*Por Gabriel Sanches
Local de disputa: Pont d'Ién
Período: 27/07 a 04/08
Número de países participantes: 68
Total de atletas: 180
Brasil: Vinicius Rangel (masculino) e Tota Magalhães (feminino)
HISTÓRICO
O ciclismo de estrada tem suas origens no século XIX, quando a invenção do sistema de corrente e engrenagem revolucionou o transporte e o esporte. A primeira corrida documentada ocorreu em 31 de maio de 1868 no Parque Saint Cloud, em Paris. Este evento marcou o início de uma nova era para o ciclismo, que rapidamente ganhou popularidade.
Com o aumento do interesse, começaram a surgir as primeiras federações nacionais de ciclismo. Em 1900, foi criada a União Ciclística Internacional (UCI), que passou a supervisionar e organizar as várias modalidades de ciclismo, incluindo o ciclismo de estrada. Essa estrutura permitiu o desenvolvimento de competições mais organizadas e regulamentadas.
O ciclismo de estrada foi incluído nos primeiros Jogos Olímpicos modernos em Atenas, em 1896. No entanto, a modalidade não foi constante nas edições subsequentes dos Jogos, ficando de fora dos três Jogos seguintes e retornando em 1912, em Estocolmo, com a prova de contrarrelógio. O ciclismo de estrada feminino foi introduzido nos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 1984, inicialmente com a corrida de resistência, e o contrarrelógio feminino foi adicionado doze anos depois em Atlanta.
Antes de 1996, ciclistas profissionais eram proibidos de competir nos Jogos Olímpicos, uma restrição que foi abolida para permitir a participação dos melhores ciclistas do mundo, aumentando ainda mais o prestígio das competições olímpicas. Desde então, tanto homens quanto mulheres têm competido nas provas de resistência e contrarrelógio, percorrendo distâncias que variam de acordo com o evento e o gênero.
Os Países Baixos são o país mais vencedor no ciclismo estrada com 10 ouros - 18 medalhas no total. Itália e França completam o pódio de maiores vencedores. Em Tóquio, Richard Carapaz e Primoz Roglic no masculino e Anna Kiesenhofer e Annemiek Van Vleuten no femininos subiram no lugar mais alto do pódio.
Richard Carapaz deu um ouro para o Equador em Tóquio-2020 (foto: Mathew Childs/Reuters) |
BRASIL
A história do ciclismo de estrada no Brasil é marcada por momentos de evolução gradual e algumas conquistas importantes, apesar de o esporte não ser tão popular quanto em outros países. A modalidade começou a se desenvolver no país no início do século XX, com a criação de clubes de ciclismo e a realização das primeiras competições.
Uma figura de destaque na história do ciclismo brasileiro é José "Zézinho" Alves de Lima, que foi um dos primeiros ciclistas a representar o Brasil em competições internacionais. Ele participou dos Jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952, e Melbourne, em 1956, embora sem obter resultados expressivos.
Nos Jogos Pan-Americanos, o ciclismo brasileiro teve alguns momentos de destaque. Em 1987, no Pan de Indianápolis, Hans Fischer conquistou a medalha de bronze na prova de contrarrelógio. Em edições subsequentes, o Brasil continuou a marcar presença, mas sem acumular muitas medalhas na modalidade de estrada.
O ciclismo de estrada brasileiro ganhou maior notoriedade com a participação de atletas em competições europeias. Murilo Fischer, por exemplo, destacou-se ao competir em equipes profissionais na Europa, participando de grandes voltas como o Tour de France, Giro d'Italia e Vuelta a España. Ele também representou o Brasil em várias edições dos Jogos Olímpicos, desde Atenas-2004 até Rio-2016, onde o Brasil sediou as Olimpíadas.
Outro ciclista notável é Clemilda Fernandes, que representou o Brasil em competições internacionais, incluindo os Jogos Olímpicos de Pequim-2008 e Londres-2012. Clemilda também teve bons resultados em campeonatos pan-americanos e foi uma das principais ciclistas do país por muitos anos.
Recentemente, o ciclismo de estrada no Brasil tem mostrado sinais de crescimento, com um aumento no número de praticantes e competições locais. Em Paris, o país volta a ter representantes na modalidade após a ausência em Tóquio, com Ana Vitória 'Tota' Magalhães e Vinícius Rangel
Vinícius Rangel é um dos jovens Valores do Brasil no ciclismo estrada (foto: CBC) |
FORMATO DE DISPUTA
Nas Olimpíadas de Paris 2024, o ciclismo de estrada será disputado em dois formatos principais: a corrida de resistência e o contrarrelógio individual. Cada uma dessas provas tem características e regras específicas:
Corrida de Resistência:
Na corrida de resistência, todos os ciclistas partem ao mesmo tempo, em uma largada em massa. O percurso é geralmente longo e desafiante, com distâncias superiores a 120 km para as mulheres e cerca de 200 km para os homens. A competição é altamente tática, exigindo dos atletas não apenas resistência física, mas também habilidades estratégicas para se posicionar adequadamente no pelotão e economizar energia até os momentos decisivos da prova. O vencedor é o primeiro ciclista a cruzar a linha de chegada.
Contrarrelógio Individual:
No contrarrelógio individual, os ciclistas largam em intervalos de tempo, competindo contra o relógio em vez de diretamente uns contra os outros. O percurso é mais curto em comparação com a corrida de resistência, geralmente não ultrapassando 50 km. A prova exige uma combinação de velocidade, concentração e técnica, com os ciclistas buscando manter uma posição aerodinâmica eficiente ao longo do percurso. O ciclista que completar o percurso no menor tempo é declarado vencedor.
ANÁLISE
FEMININO
Corrida de resistência
Final: 04/08, às 09h
Favoritas ao ouro: Lotte Kopecky (BEL) e Demi Vollering (NED)
Candidatas à medalha: Cecilie Uttrup Ludwig (DEN) e Elisa Borghini (ITA)
Podem surpreender: Christina Schweinberger (AUT), Neve Bradbury (AUS)
Brasil: Tota Magalhães
Depois to título mundial, Kopecky quer o título olímpico (foto: UCI) |
Para essa competição não tem como não falar de Lotte Kopecky. A belga de 28 anos vem num momento espetacular, e de um título mundial conquistado no ano passado em Glasgow, na Escócia. Com a aposentadoria de algumas antigas concorrentes, Lotte quer exorcizar os traumas de Tóquio, onde ficou com a quarta posição, e finalmente subir ao pódio em Paris, e de preferência no lugar mais alto.
Lógico que não podemos descartar a neerlandesa Demi Vollering, que ficou na segunda posição no Mundial de Glasgow e venceu a La Vuelta feminina em 2024, se credenciando como maior adversária de Kopecky. Ela promete dar trabalho para a belga em Paris. Demi chega confiante para os Jogos, e espera ao menos a medalha de bronze.
Além de Lotte e Demi, temos a dinamarquesa Cecilie Uttrup Ludwig, a a italiana Elisa Borghini, a austríaca Christina Schweinberger e a australiana Neve Bradbury também com chances de surpreender em uma prova que pode ter uma surpresa se algum ciclista não cotado souber fugir do pelotão na hora certa, como a campeã olímpica Anna Kiesenhofer em Tóquio
Ana Vitória 'tota' Magalhães vai para sua primeira olimpíada. A jovem ciclista mostra evolução, tendo liderado a etapa de montanha do Giro d'Itália feminino. Paris será uma boa experiência para Tota, que se continuar evoluindo pode brigar por coisas grandes no próximo ciclo
Tota Magalhães vem mostrando potencial no World tour feminino (foto: CBC) |
Contrarrelógio individual
Final: 27/07, às 09h30
Favoritas ao ouro: Chloé Dygert (USA) e Grace Brown (AUS)
Candidatas à medalha: Christina Schweinberger (AUT) e Anna Henderson (GBR)
Podem surpreender: Demi Vollering (NED) e Juliette Labous (FRA)
Brasil: Não Participa
Dygert, quando está em plena forma, é uma das ciclistas mais poderosas e rápidas em contrarrelógios. Sua força bruta e capacidade de manter altas velocidades por longos períodos a tornam uma das principais ameaças. A estadunidense vem de um título mundial em 2023, e com certeza será uma das favoritas ao ouro em Paris.
Além de Dygert, temos que falar sobre Grace Brown. A australiana bateu na trave em Tóquio ao ficar na quarta posição e quer subir ao pódio em Paris esse ano.
Além delas, Christina Schweinberger também quer uma medalha olímpica, e pode ser uma das únicas a conquistar tanto na Corrida de Resistência quanto no Contrarrelógio individual. Juliette Labous, da França, teve um bom desempenho no Mundial de Glasgow e espera que, com o apoio da torcida, quem sabe não suba no pódio.
MASCULINO
Corrida de resistência
Final: 03/08, às 06h
Favoritos ao ouro: Mathieu van der Poel (NED) e Wout van Aert (BEL)
Candidatos à medalha: Remco Evenepoel (BEL) e Mads Pedersen (DEN)
Podem surpreender: Stefan Küng (SUI)
Brasil: Vinicius Rangel
Será que Van der Poel leva o ouro em Paris? Foto: Stephane Mahé |
Outro atleta que vem para buscar o ouro é Wout van Aert. O belga de 29 anos foi prata em Tóquio e também no último mundial. Agora em Paris, ele quer finalmente subir no lugar mais alto do pódio. O belga Remco Evenepoel, grande rival do esloveno Tadej Pogacar, que não vai para Paris, no Tour de France, e Mads Petersen, da Dinamarca, também podem ameaçar Der Poel e Van Aert.
Outro jovem valor brasileiro, Vinícius Rangel vai competir em Paris em busca de experiência para quem sabe, estar amis forte com mais chance de brigar estar no pelotão principal de grandes provas nos próximos anos.
Contrarrelógio individual
Final: 27/08, às 09h34
Favoritos ao ouro: Remco Evenepoel (BEL) e Filippo Ganna (ITA)
Candidatos à medalha: Josh Tarling (GBR) e Rohan Dennis (AUS)
Podem surpreender: Wout van Aert (BEL) e Biniam Girmay (ETH)
Brasil: Não participa
Biniam Girmay pode ser a surpresa no contrarrelógio em Paris (foto: Tour de France) |
Evenepoel é um jovem talento que mostrou potencial impressionante em contrarrelógios. Atual campeão mundial da competição, o belga espera conseguir o ouro em Paris.
O principal adversário de Evenepoel é o italiano Filippo Ganna, um dos melhores contrarrelogistas da história, tendo dominado as provas em várias ocasiões, incluindo vitórias em campeonatos mundiais e no Giro d'Italia.
Dennis é outro ciclista de destaque em contrarrelógios, com várias conquistas significativas em etapas individuais de grandes voltas e campeonatos mundiais. Sua capacidade de manter uma alta velocidade é impressionante. Com certeza será um dos destaques em Paris.
Quem pode surpreender é o ciclista eritreu Biniam Girmay, que venceu três etapas de velocidade no Tour de France e se as pernas ainda estiverem boas depois de um cansativo tour, ele pode faturar uma medalha inédita para os eritreus
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