Brasil sediará a Copa América da modalidade
Duas atletas integram a equipe convocada para defender o Brasil na Copa América de rúgbi em cadeira de rodas, que será disputada entre os dias 11 e 16 de julho, no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. A paranaense Cleonete Reis, da classe 3.5 (menor comprometimento de movimentos), e a carioca Hawanna Ribeiro, da classe 0.5 (maior comprometimento de movimentos), fazem parte do grupo de 12 atletas que representarão o país no torneio continental, que também serve como classificatória para o Campeonato Mundial da modalidade, previsto para 2026, também no Brasil.
O rúgbi em cadeira de rodas é uma modalidade mista, em que homens e mulheres competem juntos, sem divisão por gênero. A formação das equipes deve respeitar um limite de oito pontos que são atribuídos de acordo com a classificação funcional dos atletas, que varia de 0,5 (maior comprometimento físico) a 3,5 (menor comprometimento). Quando há mulheres em quadra, a equipe recebe um bônus na pontuação: 0,5 ponto extra para atletas classificadas entre 0,5 e 1,5 e 1,0 ponto para aquelas entre 2,0 e 3,5, o que permite maior flexibilidade tática durante as partidas.
Hawanna, 27, ou Hanna como é conhecida na equipe, uma das novatas da delegação brasileira, destaca a evolução técnica da equipe e o bom entrosamento entre os colegas. “Quando cheguei, era tudo muito novo para mim, mas fui acolhida. Hoje, a gente se entende muito bem nas jogadas, e isso faz toda a diferença”, afirmou a atleta, que atualmente defende o Santer Vikings, do Rio de Janeiro, equipe com a qual já conquistou títulos nacionais e regionais.
Sua trajetória no esporte começou após um acidente durante um episódio de sonambulismo, que causou lesões na coluna e a deixou com limitações motoras. Desde então, Hanna vem acumulando conquistas tanto pelo clube quanto pela Seleção, incluindo a conquista de duas medalhas de bronze em disputas internacionais: o Santos Wheelchair Rugby World Challenge, na Austrália, encerrado em 1º de junho; e o Qufora Egmont Open 2025, disputado na Dinamarca em abril.
Natural de Belém, Cleonete Reis, 48, teve sequelas nas mãos e nos pés em decorrência da hanseníase aos 15 anos. Começou no esporte quatro anos depois e construiu uma carreira de destaque no basquete em cadeira de rodas, com três medalhas de bronze em Jogos Parapan-Americanos (Guadalajara 2011, Lima 2019 e Santiago 2023). Há seis meses, passou a integrar a equipe de rúgbi da Seleção, e recentemente recebeu proposta para atuar ao lado de Hanna no Santer Vikings.
As duas atletas também estiveram com a equipe nas últimas competições internacionais, contribuindo com experiência e consistência. “Esses torneios ajudaram muito. A gente observou como outras equipes se posicionam e como a gente pode explorar melhor as jogadas. Isso nos deixa mais preparadas para enfrentar diferentes situações durante a Copa América”, comentou Hanna.
Cleonete reforça que a mistura entre atletas experientes e novos talentos tem sido um diferencial da Seleção neste ciclo. “O grupo está bem equilibrado, temos pessoas com bagagem em outras edições da Copa América e outras que vieram de grandes competições neste ano. Isso contribui para o amadurecimento da equipe como um todo.”
Esta será a primeira vez que o Brasil sediará a Copa América de rúgbi em cadeira de rodas, competição sancionada pela World Wheelchair Rugby (WWR), entidade internacional da modalidade.
