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Guia Paris 2024 - HIPISMO SALTOS


Por Laura Leme


FICHA TÉCNICA

Local de disputa: Palácio de Versalhes

Período: 1 e 2/08 (equipes) e 5 e 6/08 (individual)

Número de países participantes: 35

Total de atletas: 75 atletas no individual e 60 atletas por equipes

Brasil: Yuri Mansur, Stephan de Freitas Barcha, Pedro Veniss e Rodrigo Pessoa


HISTÓRICO

Originado na Grécia Antiga, a modalidade do hipismo é um dos poucos esportes das olimpíadas da antiguidade que continuou sendo disputado na era moderna. A modalidade de Saltos estreou em Jogos Olímpicos em Paris 1900 e após um breve hiato, retornou em 1912 e segue presente no programa olímpico desde então. Assim como as outras modalidades, inicialmente só era permitida a participação de homens. Somente em Helsinque 1952 as mulheres puderam participar deste esporte, na modalidade do adestramento. Em 1964, com a inclusão feminina em todas as provas de hipismo, o esporte se tornou o primeiro – e único – evento olímpico misto, em que homens e mulheres competem pelas mesmas medalhas. 

Juntamente com a componente equestre do Pentatlo Moderno ,o hipismo é o único evento olímpico que envolve animais. Os cavalos são considerados tão atletas tanto quanto os cavaleiros, tanto que recebem medalhas olímpicas, que ficam para os seus donos.

Numa perspectiva histórica, os países mais vitoriosos na modalidade saltos são França, Alemanha e Estados Unidos, respectivamente. Em Tóquio, no entanto, Grã-Bretanha e Suécia conquistaram os ouros no individual e por equipes.

O hipismo passou por dois eventos excepcionais durante a história da olimpíada: em 1956, as competições equestres foram disputadas em Estocolmo por conta das rígidas regras de quarentena da Austrália para a entrada de cavalos. Já em 2008, as competições foram em Hong Kong por conta do alto risco de doenças equinas em Pequim. 

Com quatro medalhas de ouro (Seul 1988, Barcelona 1992, Atlanta 1996 e Sydney 2000) e uma de bronze (Rio de Janeiro 2016), o alemão Ludger Beerbaum é o maior medalhista olímpico nos saltos, sendo um dos principais atletas da modalidade em toda a história. 


BRASIL

O Brasil  estreou no evento de Saltos nos jogos olímpicos de 1948 em Londres, e quatro anos depois, quase conquistou a primeira medalha quatro anos depois com Eloy de Menezes ficando em quarto no individual após perder o bronze no desempate. Na mesma olimpíada, o Brasil ficou em quarto por equipes, com Eloy competindo junto de Renyldo Ferreira e Álvaro de Toledo.

Depois, o principal cavaleiro brasileiro foi Nélson Pessoa, que competiu em cinco olimpíadas (1956,1964,1968,1972 e 1992). Em Barcelona se tornou o brasileiro mais velho a disputar uma olimpíada, aos 56 anos e é pai de Rodrigo Pessoa.

Nas olimpíadas seguintes, o Brasil viveu sua era de ouro no hipismo saltos, com três medalhas olímpicas: um ouro no individual em Atenas 2004 com Rodrigo Pessoa no cavalo Baloubet du Rouet e dois bronzes, um em Atlanta 1996  e Sydney 2000 com a equipe formada por Luiz Felipe De Azevedo, Álvaro Miranda Neto, André Johannpeter e Rodrigo Pessoa. 

Rodrigo recebendo seu ouro olímpico no Rio de Janeiro em 2005 (foto: Reuters)

Rodrigo Pessoa, portanto, é o maior medalhista brasileiro da modalidade, tendo participado de todas as conquistas brasileiras e detentor do primeiro e, até o momento, único ouro olímpico brasileiro. 

Para Paris, o Brasil classificou-se para a competição por equipes, com o time formado por Yuri Mansur, Stephan de Freitas Barcha, Pedro Veniss e Rodrigo Pessoa,  que fará sua oitava participação olímpica, recorde entre atletas brasileiros em jogos de verão. Luciana Diniz e Luiz Felipe de Azevedo Filho serão os reservas. Com essa classificação, o país também garante a participação de três atletas na competição individual. 


FORMATO DE DISPUTA

No hipismo saltos, o conjunto, composto por atleta e cavalo, precisa completar o percurso em um determinado tempo. Seu objetivo é terminá-lo com o menor número de penalizações e não extrapolar o limite de tempo. Nesta modalidade, as faltas podem ocorrer em algumas situações, como: derrubada de obstáculo, desobediência do cavalo, queda do cavalo, ultrapassar o limite de tempo determinado, entre outras. Ao final, o atleta que possuir menos pontos – isto é, menos penalizações – é o vencedor.

O palácio de Versalhes é o local de provas do Hipismo (foto: Paris 2024)

Em 2024, o local de disputa será o tradicionalíssimo Palácio de Versalhes, que no dia 1º de agosto receberá a primeira prova de saltos, a classificatória por equipes. Neste dia, 20 equipes, cada uma composta por três conjuntos (atleta-cavalo), disputam 10 vagas para a final, que ocorrerá dia 2. No dia 5, será a vez dos 75 conjuntos do individual competirem por 30 vagas na final, no dia 6 de agosto, encerrando o programa de hipismo. 


ANÁLISE

Individual 

Classificatórias: 05/08

Final: 06/08 

Favorito ao ouro: Henrik von Eckermann (SWE)  

Candidatos à medalha: Ben Maher (GBR), Peder Fredricson (SWE) e Julien Epaillard (FRA)

Pode surpreender: Kent Farrington (USA) 

Brasil: Yuri Mansur, Stephan de Freitas Barcha, Pedro Veniss e Rodrigo Pessoa


Von Eckermann é um dos favoritos ao ouro olímpico em Paris (foto: FEI/Richard Julliard)


Um dos favoritos ao ouro, o sueco Henrik von Eckermann, campeão olímpico por equipes e quarto colocado individual em Tóquio, fez excelente ciclo olímpico, se destacando como o atual líder do ranking mundial e campeão da Copa do Mundo de 2023 e 2024. Caso conquiste o ouro, será sua primeira conquista individual em Jogos Olímpicos. 

Já o britânico Ben Maher, atual campeão olímpico individual e medalhista de ouro por equipes em Londres 2012, estaria nesta lista não fosse uma lesão em 2023 que o tirou de ação por quatro meses. Ben, no entanto, manteve-se como segundo colocado no ranking e conta com a experiência vencedora em jogos passados para buscar uma medalha em Paris. 

Soma-se a lista dos postulantes ao pódio Peder Fredricson, que, aos 52 anos, será um dos atletas mais experientes da competição. E apesar de não estar entre os primeiros colocados no ranking mundial – é o atual 14º –  o sueco tem grande histórico vencedor. Além de ter sido ouro por equipes em Tóquio, também conquistou a prata individual no Japão, medalhas que se juntaram a mais duas pratas conquistadas em Atenas-2004 e Rio-2016. Em 2024, ele ficou em 3º lugar na final da Copa do Mundo.

Se Peder coleciona medalhas olímpicas, o francês Julien Epaillard está em busca de sua primeira. Atual número 5 do mundo, vive ótima fase, tendo ficado em 2º lugar na final da Copa do Mundo de 2024, além de ter a vantagem de competir em casa. 

Dentre os atletas que podem surpreender, Kent Farrington (USA) é uma boa aposta. O estadunidense tem uma medalha de prata por equipes conquistada na Rio-2016 e terminou na segunda colocação na disputa individual no Pan-Americano de Santiago, em 2023. Neste ano, foi quarto colocado na final da Copa do Mundo. 

Além de Kent, o suíço Steve Guerdat, campeão olímpico em Londres-2012, busca voltar a um pódio olímpico após 12 anos. Em 2023, venceu a prova individual do Europeu de Saltos, disputado em Milão. 

Entre os brasileiros, o maior destaque fica para Yuri Mansur, que o cavaleiro com o melhor desempenho recente entre os convocados, tendo ficado em quarto lugar na final da Copa do Mundo de 2023 e vencido uma etapa do Circuito Mundial, na Alemanha e pode brigar pelo pódio se ele e sua montaria estiverem em um bom dia. Quem também pode fazer bonito em Paris é Stephan Barcha, ouro nos Jogos Pan-americanos de Santiago


Equipes 

Classificatórias: 1/08

Final: 2/08

Favorita ao ouro: Suécia 

Candidatos à medalha: Estados Unidos, Bélgica e Grã-Bretanha 

Podem surpreender: Brasil e Países Baixos 

Brasil: Yuri Mansur, Stephan de Freitas Barcha, Pedro Veniss e Rodrigo Pessoa


Atual campeã olímpica e mundial por equipes, a Suécia é a grande candidata ao bicampeonato em Paris. A equipe estrelada é formada por Henrik von Eckermann, Peder Fredricson, Malin Baryard-Johnsson e Rolf-Göran Bengtsson, todos medalhistas olímpicos. 

Em seguida, Estados Unidos, Bélgica e Grã-Bretanha se colocam como postulantes ao pódio devido não só ao retrospecto recente, mas também à tradição. 

A equipe estadunidense, desde Atenas 2004, só não conquistou medalha em Londres, somando neste período dois ouros e duas pratas. Já o time belga foi bronze em Tóquio e vem fazendo um ciclo consistente. E a Grã-Bretanha, bronze no mundial de 2022, tem Ben Maher, campeão olímpico individual, liderando a equipe. 

Yuri Mansur pinta como principal nome da seleção brasileira de saltos (foto: Carlos Ruas/CBH)

Já entre os times que podem surpreender e buscar uma medalha, pode-se destacar Brasil e Países Baixos. O Brasil vai para Paris com uma das equipes mais consistentes neste ciclo, tendo chances reais de conquistar uma medalha pela primeira vez desde Atenas-2004. Apesar do bom momento, o que pode atrapalhar o Brasil são algumas lesões dos cavalos. 

Já os Países Baixos vêm tendo bons desempenhos individuais neste ciclo, o que pode contribuir para uma boa performance da equipe. 


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