para transmitir a Copa de 2022, no futebol, para a empresa de Edgar Diniz e Sérgio Lopes aproveitar a janela. Aproveitou mais ainda ao comprar o pacote completo de transmissões da Copa do Mundo feminina, no ano passado. E com o Grupo Globo sedento de um parceiro que pudesse minorar o prejuízo que se terá com os gastos na transmissão dos JogosOlímpicos de 2024, o interesse da Cazé TV caiu do céu.
E não caiu do céu só para Globo/SporTV, não. Caiu do céu para comprovar que o canal de YouTube não pensa em esportes olímpicos só de improviso, como aparentou nos primeiros momentos de exibição dos Jogos Pan-Americanos do ano passado (as primeiras semanas da cobertura foram criticadas por quem acompanha esportes olímpicos a fundo, por haver mais ufanismo e menos profundidade). Caiu do céu, até, para que a Livemode se valesse de seu “rosto público”, Casimiro Miguel – não por outra razão o canal se chama Cazé TV, e não Livemode Sports ou coisa parecida -, para fazer um vídeo dos mais espirituosos e anunciar, em novembro do ano passado, a exibição dos Jogos Olímpicos.
No vídeo, além de Casimiro, aparecia o outro símbolo da Cazé TV: Luis Felipe Freitas. “Luisinho” já era um nome que construía sua carreira de narrador nas transmissões de futebol (e NBA também) pela TNT Sports – e mesmo antes, nos tempos de Esporte Interativo. Ao mesmo tempo, no canal de Casimiro – seu amigo pessoal - na Twitch, Luis Felipe costumava aparecer na paródia gozadora das madrugadas que o “gordola” costumava fazer, a “Rede Gordo”. Quando a brincadeira da Cazé TV ficaria séria, no segundo semestre de 2022, Luis foi chamado para ser o narrador principal. Apostou, acertou (seu trabalho na Copa de 2022 já foi elogiado) e se deu bem: será dele a voz dos eventos mais importantes dos Jogos Olímpicos.
Conforme a Cazé TV foi crescendo, mais nomes saíram ganhando. Como Fernanda Gentil: com a perda de espaço desde que passou do esporte para o entretenimento na TV Globo, a apresentadora carioca enfim deixou o grupo da família Marinho. Para virar convidada habitual das grandes coberturas da Cazé TV, podendo voltar ao esporte sem deixar de lado o direito à informalidade que já conquistara nos tempos de Globo. Ou então, Raony Pacheco: o paulistano tinha trajetória costumeira em vários canais aqui e ali – Nsports, o Paulistão Play (canal da Federação Paulista de Futebol no YouTube) -, até receber a aposta da Cazé TV. Assim como Leticia Macedo, que teve trajetória parecida à de Raony.
Mas transmitir Jogos Olímpicos era um salto maior. E a Cazé TV decidiu se fortalecer para ele. Em primeiro lugar, com dois “embaixadores” que vieram de primeira hora, ainda em 2023: Serginho e Virna. Coube aos dois egressos do vôlei iniciarem uma “mesa-redonda olímpica”, com a presença preferencial de atletas, contando e contando suas experiências. “A Mesa” começou com os dois, para trazer uma miríade de atletas olímpicos ao longo dos primeiros meses de 2024: Tamires, Giovane, Fabiana Murer, Mafê Costa, Giovane... nada de debates seriosos, apenas uma troca de vivências olímpicas.
Muitos desses nomes presentes n’A Mesa voltariam para a cobertura olímpica da Cazé TV – como Juliana Cabral, comentarista preferencial nos jogos da Copa do Mundo feminina, que tinha no canal um espaço maior, após muito tempo tentando em outros veículos (mais precisamente, na Rádio Globo e nos canais ESPN). Mas seria em outro grande evento mostrado parcialmente, a Euro 2024 de futebol, que a Cazé TV exibiria com mais profundidade sua preparação e seus contratados. O primeiro deles, alguém cujo retorno aos Jogos Olímpicos era por demais esperado: Rômulo Mendonça. Desde 2023 no Amazon Prime, o narrador mineiro seria “emprestado” e voltaria a ter a possibilidade de dar voz às “lambisgoias” e “sirigaitas” que haviam feito sua fama no vôlei (como esquecer as transmissões pela ESPN, no Rio-2016?) e, principalmente, no basquete.
A cada jogo da Euro exibido, Casimiro “rasgava” um pacote de “figurinhas”, no qual havia uma novidade a ser compartilhada para a cobertura olímpica. E elas vinham de experiências anteriores. Janeth Arcain, que dispensa apresentações quase tanto a dupla Paula-Hortência, foi anunciada como comentarista do basquete feminino; Flávio Canto, após três Jogos Olímpicos no SporTV, veio para ser o nome a analisar o judô; oito anos após figurar pela Bandeirantes no Rio-2016, André Domingos analisará o atletismo; dos mais elogiados comentaristas de natação, Alexandre Pussieldi enfim matará as saudades dos admiradores, que voltarão a ouvir o “Coach Pussieldi” sobre o que ocorre na natação nos Jogos.
Tudo isso, sem contar nomes que vieram antes, para ajudar a erguer uma Cazé TV que ainda se consolida: a carioca Belle Suarez, Guilherme Beltrão (como Casimiro recusaria espaço a “Belts”, seu amigo particular, amante de esportes, exultante por comentar a Eurocopa e a NFL que virá no canal?), Diogo Defante (sempre a postos para ser um “repórter humorístico” a fazer piadas com os transeuntes e torcedores, direto dos locais de disputa). Porque, se a TV Globo – e o Grupo Globo de modo geral, talvez a televisão de modo geral – mantêm uma proximidade maior de um outro tipo de público, a Cazé TV ganha cada vez mais a prioridade de uma geração mais jovem. Ou de qualquer pessoa, de qualquer faixa etária, que tenha no esporte um entretenimento, acima de tudo.
Caberá à emissora passar pelos Jogos Olímpicos mostrando capacidade para eles, e autocrítica para corrigir eventuais erros. E, parafraseando a prosódia de Casimiro: “mermão”, ela tem capacidade para isso, ‘tá?” Afinal de contas, quando se trata de um jeito mais antenado com os tempos atuais, falar da Cazé TV é “estar falando com a elite”. Ela vai “meter essa” e transmitir Paris-2024. É a internet, enfim, entrando de vez na transmissão brasileira olímpica. “Serinho”.
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