Um dos filmes olímpicos mais populares da história é o drama ‘Carruagens de fogo’ de 1981. A história dos corredores britânicos Eric Lidell e Harold Abrahams na olimpíada de 1924 ficou famosa na época, ganhou quatro Oscars e a música tema do filme criada pelo compositor Vangelis virou um hino para corrida – inclusive as em câmera lenta. Mas o que é verdade e o que é ‘liberdade poética’ neste filme Baseado em fatos reais que venceu quatro Oscars, inclusive o de melhor filme?
Antes de pontuar as imprecisões históricas, vamos falar de um pouco que o filme foi feito. Produzido por David Puttnam, que durante um período preso em casa por causa de uma gripe em 1977, folheava o livro ‘an Approved History in Olympic Games’ e viu a história de Lidell, que deixou de correr uma prova olímpica em Paris 1924 por conta de sua crença religiosa e achou a história perfeita para ser adaptada para o cinema.
E o roteirista que ele contratou, Colin Weilland, fez uma extensa pesquisa sobre a olimpíada de 1924 e acrescentou a história de Harold Abrahams, um judeu que lutava para ser um grande atleta em meio ao crescente antissemitismo no Reino Unido. A história ainda teria um terceiro protagonista, Douglas Lowe, que seria o atleta privilegiado da aristocracia, mas ele, ainda vivo na época da produção do filme, vetou o uso de seu nome no filme.
A cena e a música que entraram para a história
E a cena que entrou pra história do cinema é a clássica corrida na praia. Filmada na praia de West sands em Saint Andrews, deixou o local tão famoso que a prefeitura da cidade colocou uma placa no exato local onde a cena foi gravada
E a música tema? inicialmente, seria outra canção do compositor grego Vangelis que seria usada na icônica cena, chamada "L'Enfant". Ela foi tocada durante a gravação da cena para inspirar os atores. Mas Vangelis, viu a cena pronta com sua música e disse ao diretor Hugh Hudson que poderia fazer algo melhor. E fez. A nova música foi aprovada rapidamente e nem não tinha nem nome, sendo inicialmente creditada como ‘main title’. Mas o sucesso foi tão grande, que ela transpassou o filme e entrou na parada da Bilboard. Ela ganhou o nome do filme, ‘Chariots of fire’, chegando ao primeiro lugar na parada dos Estados Unidos, fazendo de Vangelis o primeiro e único artista grego a conseguir tal feito.
E a música virou sinônimo de corrida, sendo usada pela NBC nas suas transmissões nas olimpíadas de 84 e 88, e até nos próprios eventos, como na olimpíada de Atlanta em 1996 e na chegada da corrida de São Silvestre, até hoje. Na olimpíada de Londres em 2012, o tema também foi amplamente usado para receber os atletas que chegavam na vila olímpica e o Mr.Bean, famoso personagem humorístico de Rowan Atkinson , fez sua apresentação na cerimônia de abertura daqueles Jogos ao som da canção de Vangelis.
Como toda história baseada em fatos reais, alguns fatos são modificados para acentuar o efeito dramático ou até mesmo para fazer sentido no roteiro. E em 'Carrugens de fogo' não foi diferente. A grande 'licença poética' do filme é o momento em que Eric Lidell anuncia que não vai correr nas eliminatórias da sua principal prova, os 100m rasos, porque ela aconteceria no domingo, porque sua religião não permite - Para ela, domingo era o Sabá Cristão, o Dia do Senhor.
No filme Liddell só fica sabendo que as eliminatórias dos 100 metros rasos seriam no domingo ao embarcar no navio para disputar a olimpíada na França. Mas, na verdade, o programa foi divulgado vários meses antes e Liddell anunciou sua desistência assim que soube do cronograma olímpico. Rapidamente, ele passou a treinar para os 400m rasos - e não decidiu disputar a prova de última hora, com um colega de seleção lhe cedendo o lugar. Mas assim como mostra no filme, as críticas a ele foram firmes, de público, dirigentes e até o Príncipe de Gales da época, Edward VIII, chegando até ser chamado de traidor da pátria
À BBC, Greville Young, colega de Liddell, disse que nem mesmo a pressão do público e dirigentes o faria mudar de ideia: "Ele simplesmente aceitou a situação e não me lembro dele nunca preocupado. Ele dizia: 'É a minha crença. Não critico os outros a respeito, mas não vou correr no domingo.”
Outra licença poética do filme foi quando Liddell recebe uma mensagem bíblica do atleta dos Estados Unidos Jackson Scholz antes da prova dos 400m. Na verdade, um membro do comitê olímpico britânico que entregou este bilhete ao Lidell. O roteirista foi pessoalmente pedir autorização para Scholz para fazer esta licença e ele aceitou, dizendo “ótimo, desde que me faça parecer bem”
E a música tema? inicialmente, seria outra canção do compositor grego Vangelis que seria usada na icônica cena, chamada "L'Enfant". Ela foi tocada durante a gravação da cena para inspirar os atores. Mas Vangelis, viu a cena pronta com sua música e disse ao diretor Hugh Hudson que poderia fazer algo melhor. E fez. A nova música foi aprovada rapidamente e nem não tinha nem nome, sendo inicialmente creditada como ‘main title’. Mas o sucesso foi tão grande, que ela transpassou o filme e entrou na parada da Bilboard. Ela ganhou o nome do filme, ‘Chariots of fire’, chegando ao primeiro lugar na parada dos Estados Unidos, fazendo de Vangelis o primeiro e único artista grego a conseguir tal feito.
E a música virou sinônimo de corrida, sendo usada pela NBC nas suas transmissões nas olimpíadas de 84 e 88, e até nos próprios eventos, como na olimpíada de Atlanta em 1996 e na chegada da corrida de São Silvestre, até hoje. Na olimpíada de Londres em 2012, o tema também foi amplamente usado para receber os atletas que chegavam na vila olímpica e o Mr.Bean, famoso personagem humorístico de Rowan Atkinson , fez sua apresentação na cerimônia de abertura daqueles Jogos ao som da canção de Vangelis.
As imprecisões históricas
O verdadeiro Eric Lidell |
Como toda história baseada em fatos reais, alguns fatos são modificados para acentuar o efeito dramático ou até mesmo para fazer sentido no roteiro. E em 'Carrugens de fogo' não foi diferente. A grande 'licença poética' do filme é o momento em que Eric Lidell anuncia que não vai correr nas eliminatórias da sua principal prova, os 100m rasos, porque ela aconteceria no domingo, porque sua religião não permite - Para ela, domingo era o Sabá Cristão, o Dia do Senhor.
No filme Liddell só fica sabendo que as eliminatórias dos 100 metros rasos seriam no domingo ao embarcar no navio para disputar a olimpíada na França. Mas, na verdade, o programa foi divulgado vários meses antes e Liddell anunciou sua desistência assim que soube do cronograma olímpico. Rapidamente, ele passou a treinar para os 400m rasos - e não decidiu disputar a prova de última hora, com um colega de seleção lhe cedendo o lugar. Mas assim como mostra no filme, as críticas a ele foram firmes, de público, dirigentes e até o Príncipe de Gales da época, Edward VIII, chegando até ser chamado de traidor da pátria
À BBC, Greville Young, colega de Liddell, disse que nem mesmo a pressão do público e dirigentes o faria mudar de ideia: "Ele simplesmente aceitou a situação e não me lembro dele nunca preocupado. Ele dizia: 'É a minha crença. Não critico os outros a respeito, mas não vou correr no domingo.”
Outra licença poética do filme foi quando Liddell recebe uma mensagem bíblica do atleta dos Estados Unidos Jackson Scholz antes da prova dos 400m. Na verdade, um membro do comitê olímpico britânico que entregou este bilhete ao Lidell. O roteirista foi pessoalmente pedir autorização para Scholz para fazer esta licença e ele aceitou, dizendo “ótimo, desde que me faça parecer bem”
O Harold Abrahams real |
A última licença poética do filme foi sobre os embates entre Liddell e Abrahams. E o duelo olímpico entre os dois na final dos 200m rasos foi ignorado. Lidell foi bronze e Abrahams terminou em último. No filme, ele é criticado pelo seu treinador e supera nos 100m. Mas na realidade, Abrahams disputa os 100m rasos primeiro e os 200m depois, em mais uma licença dramática
A triste coincidência
Charleston como Eric Lidell no filme |
No final do filme, as pessoas são surpreendidas com a ultima cena com uma frase que dizia: "Eric Liddell, missionário. Morreu na China ocupada no fim da Segunda Guerra Mundial. A Escócia inteira lamentou.". No auge da carreira, Lidell resolveu largar as corridas e virar Missionário na China – país onde nasceu, já que seus pais também eram missionários – Durante a grande guerra, o Japão invadiu a China e Lidell se recusou a abandonar o país e preso em um campo de concentração japonês, Lidell cuidava das crianças. Em 1944, foi detectado um tumor no cérebro. Sem tratamento, morreu no início de 1945, poucos meses antes do fim da Guerra.
Já o seu intérprete no filme, Ian Charleson, acabou tendo um destino trágico, também morrendo precocemente. Ator de sucesso na Grã Bretanha nos anos 70 e 80, ele foi diagnosticado com o vírus HIV em 1986 e manteve a doença em segredo até sua morte em 1990. Seu pedido de divulgar que sua morte foi por conta da AIDS apenas após o seu falecimento foi atendido, e ele se tornou a primeira celebridade britânica a morrer oficialmente por conta do vírus HIV, que ajudou na conscientização da doença
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