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Guia Paris 2024 - SKATE

 



* Por Natália Oliveira 

FICHA TÉCNICA

Local de disputa: Place de la Concorde

Período: 27 e 28 de julho (Skate Street) 6 e 7 de agosto (Skate Park)

Número de países participantes: 23

Total de atletas: 88

Brasil: Rayssa Leal, Pamela rosa, Gabi Mazetto, Raicca Ventura, Isadora Pacheco e Dora Varella (feminino), Felipe Gustavo, Giovani Vianna, Kelvin Hoefler, Augusro Akio, Pedro Barros e Luigi Cini (masculino)


HISTÓRICO

A origem do skate remonta à década de 1920, nos Estados Unidos, quando os jovens fixavam eixos e rodinhas em pedaços de madeira para diversão. Acredita-se que essa ideia possa ter derivado dos rollers scooters, um tipo de patinete fabricado a partir de 1900. A história conta que, em 1918, um garoto chamado Doc "Heath" Ball desmontou eixos e rodas de patins e os fixou em uma madeira. Inicialmente, ele não andava de pé, mas apoiava um joelho na madeira e impulsionava com o outro pé. 

Já outra parte importante da história do esporte veio no final dos anos 50, quando os surfistas californianos, em dias sem ondas, começaram a imitar as manobras de surfe em pranchas de madeira com rodas e eixos.

Desde então, os skateboards evoluíram para se tornarem os decks de madeira com eixos de alumínio e rodas de aderência que conhecemos hoje. Para realizar manobras, é necessária uma combinação de impulso com os pés, equilíbrio e técnica. 

A partir dos anos 80, virou febre, adentrando na cultura pop influenciando música, moda, cultura e até videogames, fazendo o skatistas formarem uma tribo que tem se popularizado cada vez mais desde então. E a popularidade foi tanta que o COI, para atrair mais jovens e dar uma cara mais urbana aos jogos, incluiu o skate nos jogos olímpicos de Tóquio, escolhendo as modalidades street e park.  

Em Tóquio, o Japão dominou a disputa conquistando três dos quatro ouros possíveis, Austrália, Brasil, Estados Unidos e Grã Bretanha foram os outros países que saíram com medalhas na primeira participação olímpica do Skate



BRASIL

De branco, Pedro Barros sorri e está de braços abertos
Pedro Barros em Tòquio-2020 (Foto: Gaspar Nóbrega/COB)

No Brasil, o skate começou a ser praticado na década de 1960, principalmente no Rio de Janeiro, trazido por filhos de norte-americanos e brasileiros que viajavam para os EUA, em sua maioria surfistas. Inicialmente, os skatistas improvisavam com rodas de patins fixadas em pranchas de madeira. 

A comercialização dos primeiros skates no Brasil começou anos depois, em 1974, nas lojas de surfe. E, em 1977, a revista "Esqueite" começou a circular, popularizando o esporte em todo o país. Nos anos 80, o skate no Brasil cresceu significativamente, com programas de TV especializados, novas revistas e a participação de atletas internacionais em eventos locais. O paulista Lincoln Dio Ueda se tornou o primeiro brasileiro a figurar no ranking dos dez melhores do Circuito Mundial em 1989, alcançando o 4º lugar. 

No entanto, em 1988, a prática do skate foi proibida em São Paulo pelo prefeito Jânio Quadros. Mas a proibição durou pouco e foi revogada um ano depois pela prefeita Luiza Erundina.

A Confederação Brasileira de Skate (CBSk) foi criada em 1999 e profissionalizou ainda mais o esporte no Brasil. Em 2000, o Brasil conquistou seus primeiros títulos mundiais nas modalidades vertical (Bob Burnquist) e street (Carlos Piolho). O Brasil tem uma rica história no skate, com nomes como Bob Burnquist, Sandro Dias e Letícia Bufoni se destacando muito antes da inclusão do esporte nos Jogos Olímpicos. 

Na estreia olímpica do skate em Tóquio, os brasileiros brilharam, conquistando três medalhas: Rayssa Leal e Kelvin Hoefler ficaram com a prata nas categorias Street e Pedro Barros levou a prata no Park.


FORMATO DE DISPUTA

O skate olímpico possui duas modalidades principais: Street e Park. No Street, os skatistas utilizam elementos urbanos como escadas, corrimões e bancos para realizar manobras. No Park, a competição ocorre em pistas que combinam elementos verticais e horizontais, permitindo uma ampla variedade de manobras aéreas.

Cada modalidade tem critérios de julgamento específicos, considerando a dificuldade, execução, originalidade e consistência das manobras. No Street, os atletas são avaliados em linhas de manobras consecutivas e em tentativas individuais. No Park, as performances ocorrem em um tempo determinado, onde os skatistas buscam aproveitar ao máximo os elementos da pista

O formato das competições destaca a criatividade e habilidade técnica dos atletas, proporcionando um espetáculo emocionante para o público. A estreia do skate nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 o consolidou como uma modalidade de prestígio, atraindo mais atenção e investimentos.

Cada evento – Park masculino, Park feminino, Street masculino e Street feminino – contará com 22 atletas, totalizando 88 atletas no skate. Ambos os eventos têm uma rodada preliminar e uma final, com diferenças nos tipos de obstáculos e formatos.

Skate Park:

Os skatistas competem em uma pista com rampas, lombadas e saltos, projetada para imitar um parque de skate. Cada atleta realiza duas provas de 45 segundos, executando o máximo de manobras possível. A pontuação é baseada em cinco critérios: dificuldade e variedade de manobras, qualidade da execução, uso da pista, fluxo e consistência, e repetição. A pontuação mais alta de cada skatista conta para a competição.

Skate Street:

A competição acontece em uma pista plana com trilhos e degraus. O formato inclui uma fase cronometrada e uma fase de manobras individuais. Na fase cronometrada, os skatistas realizam duas corridas de 45 segundos. Na fase de manobras individuais, eles têm cinco tentativas para executar manobras surpreendentes, com as duas melhores pontuações contando para o total. A pontuação total combina uma corrida cronometrada e duas manobras individuais, com uma pontuação máxima de 300.

Mudanças para 2024:

Em Paris-2024, a pontuação será baseada em uma corrida cronometrada e duas manobras individuais. Uma nova regra permite que skatistas recusem uma pontuação e tentem novamente uma manobra para melhorar sua nota. As rodadas preliminares e finais acontecerão no mesmo dia, e as pontuações preliminares não contam na final.

Classificação para Paris 2024:

Oitenta e oito atletas competirão no skate em Paris 2024. As vagas são decididas pela tabela de classificação do Olympic World Skateboarding Ranking (OWSR) e eventos de classificação. Cada Comitê Olímpico Nacional (CON) pode ter até três atletas por evento, garantindo a representação continental.


ANÁLISE

 

De branco, Giovanni Vianna acena para as arquibancadas
Foto: Helena Petry/COB

STREET MASCULINO

Eliminatórias: 27/07

Final: 27/07

Favoritos ao ouro: Yuto Horigome (JPN), Ginwoo Onodera (JPN)

Candidatos à medalha: Sora Shirai (JPN), Kelvin Hoefler (BRA)

Podem surpreender: Aurélien Giraud (FRA), Giovanni Vianna (BRA), Horigome Yuto (JPN)

Brasil: Kelvin Hoefler, Giovanni Vianna, Felipe Gustavo

O campeão em Tóquio-2020, Yuto Horigome (JPN), é um forte candidato a defender seu título. Neste ciclo olímpico, ele venceu duas etapas do X Games e recebeu o bronze no mundial. Ginwoo Onodera e Sora Shirai também são fortes candidatos para o Japão, ambos subiram ao pódio no mundial e no X Games neste ciclo olímpico. Além disso, os três japoneses foram os melhores ranqueados no evento qualificatório.

Já o medalhista de prata, Kelvin Hoefler (BRA), também chega forte para a competição. Ele acumula títulos na carreira e chegou a disputar a final da segunda etapa do evento qualificatório. O mesmo vale para seu compatriota Giovanni Vianna, que disputou a final da primeira etapa.

Disputando em casa, Aurélien Giraud também pode surpreender. O atleta foi campeão mundial em 2023.

Horigome Yuto, do Japão, foi o primeiro campeão olímpico de skate. Além disso, ele conquistou uma medalha de ouro e outra de prata no Campeonato Mundial.


Rayssa com o troféu da temporada 2023 com touca preta e enrolada na bandeira do Brasil
Foto: Divulgação/SLS

STREET FEMININO

Eliminatórias: 28/07

Final: 28/07

Favoritos ao ouro: Rayssa Leal (BRA)

Candidatos à medalha: Funa Nakayama (JPN)

Podem surpreender: Chloe Covell (AUS)

Brasil: Rayssa Leal, Pamela Rosa, Gabi Mazetto

A skatista que conquista corações por onde passa é uma forte candidata ao ouro. Rayssa Leal garantiu sua vaga de maneira tranquila, após ser a campeã da primeira etapa do evento qualificatório. Além disso, ela traz na bagagem uma medalha de prata em Tóquio 2020, dois ouros no X Games, um ouro e uma prata no mundial, dois ouros na SLS e um ouro no Pan-Americano – todos esses títulos conquistados neste ciclo olímpico.

Medalha de bronze em Tóquio, a japonesa Funa Nakayama conquistou duas pratas neste ciclo olímpico, uma no mundial e outra nos X Games. Além disso, ela ficou em sexto lugar na primeira etapa do evento qualificatório e em terceiro, na segunda.

As japonesas Liz Akama e Coco Yoshizawa se destacam por terem terminado no top-3 na classificação geral do evento qualificatório. Ambas são estreantes, tendo apenas 15 e 14 anos, respectivamente.

Chloe Covell, uma das promessas do skate street da Austrália, tornou-se a mais jovem mulher a subir duas vezes ao pódio nos X Games de verão.


PARK MASCULINO

Eliminatórias: 07/08

Final: 07/08

Favoritos ao ouro: Keegan Palmer (EUA)

Candidatos à medalha: Pedro Barros (BRA), Gavin Bottger (EUA)

Podem surpreender: Augusto Akio (BRA), Tate Carew (EUA)

Brasil: Augusto Akio, Luigi Cini, Pedro Barros

Keegan Palmer (EUA) chega forte para defender seu título de Tóquio-2020. Neste ciclo olímpico, ele conquistou três medalhas no X Games, duas de ouro e uma de prata em 2023 e 2024. Além disso, ele terminou em segundo lugar no ranking geral do evento qualificatório.

O brasileiro prata em Tóquio-2020, Pedro Barros, acumula títulos na carreira. Neste ciclo olímpico, ele conquistou dois bronzes, um no mundial e um no X Games. Seu compatriota, Augusto Akio, fará sua estreia olímpica e traz na bagagem duas medalhas de prata no park, uma no mundial e uma nos Jogos Pan-Americanos.

Os estadunidenses Tate Carew e Gavin Bottger se destacam por terem terminado no top-3 geral do evento qualificatório. Carew conquistou uma prata no mundial de park em 2023, já Bottger – a promessa de apenas 17 anos – conquistou cinco medalhas neste ciclo olímpico, sendo duas de ouro, duas de prata e uma de bronze.


PARK FEMININO

Eliminatórias: 06/08

Final: 06/08

Favoritos ao ouro: Sakura Yosozumi (JPN)

Candidatos à medalha: Kokona Hiraki (JPN), Sky Brown (GBR)

Podem surpreender: Arisa Trew (AUS)

Brasil: Raicca Ventura, Dora Varella, Isadora Pacheco

Sakura Yosozumi (JPN) está vindo com tudo para defender seu título de Tóquio 2020. Neste ciclo olímpico, a atleta conquistou bronze no mundial, ouro e prata nos X Games, e prata no Dew Tour. Além disso, ela foi a terceira colocada no ranking geral do evento qualificatório.

Também representando o Japão, Kokona Hiraki foi prata em Tóquio 2020 e volta à competição. Neste ciclo, ela terminou com um ouro e uma prata em mundiais, um ouro e dois bronzes no X Games e um bronze no Dew Tour.

Sky Brown, a prodigio olímpica do skate e futuramente também do surfe (foto: Reuters)

A britânica de família japonesa, Sky Brown, também é uma forte candidata. Ela foi bronze em Tóquio 2020 e, neste ciclo olímpico, conquistou um ouro no mundial, dois ouros nos X Games e um ouro no Dew Tour e quase conseguiu se classificar para o Surfe, algo que ela com certeza deve conseguir em Los Angeles

A australiana Arisa Trew terminou o evento qualificatório em segundo lugar. Além disso, ela foi a primeira mulher a realizar a manobra de 900º, em um half-pipe.


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