Por Duda Castro, Jennifer Camargos e João Vitor Prudente
O Ginásio do Ibirapuera já presenciou momentos inesquecíveis do vôlei brasileiro. Em 2025, um novo capítulo: São Paulo volta a ser palco das finais da Superliga Feminina e Masculina. Entre tantos jogos emblemáticos que passaram por lá, um segue vivo na memória dos torcedores: a final da temporada 2012/2013, marcada como uma das maiores viradas já vistas em uma decisão de Superliga.
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Elenco carioca conquistou o título após virada época (Foto: Rodrigo Gazzanel) |
Na época, além da transmissão em TV aberta, o Esporte Espetacular foi apresentado in loco. Luís Carlos Júnior, Carol Gattaz e Tande faziam parte da equipe de transmissão. A decisão foi épica por vários motivos: foi a quarta final entre Rio de Janeiro e Osasco decidida no tie-break e a primeira em que houve uma virada após uma equipe abrir 2 sets a 0.
Também foi naquela temporada que o duelo entre Osasco e Rio de Janeiro atingiu um novo patamar. Pela nona vez consecutiva, as duas equipes chegavam à final, reafirmando a rivalidade mais marcante do vôlei nacional à época.
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Nove campeãs olímpicas disputaram a final no Ibirapuera (Foto: Rodrigo Gazzanel) |
Favorito ao título, o Osasco contava com nomes de peso da seleção brasileira, como as bicampeãs olímpicas Sheilla, Jaqueline e Thaísa, além das também medalhistas Adenízia e Fernanda Garay. Do lado carioca, o técnico Bernardinho liderava um elenco estrelado com Fofão, a líbero Fabi, Natália e Valeskinha.
No histórico das oito finais entre as equipes, o Rio de Janeiro somava cinco vitórias, contra três de Osasco. Na Superliga 2012/13, os confrontos da fase classificatória terminaram com uma vitória para cada lado. Na decisão, o time de Luizomar de Moura confirmou o favoritismo no início, abrindo 2 a 0. Mas, liderado por Natália, pela a canadense Sarah Pavan e pela experiente Fofão, o Rio de Janeiro encontrou forças para mudar o rumo da partida e conquistar seu oitavo título de forma histórica.
Um jogo que parecia decidido
O início da partida foi amplamente favorável ao Osasco, que impôs seu ritmo e dominou os dois primeiros sets com parciais de 25/22 e 25/19. Mesmo com momentos de equilíbrio, a equipe paulista parecia imbatível e encaminhava mais um título.
Mas o Rio de Janeiro decidiu escrever outro final para essa história. No terceiro set, o time de Bernardinho reencontrou seu jogo, explorando bem os ataques de Sarah Pavan e a ousadia de Gabi, então jovem promessa de 18 anos. Com um bloqueio decisivo de Valeskinha, o Rio venceu por 25/20 e reacendeu a esperança.
A quarta parcial foi um verdadeiro atropelo. Inspiradas, Natália, Sarah Pavan e Juciely – que tinha a china mais encaixada entre as centrais em quadra – comandaram o ritmo avassalador do time carioca, que abriu larga vantagem e fechou o set em 25 a 15, forçando o tie-break.
Se nos quatro primeiros sets a tensão era alta, no tie break o termômetro explodiu, principalmente com a vibração das torcidas presentes no Ibirapuera. Depois do inesperado empate após o início intenso de Osasco, o Rio de Janeiro comandou a quinta parcial, liderando o placar até o fim. Natália e Juciely foram as bolas de segurança da levantadora Fofão, levando o time a vitória.
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Jaqueline e Camila Brait comemoram ponto paulista (Foto: Rodrigo Gazzanel) |
Pelo lado de Osasco, Fê Garay ainda tentava manter o time paulista na disputa, sendo bastante acionada por Fabíola. No entanto, passou a ser bem marcada pela defesa adversária. O Sollys Osasco lutou até o fim, mas não conseguiu reverter o cenário. Natália marcou o último ponto, fechando o jogo em 15/9 e desabando em quadra na comemoração do título do Unilever Rio de Janeiro.
Destaques do jogo
Aos 43 anos, Fofão foi eleita a melhor jogadora da final, reforçando seu status de uma das maiores levantadoras da história. Sarah Pavan e Natália dividiram a artilharia da partida, com 22 pontos cada. Juciely, maior bloqueadora da competição, e a jovem Gabi foram peças-chave na reação carioca.
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Juciely, maior bloqueadora daquela edição da Superliga, comemora com Fabi (Foto: Rodrigo Gazzanel) |
O título coroou um time que acreditou até o fim, superou a desconfiança e reescreveu a história da rivalidade entre os dois gigantes do vôlei nacional.
Além do espetáculo dentro de quadra, a final de 2013 também marcou outro momento histórico: foi a primeira decisão da Superliga a contar com o uso do desafio eletrônico, permitindo a revisão de lances duvidosos.
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Jogadoras comemoram título ajoelhadas no Ibirapuera (Foto: Rodrigo Gazzanel) |
12 anos depois, o Ibirapuera volta a ser palco da grande decisão
Agora, em 2025, o principal jogo da temporada volta ao Ginásio do Ibirapuera. O que mudou desde então? Novas estrelas surgiram, rivalidades se renovaram e a tecnologia evoluiu para tornar o vôlei ainda mais justo. Se o passado nos ensinou algo, é que as finais disputadas no Ibirapuera tendem a ser inesquecíveis. Quem escreverá o próximo capítulo dessa história?
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