Foto: COB
A exibição de quatro baterias do surfe dentro do horário mais nobre da televisão brasileira marcou uma segunda-feira (5) em que Paris 2024 entrou de vez para a história das exibições olímpicas no Brasil. Somadas, elas equivaleram a mais do que um jogo de futebol com prorrogação. Foram capazes de promover o encurtamento de uma novela, o cancelamento de outra e o adiamento da principal delas. E mantendo ou elevando a audiência habitual das faixas em simplesmente todos os momentos.
Tudo isso em um cenário em que as ondas não ajudaram, assim como os juízes também não permitiram que o Brasil pudesse comemorar um ouro nas ondas do Taiti… Mas se as condições da água não foram as melhores para que a modalidade somasse novos entusiastas, o trio formado pelo narrador Everaldo Marques, pelo comentarista Ítalo Ferreira e pelo repórter André Gallindo permitiu que uma prova pouco habitual do grande público tivesse suas particularidades assimiladas facilmente pelos brasileiros.
A transmissão integral das provas permitiu ainda que o telespectador pudesse saber ao vivo que a falta de ondas realmente prejudicou Gabriel Medina na semifinal, por exemplo. Se trata de uma experiência bem mais completa diante da tensão na espera (em vão) do que o mero recebimento do resumo dessa condição depois em um boletim.
É uma condição excepcional mesmo diante da atratividade trazida por um pódio olímpico. Em 2021, a final feminina da maratona aquática, vencida pela brasileira Ana Marcela Cunha, ocorreu também durante a noite brasileira. O Jornal Nacional abriu um flash para a exibição da vitória apenas em seus instantes finais. A mudança desse paradigma é especialmente animadora por anteceder uma edição olímpica que será sediada nos Estados Unidos, com vários eventos em potencial novamente na nossa faixa nobre.
E não foi apenas a cobertura ao vivo do surfe que marcou uma noite mágica. A cobertura apresentada pelo próprio Jornal Nacional, que em muitos dias vinha inferior ao padrão dos Jogos de Tóquio, se rendeu ao feito gigante de Rebeca Andrade com o seu ouro no solo. As tensões geopolíticas internacionais foram tratadas devidamente em segundo plano, com a apresentação histórica da brasileira na Arena Bercy sendo exibida logo depois da escalada da edição. O “nível altíssimo” mencionado na abertura teve a chance de ser visto na íntegra por alguns outros milhões de brasileiros além dos que já haviam prestigiado a prova durante a manhã.
Medalhas com a dimensão da conquistada por Rebeca, que se tornou a maior laureada olímpica do país, são raras. “Era justo começar essa edição com a apresentação histórica”, afirmou William Bonner. E como foi! A ginasta ainda foi entrevistada ao vivo na edição que celebrou algo que Pedro Bassan registrou magistralmente em sua reportagem: a chegada de uma referência que deixou o Brasil inteiro com vontade de se abraçar.
0 Comentários