Péssimo mundial da Natação brasileira, com poucas finais disputadas e nadadores piorando seus temporadas preocupa, mas dá pra resolver os problemas – se os dirigentes quiserem
Não há dúvidas que neste primeiro ano de ciclo olímpico de Los Angeles a modalidade que mais preocupa no esporte brasileiro é a natação. Após o término do Mundial de Esportes Aquáticos em Singpaura neste domingo (3), o Brasil não conquistou nenhuma medalha, disputou apenas duas finais e teve um das piores participações dos últimos anos. E nem é preciso ser especialista para perceber que teve algo de muito errado na preparação para este mundial, o que torna a situação da natação brasileira é alarmante.
Para efeito de comparação, basta lembrar um mundial recente, o de 2022. Foram 14 finais, sete no masculino, seis no feminino e uma no misto. nove individuais e cinco de revezamentos. Em Singapura, foram apenas duas finais em uma delegação reduzida e que nem disputou provas de revezamento, um tradicional ponto forte da nossa natação.
Outro fator preocupante foi que dez dos doze atletas do país que foram ao mundial fizeram tempos piores do que os obtidos na troféu Maria Lenk, em abril, no Rio de Janeiro, evidenciando que a preparação dos atletas foi falha. Nomes como Guilherme Costa, Mafê Costa e Gabi Roncatto, que tinham feito bons resultados no último ciclo, foram muito abaixo do que se espera. Claro que não se espera medalhas de todos os que foram no mundial, mas a expectativa é que no mínimo batam suas melhores marcas do ano – o chamado Season Best, SB – na principal competição da temporada.
Aqui vale abrir um parêntese para Guilherme Caribé. Foi o único nadador brasileiro que chegou nas finais, nos 50m borboleta e nos 100m livre, e mostrou que a tradição de termos bons velocistas nas piscinas iniciada lá nos anos 90, continua firme. É nome para se observar até os Jogos Olímpicos.
Claro que os nadadores tem sua parcela de culpa, mas acredito que a comissão técnica da seleção tem uma parcela ainda maior nesse fracasso. Afinal, o planejamento deu errado. Os atletas que deveriam crescer na temporada, competiram pouco, e ao invés de chegar no auge físico, chegaram abaixo, mostrando que o ‘polimento’ (perído de treinamento para que o atleta esteja em seu auge físico e técnico para a principal competição do ano) foi mal executado.
Com o planejamento falho, a gente vai apra outro ponto: parece ter faltado investimento por parte da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). Com dificuldades financeiras há anos, a entidade levou uma delegação enxuta apostando em uma preparação eficaz, o que não ocorreu, não só na natação, mas nos outros esportes aquáticos. Saltos ornamentais e águas abertas, modalidades onde frequentamos algumas finais nos últimos mundiais, parece que sofreu do mesmo mal da natação.
Acho que se for possível, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) deveria adotar uma postura mais ativa em relação aos esportes aquáticos Em março, o presidente Marco LaPorta afirmou que prentende realizar empréstimos a Confederações para que elas resolvam regularizar sua situação para voltar a receber recursos públicos. Talvez seja o caso de priorizar a CBDA, ajudando a se reestruturar financeiramento, além de analisar e verificar com a entidade um melhor planejamento, como dar um intercâmbio para os nossos nadadores e enfim, conseguir desenvolver o seu potencial até Los Angeles.
Estamos no início do ciclo. Temos tempo. Não falta talento. Mas se os dirigentes responsáveis da CBDA, dos clubes e do COB não encararem com seriedade os sinais de alertas acesos neste mundial, teremos problemas. E logo em uma modalidade que mais dá medalhas em Jogos olímpicos – e que em Los Angeles terá os 50m estilos, provas tão adoradas pelos nadadores brasileiros. Que esta atuação decepcionante em Singapura sirva para corrigirmos a rota. Quanto mais cedo, melhor.
