É Prata! Arthur Bonato garante Brasil no pódio no 1º dia do Mundial Cadete de Judô

Gaúcho de apenas 14 anos venceu quatro adversários para chegar à final do peso superligeiro e faturar primeira medalha brasileira na competição

Bonato exibe medalha de prata conquistada
Foto: Beatriz Riscado/CBJ

A Seleção Brasileira de Judô começou o Campeonato Mundial Cadete com o pé direito, conquistando uma medalha já no primeiro dia de competição. Nesta quarta-feira (27), em Sofia, na Bulgária, o peso superligeiro (-50kg) Arthur Bonato, de apenas 14 anos, chegou à final da categoria e ficou com a medalha de prata em sua estreia em Mundiais.

“Estou me sentindo muito feliz, porque eu vinha treinando muito. Muito treino técnico, físico e de ne-waza. Com apenas 14 anos, conseguir essa medalha é muito importante para mim”, comemorou o vice-campeão em declaração à Confederação Brasileira de Judô.

Bonato foi o primeiro brasileiro a entrar no tatame neste primeiro dia de Mundial Cadete, enfrentando o georgiano Saba Bolkvadze e vencendo com um waza-ari e dois yuko. Depois, nas oitavas-de-final, ele passou pelo cabeça-de-chave número um da categoria, o armênio Ala Eddine Sahraoui, marcando um yuko e um ippon por chave-de-braço.

Nas quartas-de-final, Bonato teve pela frente Abdulwahab Alshammari, do Kuwait, e novamente venceu com um yuko e um ippon. Já na semifinal, o brasileiro levou a melhor sobre o búlgaro Tsavelin Martinov, atleta da casa, com um waza-ari nos últimos segundos de luta, seguido por imobilização até o ippon.

Na decisão da categoria, veio o uzbeque Khushnud Sultanov, confronto inédito para o brasileiro. Ele começou marcando um yuko, mas, ao decorrer da luta, acabou sofrendo um waza-ari e dois yuko do adversário, ficando com a medalha de prata.

Natural de Porto Alegre, o gaúcho atualmente representa o Grêmio Náutico União, sob o comando dos professores Rafael Garcia, Alex Pombo, Leandro Freire e Carla Oliveira. Ele começou no judô aos três anos de idade, na escola, e depois passou a treinar na Kiai – Associação Canoense de Judô com o sensei Guilherme Góes. Desde então, vem dividindo a vida entre os estudos e a carreira no esporte, com muita resiliência.

Em maio de 2024, durante as fortes enchentes que afetaram o Rio Grande do Sul, Bonato e seus familiares precisaram deixar a casa onde moravam. Em meio aos poucos pertences que conseguia carregar, o atleta deu prioridade aos quimonos e às medalhas conquistadas nas competições que lutou, um ato de carinho e valorização pela história que tem no judô.

“Eu morava em um apartamento no térreo e fui atingido completamente. A água chegou no teto, quase no segundo andar. Perdi tudo o que eu tinha, menos o quimono e as medalhas. As roupas eu comprava, pegava de doação depois, mas os quimonos e as medalhas fazem parte da minha história, são minhas conquistas. Assim que o prefeito falou que a gente teria que evacuar, a primeira coisa que eu peguei foi a caixinha para colocar as medalhas e o meu quimono que estava no roupeiro. O judô me ensinou a ter disciplina, a lidar com certas situações e não ficar desesperado. Com certeza, isso me ajudou bastante e me ajudou a ajudar minha mãe. O judô passou a significar a minha vida, literalmente. Não consigo mais viver sem ele”, contou Bonato à CBJ.

A água demorou cerca de um mês para baixar completamente, e durante esse tempo a família morou de favor na casa dos pais de amigos próximos. Agora, mais de um ano depois da tragédia, eles se mudaram para o condomínio da frente, porém desta vez em um apartamento no oitavo andar. Bonato voltou a treinar forte e projeta maiores resultados para o futuro.

A medalha de Bonato representa o 36° pódio do judô brasileiro em Mundiais Cadete, sendo a 15ª prata. O gaúcho chegou ao Mundial como 247° colocado no ranking da Federação Internacional de Judô, e durante o dia enfrentou e venceu adversários com melhores colocações, sendo todos do top 30.

Outros cinco brasileiros se despediram do Mundial Cadete nas preliminares

Ainda no dia, o judô brasileiro foi representado por outros cinco atletas na competição, que acabaram eliminados antes das quartas-de-final.

No feminino, Giovanna Imhof (-44kg) venceu a primeira luta contra Dinora Khasanova, do Uzbequistão, por yuko, e na rodada seguinte foi eliminada pela israelense Yuval Gabay. Já no peso abaixo, o superligeiro (-40kg), Ana Sena não passou pela uzbeque Dilafruz Boltaboyeva, que mais tarde se tornaria a campeã da categoria, na estreia.

Enquanto isso, no masculino, Gabriel Cruz (-50kg) venceu a primeira luta, por yuko e dois waza-ari, contra Iek Ian Chong, de Macau. Já na rodada seguinte, o brasileiro levou a pior contra o israelense Omer Mor Barak, não conseguindo reverter o placar de um waza-ari de desvantagem. 

No peso acima (-55kg), André Dodero e Victor Hugo Silva se despediram da competição na primeira luta. André levou um yuko e um waza-ari do atleta neutro Ilia Toptygin, e Victor um waza-ari e um ippon do azeri Mahammadali Husiyev. 

As disputas do Mundial Cadete continuam nesta quinta-feira (28), com a presença de mais cinco brasileiros: Clarice Ribeiro (-48kg), Sarah Mendes (-48kg), Nicole Marques (-52kg), Lucas Yamamoto (-60kg) e Fernando Mitsuda (-66kg). 

Os combates eliminatórios começam às 2h30 (horário de Brasília) e o bloco final a partir de 10h30. O site judotv.com, plataforma de streaming da Federação Internacional de Judô, faz a transmissão ao vivo.

*com informações da Confederação Brasileira de Judô

Paulo César Guimarães

Paulo César Guimarães

Mineiro que tem no esporte sua grande paixão: já tentou judô, natação, vôlei, basquete, handebol, futebol e skate mas tá desconfiado que sua vocação seja contar histórias. Surtado desde 2022!
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