Últimas Notícias

Mariah Guimarães: A elegância no gelo sob um par de lâminas

Foto: Acervo pessoal


Mariah Guimarães Caddah tem 17 anos, é campeã sul-americana e está entrando apenas no seu segundo ano de carreira. Ela chama a atenção não só pelos seus títulos em tão pouco tempo no competitivo, mas por sua elegância (acredite, nasceu assim), postura e, claro, a dança.

Não é difícil entender o porque a dança chama tanto a atenção, ela dança muito bem. A jovem começou com apenas 3 anos de idade ainda no colégio e aos 5, já estava na Companhia de Dança de Deborah Colker aprendendo balé e jazz. Dois anos depois, seu primeiro contato com a patinação ao começar a patinação artística sobre rodas. 

“Eu era muito animada, tinha bastante energia, a patinação foi o encaixe perfeito porque eu conseguia dançar e eu era muito livre também É isso. A dança sempre esteve muito presente na minha vida, tipo, eu gosto muito, muito de dançar, mesmo não fazendo dança, hoje em dia, é uma parte, tipo, tá comigo desde sempre. Eu tenho muita energia, eu gosto muito de estar dançando, e a dança foi uma base muito importante pra minha vida”.

Com 11 anos, ela se mudou para o Canadá com a família e lá patinando no gelo, a professora/treinadora falou para sua mãe que a menina deveria continuar praticando porque ela tinha futuro. 

A mãe, inclusive, é uma das, se não A grande responsável por Mariah ser uma atleta. Flávia sempre esteve ligada ao esporte, seja praticando ou trabalhando, já que ela foi por anos produtora de conteúdos esportivos no Brasil. Ela sempre incentivou seus filhos a praticar esportes, inclusive seu filho mais novo é goleiro. 

Formada em comunicação, ela dá aulas de oratória e faz media training. Não à toa, além de toda a postura de bailarina, Mariah fala muito bem, puxando a mãe. 

Toda sua postura - clássica de bailarina - com as costas retas, olhando para frente enquanto anda, chama muito a atenção quando as pessoas as veem, há também quem ache que ela já é adulta, tamanha a sua elegância (segundo sua mãe, Mariah é assim desde criança), mas o seu jovem rosto entrega que a atleta ainda é adolescente.

Escolha das músicas

A escolha da música é vital na série e para Mariah, é uma missão um pouco complicada, mas está longe de ser por chatice ou alta exigência, vem da conexão com a música. Isso que ela ainda tem um pouco de sorte por ter o pai músico e o fato ajudar um pouco no momento da decisão. 

“Para mim, isso é um tópico quase impossível, porque como eu gosto muito de dançar e me expressar no gelo. Na minha cabeça tem que ser a música mais linda do mundo, a música mais alegre, que mais me encaixe. Eu já cheguei a demorar três meses para escolher uma música.

Meu pai é músico, então ele tem essa musicalidade, ele me ajuda muito,  mas eu acho que aqui, o meu coach me dá muita liberdade. Então eu chego e falo “ coach”, achei essa música legal, eu gostei muito, me identifiquei, e ele fala “vamos fazer então, vamos coreografar”. Mas eu acho que é muito uma música que eu me solto no gelo, porque isso ajuda muito. Se você escolhe uma música complicada, muito veloz, muito chata, você não se identifica, você não vai conseguir entregar o que você sente, o que você é capaz de fazer”

Ela revelou que tem duas músicas dos anos 80 que ela quer muito usar, “Maniac” e “What a Feeling”, um pouco porque os pais gostam das canções, mas ela também tem vontade de usar pois as duas - que fazem parte de trilha sonora de “Flashdance - Em Ritmo de Embalo” - são bem enérgicas, como a própria.

Figurino

Foto: Acervo pessoal

O figurino faz parte da apresentação e claro, Mariah não esconde que adora caprichar nessa parte, levando em conta não apenas se é bonito ou se as pessoas vão gostar, mas também se vai estar confortável pra ela se apresentar e fazer os movimentos. Não é ela quem o desenha, pois diz que não tem talento pra isso, mas que conta com ajuda de quem entende.

“Quando você coloca o vestido você se sente, tipo, você fica mais leve, né? Então, ao mesmo tempo que ele é muito, muito bonito, às vezes dá até um friozinho, né? Porque acaba sendo um vestido, mas é muito lindo. Eu acho que tem uma leveza muito bonita e reflete muito a coreografia”. 

“Por exemplo, meu My Immortal, minha coreografia é muito emocional e o vestido é preto, com várias pedras, flores, então transmite muito bem. Acho que o figurino é essencial para uma coreografia bonita”

“Eu pesquiso muito, porque eu tenho a visão, mas eu não tenho o talento para desenhar. Então, acaba que é muita pesquisa, e acaba que conhece a amiga costureira, ou pega a inspiração de uma amiga que você viu que achou bonito, e sempre está em transformação, sempre dá para, tipo, colocar pedrinhas, mudar. Então, acho isso muito legal do figurino também, acaba sendo muito versátil, existem muitas possibilidades”, explicou.

Presença de palco

A presença de palco é algo muito importante na dança, deixando a interpretação da música ainda maior, transmite sentimentos e a experiência de Mariah dançando com outras pessoas e em apresentações, seja na escola ou em outros lugares, ajudaram nisso. Ela ainda conta que pessoas já saíram emocionadas com o sentimento que ela transmite em suas categorias.

“A presença de palco é uma coisa muito interessante, porque quando eu dançava, era com um grupo de pessoas, então ela acaba sendo muito importante, mas você também não pode ser a pessoa principal, porque você está dançando em harmonia com as pessoas. Mas eu acho que no gelo, como eu sou muito expressiva, eu acho que a presença de palco vem com naturalidade e isso  é muito bom, porque acaba que prende, chama a atenção, e eu tento  sempre ser delicada, interpretar a música para que as pessoas possam sentir. E quando alguém fala que ficou emocionada,  eu fico muito feliz, porque significa que eu consegui entregar”.

Carreira no esporte

Foto: Acervo pessoal

Sua carreira tem crescido rápido. Ela está apenas na segunda (sim, isso mesmo) temporada no competitivo e já foi campeã sul-americana, levou o Open Internacional e vem acumulando bons resultados. O título continental foi ainda no seu primeiro ano e ela conta que foi uma surpresa, pois era apenas sua segunda competição. 

“Esse título foi a maior surpresa para mim, porque foi a minha segunda competição, só e eu estava bem nervosa. Eu tinha voltado de uma viagem e tive uma semana bem tensa, ia para a arena quatro dias da semana, para treinar bastante, para estar bem afiada’’.

“Na hora de patinar, eu não via as minhas oponentes, porque eu fiquei bem focada na minha coreografia. O foco é a minha coreografia, o meu desempenho, o meu giro, estar validando o meu axel. Então, quando eu acabei a coreografia, eu falei, ‘seja o que Deus quiser, a minha parte eu fiz, dei o meu melhor’, e quando falou a nota, eu era a última, então já sabia a nota das oponentes, ia saber na hora. Tenho uma foto hilária de quando sai o resultado, o meu queixo tá no chão, porque eu não acreditei, eu falei,’ não é possível’”. 

Ela tem como referência a sul-coreana Yuna Kim, patinadora que teve a honra de acender a pira olímpica nos Jogos de PyeongChang 2018, ouro em Vancouver 2010, prata em Sochi 2014 e bicampeã mundial. 

“Uma  atleta que eu gosto muito, porque ela se dá muito bem com todos os  estilos musicais, ela faz muito bem, desde o clássico ao tango, a uma música mais pop, é a Yuna Kim. Ela é incrível, sempre faz shows, eu sempre vejo os vídeos dela em shows, mas nas Olimpíadas ela consegue entregar a mesma  qualidade, eu acho isso incrível. E ela é uma patinadora que tem muita  leveza, me inspirou bastante”.

Machucados e lesões 

Em um esporte com muitas quedas, até pelo gelo não ser uma superfície das mais amigáveis, Mariah conta que sempre ganha um machucado nos treinos, mas que se protege, usando tudo o que pode, ainda assim de vez em quando ganha um roxo novo. 

“Graças a Deus, eu nunca tive nenhuma lesão de me quebrar.  Roxos tenho, todo treino eu ganho um novo, um presente quase, Patinação tem muito risco e ninguém usa munhequeira, (shorts) bundeira, assim, no nível mais alto. Meu pai influencia  muito a usar. Uso nos treinos,  especialmente quando eu estou aprendendo elementos novos. Mas, no dia a dia, especialmente passando coreografia, eu opto por não passar, porque se eu chegar na competição e me acostumar a estar protegida,  eu tenho que  já estar com a cabeça pronta de que eu estou  livre, só o meu corpo”.

Sonho olímpico

Foto: Acervo pessoal

Ainda faltam cinco anos para os Jogos de Inverno de 2030. na França, mas ela não esconde que tem o sonho de representar o Brasil e afirma que fará todos os passos para conseguir patinar e brilhar com a bandeira verde e amarela.

“Eu tenho uma vontade imensa, um sonho muito grande de conseguir representar o Brasil. Só que até chegar na Olimpíada existe um ciclo enorme,  uma seletiva enorme de competições. Então eu almejo pelo menos poder entrar nesse estágio de competições internacionais. E daí pra frente a gente vê.

Hoje em dia o nível de exigência para ganhar uma medalha, estamos falando de saltos quádruplos. Eu tenho sim uma vontade grande de sair do Brasil e continuar na patinação até onde eu conseguir, até onde eu for capaz, até onde Deus quiser. Mas eu tenho essa vontade sim de continuar e não desistir. É um sonho muito grande, investir e continuar na disciplina que eu tenho e ver onde eu consigo chegar”. 


0 Comentários

Digite e pressione Enter para pesquisar

Fechar