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Foto: Wagner Carmo/CBAt |
Décadas se passaram, com a marcha atlética se diversificando em distâncias, e o Brasil iniciando sua participação olímpica em Seul-1988, com Marcelo Palma, até a conquista de sua primeira medalha em Paris-2024 – a prata de Caio Bonfim. Com foco maior na modalidade, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) anunciou Brasília como sede do Mundial de Marcha Atlética por Equipes para 12 de abril de 2026.
A marcha surgiu em meados do século 19, a partir dos criados que caminhavam e corriam ao lado de carruagens dos nobres ingleses. Chegou aos Estados Unidos nos anos 1900 como espetáculo de resistência e apostas do público sobre aqueles que teriam força física e mental para atravessar dias e dias caminhando sem parar. Assim, pelo interesse despertado, entrou como parte do decatlo no programa olímpico da terceira edição dos Jogos Modernos, disputados naquele país, na cidade de Saint Louis, em 1904.
A marcha atlética só faria sua estreia individual como modalidade olímpica em Estocolmo-1912 – na competição sueca, teve 10 km, mas chegaria a ser disputada em 50 km, a partir de Barcelona-1992 (quando finalmente foi aberta a mulheres, na distância de 10 km). O Brasil organizou sua primeira prova de 5 km ainda em 1937, em Porto Alegre, que foi vencida por Carmindo Klein. A iniciativa partiu de José Carlos Daudt e Túlio de Rose, dirigentes que haviam acompanhado a marcha nos Jogos de Berlim-1936.
Em Jogos Olímpicos, o precursor entre os brasileiros foi Marcelo Palma, em Seul-1988, que terminou em 45º lugar (1:31.42) nos 20 km, depois de ter conquistado o bronze nos Jogos Pan-Americanos de Havana-1991. Marcelo iria pela segunda vez aos Jogos em Barcelona-1992, chegando à 32ª colocação com 1:40.11.
Foi na competição espanhola que o Comitê Olímpico Internacional “permitiu” mulheres na marcha atlética pela primeira vez, na distância de 10 km – a participação feminina na maratona só havia sido liberada na edição anterior, em Los Angeles-1984, apesar de a prova constar do programa olímpico desde a primeira Olimpíada da Era Moderna, em Atenas-1896.
Em Barcelona-1992, foi Sérgio Galdino que se apresentou melhor entre os brasileiros, terminando os 20 km na 27ª colocação (1:33.32). Ademar Kammler não chegaria a completar a prova. Naquela Olimpíada, também foram disputados os 50 km, retirados depois de Tóquio-2020 – em Paris-2024, a distância deu lugar à maratona de revezamento misto.
Sérgio Galdino ainda competiria em Atlanta-1996 (onde terminou em 25º, com 1:25.14), assim como Claudio Bertolino (48º com 1:31.04). Em Atenas-2004, sua terceira Olimpíada, Galdino passou à prova dos 50 km, onde foi 26º colocado ao fechar em 4:05.02. Com suas três Olimpíadas, contribuiu para a popularização da marcha atlética nas escolas da região de Blumenau (SC). Nos mesmos Jogos gregos e também nos 50 km, Mario José dos Santos Jr. foi 40º, com 4:20.11. Ele ainda competiria em Pequim-2008, onde fez 4:10.25 para o 41º lugar, mas no Rio-2016 não chegou a terminar.
Ainda em Atenas-2004, José Alessandro Bernardo Baggio faria a primeira de suas três Olimpíadas, nos 20 km, chegando na 14a posição com 1:23.33. Foi novamente 14o com 1:21.43 em Pequim-2008, mas subiria para 12o, porque dois adversários sofreram penalização por doping – o que ele próprio enfrentaria em 2010. Baggio voltou para competir no Rio-2016, mas sentiu uma lesão no início da prova e não completou.
Foi também em Atenas-2004 que o Brasil teve uma mulher pela primeira vez na marcha (agora expandida para a distância de 20 km): Alessandra Picagevicz, 48ª colocada com 1:46.21. Em Pequim-2008, Tania Spindler seria 36ª, com 1:36.46.
Nos Jogos do Rio-2016, Jonathan Rieckmann foi 29º nos 50 km, com 4:01.52, mas Caio Bonfim conseguiria o 9º lugar nessa prova, terminando em 3:47.02. E isso depois de brilhar nos 20 km, onde foi 4º colocado, a cinco segundos do bronze, com 1:19.42 – em Londres-2012, Caio, com 21 anos, havia fechado 1:24.45 na distância, mesmo depois de passar mal no percurso, e terminou em 37º. Moacir Zimmermann foi 63º, com 1:33.58.
Também no Rio-2016, Érica Sena foi 7ª colocada nos 20 km, com 1:29.29, e Cisiane Lopes terminou em 49º, com 1:38.35. Érica seguiu para o 11º lugar em Tóquio-2020, com 1:31.39, depois da chance do bronze, que perdeu por punição na última curva da prova. Na mesma Olimpíada japonesa, Caio foi 13º, com 1:23.21. Matheus Correa chegou em 46º, com 1:31.47, e Lucas Mazzo não terminou.
Depois de 36 anos pavimentando seu caminho olímpico, a marcha atlética brasileira chegou à sua primeira medalha, com a prata de Caio Bonfim nos 20 km de Paris-2024, conquistada com a marca de 1:19.09. Max Batista fez o 28º lugar com 1:22.16, e Matheus Correa terminou em 39º, com 1:24.25. Érica Sena chegou em 13º, com 1:29.32; Viviane Lyra, em 18º, com 1:30.31, e Gabriela Muniz, em 36º, com 1:35.50. Foi disputado o revezamento misto, onde Caio e Viviane chegaram em 7º lugar, fechando 2:54.08 para a distância da maratona (42,195 km), dividida em quatro etapas, com a dupla se intercalando.
Para Los Angeles-2028, o programa olímpico prevê provas de marcha atlética na distância da meia maratona (21,0975km), feminina e masculina.
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