*Por Hugo Magliano
Locais de competição: Arena Norte de Paris (esgrima) e Palácio de Versalhes (natação, hipismo saltos, tiro esportivo e corrida)
Período: 08/08 a 11/08
Número de países participantes: 32
Atletas participantes: 72 (sendo 36 homens e 36 mulheres)
Brasil: Isabela Abreu no feminino
HISTÓRICO
O pentatlo moderno é uma das modalidades mais tradicionais dos Jogos Olímpicos. Pouco popular no Brasil, o esporte engloba cinco modalidades bem diferentes em uma. Os atletas devem disputar provas de esgrima, natação, hipismo saltos, tiro esportivo e corrida com maestria a fim de subirem ao lugar mais alto do pódio. Por isso, muitos dizem que quem vence a prova do pentatlo moderno é "o esportista mais completo do mundo".
As modalidades que compõem o pentatlo moderno (foto: UIPM) |
A força da Suécia se manteve nas edições seguintes, com o país vencendo todas as provas até Melbourne-1956 (exceto em Berlim-1936, quando o alemão Gotthard Handrick foi o campeão). Em Helsinque-1952, a prova por equipes masculinas foi introduzida, com ouro para a Hungria e prata para a Suécia. Esse evento foi descontinuado após Barcelona-1992.
O primeiro Campeonato Mundial foi organizado pela recém-fundada União Internacional de Pentatlo Moderno (UIPM) em 1948. A sede escolhida foi novamente Estocolmo. Apesar da importância do país na introdução do esporte, a Suécia perdeu espaço no cenário internacional a partir da segunda metade do Século XX.
A UIPM só passou a aceitar a participação feminina no Mundial de 1977, de forma experimental. O primeiro torneio exclusivamente feminino foi realizado somente em 1981. Em Jogos Olímpicos, a inclusão do individual feminino ocorreu apenas em Sydney-2000. A britânica Stephanie Cook foi a primeira campeã olímpica.
Desde sua criação, o pentatlo moderno passou por diversas transformações. Uma delas foi a troca do tiro com pistolas de 25m em alvos móveis para o uso de pistolas de 10m em alvos fixos, em 1994. Outra mudança foi a fusão das provas de corrida com a de tiro, em 2009, com os eventos sendo realizados de forma combinada. A esgrima também ganhou uma rodada bônus em 2013, dando uma nova oportunidade de somar pontos aos atletas.
E as mudanças parecem não parar. Em Los Angeles-2028, espera-se que os eventos de hipismo sejam substituídos por outra modalidade, provavelmente uma corrida de obstáculos. A mudança se fez necessária após denúncias de maus tratos aos animais durante os Jogos de Tóquio-2020 terem causado muitas críticas do público. Na ocasião, a técnica alemã Kim Raisner foi expulsa da competição após agredir um dos cavalos.
BRASIL
A Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno (CBPM) surgiu em 2001, quando o controle sobre a modalidade no Brasil saiu das mãos da Confederação Brasileira de Desportos Terrestres. Apesar disso, a primeira participação olímpica brasileira foi em Berlim-1936. Na ocasião, três atletas representaram o Brasil: Guilherme Catramby Filho, Rui Duarte e Anísio da Rocha.
Depois da Segunda Guerra Mundial, o país continuou enviando atletas até 1964, conseguindo, inclusive, um expressivo 6º lugar na prova por equipes masculinas em Helsinque-1952, com Eduardo de Medeiros, Aloysio Borges e Eric Marques. Foi nesta edição que Eduardo de Medeiros obteve a 10ª posição na prova individual, melhor marca individual masculina brasileira na história olímpica.
Após a participação de José Pereira em Tóquio-1964, o pentatlo moderno brasileiro entrou em um hiato de 40 anos. Foi somente em Atenas-2004 com as participações de Daniel Santos e Samantha Harvey que o Brasil voltou a competir na modalidade. Quatro anos depois, porém, tivemos a estreia olímpica do maior nome brasileiro na história do pentatlo moderno: Yane Marques.
Em Pequim-2008, aos 24 anos, Yane teve um resultado modesto: 17º lugar. Entretanto, em Londres-2012, quando estava em 3º lugar no ranking mundial, Yane era candidata ao pódio. E ele veio! A brasileira terminou a corrida em terceiro lugar e conquistou o inédito bronze para o Brasil no pentatlo.
Yane Marques é a melhor pentatleta da história do Brasil (foto: UIPM) |
Competindo em seu país, Yane Marques, que havia sido escolhida por votação popular para ser porta-bandeira do Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, chegou novamente cotada à medalha. Dessa vez, porém, ela não veio. A pernambucana finalizou na 23ª posição e se aposentou após os Jogos. Em Tóquio-2020, a única representante brasileira foi Maria Iêda Guimarães, que terminou em 36º lugar. No masculino o Brasil não competiu.
Em Paris-2024, o Brasil terá Isabela Abreu como representante na categoria feminina. Ela conquistou a vaga ao terminar os Jogos Pan-Americanos, de Santiago, em 2023, na 9ª colocação. O resultado a credenciou como melhor atleta sul-americana. Na ocasião, foram distribuídas cinco vagas em cada gênero, com limite de uma por país: uma para o campeão pan-americano; duas para a América do Sul e duas para o combinado de América do Norte, Central e Caribe.
FORMATO DE DISPUTA
Em Paris, 36 atletas por gênero competirão na prova individual. Não haverá disputas por equipes. O primeiro evento a ser realizado será a rodada inicial da esgrima. Os atletas se enfrentarão em um sistema de todos contra todos, em um duelo de apenas um toque. Quem pontuar primeiro acumulará uma vitória. Depois, o número de vitórias será convertido em uma pontuação padrão, que servirá para ranquear os esportistas.
Ao final dos embates, haverá uma rodada bônus. Nessa etapa, o penúltimo e o último colocados do ranking da esgrima se enfrentarão em um duelo de toque único. Quem vencer ganhará um ponto adicional e seguirá na esgrima medindo forças contra o antepenúltimo colocado. As partidas continuarão nesse sistema até chegar ao primeiro posicionado do ranking.
Entre as duas etapas da esgrima, os pentatletas cairão na piscina onde nadarão 200m estilo livre. O tempo obtido será convertido em pontos; quanto mais rápido, mais pontos. A terceira modalidade a ser disputada será o hipismo saltos. Os participantes passarão por um circuito de 12 obstáculos montando um cavalo desconhecido escolhido por sorteio . A pontuação será feita considerando erros, refugadas, quedas e o tempo limite da prova. Caso o cavalo refugue três vezes ou derrube o jóquei, o atleta será eliminado desta modalidade, ficando com zero pontos no hipismo.
A última etapa será uma corrida combinada com tiro esportivo, chamada de laser run. Antes do início, os pontos conquistados nos três eventos anteriores vão ser transformados em vantagem na largada. Os líderes até este momento da competição largarão primeiro, com os demais atletas sendo liberados em ordem escalonada seguindo a pontuação.
A laser run consistirá em uma sessão de tiro em que o atleta deverá acertar cinco alvos, recarregando a cada tiro, seguida por uma corrida de 800 metros. Não haverá penalização para tiros errados, porém, o pentatleta só poderá continuar a corrida após acertar todos os cinco alvos ou ter passado 50 segundos. Os alvos estarão posicionados a 10m de distância e a arma utilizada será uma pistola à laser. Tal combinação de tiro esportivo e corrida se repetirá quatro vezes, totalizando assim 3,2 km e 20 tiros. A primeira pessoa a cruzar a linha de chegada será coroada campeã olímpica.
ANÁLISE
MASCULINO
Data: 8/08 a 10/08
Favoritos ao ouro: Joe Choong (GBR) e Ahmed El-Gendy (EGY)
Candidatos ao pódio: Jun Woong-tae (KOR), Valentin Prades (FRA), Mohanad Shaban (EGY) e Emiliano Hernández (MEX)
Pode surpreender: -
Brasil: não participa
Atual campeão olímpico, Joe Choong é o nome a ser batido. Bicampeão mundial nos anos de 2022 e 2023, o britânico também possui a prata da edição de 2019. Em Tóquio-2020, o egípcio Ahmed El-Gendy chegou a liderar a corrida final, mas foi ultrapassado por Choong que manteve uma diferença de cinco segundos. El-Gendy foi o medalhista de prata. O bronze foi para Jun Woong-tae, da Coreia do Sul, que também foi o campeão do asiático de 2018 e 2022.
Joe Choong vai brigar pelo bi olímpico no pentatlo masculino (foto: UIPM) |
Competindo em casa, o francês Valentin Prades possui boas chances de medalha. Vice mundial em 2018, Prades ficou em 7º na olimpíada de Tóquio e em 4º na do Rio de Janeiro, deixando a medalha escapar por apenas um ponto. Outros nomes a ficar de olho são Emiliano Hernández e Mohanad Shaban, respectivamente 2º e 3º no Mundial de 2023. Curiosamente, Emiliano será um dos porta-bandeiras do México em Paris.
FEMININO
Data: 8/08, 10/08 e 11/08
Favoritas ao ouro: Elena Micheli (ITA), Laura Asadauskaite (LTU) e Annika Schleu (GER)
Candidatas ao pódio: Michelle Gulyás (HUN) e Alice Sotero (ITA)
Pode surpreender: Zhang Mingyu (CHN)
Brasil: Isabela Abreu
Vencedora dos mundiais de 2022 e 2023, a italiana Elena Micheli chega com favoritismo ao ouro. No entanto, quando participou das olimpíadas em Tóquio, Elena foi apenas a 33ª, pois teve a pontuação zerada no hipismo saltos. Outra forte concorrente que não se saiu muito bem em Tóquio no hipismo foi a alemã Annika Schleu (que até aquele momento liderava a competição). A frustração da equipe de Annika - que acabou agredindo o cavalo em que ela usava na prova - levou a uma discussão sobre a remoção do hipismo saltos. Paris deverá ser a última vez que o hipismo fará parte do pentatlo.
A lituana Laura Asadauskaite foi campeã olímpica em 2012 e prata em 2020, além de campeã mundial em 2013 e vice em 2009. Mesmo com seus 40 anos, a incansável atleta é cotada a subir no pódio em Paris, pois em Tóquio, aos 37 anos, bateu o recorde olímpico no laser run. Michelle Gulyás e Alice Sotero, respectivamente vices nos Mundiais de 2022 e 2023, são outras duas fortes candidatas à medalha. Os anfitriões também torcerão muito por um bom desempenho de Marie Oteiza (FRA).
Isabella Abreu será a representante do Brasil no pentatlo (foto: Rafael Bello/COB) |
Alguém que pode surpreender é a chinesa Zhang Mingyu, campeã do asiático em 2018 e 2022, porém, nesse esporte, o nível do campeonato asiático é inferior ao do europeu. Já o Brasil contará com Isabela Abreu. A paranaense se qualificou ao ser a 9ª colocada nos Jogos Pan-Americanos e, portanto, deve competir em Paris objetivando seu melhor desempenho pessoal.
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