Foto: Marcelo Zambrana/CPB |
Maria Carolina Santiago se tornou em Paris 2024, a maior campeã paralímpica do país, superando Aida dos Santos, do atletismo, chegando a seis ouros na carreira. Deficiente visual, ela nada na categoria S12, para atletas com pouca visão mas ainda conseguem identificar alguns vultos.
Com 39 anos, essa foi apenas sua segunda edição de Jogos Paralímpicos, sendo a primeira em Tóquio 2020, quando ela foi ouro nos 50m e 100m livre, além dos 100m peito. Dali, sua carreira explodiu, com 11 ouros somando os dois Mundiais do ciclo, além de cinco ouros no Parapan de Santiago 2023.
O Surto Olímpico teve a oportunidade de conversar com a atleta e ela contou que o trabalho junto com a comissão técnica ajudou bastante neste ciclo vitorioso.
"Eu fico muito feliz e satisfeita de ver que toda a entrega que a gente teve, tanto eu, como minha comissão técnica, de estar sempre olhando para o objetivo final, que eram as Paralimpíadas - e foram muitos dias, muitos anos de entrega, dedicação, constância, responsabilidade e respeito - de ver que todo esse trabalho valeu a pena, que a gente conseguiu ter um programa que foi vencedor em Tóquio e ainda melhor em Paris. E hoje, ter esse resultado que nos coloca entre os melhores atletas do Brasil, a maior medalhista paralímpica do Brasil, me deixa muito orgulhosa e muito feliz, satisfeita de poder realmente coroar esse programa, coroar também esses resultados e que eles sirvam mais do que medalhas, que eles possam servir de inspiração e de motivação para novos atletas", disse a nadadora.
Tamanhos feitos e resultados elevam muito o patamar do atleta. Vitoriosa, Carol conta que segue motivada para seguir em frente, pensando sempre em ser melhor do que ela é atualmente.
"O que me motiva é a possibilidade de ser hoje, melhor do que eu fui ontem. Então mesmo depois daqueles resultados que a gente teve em Tóquio, a possibilidade de um resultado melhor em Paris, me motivou de uma forma onde eu consegui voltar a ter a mesma dedicação que eu tinha quando eu estava treinando para Tóquio. A mesma dedicação diária, a mesma constância diária de fazer e de entregar tudo que eu precisava entregar com foco naquele objetivo que a gente tinha traçado ali. Então, com certeza, é a possibilidade de ser melhor, que me motiva a continuar buscando".
Bicampeã paralímpica nos 50m livre, além de tricampeã mundial e recordista da prova, a nadadora de Recife conta que a prova mais nobre e rápida natação é a sua favorita.
"Os 50m livre é minha prova favorita. É uma prova muito rápida e que te cobra muito qualquer erro, então a concentração ela não pode ser quebrada em nenhum momento. Você tem que saber exatamente o que você vai fazer, porque você não tem condição de pensar em algo, é uma prova que a gente treina muito e que para mim parece que eu nasci para nadar essa prova, então eu gosto demais, antes mesmo de a gente bater um recorde mundial a gente já bateu ele várias vezes no treino e isso é algo que me motiva demais a tentar buscar sempre melhorar", explicou.
Foto: Ana Patrícia Almeida/CPB |
Perguntada se já parou pra pensar que ela é uma das maiores atletas paralímpicas do Brasil e está se encaminhando para ser uma das maiores do mundo, ela falou sobre a responsabilidade deste "cargo" e como pode usar isso para inspirar novos atletas.
"As emoções são muito intensas, tanto as boas como os momentos ruins também. A gente vive aquilo tudo de uma forma muito intensa e a gente só consegue pensar sobre o que foi feito quando a gente volta para casa. Agora está caindo, caiu a ficha de tudo que foi feito, de tudo que a gente construiu, não só agora para Paris, mas também para Tóquio. Eu fico realmente muito satisfeita que nosso trabalho tenha sido capaz de atingir esses grandes resultados"
"Eu realmente penso que as medalhas e os resultados precisam ser um pouco mais do que apenas títulos. E esses títulos, essas medalhas e esses resultados vêm com certa responsabilidade. Uma grande responsabilidade de que a partir de então você pode vir a inspirar e a motivar novos atletas, pessoas, como eu tenho escutado bastante desde que a gente voltou. E a responsabilidade está justamente em você conseguir transmitir alguns valores e algumas ideias que possam fazer dessa sua trajetória dar um sentido à sua trajetória. E quem sabe poder realmente incentivar, inspirar. Motivar novas atletas que elas possam ver nisso um caminho a seguir e que a gente possa mostrar isso da melhor forma".
Agora, Maria Carolina vai começar a preparação para um novo ciclo, com Mundiais, Parapan, World Series e quem sabe ainda mias recordes e medalhas para ela e o Brasil.
0 Comentários