Foto: Sergio Klavin
Conquistar pódios nos Jogos Olímpicos e no Campeonato Mundial da sua modalidade em sequência é um feito obviamente sonhado por muitos atletas. Imagine quando o intervalo entre as disputas é de apenas 46 dias. Foi a oportunidade que tiveram os competidores do skate park masculino entre as finais históricas realizadas em Paris e Roma. E apenas um skatista esteve entre os três melhores do mundo nas duas provas em 2024: o brasileiro Augusto Akio, o Japinha. Aniversariante de hoje (12), ele viveu o 23º ano de vida como poucos, celebrando o período vitorioso no Prêmio Brasil Olímpico.
A presença na festa, contudo, foi antecedida por uma maratona de disputas, situação encarada da melhor maneira pelo atleta. “Os eventos são diversos, também diferentes formatos de competição, estilos de pista… Cada competição é uma aventura, um recomeço e um desafio pessoal. Os skatistas sempre buscam dar o melhor em cada prova, é sempre desafiador”, frisou. Ele destaca que “o que a gente faz com amor e com vontade é recompensador, por mais que seja desgastante. As coisas acontecem no momento certo. Não posso me queixar de tanto viajar e competir, ainda mais pelo skate, que possui essa relação de conhecer os lugares, as pessoas, as diferentes culturas… E no final de tudo acabar unificando graças à linguagem universal do esporte”.
No mês passado, por exemplo, ele esteve no pódio em mais uma disputa: a do Vert Battle, o circuito nacional de skate vertical. Compartilhou o topo da etapa de Natal com o campeão e conterrâneo curitibano Luigi Cini e com o florianopolitano Diego Takahashi. O evento, realizado na área externa da Arena das Dunas, fez parte do Festival Tamo Junto BB. O batismo da atração parece ter sido feito sob medida para evocar uma de suas entrevistas de maior repercussão logo após o pódio olímpico. “Sozinho é muito frio, sabe? E não tô falando de temperatura, tô falando de sentimento. E juntos fica mais quente”, disse na ocasião à Cazé TV.
Em Natal, o calor se manifestou das duas formas. Para ele, a sensação foi de estar “muito contente dos eventos de skate sendo cada vez mais abrangentes, acho que é importante essa integração da nossa nação para crescermos juntos e mais fortes”. Desde os treinos, de que participou assim que a pista foi aberta, Augusto foi capaz de reunir dezenas de pessoas junto ao halfpipe. Em alguns momentos, parecia que teria de combinar as habilidades de praticar malabares e fazer selfies diante da demanda do público por um registro. Isso quase sempre diante de um calor escaldante também na escala Celsius, que por vezes o fez lembrar da importância da hidratação para si e para os fãs. “Quando eu jogo malabares, isso me ajuda a descontrair e também a me conectar com o público quando a torcida vibra de volta. Isso é muito bom, já entro com mais entusiasmo para fazer a apresentação”, disse. Ele comentou ainda estar ciente que essa forma adicional de expressão ajuda a deixar as apresentações na memória dos espectadores.
No jornalismo, há uma cobrança constante pela objetividade, evitando adjetivar personalidades ou feitos. Com Augusto, contudo, o carisma é tão evidente e permanente ao ponto de não ter como ser ignorado. A característica percebida e abraçada pelo público natalense, que pela primeira vez acompanhou de perto uma competição desse nível, foi destacada simplesmente nas primeiras páginas de O Globo e O Estado de S. Paulo, dois dos mais tradicionais jornais impressos do país, após a sua conquista de bronze na França.
Se o papel de destaque do skate na grande mídia deixou de ser uma novidade desde a estreia da modalidade no programa olímpico em Tóquio, Akio ainda assim conseguiu levar o esporte para combinações de frases pouco usuais com seus feitos de 2024. Entre os momentos, andou de skate e fez malabarismo - ao mesmo tempo - diante do presidente da República no salão nobre Palácio do Planalto. Por lá, ouviu Luiz Inácio Lula da Silva compartilhar uma sensação que muitos brasileiros podem ter pela TV: a de que os atletas andam com o skate grudado nos pés, tamanha a facilidade com que conduzem as manobras. O discurso também incluiu um apelo para o maior envolvimento das empresas públicas nos patrocínios esportivos, um apoio que Japinha já sente na prática ao fazer parte dos times de atletas do Banco do Brasil e da Petrobras. No último mês, ele inclusive passou a ser a estrela de uma série de ações do Ourocard com propagandas na televisão, no rádio e no meio digital.
O papel é mais um na lista de tarefas acumuladas por Augusto, que conversou com o Surto Olímpico em meio aos preparativos para a realização de uma sessão de fotos para o patrocinador, uma agenda otimizada dentro da própria Arena das Dunas. A programação no Rio Grande do Norte incluiu ainda um tour no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno, a primeira base aérea de foguetes da América do Sul. No skate propriamente dito, Akio disputa competições da mini até a mega rampa. No vertical, modalidade disputada em Natal, foi também vice-campeão do mundo nesse ano. “Andar de skate, não importa onde ou como você faça, vai acrescentar no seu conhecimento sobre o assunto. Eu gosto de andar de skate, em qualquer modalidade”, cravou.
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