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Guia Paris 2024 - SALTOS ORNAMENTAIS



*Por Gabriel Sanches

FICHA TÉCNICA

Local de disputa: Centro Aquático de Paris

Período: 27/07 - 10/08

Número de países participantes: 32

Total de atletas: 136

Brasil: Ingrid Oliveira e Isaac Souza


HISTÓRICO

Os saltos ornamentais têm suas raízes na Grécia Antiga, onde as comunidades costeiras praticavam saltos de rochedos, mergulhando nas águas profundas, numa busca por emoção e mudança na rotina.. Acredita-se que, com base em evidências arqueológicas, essa atividade recreativa migrou para o norte da Europa no século XVII, onde suecos e alemães começaram a utilizá-la para treinar ginástica. Esses países tinham uma forte tradição na ginástica, tanto como forma de expressão quanto como preparação militar. Durante os verões, os equipamentos de ginástica eram levados à praia e montados em plataformas altas ou píeres, permitindo a realização de movimentos acima da água. O trampolim, em particular, era essencial para impulsionar os atletas ao salto, não apenas à queda.

Gradualmente, o que começou como um exercício de ginástica se transformou em um esporte. Em 1871, foi realizada a primeira competição documentada, um torneio em Londres onde os atletas saltavam de uma ponte. No século XIX, o esporte desenvolveu suas competições modernas, começando com provas em lagos turvos e cheios de patos. Os saltadores muitas vezes não conheciam a profundidade das águas, resultando em acidentes e ferimentos. As primeiras competições regulamentadas na Europa foram em plataformas, enquanto nos Estados Unidos o esporte começou a ser praticado no trampolim.

Em 1901, a fundação da Associação Amadora de Saltos deu um caráter esportivo definitivo à atividade. Com regras internacionais estabelecidas pela recém-formada Federação Internacional de Natação (FINA), os saltos ornamentais foram incluídos nos Jogos Olímpicos de Saint Louis, em 1904, com uma prova chamada "Mergulho à distância". Esta prova, no entanto, não atraiu o público e foi eliminada nas edições seguintes. Em 1908, sob a regulamentação da FINA, os saltos ornamentais modernos foram disputados nos Jogos de Londres, mas apenas por homens. As modalidades incluíram plataforma e trampolim de três metros, com os primeiros campeões sendo o alemão Albert Zürner no trampolim e o sueco Hjalmar Johansson na plataforma alta. 

Em 1912, as mulheres estrearam nos Jogos de Estocolmo, competindo na plataforma, vencida pela sueca Margareta Johanson. Após a Primeira Guerra Mundial, as mulheres começaram a competir no trampolim em 1920, nos Jogos da Bélgica. Nesta edição, uma mudança nas regras permitiu que os atletas dobrassem os joelhos para se impulsionar, facilitando a execução de novos movimentos.

O esporte continuou a evoluir e, anos 2000, foram introduzidas as provas olímpicas sincronizadas no trampolim e na plataforma. Em 2008, a popularidade dos saltos ornamentais levou a ginásios lotados para as competições pré-olímpicas em Pequim.

No quadro de medalhas histórico da modalidade, os Estados Unidos lideram com 49 ouros, mas em Paris deverão ser ultrapassados pela China, que tem 47 ouros. A dominância dos dois países é tão grande que o terceiro colocado na lista é a Suécia com 6 ouros.


BRASIL

Ingrid durante um salto na final da plataforma
Ingrid Oliveira durante competição (Foto: Divulgação/Saltos Brasil)

A história dos saltos ornamentais no Brasil remonta ao início do século XX, influenciada por imigrantes europeus. A prática começou a se organizar nas décadas de 1930 e 1940, e a primeira participação olímpica na modalidade foi em Londres-1948, com Milton Busin, Gunnar Kemmitz e Haroldo Mariano. A primeira mulher a competir pelo Brasil foi Mary Proença em Melbourne-1956

Nos anos 2000, figuras como César Castro, Juliana Veloso e Hugo Parisi brilharam em competições internacionais, com César sendo dono de duas finais olímpicas, Atenas-2004 e Rio-2016. Em Paris, apenas Ingrid Oliveira e Isaac Souza conseguiram vaga olímpica.

FORMATO DE DISPUTA

Nas provas individuais, trampolim de 3 metros e plataforma de 10 metros, cada atleta realiza seis saltos e os 18 melhores das preliminares avançam para as semifinais com os 12 melhores das semifinais avançando para as finais.

Por outro lado, nas provas sincronizadas de 3 e 10 metros, são cinco saltos realizados por dois atleta, os julgamentos se baseiam em sincronia e execução. A fase final é a única com a melhor dupla levando o ouro.

Critérios de Julgamento

Os saltos são avaliados por um painel de juízes que pontuam a execução, a dificuldade e a entrada na água. Para as provas sincronizadas, além desses critérios, é avaliada a sincronia entre os atletas.


ANÁLISE

MASCULINO

 3m

Eliminatórias: 06/08 às 8h00

Semifinal: 07/08 às 8h00

Final: 08/08 às 10h00

Favoritos ao ouro: Xie Siyi (CHN) e Wang Zongyuan (CHN)

Candidatos à medalha: Lars Rudiger (GER), Moritz Wesemann (GER) e Jack Laugher (GBR)

Podem surpreender: Osmar Olvera (MEX) e Daniel Restrepo (COL)

Brasil: não participa

A competição da plataforma de 3 metros promete ser uma das mais emocionantes e disputadas. Ao menos pra saber qual chinês ficará com o ouro: Xie Syi ou Wang Zongyuan. Em Tóquio, Syi ganhou e Zongyuan tentará sua revanche em Paris.

Jack Laugher, medalhista olímpico e mundial, assim como os alemães Lars Rudiger e Mortiz Weseman. Além desses nomes, podemos citar o mexicano Rodrigo Diego e o colombiano Daniel Restrepo, que irão tentar desbancar os favoritos.


Masculino 10m

Eliminatórias: 09/08 às 05h00

Semifinal: 10/08 às 5h00

Final: 10/08 às 10h00

Favoritos ao ouro:  Yang Hao (CHN), Cassiel Rousseau (AUS) e Cao Yuan (CHN)

Candidatos à medalha:  Randall Vilars (MEX) e Kyle Khotari (GBR)

Podem surpreender: Isaac Souza (BRA)

Brasil: Isaac Souza

Isaac Souza se contorce durante salto. Ele está de sunga banca e é moreno de pele branca
Foto: Sátiro Sodré/SS Press/CBDA 

Nesta prova, a China traz atletas de alto nível na briga pelo ouro, mas pode ter um 'intruso' brigando pelo ouro. Cassiel Rousseasu foi campeão mundial em 2023 e pode incomodar o campeão olímpico Cao Yuan e o campeão mundial de 2024 Yang Hao, que carregam mais favoritismo por conta do histórico recentes de dominância dos chineses na modalidade.

Os atletas britânicos também têm mostrado força nesta categoria, com o campeão europeu Kyle Khotari com mais chances. O campeão pan-americano Randall Villars corre por fora por um pódio.

O brasileiro Isaac Souza vai para Paris em busca de surpreender os seus adversários. Após ficar em nono lugar no Mundial de 2023, Isaac espera melhorar seu desempenho, e apesar da dificuldade em chegar ao pódio, beliscar um top 5 já seria um grande resultado.


SINCRONIZADO 3m

Final: 02/08 às 6h00

Favoritos ao ouro: Long Daoyi/ Wang Zongyuan (CHN)

Candidatos à medalha: Anthony Harding/Jack Laugher (GBR), Lorenzo Marsaglia/Giovani Tocci (ITA)

Podem surpreender: Adrián Abadía e Nicolás Garcia (ESP)

Brasil: não participa


Long Daoyi e Wang Zongyuan, medalhistas de ouro em Tóquio 2020, são fortes candidatos, conhecidos por sua sincronia impecável e saltos de alta dificuldade. A dupla irá disputar a primeira competição olímpica juntas em Paris-2024.

Os atletas britânicos Jack Laugher e Anthony Harding também são fortes concorrentes, com Laugher trazendo experiência de medalhas olímpicas anteriores e Harding mostrando um crescimento constante em seu desempenho. Lorenzo Marsaglia e Giovanni Tocci são a outra dupla que pode brigar pelo pódio no mundial

Já os espanhóis Adrián Abadía e Nicolás Garcia querem repetir o bom desempenho do Mundial de 2024, quando terminaram na terceira posição. 


SINCRONIZADO 10m

Final: 29/7 às 7h00

Favoritos ao ouro: Lian Junjie/Yang Hao (CHN)

Candidatos à medalha: Tom Daley/Noah Williams (GBR) e Kevin Berlín/Randal Willars (MEX) 

Podem surpreender: Mark Hrytsenko/Kirill Boliukh (UKR)

Brasil: não participa


Os chineses Lian Junjie, e Yang Hao, dominaram o ciclo olímpico com um tri mundial da prova e é outro ouro praticamente certo da China. Do Reino Unido, o ídolo Tom Daley continua a ser uma figura de destaque. Ao lado de Noah Williams, já que Matty Lee, seu tradicional parceiro se lesionou, é o nome mais cotado para a prata - ou um ouro se acontecer o feito raro dos chineses errarem um ou dois saltos.

Podemos citar os mexicanos Kevin e Randal, que conquistaram a medalha de bronze no Mundial de 2023, e devem repetir o metal na olimpíada com os ucranianos Hrytsenko/Boliukh correndo por fora


FEMININO

 3m

Eliminatórias: 07/08 a 8h00

Semifinal: 08/08 às 8h00

Final: 09/08 às 10h00

Favoritos ao ouro: Chang Yani (CHN) e Chen Yiwen (CHN) 

Candidatos à medalha: Maddison Keeney (AUS) e Grace Reid (GBR)

Podem surpreender:  Lena Hentschel (GER)

Brasil: não participa

A competição feminina na plataforma de 3 metros também tem a China como principal favorita.. Atletas como Chang Yani, que tem sido praticamente imbatível nos últimos anos, e Chen Tiwen, outra competidora de altíssimo nível, são esperadas para liderar a delegação chinesa. 

Do lado da Grã-Bretanha, Grace Reid é uma postulante ao pódio. Já do lado da Alemanha , Lena Hentschel, bronze no trmapolim sincronizado em Tóquio, busca sua primeira medalha solo. Maddison Keeney também outra com chances de pegar este bronze, que parece ser a medalha mais disponível na prova.


10m

Eliminatórias: 05/08 às 3h45h

Semifinal: 05/08 às 10h00

Final: 10/08 às 10h00

Favoritos ao ouro: Quan Hongchan (CHN) e Chen Yuxi (CHN)

Candidatos à medalha: Caeli McKay (CAN) e Matsuri Arai (JPN)

Podem surpreender: Ingrid Oliveira (BRA)

Brasil: Ingrid Oliveira

Quan Hongchan, que aos 14 anos conquistou a medalha de ouro em Tóquio-2020 com execuções quase perfeitas, volta aos Jogos olímpicos aos 17 anos mais experiente e ainda mais favorita,. Ao seu lado, a também prodígio Chen Yuxi, medalhista de prata em Tóquio, também está na disputa e vai tentar desbancar Hongchan.

Já a canadense Caeli McKay, que surpreendeu ao conquistar a medalha de bronze no Mundial de 2023, pinta como a favorita a pegar o mesmo metal na olimpíada, concorrendo contra Matsuri Arai.

Ingrid Oliveira é a representante do Brasil na prova, que vai para sua terceira olímpiada da carreira. um quarto lugar no mundial de 2022 dá esperanças de que Ingrid consiga chegar pelo menos em uma final olímpica


SINCRONIZADO 3m

Final: 27/07 às 7h00

Favoritos ao ouro: Chang Yani/Chen Yiwen (CHN)

Candidatos à medalha: Lena Hentschel/Jette Muller (GER) e Scarlett Mew Jansen/Yasmin Harper (GBR)

Podem surpreender: Elena Bertocchi/Chiara Pellacani (ITA)

Brasil: não participa


Se Chang Yani e Chen Yiwen vão ter que brigar pelo ouro no individual, no trampolim sincronizado elas competem juntas, neste que deverá ser uma das grandes barbadas da olimpíada. Afinal, são as duas melhores saltadoras do mundo e só uma tragédia tira a medalha dourada da dupla.

A Grã-Bretanha apresenta uma dupla promissora com Scarlett Mew Jander e Yasmin Harper, que no último mundial, a dupla ficou com a medalha de prata ficando atrás apenas das chinesas e são as favoritas a repetir o metal na olimpíada

As duplas da Itália Bertocchi/Pellacani e da Alemanha Hentschel/Muller , correm por fora nesta briga pela prata olímpica da prova.


SINCRONIZADO 10m

Final: 31/07 às 6h00

Favoritos ao ouro: Quan Hongchan/Chen Yuxi (CHN)

Candidatos à medalha: Delaney Schnell/Jessica Parrato (USA) e Gabriela Agúndez/Alejandra Orozco (MEX)

Podem surpreender: Andrea Spendolini-Sirieix/ Lois Toulson (GBR)

Brasil: não participa

As chinesas Chen Yuxi e Quan Hongchan são as principais candidatas ao ouro em Paris após serem campeãs mundiais no ano passado e assim como as outras duplas chinesas, só saem sem ouro se acontecer uma tragédia em piscinas francesas

Os Estados Unidos apresentam Delaney Schnell e Jessica Parratto,.  dupla que conquistou a medalha de prata em Tóquio, como suas principais atletas. Outra dupla que promete trazer um bom desempenho em Paris, é formada pelas mexicanas Gabriela Agúndez e Alejandra Orozco, que conquistaram a medalha de bronze em Tóquio. A dupla britânica formada por Andrea Spendolini-Sirieix/Lois Toulson após prata no mundial, pode surpreender e ser a dupla que pode chegar mais perto das chinesas.

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