Foto: Divulgação/Pixabay |
A abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio estava originalmente planejada para acontecer em 24 de julho de 2020. Porém, devido à pandemia da Covid-19, toda a competição foi adiada para 2021, consequentemente afetando o preparo físico dos esportistas para a sua edição seguinte, em Paris, uma vez que o ciclo das Olimpíadas tradicionalmente dura 4 anos e, dessa vez, teve que ser realizado em 3.
De acordo com Beatriz Rodrigo, fisioterapeuta esportiva associada à SONAFE - Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e Atividade Física, que faz parte do Time Brasil nesta edição das Olimpíadas, acompanhando o Rugby 7 feminino, atletas e equipe tiveram que fazer seus treinos para a competição de forma separada durante os 6 primeiros meses da pandemia, até se encontrarem em um centro de treinamento em outubro de 2020.
“As jogadoras levaram equipamentos como elásticos, pesos e bolas para suas casas, mantendo os treinos como era possível. Além disso, todo o monitoramento foi feito online. Foram inúmeros testes para Covid, muitos gerenciamentos e estratégias de retorno. Durante o período dos jogos, a interação aconteceu somente para reuniões de alinhamento entre os países, nos momentos das partidas, e no refeitório com esquema de mesas separadas e rodízio para comer. Algo extremamente estressante, não possibilitando interação social, além do medo de que alguém estivesse contaminado, impossibilitando de participar dos Jogos”, relata a profissional.
Segundo a fisioterapeuta, o contratempo de trabalhar com um ciclo menor para esta edição dos Jogos Olímpicos mudou completamente a rotina do preparo físico, que teve que passar novamente por transformações. “Todas as estratégias da fisioterapia foram direcionadas para o controle da carga. Estratégias de recuperação, avaliação dos testes para entender quais as demandas (fortalecimentos musculares, ganhos de mobilidade articulares, ativações) foram necessárias para o momento do ano mediante aos compromissos com testes, treinos, torneios e viagens”, explica Beatriz.
“Foi necessário muita flexibilidade de treinadores, atletas e toda comissão técnica. Os intervalos menores entre competições geram menos tempo para se recuperar completamente de qualquer lesão ou fadiga acumulada durante os Jogos anteriores, além da pressão adicional para manterem seu condicionamento físico e habilidades competitivas em um nível alto o tempo todo. Esse ciclo definitivamente foi mais intenso, com menos tempo para períodos de descanso e recuperação adequados”, detalha Dra Flávia Magalhães, médica e nutricionista, especialista em performance de atletas e que acumula convocações para a Seleção Brasileira Feminina desde 2015.
O staff dos atletas também sofreu mudanças em relação aos últimos Jogos. Agora, a equipe individual dos atletas inclui um preparador físico, fisioterapeuta, psicólogo, médico e nutricionista, além de outros especialistas específicos para as demandas de cada esporte. Outra grande mudança foi o aumento no uso das tecnologias para monitorar o desempenho dos atletas, utilizando wearables e aplicativos de análise de dados, que permitem à equipe acompanhar o progresso dos atletas e ajustar os programas de treinamento de forma remota.
Com a contagem regressiva para o início do torneio, a rotina dos atletas está totalmente focada nos treinos, e a adaptação na Vila Olímpica. Após a chegada em Paris, os fisioterapeutas prepararam uma série de exercícios de recuperação para minimizar a fadiga das competições e deslocamento feitos nas últimas semanas, utilizando bicicletas, piscinas, e realização de caminhadas, para contrair a musculatura, realizar drenagem dos membros e mobilizar as articulações.
“Os atletas frequentemente têm sessões diárias de treinamento ou prática para ajustar técnicas, estratégias e manter a forma física. Também é necessário monitorar o tempo de repouso, hidratação, nutrição e a saúde mental. É como se fosse um “pente fino” para cada etapa da competição/adversário a se enfrentar. E Copa do Mundo e Olimpíadas são “tiros curtos” com intervalos pequenos. Há uma preocupação integral com a saúde do atleta/alta performance”, explica a Dra Flávia Magalhães.
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