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Guia Paris 2024 - ESGRIMA



*Por Laura Leme

Local de disputa: Grand Palais

Período: 27/07 a 04/08

Número de países participantes: 53

Total de atletas: 212 (106 homens e 106 mulheres)

Brasil: Nathalie Moellhausen (espada), Guilherme Toldo (florete) e Mariana Pistoia (florete)


HISTÓRICO

A esgrima é um esporte que se desenvolveu a partir da luta de espadas praticadas há milhares de anos. Apesar de seu surgimento ter origens egípcias há mais de 1000 anos antes de Cristo, foi na Europa que o esporte se desenvolveu para o formato que conhecemos hoje. 

Em Jogos Olímpicos, a modalidade faz parte de um grupo seleto de cinco esportes que estiveram presentes em todas as edições olímpicas modernas, desde Atenas-1896. Na história, Itália, França e Hungria são, respectivamente, os três países com mais medalhas na modalidade. 

Em Paris-2024, serão completados 20 anos da igualdade de disputa entre homens e mulheres considerando todas as armas da esgrima (florete, sabre e espada). Isso acontece, pois as mulheres só puderam participar da modalidade nos jogos de Paris-1924, apenas no florete. Em Atlanta-1996, foi adicionada a espada e, em Atenas-2004, o sabre.


BRASIL

Natalie no pódio do Mundial de 2019 (Foto:Peter Kohalmi/ AFP)

 Nathalie Moellhausen e Guilherme Toldo são os donos das melhores campanhas brasileiras na esgrima em jogos olímpicos: na Rio-2016 ambos chegaram até às quartas de final. Em Tóquio-2020, os dois esgrimistas não tiveram a performance esperada e foram eliminados na fase 32-avos. No entanto, já estão classificados para Paris (espada feminina e florete masculino) e terão a chance de superarem a campanha do Japão. 

Além de Nathalie e Guilherme, o Brasil também terá Mariana Pistoia na delegação da esgrima (florete feminino). A atleta se classificou para sua primeira olimpíada ao vencer o Pré-Olímpico das Américas disputado na Costa Rica em abril deste ano. Atualmente, Mariana está em 45º lugar no ranking mundial.

E apesar do melhor momento da esgrima brasileira ser recente, o país participa de jogos olímpicos desde a edição de Berlim-1936. Com exceção da Rio-2016, quando como país-sede garantiu 16 atletas em todas as provas, foi em Londres-1948 que o Brasil classificou a maior delegação, totalizando 7 atletas.


FORMATO DE DISPUTA

A esgrima em Paris contará com 12 eventos: cada arma – espada, florete e sabre – é disputada no feminino e masculino, individual e em equipes, totalizando 212 atletas, 106 homens e 106 mulheres. 

Em todos os eventos, o formato de disputa é o mesmo: fase preliminar (com repescagem), quartas de final, semifinal e final, em confrontos eliminatórios. 

No individual, cada jogo pode durar até nove minutos, numa disputa de três rodadas com três minutos cada (o vencedor sendo quem marcar mais pontos), ou até um dos atletas marcar 15 pontos. Por equipes, são nove rounds de três minutos ou 45 pontos marcados.

Com o objetivo primordial de tocar o adversário antes que ele toque você, a esgrima diferencia-se pelas armas utilizadas e cada disciplina conta com sua própria área de pontuação:

Espada: corpo inteiro.

Florete: torso e uma pequena parte do pescoço (1,5 a 2 cm)

Sabre: tudo acima da cintura, exceto mãos.


ANÁLISE

MASCULINO

Espada individual

Classificatórias e Final: 28/07

Favoritos ao ouro: Máté Tamás Koch (HUN) e Gergely Siklósi (HUN) 

Candidatos à medalha: Romain Cannone (FRA), Koki Kano (JPN), Davide Di Veroli (ITA) e Federico Vismara (ITA) 

Podem surpreender: Ruslan Kurbanov (KAZ)

Brasil: -

A promessa é que a Hungria terá uma duelo caseiro na final olímpica da espada (foto: FEI)


A Hungria detém dois dos principais candidatos ao ouro na espada individual: Gergely Siklósi e Máté Tamás Koch, primeiro e segundo colocados do ranking mundial, respectivamente. Enquanto Máté foi campeão mundial no campeonato realizado em Milão, em 2023, derrotando o compatriota no caminho, Gergely é o atual medalhista de prata na espada. 

Quem pode atrapalhar o domínio húngaro é Romain Cannone, atual campeão olímpico e campeão mundial em 2022. Apesar de estar em quinto no ranking mundial, é um dos principais candidatos à medalha e briga para defender seu ouro.  Uma curiosidade sobre o esgrimista francês é que ele já morou no Brasil quando criança. 

Outros candidatos ao pódio são o japonês Koki Kano (terceiro do ranking mundial), e os italianos Davide Di Veroli (sexto) e Federico Vismara (nono). Dentre os atletas que podem surpreender, está o cazaque Ruslan Kurbanov, bronze no último mundial.


Espada em equipe

Classificatórias e Final: 02/08 

Favoritos ao ouro: França e Hungria 

Candidatos à medalha: Itália e Japão

Podem surpreender: Venezuela e Coreia do Sul

Brasil: -


França e Hungria são os dois grandes favoritos ao ouro. Enquanto o segundo busca confirmar o favoritismo de ter dois dos três melhores atletas mais bem colocados no ranking mundial, o primeiro tem a pressão da disputa em casa e do histórico recente de atrito com seus principais atletas. No último ano, federação e esgrimistas se desentenderam, resultando na demissão do técnico Hugues Obry em fevereiro de 2024 e na impossibilidade de Romain Cannone e Yannick Borel treinarem no centro oficial da federação por um período. 

Já a Itália, atual campeã mundial, e o Japão, atual campeão olímpico, vem colados na disputa e não seria surpresa se conquistassem o ouro. Venezuela, atual bronze mundial, e Coreia do Sul, atual bronze olímpico, correm por fora para uma vaga no pódio.


Florete individual

Classificatórias e Final: 29/07

Favoritos ao ouro: Nick Itkin (USA) e Tommaso Marini (ITA)

Candidatos à medalha: Enzo Lefort (FRA), Cheung Ka Long (HKG) 

Podem surpreender: Kyosuke Matsuyama (JPN)

Brasil: Guilherme Toldo



Toldo vai para a sua quarta olimpíada em Paris (foto: Marina Ziehe/COB)

Os dois principais favoritos ao ouro no florete masculino são Nick Itkin (USA) e Tommaso Marini (ITA). Enquanto o estadunidense é vice-líder do ranking mundial e vice-campeão do mundo, o italiano é o detentor do título mundial conquistado em 2023 e líder do ranking

Acompanham os dois em busca de medalha, o francês Enzo Lefort e o honconguês Cheung Ka Long. Destaque, Enzo foi campeão mundial em 2019 e 2022 e é um dos principais talentos franceses. Vai em busca de sua primeira medalha olímpica individual. Por equipes, já acumula um ouro (Tóquio-2020) e uma prata (Rio-2016). Uma curiosidade sobre o atleta é que ele nasceu e cresceu em Guadalupe. A ilha caribenha pertencente à França tem a esgrima como um dos esportes mais populares, já tendo revelado diversos esgrimistas de elite, como Laura Flessel-Colovic, cinco vezes medalhista olímpica.

Kyosuke Matsuyama (JPN), quinto colocado no ranking mundial, e Alexander Choupenitch (CZE), bronze em Tóquio-2020, podem surpreender. 

O brasileiro Guilherme Toldo, atual número 27 mundo, vai para a quarta olimpíada de sua carreira. No entanto, ter uma campanha melhor que a da Rio-2016, quando chegou nas quartas de final, parece mais distante.


Florete em equipe

Classificatórias e Final: 04/08 

Favoritos ao ouro: Itália e Japão

Candidatos à medalha: França, Estados Unidos e China

Podem surpreender: Coreia do Sul

Brasil: -


O florete por equipes promete ser muito disputado em Paris, com cinco países extremamente qualificados para vencer a competição. Um pouco à frente, Itália, segunda colocada no ranking mundial, e Japão, atual campeão mundial, são os dois principais favoritos ao ouro. Logo em sequência, França, atual campeã olímpica, Estados Unidos e China se posicionam como três candidatos sólidos ao pódio, vindo de um ciclo olímpico positivo. Já a Coreia do Sul, sétima colocada, é uma das equipes que pode surpreender e chegar ao pódio.


Sabre individual

Classificatórias e Final: 27/07

Favoritos ao ouro: Sandro Bazadze (GEO) e Eli Dershwitz (USA)

Candidatos à medalha: Ziad El-Sissy (EGY) e Áron Szilágyi (HUN)

Podem surpreender: Luigi Samele (ITA)

Brasil: -

Eli Dershwitz é o atual campeão mundial e quer ser o primeiro campeão olímpico (foto: Sergei Bobylev/TASS )

Com excelentes performances neste ciclo olímpico, Sandro Bazadze (GEO) e Eli Dershwitz (USA) são os favoritos ao ouro em Paris. Enquanto o georgiano é o vice-líder do ranking e medalhista de prata no mundial de 2023, o estadunidense é o atual campeão mundial, tendo vencido Sandro na final. 

Áron Szilágyi (HUN), atual tricampeão olímpico e único esgrimista homem a conquistar três ouros individuais, teve como destaque neste ciclo a conquista do mundial de 2022, realizado em Cairo, no Egito, e é grande candidato à medalha.

Buscando sua primeira medalha olímpica, Ziad El-Sissy (EGY), bronze mundial e primeiro colocado no ranking, vai para seu segundo jogos olímpicos como candidato ao pódio, podendo brigar pelo ouro. 

Por sua vez, Luigi Samele (ITA), medalhista de prata em Tóquio, é um atleta experiente, que, apesar de não ter tido um grande destaque durante o ciclo, teve performances consistentes que, aliadas a experiência, podem ajudá-lo na busca por mais uma medalha.


Sabre em equipe

Classificatórias e Final: 31/07

Favoritos ao ouro: Coreia do Sul, Estados Unidos e Hungria 

Candidatos à medalha: França e Itália 

Podem surpreender: Egito

Brasil: -


A disputa pelo ouro por equipes no sabre será acirrada. Coreia do Sul, Estados Unidos e Hungria possuem times extremamente qualificados e experientes, que desde Tóquio são destaques. Enquanto a Coreia é a atual campeã olímpica e vice-campeã mundial, além de líder do ranking, os Estados Unidos ocupam a segunda colocação e foram medalhistas de bronze no último mundial e a Hungria vem de um terceiro lugar em Tóquio e de um ouro no campeonato mundial. 

Em sequência, França e Itália se apresentam como candidatos à medalha, um pouco atrás das três favoritas. O Egito, por sua vez, corre por fora.


FEMININO

Espada individual

Classificatórias e Final: 27/07

Favoritos ao ouro: Marie-Florence Candassamy (FRA)

Candidatos à medalha: Nathalie Moellhausen (BRA), Vivian Kong Man Wai (HKG), Song Se-ra (KOR) 

Podem surpreender: Alberta Santuccio (ITA) e Giulia Rizzi (ITA)

Brasil: Nathalie Moellhausen

Candassamy é grande favorita na espada feminina, arma onde Nathalie Moellhaussen compete (foto: Ville de France)


A favorita ao ouro na espada é a francesa Marie-Florence Candassamy. Atual campeã mundial, ela também é a segunda colocada no ranking, demonstrando consistência neste ciclo olímpico, além de contar com o fator casa como um motivador extra. 

Na busca pelo pódio, Nathalie Moellhausen (BRA), Vivian Kong Man Wai (HKG) e Song Se-ra (KOR) são as principais candidatas. A brasileira chega a Paris buscando se redimir do resultado ruim em Tóquio, quando perdeu na estreia. Campeã mundial em 2019, atual oitava colocada no ranking mundial e detentora da melhor performance brasileira na esgrima em jogos olímpicos, a atleta vai para sua última olimpíada em busca de uma medalha inédita. 

Vivian Kong Man Wai chega a Paris como primeira colocada do ranking e medalhista de bronze no mundial de 2022. E Song Se-ra, campeã mundial em 2022 e prata por equipes em Tóquio, está em busca de sua primeira medalha olímpica individual. 

Dentre as atletas que podem surpreender, estão as italianas Alberta Santuccio e Giulia Rizzi, que tiveram boas performances na reta final do ciclo e subiram para terceiro e quinto lugares no ranking.


Espada em equipe

Classificatórias e Final: 30/07

Favoritos ao ouro: Itália e Coreia do Sul 

Candidatos à medalha: Polônia e Estados Unidos 

Podem surpreender: França

Brasil: -


Itália e Coreia do Sul vêm competindo ponto a ponto nos últimos anos pelas melhores colocações em campeonatos mundiais e jogos olímpicos. Em Tóquio, ambas as equipes foram desbancadas pela Estônia, mas, em Paris, chegam com muita força em busca do ouro. 

Perto das duas primeiras, a Polônia é grande candidata ao pódio e deve ameaçar as favoritas Itália e Coreia assim como fez no mundial de 2023, quando foi campeã superando as duas adversárias. Ao seu lado, os Estados Unidos também se apresentam como candidatos à medalha. 

França corre por fora, mas pode surpreender.


Florete individual

Classificatórias e Final: 28/07

Favoritos ao ouro: Alice Volpi (ITA) e Lee Kiefer (EUA)

Candidatos à medalha: Martina Favaretto (ITA) e Arianna Errigo (ITA)

Podem surpreender: Sera Azuma (JPN)

Brasil: Mariana Pistoia

Pistoia estreia em Olimpíadas em Paris (Mirian Jeske/COB)

Alice Volpi (ITA) e Lee Kiefer (EUA) são as atuais campeãs mundial e olímpica, respectivamente, e são as favoritas ao ouro em Paris. Já para o pódio, outras duas italianas chegam fortes: Martina Favaretto e Arianna Errigo. Enquanto a primeira, de apenas 22 anos, vai disputar sua primeira olímpiada, mas já chega carregando a responsabilidade de ser a terceira colocada no ranking mundial, a segunda tem na experiência e no bom ciclo olímpico, que lhe confere o atual segundo lugar no ranking. Ao lado de Alice, completaram o pódio do último mundial. 

Apesar das italianas e da estadunidense serem as grandes favoritas para compor o pódio, a japonesa Sera Azuma, medalha de bronze por equipes no último mundial, pode surpreender com uma boa campanha.

Mariana Pistoia é a representante do Brasil na prova e em sua primeira olimpíada, não há muitas expectativas para sua participação, onde a experiência de um grande evento será fundamental para chegar mais forte no próximo ciclo olímpico.


Florete em equipe

Classificatórias e Final: 01/08

Favoritos ao ouro: Itália 

Candidatos à medalha: Estados Unidos, França e Japão

Podem surpreender: Canadá, Polônia e China

Brasil: -


Com três atletas favoritas a medalha no individual formando o time campeão mundial, a Itália se apresenta como a equipe mais forte nesse naipe. A França, prata em Tóquio-2020, poderia se aproximar da força das italianas não fossem as recentes lesões de suas principais atletas, Ysaora Thibus e Anita Blaze. Já os Estados Unidos, segundo colocados no ranking, vão em busca do pódio por equipes que não veio em Tóquio. 

O Japão, por sua vez, também se coloca como postulante à medalha, vindo com uma equipe medalhista de bronze no último mundial. Canadá, Polônia e China, bem colocados no ranking, podem surpreender.


Sabre individual

Classificatórias e Final: 29/07

Favoritos ao ouro: Misaki Emura (JPN) e Sara Balzer (FRA)

Candidatos à medalha: Manon Apithy-Brunet (FRA) e Theodora Gkountoura (GRE)

Podem surpreender: Yoana Ilieva (BUL)

Será que Misaki Emura vai conseguir superar as lesões e ficar com o ouro em Paris? (foto: Divulgação)

Bicampeã mundial em 2022 e 2023, Misaki Emura (JPN) seria a grande favorita ao ouro olímpico, não fosse a lesão no pé esquerdo que ainda parece incomodá-la. Ao seu lado, a número dois do mundo, a francesa Sara Balzer, prata por equipe em Tóquio-2020, se apresenta como a maior rival pela medalha dourada. 

Outra francesa que está na briga pelo pódio é Manon Apithy-Brunet. Quinta colocada no ranking, também fez parte da equipe francesa no Japão, além de ter conquistado o bronze individual. 

Também competindo pelo pódio, Theodora Gkountoura (GRE) fez um excelente ciclo olímpico, conquistando um bronze no mundial de 2023. Ela carrega a responsabilidade de ser a única esgrimista grega a participar dos jogos em Paris.  

Já a búlgara Yoana Ilieva é uma das atletas que pode surpreender em Paris e conquistar um pódio. Em 2023, dividiu o bronze mundial com Theodora Gkountoura.


Sabre em equipe

Classificatórias e Final: 03/08

Favoritos ao ouro: França e Hungria

Candidatos à medalha: Coreia do Sul

Podem surpreender: Ucrânia, Estados Unidos e Itália


França e Hungria ocupam, respectivamente, a primeira e a segunda colocações do ranking. Além disso, fizeram um excelente campeonato mundial em 2023, com a equipe húngara sendo campeã e a francesa, vice. Nesse sentido, são as duas favoritas ao ouro em Paris. 

Não muito atrás, a Coreia do Sul, bronze mundial e bronze em Tóquio-2020, se apresenta como a terceira força nesse naipe. 

Apesar destas três equipes estarem bem consolidadas como as principais candidatas ao pódio, Ucrânia, Estados Unidos e Itália trazem um retrospecto consistente no último ano e podem surpreender.

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