Foto: Sergio Klavin
Tão importante quanto ver o skate brasileiro ganhando o mundo é saber que a modalidade também passa a ganhar cada vez mais o próprio país dentro de sua imensidão continental. Enquanto alguns esportes transformam determinadas unidades da federação como ilhas de referência por múltiplos fatores, como as condições econômicas e climáticas ou o histórico de nomes, a mania nacional sobre rodinhas consegue romper as divisas estaduais. É o que se provou ao longo de um final de semana especial em Natal, quando a disputa da etapa final do circuito nacional de skate vertical, o Vert Battle, levou um grande público para a área externa da Arena das Dunas. A competição fez parte do Festival Tamo Junto BB, promovido pelo Banco do Brasil.
Por lá, estava também um nome em ascensão no street, mas que não perdeu a oportunidade de encarar o halfpipe em uma ainda rara oportunidade de um evento desse porte entre as regiões Norte e Nordeste. Daniela Vitória, amazonense de apenas 15 anos, já passou mais tempo de vida se aperfeiçoando na prática do skate do que antes de ser apresentada ao esporte. Ela, afinal, foi iniciada na modalidade pelo pai (o também skatista Whelkle Martins) aos 7 anos. Aos 9, já passou a participar de competições. A partir daí, a rapidez para que as raízes amazônicas tomassem as pistas pelo mundo foi impressionante para a atleta, atualmente integrante da seleção júnior do Brasil.
Em conversa com o Surto Olímpico durante a passagem pelo Rio Grande do Norte, Daniela frisou a relevância do suporte familiar para o início da trajetória de outros jovens skatistas, destacando que o sonho foi compartilhado com o pai desde as primeiras idas às pistas amazonenses. Nesse período de carreira ainda curto, ela já presenciou animada o crescimento da participação feminina. “Depois das Olimpíadas de Tóquio, em que a Rayssa (Leal) conseguiu a medalha de prata, a gente vê muito mais meninas nas pistas e o skate feminino tá evoluindo cada vez mais”, afirma. Se sentindo feliz e gratificada com essa representatividade, a atleta prevê que esse incremento vai ser a chave para o surgimento de “novas Rayssas”.
Os Jogos do Japão aconteceram ainda durante as circunstâncias pandêmicas, que também foram complicadoras para os treinos da própria Daniela. As adaptações exigidas, contudo, reforçaram nela a sensação de que é possível vencer qualquer desafio. E se em Paris, já com as condições sanitárias e de público ideais, ela esteve como parte de uma imersão nos bastidores, o objetivo é surgir em Los Angeles competindo. “Depois do skate ter entrado nas Olimpíadas, é uma meta para todo mundo que está começando. A gente vê que é possível, que as meninas estão andando bem e se unindo. Estar numa Olimpíada é com certeza uma meta”, afirma.
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