*Por Nathan Raileanu
FICHA TÉCNICA
Local de disputa: Port de Le Chapelle Arena
Período: 08/08 a 10/08
Número de países participantes: 21 (somando individual e conjunto)
Total de atletas: 94 (individual e conjunto)
Brasil: Barbara Domingos e conjunto
HISTÓRICO
A ginástica rítmica, considerada por muitos a modalidade mais bonita dos Jogos Olímpicos, entrou no programa olímpico em Los Angeles-1984, com o boicote soviético e apenas com a disputa individual. Desde o começo, a prova olímpica é o individual geral, a soma das apresentações em todos os aparelhos (bola, arco, fita e maças).
O primeiro ouro foi para o Canadá, com a ginasta Lori Fung, uma das duas vezes que o ouro não foi do leste europeu. O Brasil esteve na estreia da GR com Rosana Favila, que terminou na 24ª colocação.
O conjunto estreou em Atlanta-1996, com ouro da Espanha e assim como no individual, a prova olímpica é a prova geral, a soma das duas séries simples e mista, no caso de Paris-2024, 5 arcos e 3 fitas + 2 bolas. O Brasil estreou no conjunto nos Jogos seguintes e a atual treinadora Camila Ferezin estava entre as ginastas
De 1988 até 2016, Ucrânia, Rùssia e Belarus dividiam as medalhas de ouro no individual e no conjunto de 2000 a 2016. Até que em Tóquio-2020, a hegemonia dos ex-países soviéticos caiu. A israelense Linoy Ashram foi a campeã no individual e a Bulgária foi a campeã no conjunto.
Foto: Lionel Bonaventure/AFP |
BRASIL
O Brasil estreou junto com a GR, mas não é o mais frequente no individual, participando em 1992 e na Rio-2016, com Natália Gaudio. Os tempos mudaram e agora o país chega com Bárbara Domingos pleiteando um lugar no top-10. A vaga foi conquistada via Mundial em 2023, quando ela ficou na 14ª colocação na classificatória e a 11ª no individual geral, além de 7ª na final das maças.
Foto: UPAG/PAGU |
Babi teve um ótimo 2023, além da vaga olímpica, ela foi ouro no geral em Santiago-2023, onde ela também levou a fita e na bola. Ainda no Pan, ela foi prata no arco e nas maças, ficando atrás da também brasileira Maria Eduarda Alexandre.
Na Copa do Mundo de 2023, ela conquistou o bronze na fita na etapa de Sofia (BUL) e Cluj-Napoca.
O conjunto vem também em uma grande fase. Elas conquistaram tudo em Santiago-2023 e no ano passado, foram acumulando pódios em Copas do Mundo. Elas foram ouro nos 5 arcos em Portugal e no misto em Cluj-Napoca (ROU). Elas ainda foram prata nos 5 arcos e bronze no geral na etapa da Romênia, repetindo o resultado que haviam feito em Atenas no começo da temporada passada.
Em 2024, com uma série mista nova, trazendo a brasilidade como tema, o conjunto teve suas dificuldades mas pegou final em todas as etapas, mas conseguiu um ouro, justamente com a série nova e duas pratas na etapa de Portugal, nos 5 arcos e geral.
A vaga olímpica veio no Mundial de 2023, a primeira vez que o conjunto se classificou via mundial, antes pegando via continente. O conjunto foi o 6º no geral e ainda perdeu o bronze nos 5 arcos na final do campeonato, no desempate e após um erro de arbitragem, que não viu um dos arcos da Itália cair, o que tiraria pontos da apresentação e garantiria uma medalha inédita para o Brasil.
O conjunto comandado por Camila Ferezin com Duda Arakaki, Nicole Pircio, Bárbara Queiroz, Sofia Madeira e Deborah Medrado chega para brigar pelo pódio, que seria inédito na modalidade.
Foto: Mariya Muzichenko |
FORMATO DE DISPUTA
As apresentações individuais tem de 75 a 90 segundos e são realizadas em cada aparelho. A prova olímpica é a do individual geral, portanto, a classificação se dá pela soma das quatro apresentações. As 18 melhores passam para a final, onde elas fazem as quatro apresentações de novo e quem tiver a maior soma fica com o ouro. A disputa será separada em dois dias, no primeiro a classificação, no segundo a final.
O conjunto também tem a prova geral, como a prova olímpica, mas ela não terá qualificação e sim irá direto para a final. Assim como o individual, será separado em dois dias. No primeiro dia, será realizada a prova dos 5 arcos, no segundo, já com a pontuação da primeira prova, os conjuntos irão disputar a série mista, na qual irão finalizar sua competição e saber o resultado.
ANÁLISE
Individual geral
Eliminatórias: 08/08
Final:09/08 às 09h30
Favoritos ao ouro: Darja Varfolomeev (GER), Stiliana Nikolova (BUL) e Sofia Raffael (ITA)
Candidatos ao pódio: Daria Atamanov (ISR), Bryana Kaleyn (BUL)
Podem surpreender: Bárbara Domingos (BRA), Alba Bautista (ESP)
Brasileiros: Bárbara Domingos
Darja Varfolomeev, favorita ao ouro (Foto: Divulgação) |
O individual geral deve ficar pela segunda vez fora das mãos do leste europeu. Claro que isso passa pela ausência da Rússia e Belarus, mas com elas no Japão, quem venceu foi a israelense Linoy Ashram.
Três atletas se destacaram bastante neste ciclo e vem com tudo para os Jogos de Paris-2024: Darja Varfolomeev (GER), Sofia Raffaeli (ITA) e Stiliana Nikolova (BUL). Elas brigam ponto a ponto nas Copas do Mundo e nos Campeonatos Mundiais do ciclo. Em 2022, elas formaram o pódio do Mundial com a italiana na frente, seguida da alemã e da búlgara. Já no ano seguinte, Darja passou a primeira colocação e Sofia foi a segunda, com Stiliana sendo a quarta colocada.
Neste ano, quem tem despontado mais é a alemã, que foi campeã do individual geral em todas as etapas de Copa do Mundo que participou. Ela só não foi ouro na prova olímpica da modalidade no Europeu, quando perdeu para Stiliana e Sofia, ficando com o bronze.
O título europeu para a búlgara acendeu um sinal de alerta para as rivais, sendo conquistado com quatro pontos de vantagem sobre Rafaelli e com notas altíssimas em cada aparelho como 37.200 na bola e 34.800 na fita (sua menor nota). Ela só participou de uma etapa da Copa do Mundo esse ano, sendo a segunda colocada no geral.
Sofia começou o ciclo com o título mundial em 2022, campeonato no qual ela levou todos os ouros que disputou, geral, os por aparelho e o por equipe, que somou todas as apresentações italianas nas classificatórias. O ano não começou muito bem para ela, sem conseguir vencer o geral nas competições disputadas até aqui. Seus melhores resultados foram dois ouros nas maças e na fita, esta em casa.
Mas tem quem tente arranjar um lugar neste pódio, como a israelense Daria Atamanov, bronze no Mundial de 2023 e na etapa de Sofia da Copa do Mundo, onde ela ainda subiu ao pódio na fita, bola e arco, na qual foi medalha de ouro.
O grande desafio de Bárbara Domingos será conseguir um histórico top-10, o que não é impossível, levando em conta as suas melhores pontuações. Ela aumentou a dificuldade de suas séries, fez uma nova série nas maças e tem na fita, ao som de ‘’Bad Romance’’, sua apresentação coringa. Cravando-as, o top-10 estará bem perto da brasileira.
Conjunto
Eliminatórias: 09/08 às 05h
Finais: 10/08 às 09h
Favoritos ao ouro: Israel e Bulgária
Candidatos ao pódio: Brasil, Itália, Espanha e China
Podem surpreender: França
Brasileiros: Maria Eduarda Arakaki, Nicole Pircio, Deborah Medrado, Victória Borges e Sofia Pereira (Conjunto)
Foto: Jose Jordan/AFP |
No conjunto, Israel chega como franco favorito, com suas séries pontuando muito alto nas Copas do Mundo, com direito as três maiores notas da história da competição: 39.400, 39.000 e 38.850
Suas séries novas vieram com tudo para 2024, vencendo o geral nas duas etapas que disputou da Copa neste ano e também conquistou o Europeu, com a soma de 73.550. No continental, as israelenses ainda fizeram 38.950 na prova dos 5 arcos.
Embora seja o franco favorito, o grupo de Israel não pode errar, porque a Bulgária está colada atrás e também vem com notas altas. No Europeu, as búlgaras venceram no misto e só ficaram de fora do pódio no geral, por causa de muitos erros nas 3 fitas + 2 bolas na classificatória.
Estas duas são as maiores favoritas na briga pelo ouro, mas China, Brasil, Espanha e Itália estão de olho nisso tudo. A China, puxada pelos seus 5 arcos, vem crescendo nas competições e venceu duas etapas no geral neste ano, Tashkent e Milão, etapas sem Israel e Bulgária. Mas na etapa italiana, elas venceram a final da série mista, acendendo o alerta nas adversárias.
A Itália tem um conjunto que subiu ao pódio no geral em quatro das cinco etapas da Copa do Mundo, mostrando uma consistência enorme e que a deixa em vantagem no caso de erro dos outros conjuntos.
A Espanha vem assim como o Brasil em evolução nas competições, sendo ouro no geral na etapa de Baku e vencendo a Challenge Cup de Portimão em cima do Brasil.
O conjunto brasileiro é o grande coringa da competição. Neste ciclo, o julgamento começou a valorizar mais o artístico e isso ajudou no salto do Brasil nas competições, afinal, criatividade é com a gente mesmo.
Na penúltima etapa da Copa do Mundo, o Brasil superou a barreira dos 38 pontos, fazendo 38.250 nos 5 arcos e superou também a casa dos 33 na série mista, que foi alterada para este ano para uma nova coreografia com o tema de brasilidade e um pout-pourri que vai de Ana Vitória até Bruno Mars.
Na última, na Romênia e com as atletas convocadas para os Jogos, elas fizeram 34 pontos na série mista e conquistaram a prata no conjunto geral, superando Israel e Itália, ficando atrás apenas da Bulgária. A soma geral foi 71.850, a maior nota brasileira no ciclo.
A cada etapa fica claro que quando as meninas brasileiras cravarem as séries juntas, a competição do Brasil é contra Israel, a outra nação a ter se aproveitado da valorização do artístico e Bulgária, a atual campeã olímpica.
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