Michelle des Bouillons e Mikaela Fregonese podem ter feito história |
No dia 22 de dezembro de 2024, as surfistas brasileiras Michelle des Bouillons e Mikaela Fregonese enfrentaram ondas colossais em Jaws, Havaí, durante o maior swell registrado no local em duas décadas. Ambas podem ter quebrado o recorde feminino de maior onda surfada por uma mulher, que atualmente é de 22,4 metros, estabelecido por Maya Gabeira em Nazaré, Portugal, em 2020.
Michelle des Bouillons e a jornada até Jaws
Michelle des Bouillons, natural do Rio de Janeiro, e seu namorado, o surfista Ian Cosenza, embarcaram em uma jornada intensa para chegar ao Havaí. Partindo de Nazaré, Portugal, eles enfrentaram uma viagem de quase 30 horas até Maui após receberem alertas sobre condições ideais para o surfe em Jaws. Michelle compartilhou a experiência ao GE:
Foi uma cena de filme. Todo o perrengue que a gente passou, foram quase 30 horas viajando... Foi tudo muito cansativo, muito caro, mas valeu cada segundo desta jornada, cada centavo gasto, porque posso falar que vivi um sonho surfando esse swell.
A carreira de Michelle des Bouillons em ascensão
Michelle, filha de Jean Noel, integrante da geração dourada do Píer de Ipanema nos anos 70, iniciou sua trajetória no surfe aos sete anos na Prainha, Rio de Janeiro. Em 2024, destacou-se em Nazaré ao vencer o desafio Gigantes de Nazaré, surfando uma onda de 22,05 metros. Sua estreia em Jaws, porém, foi um ponto alto em sua carreira.
Com certeza foi uma das maiores ondas que já vi na minha vida
Michelle descreveu a evolução das condições durante o dia:
A gente começou surfando do lado esquerdo de Jaws, enquanto o swell não tinha ficado tão grande e a ondulação ainda não havia encostado tanto. Depois, quando o mar subiu mesmo, aí era só a direita que estava funcionando.
Michaela Fregonese e a experiência em Jaws
No mesmo dia, Michaela Fregonese, de Curitiba, também se destacou em Jaws. A paranaense de 43 anos já frequentava o pico havaiano desde 2019 e em sua mais recente conquista desceu um paredão que pode ser o maior de sua carreira. Michaela descreveu a experiência:
É uma onda muito difícil de fazer... o tamanho da onda, junto com a energia do swell, criaram bombas muito sinistras, fazendo com que muitos caíssem no meio da onda.
O histórico de Michaela Fregonese em ondas grandes
Michaela, que começou no bodyboard aos 12 anos e migrou para a pranchinha aos 16, tem um histórico de aventuras em picos como Nazaré, Puerto Escondido e a mítica Avalanche, no Espírito Santo. Em 2021, ela se tornou a primeira mulher a surfar a Avalanche e também já desbravou o pico Urca do Minhoto, próximo ao Rio Grande do Norte, conhecido por condições semelhantes às do Havaí e Indonésia.
O legado de Michelle e Michaela no surfe feminino
Para ambas as atletas, o desafio de Jaws representa mais do que um marco esportivo – é a culminação de anos de dedicação e coragem. Se confirmadas as novas marcas, Michelle des Bouillons e Michaela Fregonese não apenas superam limites pessoais, mas também elevam o patamar do surfe feminino em ondas gigantes, consolidando o Brasil como referência mundial na modalidade.
Validação do recorde e a expectativa pelo anúncio oficial
A validação das ondas surfadas por Michelle e Michaela em Jaws passa por um rigoroso processo de análise, com imagens e vídeos sendo utilizados para determinar a altura das ondas. Se confirmadas, as ondas podem superar o recorde mundial de Maya Gabeira e reescrever a história do surfe feminino. A World Surf League (WSL) e especialistas da área realizarão a análise oficial.
O pico de Jaws e as condições extremas
O pico de Jaws, também conhecido como Peahi, é famoso por suas condições extremas. As ondas chegam a 25 metros, com um fundo de coral que aumenta os riscos para os surfistas. O swell de dezembro de 2024 foi considerado histórico por muitos big riders, pois coincidiu com o campeonato Eddie Aikai, realizado na ilha de Oahu, permitindo mais espaço para os surfistas em Jaws.
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