Diego Hypólito revisita trajetória de superação em entrevista a Carol Barcellos

Medalhista olímpico é o convidado do segundo episódio do videocast Gigantes para Gigantes e fala sobre infância difícil, quedas nos Jogos e o retorno por cima no Rio 2016

Diego Hypolito com Carol Barcellos no videocast Gigantes para Gigantes (Foto: Divulgação)

No segundo episódio do videocast Gigantes para Gigantes, apresentado pela jornalista Carol Barcellos, o entrevistado é Diego Hypólito, primeiro ginasta brasileiro a conquistar uma medalha de ouro em um Campeonato Mundial e um dos nomes mais relevantes da história da ginástica artística no país.

Durante a conversa, Diego revela, sem rodeios, momentos decisivos de sua trajetória, que vão desde a infância marcada por dificuldades financeiras até a consagração como medalhista olímpico.  Na conversa, o atleta garante que, aos 11 anos de idade, já sabia quem seria e se tornaria, fruto da determinação diante da realidade que a vida lhe impôs tão cedo.

Infância difícil e sonho precoce

Na entrevista, a superação do pequeno Diego diante das dificuldades que batiam à porta da sua família foi o assunto que logo veio à tona. Afinal, foi a partir dali que já se começava a desenhar uma personalidade gigante. A realidade, naqueles tempos, não era nada fácil. Falta de energia elétrica em casa, por exemplo, era comum. Para ajudar os pais, ele voltou no tempo para lembrar, com orgulho, que chegou a ser vendedor ambulante em Copacabana, famoso bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro. Até cair a ficha, num dia marcante e decisivo.O dia em que uma lata de leite condensado alimentou um sonho

“Uma data específica me marcou, quando não tínhamos o que comer em casa. Às vezes, nem arroz e feijão. Nesse dia, minha mãe conseguiu uma lata de leite condensado com a vizinha e, com o bico de gás, dissolveu com água, que era do prédio, por isso não foi cortada, e foi o leite que nos alimentou para irmos treinar. Morávamos no Flamengo e treinávamos no clube, que fica na Lagoa. Muitas vezes, íamos andando. Tudo isso me fez valorizar demais os treinos. Eu já era uma criança que sabia fazer um mortal de costas com 5 anos de idade. Desde muito cedo sabia o que queria. Dei uma entrevista, já aos 11 anos, dizendo que seria campeão do mundo e medalhista olímpico”

Quedas e julgamentos: o peso da Olimpíada

Pequim 2008: a queda que virou ferida

Em sua estreia olímpica, Diego era o campeão mundial no solo e principal nome da ginástica brasileira. Classificado com a melhor nota para a final, sofreu uma queda inesperada. O que veio a seguir ultrapassou o âmbito esportivo:

“Eu não iria desistir dos meus sonhos, mas cheguei a apanhar na rua porque caí nos Jogos Olímpicos, e isso não é uma coisa que considero natural. Eu não era um criminoso. Eu me tornei um atleta celebridade na época e tinha que me colocar no lugar de atleta. “

Ele relata que, na época, não existia abertura para falar sobre saúde mental e que se sentiu perdido. “Falei ‘caramba, eu nunca mais vou conseguir’.”

Londres 2012: lesões e frustração

Quatro anos depois, em Londres, Diego chegou debilitado fisicamente, com lesões ósseas nos dois pés. Mesmo assim, insistiu em competir. Caiu de novo. E sentiu que tudo havia acabado: “Ali eu falei: acabou minha carreira.”

Rio 2016: a redenção no solo

Diego Hypólito conquistou a medalha de prata na Rio-2016  e aparece com ela visivelmente emocionado (Foto: Divulgação/COB)
Diego Hypólito conquistou a medalha de prata na Rio-2016  (Foto: Divulgação/COB)

Competições sob dor e desconfiança

Entre 2014 e 2015, Diego somou novas conquistas, como o bronze no Mundial e pratas em etapas da Copa do Mundo. Mas acumulava também oito hérnias e duas fraturas na coluna, lesões que não o impediram de lutar por uma vaga no Rio 2016.

Segundo ele, havia desconfiança sobre sua participação. “Sei que existia uma conspiração contra mim. Só fui para os Jogos porque tinha gente no COB e na CBG que acreditava em mim.”

A prova que enfrentou os próprios fantasmas

Na classificatória, Diego garantiu presença na final com a quinta melhor nota. No dia da decisão, relembra o momento decisivo antes da apresentação:

“Subi os degraus tremendo. Ajoelhei, me xinguei, e disse: ‘Você merece estar aqui, não seja idiota, vai lá e faz a sua parte’. Enfrentei todos os meus fantasmas. Fui medalhista e vi que tudo é possível.”

Apoio, crise e novos caminhos

Ronaldo Fenômeno e o apoio à família Hypólito

Durante a entrevista, Diego revelou que Ronaldo Fenômeno foi o responsável por bancar a primeira viagem internacional da irmã, Daniele Hypólito, que viria a conquistar a primeira medalha da ginástica brasileira.

Pandemia, perdas e recomeço

Na pandemia, Diego enfrentou uma crise financeira severa: “Perdi tudo, menos minha saúde.” Foi despejado, mas não desistiu. Hoje, atua como palestrante, empresário, comanda um instituto e prepara a estreia de um novo programa dirigido por Marlene Mattos.

Assista à entrevista completa

A íntegra do episódio com Diego Hypólito no videocast Gigantes para Gigantes, apresentado por Carol Barcellos, pode ser assistida clicando aqui.

Natália Oliveira

Natália Oliveira

Jornalista formada pela UFMG e atleta amadora de handebol, natação e corrida. Tenho experiência em coberturas in loco de grandes eventos esportivos, como os Jogos Olímpicos de Paris, o SLS Super Crown, o Pan-Americano de Mountain Bike e a etapa de Saquarema da WSL.Apaixonada por esportes radicais, compartilho esse universo na @jornatop.esportes, uma página voltada para skate, surfe, escalada, MTB, BMX, snowboard e esqui.Surtada desde 2022.
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