O Brasil teve três atletas no pódio no sétimo e último dia de competições em Singapura. Mariana Gesteira conquistou o único ouro, nos 50m livre da classe S9, desbancando a recordista mundial da prova.
O Brasil conquistou três medalhas, um ouro, uma prata e um bronze, neste sábado, 27, no último dia de disputas do Mundial de natação paralímpica em Singapura. O evento teve em sua despedida a conquista do tricampeonato mundial da fluminense Mariana Gesteira nos 50m livre S9 (comprometimento físico-motor) e a prata do paulista Gabriel Bandeira nos 100m borboleta em disputa decidida no toque de mão.
Com mais estes pódios, o país encerrou a disputa do Mundial de natação paralímpica em Singapura com 39 medalhas, sendo 13 ouros, 16 pratas e 10 bronzes. A primeira colocação foi da Itália, com 18 ouros, 17 pratas e 11 bronzes; a segunda colocação ficou com os Estados Unidos, que obtiveram 18 ouros, 6 pratas e 11 bronzes; a China ficou com o terceiro lugar, com 17 ouros, 9 pratas e 7 bronzes. O Brasil foi representado por 29 atletas de sete estados.
O número de pódios supera o obtido nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, tanto em número total de medalhas quanto em medalhas de ouro. Na França, o país contou com 37 nadadores e conquistou 26 medalhas: sete ouros, nove pratas e dez bronzes.
Seis ouros individuais brasileiros em Singapura vieram com a pernambucana Carol Santiago e com o mineiro Gabriel Araújo, atletas que também obtiveram seis ouros em Paris. Os títulos também foram nas mesmas provas: Carol, da classe S12 (baixa visão)., nos 50m livre, 100m livre, nas quais ela se tornou tetracampeã mundial, e nos 100m costas prova em que se consagrou tricampeã. Já Gabrielzinho venceu nos 50m costas, 100m costas e 200m livre S2 (comprometimento físico-motor) e se tornou tricampeão mundial em todas elas.
A fluminense Mariana Gesteira também chegou ao tricampeonato Mundial em uma de suas provas, os 50m livre s9 (comprometimento físico-motor), além de ter obtido o ouro nos 100m costas e a prata nos 100m livre.
Outro fator que impulsionou o Brasil está os pódios obtidos por estreantes. As paulistas Alessandra Oliveira, 17, e Beatriz Flausino, 21, conquistaram medalhas de ouro em sua primeira participação em Mundial. Alessandra venceu os 100m peito SB4 (comprometimento físico-motor) e quebrou o recorde mundial, enquanto Beatriz se sagrou campeã dos 100m peito S14 e registrou um novo recorde das Américas.
Além disso, o resultado brasileiro contou com duas vitórias em equipe, os ouros no revezamento 4×50 medley 20 pontos (limitações físico-motoras severas) e no revezamento 4×100 medley 49 pontos (deficiência intelectual). Novamente estreantes fizeram parte das conquistas, com a catarinense Mayara Petzold e Alessandra Oliveira integrando o primeiro revezamento.
“Foi uma competição fantástica para o Brasil. Este foi o Mundial mais forte que acompanhei em 20 anos, com vários recordes mundiais e todos os países do mundo trazendo o que tinham de melhor. Atingimos nossas metas de medalha de ouro, de conquistas de 35 a 40 medalhas. Comparamos este mundial não com outros mundiais, mas com os Jogos Paralímpicos”, disse Jonas Freire, Diretor de Alto Rendimento do Comitê Paralímpico Brasileiro e Chefe de Missão em Singapura.
Jonas afirmou que o desempenho brasileiro traz boas notícias pensando em Los Angeles 2028: “Alguns de nossos atletas fizeram suas melhores marcas, outros recordes mundiais e das Américas e novos atletas surgindo. Isso traz perspectivas ótimas para o futuro.”
Medalhas no último dia em Singapura
No último dia de finais, a fluminense Mariana Gesteira venceu os 50m livre S9 e chegou à sua segunda medalha de ouro no Mundial de Singapura ao completar a distância em 27s60, melhorando a marca de 27s79 que havia garantido o segundo lugar nas classificatórias. A prata foi para a australiana Alexa Leary, com 27s80, e o bronze para a norte-americana Raleigh Crossley (29s00).
Mariana também venceu os 100m livre e obteve a prata nos 100m costas, todos para a classe S9, ao longo do Mundial.
“Melhor tempo da vida, campeã mundial de novo. Não sei o que falar. Foi uma surpresa muito grande. Uma chance. Era bem difícil, mas é uma prova de detalhe. Eu dei a última respiração, trinquei os dentes e fui. Tentei fazer o melhor na minha prova, com muita segurança e consciência do que eu estava fazendo. Deu certo. É o tempo da vida. Campeã mundial de novo, pela terceira vez seguida nessa prova. Ainda não estou acreditando”, comemorou Mariana.
O Brasil conquistou a medalha de prata em sua última participação no Mundial de natação paralímpica, em Singapura.
O pódio veio com o paulista Gabriel Bandeira nos 100m borboleta S14 (deficiência intelectual), em disputa decidida por oito centésimos. O nadador brasileiro concluiu a disputa em 54s40, enquanto o medalhista de ouro, o britânico William Ellard, fechou a disputa em 54s32. O bronze ficou com o dinamarquês Alexander Hillhouse, com 54s86. O mineiro Arthur Xavier também participou da prova e fechou a disputa na quinta colocação, com 56s05.
“Foi a prova que eu mais treinei e ficou no final do Mundial. É difícil aguentar todas as provas em alta performance. Mas eu não posso ficar triste nesta competição. Dei uma virada de chave em relação ao ano passado. Agora é continuar trabalhando para no ano que vem chegar ao ouro”, afirmou Gabriel.
O nadador comentou também a estratégia adotada na prova. O atleta fez a virada dos 50 metros na terceira colocação e buscou a liderança na segunda metade da disputa. “Se eu pudesse voltar, eu teria feito uma passagem um pouco mais forte na prova. Eu estava me sentindo muito bem nas voltas, então tentei passar mais tranquilo, porque aí teria mais confiança para a volta. Mas, talvez, por ter sido final da competição, o cansaço pesou um pouco”, explicou o atleta.
Antes, a catarinense Mayara Petzold conquistou o bronze nos 50m borboleta com 36s80, 15 centésimos mais rápida do que a quarta colocada, a ucraniana Anna Hontar. O ouro foi conquistado pelo chinesa Yuyan Jiang (34s75) e a prata pela irlandesa Dearbhaile Brady (35s61).
“Estou muito feliz porque essa é minha prova principal. Eu fui bronze em Paris [nos Jogos Paralímpicos]. E todo atleta deve pensar isso, que é fácil chegar, mas é difícil se manter. Meu objetivo era nadar bem e a consequência é a medalha. É o meu primeiro Mundial e isso nunca aconteceu antes, de a minha prova principal ser a minha última. E eu estava muito nervosa, angustiada a competição toda, pensando em como seria. Não foi só uma prova, foi uma experiência minha com Deus. Ele me sustentou no final da prova”, afirmou Mayara Petzold.
Nos 200m livre S4, o Brasil ficou na quarta colocação com a fluminense Lídia Cruz (3min12s26) e em quinto com a mineira Patrícia Pereira (3min23s59). O ouro foi conquistado pela norte-americana Katie Kubiak (2min52s23), com prata para a alemã Gina Boettcher (3min08s01)e bronze para a Atleta Paralímpica Neutra Mira Larionova (3min08s54).
O catarinense Matheus Rheine disputou os 400m livre S11 (cegos) e ficou na quinta colocação, com 5min05s68. O ouro foi para o tcheco David Kratochvil (4min19s83), seguido pelo japonês Uchu Tomita (4min37s31) e pelo português Marco Meneses (4min37s46).
O paulista Gabriel Melone disputou os 50m borboleta S6 (comprometimento físico-motor) e terminou na sétima colocação, com 33s26.O ouro ficou com o colombiano Nelson Crispin Corzo (31s39), seguido pelo francês Laurent Chardard (31s95) e pelo ucraniano Vladyslav Koshman (31s96).
O paulista Samuel Oliveira encerrou os 100m livre S5 (comprometimento físico-motor) na oitava colocação, com 1min17s75. O ucraniano Oleksandr Komarov conquistou o ouro (1min08s86)), seguido por seu compatriota Artem Olinyk (1min09s27) e pelo Atleta Paralímpico Neutro Kirill Pulver (1min09s98).
Nos 100m borboleta feminino S14 (deficiência intelectual) o Brasil teve a mineira Ana Karolina Soares, que terminou em oitavo com 1min12s57. O pódio teve dobradinha das britânicas Poppy Maskill, que ficou com o ouro com o tempo de 1min02s58 (recorde mundial), e Olivia Newman-Baronius, prata, com 1min02s75. Valeriia Shabalina, dos Atletas Paralímpicos Neutros, ficou com o terceiro lugar, com 1min04s96.
