Últimas Notícias

Após terminar em 4º na maratona aquática, Ana Marcela Cunha projeta futuro: "Muito orgulho de onde cheguei"

Ana Marcela Cunha bate na trave e termina maratona em 4º. Foto: Sátiro Sodré/CBDA

Com informações de Laura Leme, de Paris.

A disputa feminina da Maratona Aquática em Águas Abertas foi realizada na manhã desta quinta-feira (8) e terminou com Ana Marcela Cunha em 4º lugar, beliscando um lugar no pódio. Viviane Jungblut, outra brasileira presente na prova, terminou em 11º. 

Após nadarem cerca de duas horas nas margens do Rio Sena, Ana Marcela e Jungblut analisaram as estratégias de prova e os respectivos resultados.

– O pessoal teve maior dificuldade contra correnteza, mas eu fui bem. Tive mais dificuldade a favor. Levei praticamente o grupo [de perseguição]. Até achei que no final, quando estava muito cansada, o pessoal me passava. Mas graças a Deus ainda conseguia quarta colocação. É sempre bem disputado, pouca gente abre. Por isso que larguei um pouco mais atrás, mas assim que que a gente entrou na corrente contra já me posicionei em sexto mais ou menos. Tentei sempre segurar nessa posição, passando em algum momento, mas era uma prova mais difícil de ultrapassagem. – disse Ana Marcela Cunha após o fim da prova.

– Faltou um pouquinho para aguentar mais o primeiro pelotão. Eu sabia que isso ia ser o grande diferencial. Fiquei uma meia volta, praticamente uma volta nadando sozinha. E ali foi quando pesou. A gente sonhava em estar mais perto da medalha, mas tenho noção de que entreguei meu 100% na água. Foi uma prova bem diferente do que a gente está habituada, mas na nossa modalidade a gente tem que estar preparado para todas as adversidades. Tínhamos que nadar bem pertinho da margem e foi nessa parte que acabei errando um pouco, principalmente quando fiquei nadando sozinha. Acabei nadando um pouco mais para o meio do percurso e acabei me desgastando mais. – comentou Viviane Jungblut após a terminar 2min41s atrás da líder.

Ana Marcela Cunha chegou a pensar em desistir de nadar. Foto: Sátiro Sodré/CBDA

E não foi um ciclo fácil para a medalhista de ouro em Tóquio. Ela passou por cirurgia no ombro em novembro de 2022 e fez um trabalho de recuperação da próxima vontade em praticar a natação.

– Um quarto lugar é um abismo muito grande entre ter uma medalha. Em 2008, quando fui quinta, não doeu tanto quanto agora. Um ano e meio atrás eu estava passando por uma cirurgia. Um ano atrás liguei para minha família e para meu psicólogo e falei: 'quero parar de nadar'. A gente queria muito uma medalha e sabemos o quanto a gente treinou para ir em busca disso. Mudei todo meu programa, me mudei para a Itália e se não tivesse feito nenhuma dessas mudanças, talvez não estivesse aqui. Então tenho que ter muito orgulho do que fiz, por mais que seja doloroso.

Viviane Jungblut terminou em 11º lugar. Foto: Sátiro Sodré/CBDA

A preocupação com a qualidade da água do Rio Sena tomou conta do noticiário, causando a dúvida sobre o impactado aos atletas. As brasileiras também comentaram as percepções delas sobre as condições de prova.

– Desde o evento teste do ano passado, há um ano, que o evento foi cancelado no dia, gerou uma insegurança de acordar hoje e falar: 'Será que a prova vai mesmo sair? Será que ela vai ser adiada? Será que ela vai ser cancelada?'. Era o que a gente tinha e tínhamos que estar mentalmente preparado. A gente está tão focado no processo, mentalizando cada braçada que acabamos não prestando muita atenção. Amanhã, depois de amanhã, já não sei, mas por enquanto a água ainda não teve nenhum reflexo ruim. – brincou Viviane.

– Eu não vi nada. Foi umas goladas para dentro e vamos rezar para dar tudo certo no próximo dia. – completou Ana Marcela.

Quando participei da minha primeira Olimpíada com 16 anos, não tinha a noção da grandeza que poderia ser. Foto: Sátiro Sodré/CBDA

A nadadora de 32 anos também comentou a expectativa para o próximo ciclo olímpico e refletiu sobre as conquistas da carreira.

– Não prometo nada para Los Angeles, mas tem a Copa do Mundo. É virar uma página e ver como é que vai ser. Eu estou com 32 [anos], com uma bagagem muito grande, muitas conquistas. [No ciclo,] cheguei no meu limite no esporte, não estava mais feliz e não estava me encontrando na natação. Graças a Deus tenho uma família que me apoia independente de qualquer coisa. Eles nunca deixaram de acreditar. Eu queria demais essa medalha, mas é que eu acho que cabe a servida e eu preciso de talvez aí em dois dias para conseguir olhar um pouco para frente e ver o que nós vamos fazer. 

"Olhar para a minha história, para a minha carreira, é ter muito orgulho de onde cheguei." Foto: Sátiro Sodré/CBDA

– Não imaginei chegar onde cheguei, quando era pequena não imaginava ser campeã olímpico. Ter sido foi o auge da minha carreira, mas óbvio que quando a gente é campeão olímpico, voltamos para o outro ciclo com a responsabilidade de ser [medalhista] novamente. Quando participei da minha primeira Olimpíada com 16 anos, não tinha a noção da grandeza que poderia ser. E fazer cinco ciclos, estar na minha quarta Olimpíada, e ainda assim disputando medalha, por mais que não tenha ganho. Olhar para a minha história, para a minha carreira, é ter muito orgulho de onde cheguei. 

0 Comentários

Digite e pressione Enter para pesquisar

Fechar