fotos de Silvio Avila e Wander Roberto/CPB |
Os Jogos paralímpicos de Paris terminaram e após alguns dias, a gente já pode tentar ver com um olhar um pouco mais analítico sobre a atuação excepcional do Brasil. E foi incrível ver tantos os atletas brasileiros indo tão bem, sério, temos muitos potenciais candidatos a ídolos, mas queria destacar dois nomes que - creio eu - saem muito maiores de Paris: os nadadores Gabriel Araújo e Carol Santiago
Gabrielzinho é um caso à parte. Carismático, jovem e dominante em sua categoria, ele tem tudo para ser a cara do esporte paralímpico no Brasil. Um ídolo forjado naturalmente pelos resultados e pelo carisma, visto pelo encantamento que a torcida francesa teve por ele. Gabriel chegou a ir em programas de televisão do país devido o tanto sucesso que teve por lá, e ainda foi citado por Tony Estanguet, presidente do comitê organizador de Paris-2024, como exemplo de atleta.
Daniel Dias foi o último atleta paralímpico a furar a bolha e se tornar conhecido nacionalmente e creio que Gabrielzinho tem tudo para ser o próximo - isso se ele já não furou, porque ele está com mais de 430 mil seguidores no instagram - quando este texto foi feito - , um dos mais seguidos no esporte paralímpico. E estudante de jornalismo, Gabrielzinho sabe como fazer para capitalizar ainda mais público para ele, sendo um porta-voz do esporte paralímpico - e futuro colega de profissão, já que ele está cursando jornalismo - o que vai ajudá-lo ainda mais a se comunicar com o público e aumentar a base de fãs .
E ele foi dominante em Paris. Três ouros, com direito a um passeio, botando 15s de vantagem no medalhista de prata em uma das provas. Como ele mesmo disse, ele não nadou, ele 'amassou' a concorrência. E por pouco ele não pega uma medalha em uma prova acima da sua (S3), onde ficou em quarto lugar - mas bateu o recorde mundial da sua categoria (S2). Seu estilo 'golfinho' é muito eficiente pra sua categoria e Não duvido que ele tenha pego o combustível necessário para aprimorar ainda mais esse seu nado e conseguir pegar este pódio em Los Angeles, mesmo com adversários com deficiências mais brandas do que a dele.
Carol Santiago é outra grande estrela do Brasil nos Jogos. Parecendo, Carol mostra todos seu resultado nas piscinas, com incríveis cinco medalhas conquistadas em Paris. Com todo o respeito a genial Adria Santos, já vejo Carol como a maior atleta paralímpica brasileira. Vejo que desde Daniel Dias que não temos uma multimedalhista tão impactante, apesar dela não nadar tantas provas como ele. Ela domina sua categoria, venceu em uma categoria acima da sua e ainda fez uma atuação mágica na prova de revezamento misto, segurando a prata mesmo competindo contra homens, mostrando que ela é sim uma força da natureza nas piscinas. Não à toa saiu como com o pescoço mais lotado de medalhas
E outra mensagem que vemos com Carol é sobre o etarismo. Ela, que nasceu com a síndrome de Morning glory, uma alteração no nervo óptico que limita a visão. E mesmo assim, ela tentou competir no esporte olímpico, só migrando para o paralímpico em 2018, aos 33 anos, e o que seria considerada uma mudança tardia, foi muito certeira. E com 39 anos, tem 10 medalhas paralímpicas, sendo seis ouros e não parece que ela chegou no seu auge na modalidade, muito pelo contrário. O futuro parece grandioso para ela, afinal a idade é só o número - Beth Gomes já mostrou isso pra gente.
Como disse acima, me parece que Gabriel e Carol continuarão a impressionar nas piscinas, pois não temos a sensação de que eles chegaram no seu auge esportivo. Que os resultados e as medalhas continuem vindo e eles consigam a difícil missão de furar a bolha que o esporte paralímpico sempre tem em sua volta e inspirem ainda mais pessoas, com deficiência ou não, pelos seus feitos incríveis de atletas de alto rendimento dominante que eles são.
E que venham um ciclo de sucesso para eles e para mais atletas com potencial de ídolo do esporte, que não foram poucos os nomes que conquistaram o coração de pelo menos uma pessoa que assistiu os Jogos Paralímpicos.
PS: Lembrem-se de sempre apoiarem os atletas paralímpicos! E não com esse papo romantizado de que eles são exemplos de superação porque são deficientes, eles são atletas de alto rendimento que querem reconhecimento - e patrocínio, principalmente - para conseguirem evoluir aanda mais em suas modalidades
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