*Por Paulo César Guimarães
FICHA TÉCNICA
Local de disputa: Arena Bercy
Disputa: 02/08
Número de países participantes: 19
Total de atletas: 32 (16 homens e 16 mulheres)
Brasil: Rayan Dutra (masculino) e Camilla Gomes (feminino)
HISTÓRICO
A ginástica de trampolim foi uma das modalidades que estrearam em Sydney 2000, em uma outra tentativa de dar nova cara aos Jogos Olímpicos. Apesar de ser forte em emoções, o crescimento tem sido modesto: apenas 16 atletas de cada gênero participam, pouco mais dos 12 que estrearam na Austrália.
É considerada uma modalidade dentro do esporte “Ginástica”, junto com a Artística e Rítmica. Enquanto apenas dois eventos são disputados nos Jogos Olímpicos (individual masculino e feminino), o Mundial conta com nove competições: individual, sincronizado, double mini e tumbling para cada gênero; e equipe mista.
Dong Dong, considerado o maior da história na ginástica de trampolim, em ação (foto: Reprodução/ FIG) |
Apesar de lembrar muito as camas elásticas que encontramos em parques e escolas, a brincadeira não tem nada a ver com o esporte, ainda que possa ser um trampolim para as crianças descobrirem a ginástica. Os atletas alcançam até oito metros de altura em saltos espetaculares e que podem ser perigosos.
Desde que a ginástica de trampolim foi incluída pela primeira vez no programa dos Jogos Olímpicos de Sydney 2000, os atletas chineses conquistaram 14 das 36 medalhas disponíveis. Espera-se mais uma vez que seus ginastas de trampolim brilhem em Paris-2024. O Canadá é o segundo maior vencedor, com 7 medalhas (2 ouros, 3 pratas e 2 bronzes).
No masculino, o domínio é total do leste europeu, com medalhas de ouro para Belarus em 2016 e 2020, Rússia em 2000, Ucrânia em 2004, além da China em 2008 e 2012. A China enviou atletas pela primeira vez para Pequim e desde então sempre levaram medalha. Com exceção destes países, apenas Canadá conseguiu dois pódios dentre os cinco possíveis, com um bronze em 2000 e prata em 2008.
No feminino, Canadá e Alemanha aparecem como dominantes ao lado de russas e chinesas e também já conquistaram suas medalhas de ouro. A canadense Rosie MacLennan é a única atleta da modalidade a ter dois ouros conquistados (Londres e Rio). A chinesa Xueying Zhu tentará defender seu título olímpico, conquistado em Tóquio, e igualar o feito de Rosie.
A Ginástica de trampolim nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 será realizada na Arena Bercy, um local icônico para a cultura e o esporte da capital francesa e de todo o país, reconhecida pelo seu design de pirâmide que se destaca na paisagem.
BRASIL
Para os Jogos Olímpicos de Paris-2024, o Brasil conseguiu o inédito feito de classificar atletas para a competição olímpica. Até então, Rafael Andrade era o único brasileiro na história da ginástica de trampolim competindo nas olimpíadas, terminando em 15º na Rio 2016, tendo se qualificado pela cota de país-sede que o Brasil tinha direito.
Neste ciclo, a história foi diferente e o Brasil conquistou vaga para a disputa do individual masculino e do individual feminino. Para a disputa masculina, o representante brasileiro será Rayan Dutra, que garantiu matematicamente a classificação para as olimpíadas, por meio do ranking das etapas da Copa do Mundo. Devido ao bom momento da ginástica brasileira, a vaga feminina foi conquistada por duas atletas: Alice Gomes e Camilla Gomes, no entanto, somente uma poderia representar o Brasil em Paris-2024. A Confederação Brasileira de Ginástica decidiu levar Camila como representante do nosso país na capital francesa.
Rayan Castro é o representante do Brasil no masculino (foto: Miriam Jeske/ COB) |
FORMATO DE DISPUTA
Em Jogos Olímpicos, a Ginástica de Trampolim terá apenas competições individuais. Os atletas fazem duas séries de saltos, as duas livres. Os oito primeiros seguem para a final, disputada no mesmo dia, onde fazem apenas uma série de saltos, esta com movimentos obrigatórios. As notas das eliminatórias não tem peso na final.
O trampolim lembra bastante os saltos ornamentais. Os competidores devem tanto fazer as manobras técnicas quanto apresentar uma graça nos movimentos. São quatro os componentes da nota do trampolim: grau de dificuldade, nível de execução, tempo de voo e o deslocamento horizontal.
ANÁLISE
MASCULINO
Data: 02/08
Favoritos ao ouro: Ivan Litvinovich (AIN) e Yan Langyu (CHN)
Candidatos a medalhas: Wang Zisai (CNH)
Pode surpreender: Pierr Gouzou (FRA)
Brasil: Rayan Dutra
Competindo como neutro, Litvinovich é favorito ao bi olímpico (foto: Mike Blake / Reuters) |
O medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, Ivan Litvinovich, de Belarus, voltou às etapas de Copa do Mundo conquistando o bronze em Baku e em Cottbus, e retomando o ritmo de competições, o ginasta foi liberado pelo COI para competir pelos Atletas Independentes Neutros (AIN), voltou à prateleira dos favoritos do individual masculino.
Com a aposentadoria do lendário Dong Dong, que conquistou quatro medalhas olímpicas, a China aposta suas fichas para conquistar a medalha de ouro no bicampeão mundial Yan Langyu, que foi o medalhista de bronze em Tóquio. Outro chinês que se destaca é Wang Zisai, medalhista de prata no último mundial, e deve estar na briga por medalhas. O francês Pierre Gouzou contará com o apoio da torcida local para surpreender e disputar um lugar no pódio do trampolim em Paris.
Rayan Dutra será o representante brasileiro na disputa do trampolim masculino. Ele conquistou a medalha de prata nos Jogos Pan-americanos de Santiago 2023 e foi o campeão nos Jogos Pan-americanos Junior de Cali 2021. Rayan vem mantendo o bom desempenho mesmo nas competições nacionais, como por exemplo quando sagrou-se campeão brasileiro em 2023 e alcançou uma nota de 57,770, o que teria sido suficiente para se classificar para a final do Campeonato Mundial de 2022 na sexta colocação. Rayan Dutra sabe a dificuldade de alcançar o pódio em Paris, no entanto, estar na final do Trampolim masculino está dentro de seus objetivos e a expectativa é por melhorar a colocação de um atleta do país em Jogos Olímpicos, que havia sido a 15ª posição de Rafael Andrade
FEMININO
Data: 02/08
Favoritas ao ouro: Zhu Xueying (CHN) e Bryony Page (GBR)
Candidatas à medalha: Mori Hiraku (JPN) e Yicheng Hu (CHN)
Podem surpreender: Lea Labrousse (FRA) e Jessica Stevens (USA)
Brasil: Camilla Gomes
A britânica Bryony Page chega embalada pelo título mundial conquistado em Birmingham no ano passado, e motivada em conquistar a medalha olímpica que ainda falta na sua coleção, a de ouro, já que ela foi prata no Rio e bronze em Londres. No entanto, a chinesa Zhu Xueying, medalhista de ouro em Tóquio 2020, segue mantendo a boa forma e apesar de ter sido superada por Page no mundial, espera brigar por cada décimo na busca pelo bicampeonato olímpico.
A japonesa Mori Hiraku, que em 2022 sagrou-se campeã mundial, espera estar na disputa por medalhas juntamente com outra chinesa, Yicheng Hu, que vem de um quarto lugar no mundial de 2023 e carrega a tradição de seu país em medalhar na modalidade. Quem corre por fora por uma medalha é Jessica Stevens, dos Estados Unidos, que vem em um bom momento e chegou ao pódio no último mundial, além da atleta da casa, a francesa Lea Labrousse, que está longe de seus melhores resultados mas já foi 4ª colocada em mundiais anteriores.
Camilla Gomes será a primeira representante do Brasil na ginástica de trampolim feminina em olimpíadas (Foto: Miriam Jeske/COB) |
Será a primeira vez que o Brasil terá representante no Trampolim Feminino. A CBG decidiu por Camilla Gomes para ser a representante do país na disputa, visto que suas apresentações se mantiveram mais consistentes nesse nível de competição. Camila foi a 8ª colocada no mundial em Birmingham, apresentando nível de competição similar ao da outra brasileira que concorria a vaga, Alice Gomes, que ficou em sexto. Camila foi medalhista de prata nos Jogos Pan-americanos de Santiago 2023 e tem a confiança da CBG de que se conseguir executar bem a sua apresentação deve estar na final olímpica e, a partir daí, ficar entre as cinco melhores ginastas em Paris-2024 passa a ser um sonho possível.
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