Atleta foi campeã olímpica em Paris 2024
Em meio ao crescente debate sobre a categoria feminina no boxe e no cenário olímpico, a pugilista argelina Imane Khelif quebrou o silêncio para reafirmar publicamente sua intenção de defender a medalha de ouro conquistada em Paris 2024, apesar das preocupações com a elegibilidade de gênero, das proibições e da pressão internacional contínua.
A controvérsia no torneio feminino reacendeu durante o evento de Paris com a participação de Imane Khelif, que competiu e conquistou o título mesmo tendo sido excluída do Campeonato Mundial do ano anterior pela Associação Internacional de Boxe (IBA), que na época determinou que a atleta não havia passado no teste de verificação de gênero exigido. A partir desse momento, a situação no ringue olímpico gerou uma intensa discussão sobre justiça, biologia, identidade e direitos no esporte, enquanto a atleta, juntamente com a taiwanesa Lin Yu-Ting, tornou-se o foco de uma polêmica que permanece sem solução.
Com os olhos firmemente voltados para Los Angeles 2028, Khelif decidiu se pronunciar por meio do tabloide britânico Daily Mail, deixando claro que não pretende abandonar sua carreira, apesar das novas regulamentações em preparação. “Sim, se Deus quiser, continuo determinada a conquistar outra medalha olímpica”, afirmou, enfatizando que permanece ambiciosa em manter o título de peso meio-médio conquistado em Paris. Ela acrescentou que está preparando seu retorno com planos que ainda não revelou. “Estou trabalhando em muitas surpresas que ainda não anunciei, mas, se Deus quiser, estaremos no caminho certo.”
A boxeadora não compete desde que as novas exigências da Federação Internacional de Boxe (WBA) entraram em vigor. A federação internacional, criada em 2023 e reconhecida pelo COI em fevereiro como a autoridade oficial do boxe olímpico, introduziu neste verão a obrigatoriedade de testes de gênero para participar de seus torneios, uma decisão que Khelif considera direcionada diretamente a ela. “Esta lei emitida pela Associação Internacional de Boxe foi feita especificamente para Imane Khelif e não para os atletas. Eles emitiram esta lei depois das Olimpíadas de Paris”, denunciou em declarações divulgadas pela imprensa britânica.
A atleta insiste que nasceu e foi criada como mulher e afirma que as medidas adotadas após seu triunfo olímpico não apenas a prejudicam, mas também violam princípios legais e esportivos. Sua defesa não se limita à esfera midiática, já que em agosto ela levou o caso ao Tribunal Arbitral do Esporte, buscando uma decisão que lhe permitisse competir sem se submeter aos controles da Federação Mundial de Boxe. “Nos Jogos Olímpicos de Paris e depois, e até mesmo agora, continuo sendo alvo de campanhas, injustiças e novas decisões de federações internacionais, mas atualmente tenho um caso no Tribunal Arbitral do Esporte e, se Deus quiser, será para o melhor”, afirmou.
A boxeadora declarou ao Daily Mail que está travando uma batalha dupla. “Hoje luto dentro e fora do ringue, mas a lei está acima de todas as vozes, e a decisão é fundamentalmente ilógica e contrária à lei.” Seu discurso permanece combativo, reafirmando seu direito de continuar sua carreira apesar do constante escrutínio. “O sonho continua, o trabalho continua, e quanto às campanhas e às pessoas que criticam, eu digo: continuem, porque eu estou evoluindo”, declarou ela.
De acordo com as diretrizes atuais do COI, introduzidas em 2021, mulheres transgênero podem competir em categorias femininas se atenderem aos limites especificados de testosterona. No entanto, a responsabilidade total pelas decisões de elegibilidade recai sobre as federações internacionais, o que resultou em um cenário regulatório variado, com diferentes modalidades esportivas aplicando critérios diferentes, dependendo de sua avaliação de vantagem física, preocupações com a segurança ou integridade competitiva. Em Paris 2024, o COI apoiou tanto Khelif quanto Yu-Ting, afirmando que a controvérsia não estava relacionada a uma questão transgênero.











