*Por Felipe Santos Souza
Narração: Luis Roberto, Everaldo Marques, Natália Lara, Gustavo Villani e Rogério Correa
Comentaristas: Fabi e Paula Pequeno (vôlei feminino), Ana Thaís Matos/Caio, Aline Callandrini e Cristiane (futebol feminino), Nalbert (vôlei masculino), Letícia Bufoni (skate), Ítalo Ferreira (surfe), Bruno Fratus (natação), Daiane dos Santos/Diego Hypólito (ginástica artística), Emanuel (vôlei de praia), Luca Kumahara (tênis de mesa), Fernando Fernandes (canoagem de velocidade), Acelino e Cristiane (futebol)
Repórteres: Guilherme Pereira, Marcelo Courrege, Pedro Bassan, Karine Alves
Apresentação: Tadeu Schmidt, Bárbara Coelho, Luiz Teixeira, Tiago Medeiros, Alex Escobar e Felipe Andreoli
Participação: Galvão Bueno, Fernanda Garay e Marcelo Adnet
A TV Globo chega a Paris-2024 mudada como poucas vezes – talvez nunca – em seus 59 anos de história. Mesmo que o faturamento do conglomerado de mídia da família Marinho siga generoso, mesmo que o domínio de audiência na televisão brasileira siga inquestionável (longe de ser massivo como em décadas anteriores, que não tinham as “multitelas” como hoje, mas segue), o foco do Grupo Globo cada vez mais se divide entre manter o domínio em tevê e continuar mantendo as operações financeiramente saudáveis no Globoplay, o serviço de streaming do conglomerado – de audiência fiel e número de assinantes alto, é verdade, mas diante de uma tremenda concorrência vinda de fora (Max, Disney+, Netflix etc.).
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Sendo assim, se mesmo na teledramaturgia, seu forte histórico, a Globo cada vez mais deixa no passado conceitos como ter um grande elenco de atores e atrizes... por quê não seria assim nas grandes coberturas esportivas, diante da saída recente de nomes históricos como Marcos Uchôa e Cléber Machado? O caminho econômico visto na cobertura dos Jogos de Tóquio, até por força das circunstâncias, seguirá em Paris. Se as viagens terão um pouco menos de restrições do que nos tempos de pandemia vividos há três anos, isso não significa que uma massa de globais estará nos trabalhos na cidade-sede olímpica. Embora alguns narradores e alguns comentaristas tenham passagem garantida em terras parisienses, a constância maior será de repórteres e participantes especiais entre os 65 enviados globais a Paris. E a união com o “filhote esportivo” SporTV será vista aqui e ali, como já é há alguns anos.
Um fator que deixa clara a contenção de gastos até onde seja possível, na cobertura global, é a adoção repetida de um “pedaço de Paris na Globo”: novamente, um estúdio na sede do Jardim Botânico carioca será o centro nervoso dos trabalhos entre 24 de julho (data da estreia do Brasil no futebol feminino, sempre antes da abertura) e 11 de agosto. Sim, ele será envidraçado; sim, ele contará com câmeras e realidade aumentada 24h por dia mostrando uma imagem panorâmica de Paris, como se estivesse dentro da Torre Eiffel; ainda assim, locutores e comentaristas trabalharão mais do Rio de Janeiro do que da capital francesa.
O estúdio que centralizará a cobertura da TV Globo nos Jogos Olímpicos de 2024: novamente, mesmo no Rio de Janeiro, se colocando “dentro” da cidade-sede (Divulgação/TV Globo)
Só que desta vez, alguns narradores e comentaristas terão alguns dias de vivência em Paris. É o caso da voz que mais aparecerá nas transmissões olímpicas da Globo: claro, Luis Roberto. Já fazia alguns anos que o paulistano – criado em São João da Boa Vista, no mesmo estado – se credenciava como narrador para simbolizar o esporte no canal, com o fim da trajetória de Galvão Bueno como locutor. Com a saída de Cléber Machado, isso se confirmou. E Luis estará no Rio Sena, no próximo dia 26, para a cerimônia de abertura, voltando logo depois ao Brasil para narrar as principais competições olímpicas dos estúdios.
Mas Luis terá a seu lado na abertura um nome eterno quando se pensa em esporte na TV Globo. Um nome que “saiu” dela, sem nunca sair: Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno. É verdade que seu contrato com a emissora dos Marinho só vai até o fim deste ano. É verdade que, desde sua última narração na emissora (a final da Copa de 2022 no futebol), Galvão se divide mais entre televisão e os trabalhos em seus perfis nas mídias sociais – X, Instagram, YouTube. É verdade também que Galvão não ficará só na Globo em seus trabalhos em Paris: participará das produções próprias do Time Brasil (que tem na Globo uma parceira de mídia), junto a velhos colegas de coberturas antigas que agora seguem caminhos próprios, como Fátima Bernardes e Marcos Uchôa. Ainda assim, Galvão comentará a cerimônia de abertura ao lado de Luis Roberto. Tem espaço garantido nas séries pré-Jogos, como a “Olha o que eu narrei”, exibida em semanas recentes no Esporte Espetacular, em que rememora grandes momentos olímpicos que tiveram sua voz, ao lado dos protagonistas deles. E Galvão terá espaço durante os Jogos para uma crônica diária sobre o que viu de mais importante: “Olha o que ele viu”.
O “Olha o que ele viu” será mais um quadro a fazer parte do programa que arrematará a cobertura olímpica da Globo: a Central Olímpica. Exibida todos os dias, após Renascer (a novela atual das 21h), essa “central” marcará a volta de Tadeu Schmidt às apresentações esportivas, após a migração para o entretenimento por meio do Big Brother Brasil. Tadeu terá a seu lado na apresentação uma personagem com experiência olímpica: Fernanda Garay, ouro no vôlei feminino em Londres-2012, também teve sua série para apresentar no Esporte Espetacular (“Brasil que vale ouro”, em que se experimentava em vários esportes), antes de dividir a apresentação da Central Olímpica com Tadeu Schmidt. Que, “inspirador” dos “cavalinhos do Fantástico” que acompanham o Campeonato Brasileiro de futebol – atualmente ao lado de Alex Escobar -, terá um “mascote olímpico” a seu lado. Pois é: 24 anos depois do canguru “Zé do Pulo” em Sydney-2000, a Globo terá um animalzinho em sua cobertura. O minifelino “Petit Gatô” (sacou o trocadilho?), com roupas e sotaque francês, aparecerá costumeiramente ao lado de Tadeu na Central Olímpica. Em outro quadro, Marcelo Adnet – em volta temporária à Globo, após o fim do contrato no ano passado – repetirá quadros humorísticos sobre o que será visto em Paris.
Tadeu Schmidt voltará a apresentar programas de esporte na Globo com a “Central Olímpica”...
... tendo a seu lado o “Petit Gatô”, um novo mascote olímpico global (Divulgação/TV Globo)
No mais, a Globo fará o de sempre em coberturas olímpicas: se dividirá entre nomes conhecidos há muito em suas coberturas e novidades. Do primeiro lado, estarão narradores e comentaristas. Se eram recém-chegados em Tóquio-2020+1 (ainda que tendo destaque ao longo da cobertura), Everaldo Marques e Natália Lara agora estão firmados, estarão na Globo, também darão voz às competições olímpicas somente na “emissora-mãe”, sem divisões com o SporTV. Everaldo, usando e abusando de sua versatilidade; Natália, sendo a locutora principal da campanha da seleção feminina no futebol.
Além deles, Gustavo Villani voltará a ter uma experiência olímpica para valer, oito anos após ser uma das vozes do FOX Sports no Rio-2016. Se ficou mais focado nos campeonatos de futebol pelo SporTV há três anos, agora Villani está mais acostumado aos esportes olímpicos (vale lembrar: narrou o pré-olímpico de vôlei masculino pelo SporTV), e será constantemente acionado nos Jogos pela Globo. Assim como Rogério Correa: o narrador mineiro, já experiente de outras coberturas, também ficou do lado global na divisão com o SporTV.
Gustavo Villani voltando a ter uma experiência olímpica mais forte, Luis Roberto como o principal veterano, Natália Lara e Everaldo Marques consolidando seus espaços, Rogério Correa como outra presença experiente: eles serão as vozes da Globo em Paris-2024 (Instagram/Rogério Correa)
Nos comentários, a divisão segue. Alguns deles são nomes conhecidos de quem acompanhe esporte no Grupo Globo – e não só na “mamãe”: Fabi no vôlei feminino (tendo agora Paula Pequeno a seu lado), Nalbert no vôlei masculino, Emanuel no vôlei de praia, Daiane dos Santos – que estará em Paris na transmissão da abertura, ao lado de Luis Roberto e Galvão Bueno – e Diego Hypólito na ginástica artística, Acelino “Popó” Freitas no boxe, Caio e Ana Thaís Matos no futebol feminino, e por aí vai.
Outros, no entanto, serão novidades tão recentes que, em Tóquio, foram os nomes celebrados pelas medalhas que conquistaram. E agora, irão das disputas para os estúdios globais no Rio de Janeiro. Bruno Fratus, bronze nos 50m livres da natação masculina há três anos? As lesões o impediram de tentar outra medalha, mas não de ser o comentarista da natação na Globo. Ítalo Ferreira, dono do primeiro ouro brasileiro em Tóquio? Comentará o surfe, no Taiti, pela Globo. Letícia Bufoni, presente nas competições do skate nos Jogos passados? Comentará o skate na Globo.
Entre os repórteres – formando 16 equipes de reportagem, entre Paris, cidades próximas e o Taiti, no caso do surfe olímpico -, de novo, experiências e novidades. Já com generosa experiência internacional, Guilherme Pereira puxa a fila do reportariado global, estando em Paris para acompanhar os preparativos desde o ano passado (e os acompanhando em reportagens e mais reportagens nos noticiosos de sempre, Globo Esporte e Esporte Espetacular). Ao lado dele, mais nomes com outros Jogos Olímpicos no currículo, como Marcelo Courrege e Pedro Bassan. Acumulando reportagens e apresentações, estarão Bárbara Coelho, Karine Alves (que fará um quadro acompanhando o ambiente dos locais de competição na Central Olímpica) e Tiago Medeiros (também na Central Olímpica, mas ao lado de familiares dos atletas brasileiros). E somente apresentando, como sempre, os dois titulares do Globo Esporte, Alex Escobar e Felipe Andreoli, que abrirão numa edição nacional os preparativos para as transmissões olímpicas de segunda a sexta.
E finalmente, a grande aposta global das reportagens em Paris: Luiz Teixeira. Experiente e escolado no improviso ao vivo, pelos tempos na rádio Band News, o paulistano também aprovou nas oportunidades apresentando a edição paulista do Globo Esporte, o Tá On (noticiário do SporTV na hora do almoço, focado em tópicos quentes nas mídias sociais) e também sendo o representante paulista no Redação SporTV. Bastou para que Luiz fosse destacado para ser o nome a aparecer bastante em blocos olímpicos dos noticiosos da Globo, esportivos ou não, informando o que acontecer nas competições.
Luiz Teixeira será um repórter a aparecer bastante na cobertura da Globo em Paris-2024 (Divulgação/TV Globo)
Pode até ser uma cobertura menos luxuosa do que em outras épocas. Ainda assim, a Globo dará destaque inegável aos Jogos Olímpicos em sua programação: promete 400h de imagens ao vivo, até deslocando as exibições dos jogos do Campeonato Brasileiro de futebol para as 21h30 de sábado, liberando as tardes de domingo para disputas olímpicas. E considerando que o “filhote esportivo” SporTV e o Globoplay são outras janelas a ajudar, a Globo nem precisa se preocupar com audiência. Bem, talvez só com o prejuízo que terá ao exibir sozinha os Jogos na televisão aberta...
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