Judoca é homenageada após conquista em Budapeste, na última semana, e relembra parceria ao lado da campeã olímpica Rafaela Silva.
Uma manhã de emoção e reconhecimento marcou a recepção calorosa à judoca Shirlen Nascimento e seus companheiros da equipe de Desempenho do Sesi Judô, nesta segunda-feira (23), no dojô Mateus Sugizaki, em Botucatu (SP). Bronze no Campeonato Mundial Sênior de Judô, realizado na última semana, em Budapeste, capital da Hungria, a judoca recebeu homenagens de alunos, familiares, comissão técnica e gestores do clube ao qual pertence.
O evento também oficializou a criação da Galeria dos Campeões, eternizando o feito da atleta, que é a primeira a integrar o espaço. Michel Augusto, quinto lugar individual; Luan Almeida, estreante no Mundial; e Vinicius Ardina, quinto lugar por equipes, também foram homenageados pelo clube.
“Agradeço a todos que torceram por mim e que me ajudaram a conquistar essa medalha, fruto de muito empenho e dedicação de muitas pessoas envolvidas. Foi e está sendo uma alegria muito grande. Só tenho que agradecer e dizer muito obrigada”, afirmou Shirlen.
Trajetória
O bronze em Budapeste é o ponto alto de uma trajetória que ganhou força entre março e junho deste. Em menos de 100 dias, Shirlen, de 25 anos, emplacou uma sequência importante de resultados: prata no Open Pan-americano Rio 2025, ouro no Campeonato Pan-americano de Santiago, bronze no Grand Slam do Cazaquistão e, por fim, a inédita medalha da carreira dela no Mundial.
“O que eu tive mais dificuldade foi a questão de ser uma competição diferente do que já passei, cada dia é uma categoria, então eu fiquei um pouco apreensiva antes. E o que foi mais positivo disso é que me deu mais confiança de ir para as próximas competições, ver que as meninas são iguais a gente e que dá para alcançar os nossos objetivos”, reforçou.
Tudo isso em uma das categorias mais competitivas, a até 57kg, e com um apoio fundamental dentro e fora dos tatames: a judoca campeã olímpica Rafaela Silva. Amigas e parceiras de treino, as duas construíram uma relação que ultrapassa o esporte. No ano passado, Shirlen foi aos Jogos Olímpicos de Paris na condição de sparring de Rafaela. Ela foi escolhida a dedo pela campeã olímpica para auxiliá-la nos treinos no Rio de Janeiro e na capital francesa. No Mundial, Rafaela, que subiu de categoria, esteve com Shirlen do aquecimento ao bloco final.
“Com certeza é muito gratificante poder contribuir para uma conquista tão importante na vida de outro atleta. Hoje eu estou aqui aos 32 anos competindo ainda, sonhando junto com os outros atletas o mesmo sonho, o mesmo objetivo. Então, poder contribuir com a nova geração, é muito importante. É o que o judô transmite para nós e estou muito feliz com o feito da Shirlen”, disse Rafaela Silva.
A conquista tem ainda mais peso quando se conhece o caminho que a judoca percorreu. Shirlen precisou superar duas cirurgias no joelho e quase três anos fora das competições, durante a pandemia. “Achei que não conseguiria voltar. Conheci muita gente que parou depois de cirurgias parecidas, e pensei que seria meu caso também”, contou.
Hoje, Shirlen vive um momento de autoconhecimento, intensidade e entrega total em cada competição. “Luto como se fosse a última competição. Tento colocar tudo de mim ali, naquele dia”. E foi exatamente assim que ela brilhou no Mundial de Budapeste.
De volta ao Brasil, com medalha no peito e o coração cheio de gratidão, Shirlen celebra o que pode ser o começo de uma nova fase. Uma história escrita com coragem, determinação, parceria e muita garra.
