(Vinheta de abertura das transmissões do SporTV para os Jogos Olímpicos de 2020+1)
Narração: Luiz Carlos Jr., Milton Leite, Everaldo Marques, Renata Silveira, Gustavo Villani, Natália Lara, Sérgio Arenillas, Bruno Fonseca, Jader Rocha, Daniel Pereira, Bernardo Edler, Luiz Prota, Antero Neto, Márcio Meneghini, Rhoodes Lima, Odinei Ribeiro
Comentaristas: além dos comentaristas da TV Globo, Paulo Nunes, Sérgio Xavier Filho, Pedrinho, Renata Mendonça, Paulo Cesar Vasconcellos, Conrado Santana, Pedro Moreno (futebol masculino/futebol feminino), Sheilla, Thaísa e Fabiana Claudino (vôlei feminino), Carlão, Nalbert, Marco Freitas e Serginho (vôlei masculino), Fabiana Murer e Arnaldo Oliveira (atletismo), Bia Bulcão (esgrima), Sarah Menezes (judô), Daniele Hypólito e Jade Barbosa (ginástica artística), Claudinha Gonçalves e Teco Padaratz (surfe), Thiago Pereira (natação masculina), Guto Campos (canoagem de velocidade), Marcelinho Machado e Gustavo de Conti (basquete masculino/basquete feminino), Tiago Camilo e Leandro Guilheiro (judô), Robson Conceição e Daniel Fucs (boxe), Rony Gomes e Karen Jonz (skate), Ana Hissa (luta olímpica/boxe)
Repórteres: os mesmos da TV Globo
Apresentação: além dos apresentadores da TV Globo, Marcelo Barreto e Felipe Diniz
Participação: Marcos Uchôa, Guilherme Costa, Renata de Medeiros e Bernardinho
A integração dos canais do que um dia tinha sido Globosat – agora eram, simplesmente, Canais Globo – com a “emissora-mãe” era tão grande que dava para se dizer até que era como se fosse a “Globo” de nichos. Para os noticiários, a Globo News; para entretenimento, na falta de um, dois canais, Multishow e GNT; para filmes, o Telecine; e para esporte, obviamente, o SporTV. Já seria assim mesmo se a cobertura fosse gigante, como tinha sido na Copa do Mundo de 2018, no futebol. Em tempos de pandemia, com os gastos forçosamente contidos, a sinergia Globo-SporTV seria mais do que existente. Seria até obrigatória.
E isso se viu em vários aspectos da cobertura do SporTV para Tóquio-2020+1. A Globo teria um “falso estúdio de vidro”, com cenários no Rio de Janeiro e uma tela com câmeras ligadas dia e noite exibindo a Baía de Tóquio? O canal esportivo também. A “mamãe” teria somente repórteres e apresentadores por lá, com o resto da equipe trabalhando dos estúdios no Rio de Janeiro? O “filho esportivo” também. Nomes como Karine Alves e Tiago Medeiros apareceriam na TV Globo sempre que fosse necessário dar notícias e fazer entrevistas com nomes de destaque em Tóquio, ainda mais se fossem brasileiros? Pois também apareceriam no SporTV, sem tirar nem por, em horários diferentes: Karine, por exemplo, era o nome preferencial das notícias olímpicas no Jornal Hoje, mas aparecia mais na noite brasileira pelo SporTV.
O que não quer dizer que o canal esportivo do grupo Globo não teria seus aspectos próprios nos trabalhos olímpicos. Para começo de conversa, além dos quatro canais – prática habitual da emissora esportiva em tempos olímpicos -, o Globoplay oferecia guarida a todos os outros sinais disponibilizados pela OBS, narrados ou não. Depois, apareceria somente no SporTV uma espécie de “embaixador olímpico” da cobertura: Bernardinho. Já então confirmado como técnico da seleção masculina de vôlei da França, com vistas a Paris-2024 (projeto abortado por saída precoce, depois voltando à Seleção Brasileira), o técnico bicampeão olímpico seria um comentarista especial do SporTV. Não para o vôlei nem para qualquer outro esporte, mas para os Jogos Olímpicos de um modo geral. Tanto que Bernardinho seria nome fixo no debate que abria a madrugada olímpica do SporTV: o Ohayo Tóquio – “Bom Dia Tóquio”, em bom japonês -, às 20h de Brasília, com a apresentação/mediação de Marcelo Barreto.
No Ohayo Tóquio também estariam vários dos comentaristas privativos do SporTV, para os vários esportes do programa olímpico, debatendo o que se vira na madrugada anterior – e o que se veria na madrugada seguinte. Haveria espaço até para quadros dentro do programa. No “Ohayo Tá On”, a gaúcha Renata de Medeiros exibiria memes, hashtags... enfim, toda a repercussão olímpica dentro das mídias sociais. No “Termômetro Ohayo”, caberia a Guilherme Costa – o grande nome a acompanhar o esporte olímpico no Grupo Globo, com seu perfil @brasilemtoquio e seu blog dentro do GE, o portal esportivo de internet – comparar os resultados que os brasileiros conseguiam a cada dia com os prognósticos de medalha pré-Jogos feitos por “Casão” (apelido jocoso dado a Guilherme, por sua semelhança de fisionomia com o então ainda comentarista global de futebol).
Dentro do Ohayo Tóquio, haveria alternância de velhos conhecidos do Grupo Globo (tanto no SporTV quanto na TV Globo) com novidades vindas especificamente para a cobertura de Tóquio. No primeiro caso estava Marcos Uchôa: já à beira da saída do conglomerado de mídia – seria confirmada em novembro de 2021 -, o repórter de tantas vivências olímpicas também seria nome fixo na bancada, ao lado de Marcelo Barreto e Bernardinho. Assim como os comentaristas habituais de várias modalidades: Fabi e Nalbert para o vôlei, Daiane dos Santos para a ginástica, Hortência e Marcelinho Machado para o basquete...
Já no segundo grupo, nomes de grosso calibre viveriam suas primeiras experiências olímpicas no SporTV. A natação que o diga: se Gustavo Borges ficaria mais dedicado aos comentários na TV Globo, seriam os principais comentaristas das provas no Centro Aquático César Cielo (dispensando apresentações, dono do primeiro ouro olímpico da natação brasileira, além do bronze em Londres-2012) e Joanna Maranhão (que colocaria no vídeo a ponderação e a desenvoltura já conhecidas de quem acompanhasse a pernambucana em mídias sociais – até em assuntos espinhosos, esportivos ou não). A ginástica também tinha algo a dizer sobre isso: se Diego Hypólito e Daiane dos Santos estavam na Globo, para o SporTV iriam Daniele Hypólito e Jade Barbosa, igualmente marcantes na história da ginástica artística brasileira.
De certa forma, esta divisão também se via nos narradores destacados para darem voz às disputas olímpicas pelo SporTV. Luiz Carlos Júnior, Milton Leite, Jader Rocha, Daniel Pereira... todos estes eram caras e vozes conhecidas de quem acompanhasse a emissora – até simbólicas dela -, e todos eles estariam narrando dos estúdios cariocas o que se visse em Tóquio. Já entre as novidades, dois nomes se destacavam. Duas mulheres, mais precisamente. A carioca Renata Silveira começara sua trajetória em narração ao vencer o concurso “A Garota da voz”, na Rádio Globo carioca, sendo a locutora de Costa Rica 3x1 Uruguai, pela Copa de 2014. Tivera outro ponto culminante ao ser uma das três escolhidas para narrar jogos da Copa de 2018, após o concurso “Narra Quem Sabe”, organizado pelo FOX Sports – e pelo canal Renata também trabalharia depois daquele Mundial de futebol, até se tornar a primeira narradora da história do Grupo Globo, em dezembro de 2020. Na cobertura de Tóquio-2020+1, Renata estaria muito ligada ao torneio olímpico de futebol feminino.
A cobertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio seria o primeiro grande evento de Renata Silveira desde sua chegada ao Grupo Globo, de cuja história foi a primeira locutora esportiva (Divulgação/TV Globo) |
Assim como Renata, também daria voz aos jogos das mulheres no futebol em Tóquio pelo SporTV uma recém-chegada de trajetória já longa. Formada em Rádio e TV, a paulistana Natália Lara já tinha suas vivências como locutora. Para começo de conversa, fora quarta colocada no “Narra Quem Sabe” supracitado da Copa de 2018 pelo FOX Sports. Ficou de fora daquele evento, mas logo teria seu espaço nos anos seguintes pela TV Cultura (nela mostraria versatilidade, em transmissões de vôlei), no DAZN... e no começo do mesmo 2021, Natália já parecia ter uma grande chance ao ser contratada pelos canais ESPN, em março. Mas não duraria muito neles. Quase nada, na verdade: em maio, Natália já iria imediatamente para o Grupo Globo, sendo prontamente destacada como uma das locutoras do SporTV para os Jogos. De quebra, posteriormente aos Jogos Olímpicos, Natália seria a principal voz da cobertura dos Jogos Paralímpicos, em SporTV e no boletim diário da TV Globo.
Também valeria a pena ver nas narrações nomes que haviam agradado na miríade contratada para a cobertura gigantesca do Rio-2016, ficando em definitivo no SporTV. Aqui, Sérgio Arenillas merecia destaque. Já um amante de vários esportes, “Sergeta” agradara nas narrações do ciclismo olímpico em 2016. Ficou no SporTV, praticou a versatilidade em vários esportes, e era nome certo para dar voz a alguns deles. Assim como Luiz Prota, também um nome que entrara cinco anos antes para não sair mais do grupo do SporTV.
É certo que, na abertura, antiguidade e preponderância olímpica foram postos: Luiz Carlos Júnior e Marcelo Barreto, de tantas coberturas pelo SporTV, comandaram a transmissão da abertura no Estádio Nacional, tendo nos comentários Bernardinho, Hortência e Nalbert. Bernardinho, inclusive, virou destaque na transmissão – e no Ohayo Tóquio daquele 23 de julho de 2021: afinal de contas, sua emoção foi indisfarçável (incluindo algumas lágrimas...) ao ver o filho Bruno como porta-bandeira da delegação brasileira, ao lado de Ketleyn Quadros.
No entanto, aqueles primeiros dias de cobertura do SporTV tiveram dois destaques. Ambos, vindos do skate: Sérgio Arenillas narrando, Karen Jonz comentando (junto a Rony Gomes). Se nos Jogos Olímpicos de 2016 Arenillas era um estreante em tribuna tão grande, coube a ele a titularidade nas transmissões das provas no parque de Ariake – logo, coube a ele ser a eufórica voz das pratas de Kelvin Hoefler (skate street masculino) e Rayssa Leal (skate street feminino). A seu lado, Karen Jonz causou sensação pela total espontaneidade nos comentários: várias e várias competidoras que faziam boas passagens recebiam da tetracampeã mundial um espantoso “xerecou legal”. Culminando com a participação da japonesa Mizugu Okamoto, quarta colocada no street: a primeira volta foi tão boa que fez Karen exclamar: “Ela já chegou colocando a xereca na mesa!”. Tamanha espontaneidade a fez até levar uma leve bronca da direção da cobertura...
Sérgio Arenillas (esquerda) narrando e se afirmando no SporTV; Karen Jonz com sua espontaneidade (ao lado de Rony Gomes); o skate trouxe bons momentos na cobertura de Tóquio-2020+1 (Instagram) |
Se Karen Jonz causou sensação nas mídias sociais com a informalidade, Natália Lara pôs (involuntariamente) o dedo na ferida em uma narração no futebol feminino. Dando voz a Japão 1x1 Canadá, na fase de grupos do futebol feminino, em 21 de julho, ela designou o pronome “elu” para Quinn, meio-campista canadense, transgênero. Bastou para dividir opiniões: uns acharam a postura de Natália respeitosa, outros consideraram um absurdo. Foi um começo para Natália, que daria voz a outras partidas importantes no futebol feminino no Japão. Alternando-se com Renata Silveira nas transmissões das partidas da Seleção Brasileira feminina, a paulista deu voz, por exemplo, ao 1 a 0 em Zâmbia, na fase de grupos. Ou ao divertido Estados Unidos 2x2 Holanda (com os EUA fazendo 4 a 2 nos pênaltis), nas quartas de final.
O que não quer dizer que Renata Silveira não esteve em grandes momentos do futebol feminino em Tóquio-2020+1. Para começo de conversa, foi dela a voz ao Brasil 3x3 Holanda da fase de grupos (com Ana Thaís Matos e Pedrinho nos comentários). Na decepção da eliminação para o Canadá, nas quartas de final, ao lado de Renata Mendonça e Pedrinho, Renata também se emocionou. E ao dar voz ao ouro canadense na final – 1 a 1 em 120 minutos de bola rolando, Canadá 3 a 2 na Suécia nas cobranças da marca do pênalti -, a narradora carioca se consolidava. Mostrava que chegara para ficar.
A tensão de uma disputa de pênaltis da @SelecaoFeminina nos bastidores da transmissão.
— Renata Mendonça (@renata_mendonca) July 31, 2021
A @renatasilveirag monstra, levando todas as emoções e traduzindo no microfone nosso sentimento. E eu só me contorcendo na cadeira. A definição de DESESPERO sou eu nesse vídeo. pic.twitter.com/aT4TqLjyA1
E no final, não deu pra segurar as lágrimas. É difícil demais administrar a emoção num momento como esse. Difícil disfarçar a voz embargada (admiro muito a @renatasilveirag pela serenidade ali). A @SelecaoFeminina representa a minha história e a de muitas mulheres no futebol + pic.twitter.com/KnZQ0c5oaJ
— Renata Mendonça (@renata_mendonca) July 31, 2021
(Imagens de Pedrinho, comentarista do SporTV à época, para Renata Silveira narrando e Renata Mendonça comentando as cobranças de Canadá 0 (3)x(2) 0 Brasil, quartas de final do torneio de futebol feminino nos Jogos Olímpicos de 2020+1)
Assim como ela, outros narradores do SporTV teriam ótimos momentos na cobertura em Tóquio. Jader Rocha, por exemplo. Narrador preferencial da canoagem, o gaúcho Jader comoveu com sua voz audivelmente embargada na prova do ouro de Isaquias Queiroz na C1 1000km – ainda mais ao citar o seu bordão tradicional, “olha ele aí”, antes da linha de chegada, e ao lembrar da influência do falecido espanhol Jesús Morlán (1966-2018), treinador e “tutor esportivo” de Isaquias, no trabalho que levara àquele ouro. No tênis feminino, então, nada podia ser mais indiretamente justo do que a coincidência do bronze da dupla Luisa Stefani/Laura Pigossi no tênis feminino ser narrado por Eusébio Resende, voz de tantas competições nas quadras pelo SporTV.
Houve mais. Bruno Fonseca deu voz ao ouro de Ítalo Ferreira comentando que, pelo menos naquele 26 de julho de 2021, o Brasil era o país do surfe; Daniel “Dandan” Pereira deu “sorte” ao judô, narrando as duas medalhas brasileiras (Mayra Aguiar e Daniel Cargnin) no Budokan; Luiz Prota deu voz ao ouro de Ana Marcela Cunha na maratona aquática; e Rhoodes Lima, habitual locutor de lutas no Combate (assim como a comentarista Ana Hissa), foi outro premiado com uma medalha num esporte que dominava – como esquecer o seu “plau!” para descrever o nocaute que dera o ouro a Hebert Conceição no peso médio do boxe masculino?
Até mesmo nomes que nem ficariam muito nos trabalhos nos Jogos Olímpicos acabaram dando sorte. Gustavo Villani que o diga: com vários locutores dedicados aos trabalhos para as competições em Tóquio, o paulista de Marília somente narrou a estreia brasileira no futebol masculino – e no 4 a 2 na Alemanha, inclusive, sua narração para o gol de Paulinho foi alvo de polêmica nas mídias sociais, pela evocação à fé do atacante no candomblé. Depois, “Guga” se dedicou às narrações no Campeonato Brasileiro, Luiz Carlos Jr. tomou conta do futebol masculino olímpico... mas na hora da decisão do ouro contra a Espanha, quem foi escalado? Villani, que pôde dar voz ao bicampeonato olímpico com o 2 a 1 – evocando sua narração na vitória de 2016, ainda pelo FOX Sports.
Até porque Luiz Carlos Júnior tinha outros esportes com que se ocupar. Como habitual no SporTV em Jogos Olímpicos, sua dupla com Marco Freitas era absoluta no vôlei, masculino e feminino, onde relatou a prata das mulheres e o quarto lugar dos homens. Mais ainda: foi de Luiz a voz para a apoteose de Rebeca Andrade no Centro de Ginástica de Ariake, narrando o ouro no salto sobre o cavalo (também a íntegra). E assim como a dupla Diego Hypólito-Daiane dos Santos na “emissora-mãe”, a dupla Daniele Hypólito-Jade Barbosa se empolgou e se emocionou ao comentar a prova no SporTV. Com certa justiça: eram personagens de outros momentos icônicos, vendo Rebeca levar a história além.
De arrepiar a emoção da Daniele Hypolito e da Jade Barbosa após a última nota da Rebeca. 🥈🤸♀ 🥲#OlimpiadasNoSporTV pic.twitter.com/yLlnBuMIQE
— sportv (@sportv) July 29, 2021
De certa forma, tudo isso desembocava na emoção que, vez por outra, o Ohayo Tóquio trazia. Era Hortência chorando ao ver o filho João Vitor Oliva competindo no hipismo; era Daiane dos Santos também comovida ao rever as medalhas de Rebeca Andrade; e era uma cena bastante singela e simbólica, vista na edição de 2 de agosto da mesa-redonda olímpica do SporTV. Reportando o ouro de Rebeca Andrade, Karine Alves deu vazão a seu passatempo favorito – é cantora bissexta -, saudando a ginasta que entrevistaria com “Sorriso Negro”, de Dona Ivone Lara. Também tendo na música um passatempo, Rebeca retribuiu com “A fé faz o herói”, da cantora Jamily.
O “Ohayo Tóquio” teve um
belo momento em 2 de agosto de 2021, com Rebeca Andrade celebrando o ouro na
entrevista a Karine Alves (Reprodução/Instagram)
Era uma sensível mostra de que, mesmo sendo cada vez
mais vinculado à TV Globo, o SporTV ainda conseguia se destacar sozinho.
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