A Sogipa conquistou o título inédito do CBI Grand Prix Nacional. (Foto: Anderson Neves/CBJ) |
Neste domingo, 04, o Grand Prix Nacional de Judô trouxe um espetáculo emocionante à Arena UniBH, em Belo Horizonte. A Sociedade de Ginástica Porto Alegre (Sogipa) sagrou-se campeã em uma final inédita contra o Instituto Reação (RJ), conquistando o ouro após um confronto acirrado, decidido no desempate.
O combate final, sorteado na categoria 70kg feminina, garantiu o primeiro título do Grand Prix no modelo misto para os gaúchos, marcando um momento histórico para o clube.
Final inédita e desempate dramático
O ouro da Sogipa veio após muitas emoções (Foto: Hedgard Moraes/MTC) |
O caminho da Sogipa até o ouro começou com uma vitória sobre seus conterrâneos do Kiai (RS) por 4x1 nas oitavas de final. Nas quartas, a equipe gaúcha manteve o ritmo e mandou a Umbra-Vasco da Gama (RJ) para a repescagem, também com um placar de 4x1.
Na semifinal, enfrentaram o Esporte Clube Pinheiros (SP) em um duelo épico decidido apenas na sétima luta. A disputa acirrada teve pontos decisivos de atletas como Leonardo Gonçalves (+90kg) e Aléxia Castilhos (70kg), que viraram o placar para os gaúchos, mas a campeã olímpica Beatriz Souza (+70kg) igualou o marcador para o Pinheiros. No desempate, Gabriel Alves (73kg) deu a vitória à Sogipa, vencendo por ippon Ronald Lima.
Já na grande final, a Sogipa enfrentou o Instituto Reação, que vinha de vitórias sobre o Grêmio Náutico União (RS) por 4x2, Flamengo (RJ) por 4x3 e SESI-SP por 4x2. Jéssica Pereira (57kg) abriu o placar para o Reação ao vencer Jéssica Lima nas punições, mas Gabriel Alves (73kg) empatou para a Sogipa. Aléxia Castilhos (70kg) garantiu a virada para os gaúchos ao vencer Gabrielle Ferreira por waza-ari.
Com o placar empatado em 2x2, Ágatha Silva (+70kg) venceu Aléxia Lima por imobilização, colocando o Reação novamente na frente. No entanto, um momento decisivo aconteceu na categoria +90kg: João Cesarino, do Reação, foi desclassificado por uma chave de dedo ilegal contra Leonardo Gonçalves, que tentava um estrangulamento, deixando o placar em 3x3. O campeão explicou sobre a punição:
Eu entrei em uma posição com estrangulamento no ne-waza, e ele, na tentativa de tirar minha mão, acabou puxando apenas um dedo. Pela regra do judô, é permitido segurar com três ou dois dedos, mas ele pegou só um. Aí eu avisei ao árbitro. Acabou dando uma deslocada, e ficou bem dolorido. Mas, pela regra, isso não pode.
O título foi então decidido na luta extra, sorteada para a categoria 70kg. Aléxia Castilhos voltou ao tatame e venceu Gabrielle Ferreira por waza-ari, garantindo o título inédito para a Sogipa.
Emoção e superação no tatame
Após a vitória, Aléxia Castilhos expressou a emoção de conquistar o ouro em uma temporada de muitos desafios:
Eu senti muita emoção. Por um momento, eu nem acreditei que aquilo estava acontecendo. É um título muito importante para a Sogipa, a gente nunca conquistou. Sonhávamos alto com um terceiro lugar, então o ouro para a gente é demais, inacreditável. Todo mundo conhece a força da nossa equipe, mas quase ninguém valoriza. Tudo o que a gente enfrentou este ano foi muito difícil. Tivemos que parar de treinar por um tempo por causa das enchentes. Isso mostra o quanto a Sogipa e o povo gaúcho são fortes.
Aléxia, que se dedicou ao apoio aos desabrigados das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, destacou o orgulho de representar a Sogipa e o compromisso de sua equipe em enfrentar as adversidades.
Campeão do Troféu Brasil, no dia anterior, Leonardo Gonçalves, comemorou o seu fim de semana de vitórias:
Cara, o fim de semana foi perfeito, né? Acho que eu sonhei com isso. Campeão ontem, campeão hoje. Estou muito orgulhoso da minha equipe. A gente superou as expectativas. Acho que ninguém via a Sogipa como campeã, e isso nos motivou. Fomos chegando devagar, comendo pelas beiradas, e aí a galera começou a acreditar. Quando todo mundo acredita no que faz, as coisas acontecem. Conseguimos um resultado maravilhoso. Acho que é a primeira vez que a Sogipa ganha como campeã da equipe mista, então entramos para a história do clube.
Além de competidor, ele foi também um grande torcedor da sua equipe:
A pressão é muito mais forte por equipe. O sofrimento de assistir é enorme. Vocês viram ali quando eu estava torcendo? Quase tive um infarto! Sou um péssimo torcedor. Fico muito nervoso, não consigo me desligar, porque são meus companheiros ali no tatame. Mas, ao mesmo tempo, confio muito no trabalho deles. Ainda assim, é muito mais difícil por equipe por causa desse nervosismo todo.
Instituto Reação conquista a prata
Campeões no ano passado, Instituto Reação saiu do Grand Prix 2024 com a prata (Foto: Hedgard Moraes/MTC) |
A equipe do Instituto Reação, que buscava o bicampeonato, teve uma campanha sólida e mostrou sua força ao longo do torneio, mas terminou com a medalha de prata.
Esporte Clube Pinheiros garante o bronze com reforço da medalhista Beatriz Souza
Esporte Clube Pinheiros conquistou o bronze no Grand Prix Nacional de Judô 2024 (Foto: Hedgard Moraes/MTC) |
O Esporte Clube Pinheiros (SP), reforçado pela medalhista olímpica Beatriz Souza, venceu o Minas Tênis Clube (MG) por 4x2 na disputa pelo bronze. O caminho do Pinheiros incluiu vitórias sobre o Sesc Montes Claros (MG) por 4x0 e sobre o Club Athletico Paulistano (SP) por 4x0. Na semifinal, o Pinheiros foi superado pela Sogipa no desempate.
Na disputa contra o Minas, os destaques foram Bianca Reis (57kg), Giovani Ferreira (90kg) e Beatriz Souza (+70kg), que garantiram o bronze para o clube paulista.
Beatriz Souza voltou a lutar neste domingo, representando o Pinheiros no Grand Prix Nacional de Judô. (Foto: Hedgard Moraes/MTC) |
Lutando pela primeira vez desde o ouro olímpico, Bia Souza comentou:
A recepção foi maravilhosa! Fui muito bem recebida – aliás, muito obrigada a todos. É lindo ver todo esse carinho que todos têm por mim, e é lindo ver que todo mundo está acompanhando. Então, é importante, sim. E estar no tatame... isso não muda, né? Os sentimentos de felicidade, de prazer, ainda mais representando o Clube Pinheiros.
Questionada sobre seu papel na equipe depois da conquista em Paris 2024, ela respondeu:
Eu não coloco expectativa sobre mim, nem carrego a expectativa dos outros. Isso é particular de cada um. Já me cobro muito diariamente, então não preciso do peso das expectativas externas. Vou continuar focada, treinando e buscando sempre o meu melhor para trazer resultados. Foi assim que fiz nesses nove anos de carreira, e é assim que quero continuar.
SESI-SP conquista bronze inédito
Jovem equipe do SESI-SP conquistou a medalha de bronze no Grand Prix de Judô. (Foto: Hedgard Moraes/MTC) |
O SESI-SP, por sua vez, derrotou o Umbra-Vasco da Gama (RJ) também por 4x2 para garantir o bronze inédito, em um fim de semana marcante para o clube, que foi campeão geral masculino do CBI Troféu Brasil. Isaque Conserva, que garantiu o ponto decisivo, celebrou:
Realmente foi uma conquista importante para o SESI-SP. Há muito tempo a gente vem trabalhando com a equipe e a comissão técnica. Ontem fomos campeões gerais no masculino, e hoje uma medalha no Grand Prix mostra nossa evolução e o resultado do nosso esforço.
Grand Prix Nacional: um marco para o judô brasileiro
O Grand Prix Nacional de Judô 2024, realizado com a participação de 17 equipes, reafirmou seu papel como um dos principais eventos do judô brasileiro. A vitória histórica da Sogipa no formato misto marca um novo capítulo para o clube, enquanto as conquistas de bronze inéditas do SESI-SP e o retorno do Esporte Clube Pinheiros ao pódio evidenciam o crescimento e a importância da modalidade no cenário esportivo nacional.
Além dos títulos e medalhas, as equipes campeã e vice-campeã do Grand Prix receberão investimentos da CBJ para participação de atletas em eventos internacionais. A Sogipa, como campeã, será premiada com recursos para que dois atletas representem o clube em competições internacionais, enquanto o Instituto Reação, vice-campeão, contará com um investimento para um atleta.
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