Neguerê, Lucas Bebê e Fê Medeiros apresentam programas semanais na N Sports
Nesta Semana da Consciência Negra, a N Sports reuniu três dos seus talentos para dar um recado muito direto à sociedade: racismo se combate todo dia! Os apresentadores Fernando Medeiros, Lucas Bebê Nogueira e Neguerê se juntaram no estúdio do canal para bater um papo reto sobre essa chaga que aflige o mundo e o Brasil principalmente. Os conteúdos podem ser vistos desde ontem, 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, no YouTube e nas redes sociais da emissora.
Logo de cara, Lucas contraria a polêmica frase “Quer acabar com o racismo, só não falar dele”, dita pelo ator norte-americano Morgan Freeman. Para o apresentador do Central do Basquete e ex-jogador do Toronto Raptors e da Seleção Brasileira, tal omissão só expõe mais ainda a população negra a atos de discriminação.
Embora tenha conhecido mais de 30 países ao longo de sua bem-sucedida carreira esportiva internacional, Lucas lembra que sofreu mais episódios de racismo no Brasil. “Por isso sempre tive a atitude de me posicionar e acho que muitas pessoas negras de projeção deveriam fazer o mesmo, usar o poder que têm para resistir e transformar esta dura realidade”.
Fê Medeiros ressalta o papel essencial que cidadãos renomados, sejam negros ou não, podem exercer no combate à prática racista. “A mensagem a ser dita é que não devemos nos abdicar da coragem para lutar. Não dá para ficarmos nas entrelinhas, temos que falar o que precisa ser dito, na lata, pois nós sabemos qual é o nosso lugar de direito”, afirma o apresentador do Central do Basquete.
Os apresentadores lembram o racismo sofrido por Vini Júnior na Espanha e como o jogador se posicionou em público. “O problema é que ainda só reagimos quando acontece um caso. Acho que muita gente com poder na voz poderia bater de frente sempre, levantar essa bandeira o ano inteiro. Antecipar o problema e colaborar para educar a população, sobretudo as novas gerações”, alerta Fê Medeiros.
Neguerê, Fê e Bebê apontam que o enfretamento do preconceito racial, enraizado há séculos na sociedade brasileira, não pode se resumir a datas simbólicas, mas deve repercutir na rotina de qualquer cidadão. No esportenão é diferente: clubes, entidades, atletas, gestores e torcedores precisamos criar condições para que o estádio, o treino, o dia de jogo, o entretenimento e o ambiente esportivo sejam acessíveis e inclusivos para todos, sem qualquer tipo de discriminação.
No cenário do futebol brasileiro, Neguerê ressalta que dois clubes cariocas precisam ser reconhecidos na luta contra o racismo. O Bangu Atlético Clube, de origem operária, foi o primeiro a colocar negros em campo, trabalhadores da fábrica, no começo do século XX.
Pouco tempo depois, em 1923, o Clube de Regatas Vasco da Gama fez uma escolha consciente e revolucionária. O clube venceu a segunda divisão do Rio de Janeiro e decidiu manter jogadores negros no elenco para jogar a primeira divisão e de pronto foi contestado pelos times de elite Flamengo, Fluminense e Botafogo.
“A resposta veio com uma carta histórica enviada ao conselho da liga metropolitana que dizia não aceitar imposições que ferissem o sentimento de humanidade e de justiça”, conta Neguerê, apresentador do programa semanal Negueritmo e torcedor vascaíno apaixonado.
“O Bangu foi pioneiro em escalar atletas negros para o jogo. O Vasco defendeu o direito de eles estarem em campo. Mais que abrir portas, o Vasco quebrou correntes. Esse espírito precisa seguir vivo em cada torcedor, em cada negro, em cada um que acredita que o futebol é do povo”, arremata o apresentador, parabenizando todos os clubes que adotam iniciativas de resistência na luta contra o crime do racismo.
Confira abaixo o bate-papo na íntegra entre os apresentadores:
Redação Surto Olímpico
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