*Por Eduardo Gigante
FICHA TÉCNICA
Local de disputa: Velódromo de Saint-Quentin-en-Yvelines
Período: 01/08 a 02/08
Número de países participantes: 22
Total de atletas: 48 (24 homens e 24 mulheres)
Brasil: Paôla Reis (feminino)
HISTÓRICO
O ciclismo bicicross, mais conhecido como BMX, surgiu nos Países Baixos em 1958, embora tenha se popularizado no fim da década de 60 e 70, no estado estadunidense da Califórnia, Estados Unidos. A versão motorizada foi a grande inspiração para surgir a competição sem motores. Por ser um esporte de baixo custo e com muita fama, foi criada a Federação Internacional de BMX em 1981.
Assim como outros esportes radicais que entraram no programa olímpico, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou em junho de 2003 que o bicicross entraria nas Olimpíadas de Pequim em 2008, já com competições masculinas e femininas.
Nas duas primeiras edições, o astro lituano Maris Strombergs conquistou o ouro olímpico entre os homens. Em Pequim, foi veloz desde a qualificatória e confirmou o favoritismo com o tempo de 36.190. Já em Londres-2012 quase ficou de fora na semifinal, ficando abaixo do desempenho apresentado quatro anos antes. Na final, assumiu a liderança e mesmo pressionado por Sam Willoughby (AUS), conquistou o bi olímpico.
Connor Fields (USA) era o favorito em 2012, terminando a bateria e a semifinal em primeiro. Mas com um desempenho pífio ficou na sétima posição. No Rio-2016, a sensação eraparecia que a medalha ficaria com os australianos Willoughby e Dean, líderes na competição. No entanto, Fields lutou até o final, ultrapassou o compatriota Nicholas Long e conquistou seu primeiro ouro olímpico. Já em Tóquio-2020, o holandês Niek Kimmann superou uma lesão no joelho, sofrida apenas dias antes dos jogos, e conquistou o ouro, seguido pelo britânico Kye White e o colombiano Carlos Ramírez, que repetiu seu bronze do Rio.
Já entre as mulheres, a francesa Anne-Caroline Chausson se classificou sempre na primeira colocação em Pequim. Na final, abriu quase três segundos de vantagem para a compatriota Laëtitia Le Corguilé, conseguindo de maneira incontestável a primeira medalha de ouro da modalidade.
Depois disso, uma soberania passou a reinar no BMX feminino. A colombiana Mariana Pajón chegou com tudo ao conquistar o ouro em Londres e no Rio de Janeiro, se classificando na liderança das baterias. Pajón é a primeira atleta colombiana a ter dois títulos e a primeira sul-americana a realizar o feito em esportes individuais na história das Olimpíadas.
Pista de BMX Racing que será usada em Paris 2024 (Foto: divulgação) |
BRASIL
Fora de Pequim, o Brasil teve os seus primeiros representantes no BMX em Londres-2012 e desde então tornou-se presença constante. Na época com 21 anos, Renato Rezende foi o representante masculino do país e chegou a ir bem, chegando até às ir para a bateria nas quartas de final. No entanto, acabou eliminado ao sofrer uma queda e lesionar o ombro.
Entre as mulheres, o país foi representado pela primeira vez por Squel Stein. Ela chegou até a bateria de semifinal em Londres-2012, mas sofreu uma forte queda e saiu imobilizada, sendo eliminada do torneio. Com múltiplas lesões em 2015, ficou de fora da Olimpíada no ano seguinte.
Priscilla Stevaux foi quem representou o país no Rio e repetiu o cenário de quatro anos antes:. Chegou até na semifinal com um tempo conservador e até mesmo chegou a registrar um tempo melhor que na fase anterior, mas insuficiente para avançar até a final., Ela chegando até mesmo a cair em uma das três voltas, o que a deixou ocasionou na última colocação de seu grupo. Já em Tóquio, a Priscila infelizmente correu abaixo do esperado e sequer não passou à semifinal.
Renato Rezende, já mencionado, também se classificou para os Jogos do Rio de Janeiro, e se classificou entre os dezesseis primeiros, mas novamente caiu nas quartas de final, ficando no 12º lugar. Em Tóquio-2020, Renato teve um desempenho melhor e avançou até as semifinais, terminando em 14º lugar no geral.
Paôla Reis é a única representante do Brasil na modalidade (foto: CBC/Divulgação) |
O Brasil não tem classificados para o BMX Racing masculino em Paris. Já no feminino, a Paôla Reis conquistou a medalha de ouro no Campeonato Pan-Americano da modalidade, disputado no Equador, e com isso garantiu uma vaga para o país em Paris. Em junho, a Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) confirmou que Paôla representará o Brasil nos jogos olímpicos.
FORMATO DE DISPUTA
O BMX Racing manteve o mesmo formato de Tóquio, eliminando a fase contrarrelógio pra definir os chaveamentos e indo direto para as quartas de final. As quartas de final são disputadas em três corridas em cada grupo, com o vencedor de cada uma marcando 1 ponto, o segundo, 2 pontos e assim sucessivamente até o sexto lugar com 6 pontos. Os quatro ciclistas que fizerem menos pontos ao final dessas três corridas, avançam às semifinais, os demais são eliminados, restando assim 16 competidores.
A regra é a mesma para as semifinais, porém desta vez são 8 ciclistas em cada uma das duas baterias.. Os quatro primeiros de cada uma das duas baterias após as três corridas se classificam e vão para a final, composta também por 8 atletas. A final é que será disputada em corrida única.
A competição será disputa em um circuito ao lado do velódromo nacional de Saint-Quentin-en-Yvelines,na região metropolitana de Paris. Este circuito é um dos poucos da Europa totalmente coberto, o que evita problemas com possíveis chuvas que possam ocorrer no dia da competição.
ANÁLISE
FEMININO
Eliminatórias: 1/08
Final: 2/08, às 16h15
Favoritas ao ouro: Beth Shriever (GBR) e Merel Smulders (NED)
Candidatas à medalha: Mariana Pajón (COL) e Alice Willoughby (USA)
Podem surpreender: Laura Smulders (NED)
Brasil: Paôla Reis
Beth Shriever vai em busca do bi olímpico (foto: Reuters) |
Desde que levou um inesperado ouro em Tóquio-2020, a britânica Beth Shriever não olhou para trás e conquistou dois ouros em mundiais (2021 e 2023) e um campeonato europeu em 2022, tornando-se a favorita disparada ao ouro em Paris. No entanto, as irmãs Merel e Laura Smulders - medalhistas de bronze em Tóquio-2020 e Londres-2012, respectivamente - podem levar à tradicional escola neerlandesa ao topo do pódio. Laura, em especial, vem de uma prata no último mundial, perdendo uma final eletrizante final para Beth.
Também não podemos descartar a norte-americana estadunidense Alice Willoughby, bronze no último mundial, e, é claro, a lenda Mariana Pajón, que embora se encaminhea para o final de sua carreira, sabe o percurso para vitória e sempre cresce nos jogos olímpicos.
Estreante em Jogos Olímpicos, a baiana Paôla Reis dos Santos deve usar Paris para ganhar experiência e chegar forte em Los Angeles-2028. No entanto, considerando a natureza imprevisível do BMX Racing, onde um erro ou um acidente podem mudar a trajetória, quem sabe ela pode surpreender já agora!
Eliminatórias: 1/08
Final: 02/08, às 16h10
Favoritos ao ouro: Rohain Mahieu (FRA)
Candidatos à medalha: Carlos Ramirez (COL) e Sylvain André (FRA)
Pode surpreender: Alfredo Campo (ECU)
Brasil: Não participa
Sylvain André vai brigar pelo ouro correndo em casa (foto: UCI) |
No último mundial de BMX Racing, disputado em 2023 em Glasgow, na -Escócia, a França surpreendeu e teve 4 corredores no topo - cinco no masculino, com direito a um pódio 100% francês, liderado por Rohain Mahieu. Sexto colocado na final de Tóquio-2020, Rohain tem tudo para ir ao topo do pódio, mas não podemos descartar o compatriota de Rohain, o Sylvain André, que foi o quarto colocado em Tóquio.
Embora o Brasil não tenha representante nesta edição, a América do Sul vem forte para o BMX Racing, com destaques para o colombiano Carlos Ramirez, que após dois bronzes olímpicos consecutivos (Rio-2016 e Tóquio-2020) almeja subir um degrau mais alto do pódio, e o equatoriano Alfredo Campo, sexto colocado em Tóquio-2020.
0 Comentários