A candidatura Rio-Niterói estava na disputa, mas foi derrotada pelos paraguaios. Mas o que fez eles ganharem?
Sexta (10) foi escolhida a sede dos Jogos Pan-americanos (e Parapan-americanos) de 2031. E a cidade escolhida foi Assunção, frustrando a torcida de que fosse em Rio/Niterói (eu incluso, afinal, adoraria ver outra competição de grande porte em minha cidade). Mas não foi uma escolha por acaso. Por mais que doa no coração brasileiro do fã do esporte, foi uma boa escolha. E se você está se perguntando o que será que levou aos países votantes escolherem a capital paraguaia em uma disputa bem apertada (28 a 24), Vamos tentar enumerar uns fatores abaixo:
Ter perdido a sede de 2027
Após todo o problema de Barranquilla (COL),que não apresentou a quantia necessária das taxas cobradas pela Panam Sports e perdeu o direito de ser a sede do Pan de 2027, Assunção entrou na jogada e foi derrotada por Lima, que com a vantagem de ter boa parte da estrutura dos Jogos de 2019, foi a cidade escolhida.
Mas Paraguai soube ‘lamber as feridas’ da derrota e preparar as sementes para a próxima candidatura, aprimorando suas ideias, tendo mais tempo para corrigir as falhas da primeira candidatura e fazer melhores conexões políticas com os outros países, mostrando que seu projeto não só ser uma sede de Pan-americano, mas fortalecer o esporte olímpico no país.
Pan Júnior

Talvez o grande cabo eleitoral de Assunção foi o Pan Júnior. Muitos países quiseram ver como o país se sairia nessa competição de porte maior do que os Jogos sul-americanos que a cidade sediou em 2022. E apesar de algumas reclamações, como instalações acanhadas, algumas falhas de logística e de acessibilidade (lembrando que eles Vão sediar o Parapan também) que causaram algumas dificuldades, o saldo foi muito positivo, unindo a população e ajudando muitas das – não tanto como se esperava, afinal a diferença para Rio/Niterói na votação foi pouco, mas foi o suficiente para a vitória.
Inclusão e menos ‘bagagem’
Um tecla batida pela candidatura de Assunção foi a de que apenas 12 de 41 países foram sedes de Jogos Pan-americanos em quase 75 anos de história. O ineditismo chama votos, vide o que a aconteceu com o próprio Brasil no início dos anos 2000 ao ser escolhida como sede do Pan de 2007, vencendo de Chicago (USA). É como alguns rumores apontavam nas redes sociais de alguns votantes tinham comentado de que o “Rio tem história, mas Assunção tem futuro”
E um país inédito traz menos bagagem, ou seja, menos expectativas e pressão, e mais apoio da população. Claro que exemplos como o desastre de Santo Domingo-2003 devem ser evitados, mas Lima-2019 mostrou que pode-se fazer uma estrutura competente para fazer um bom evento sem gastar tanto e sem causar resistência entre a sua população.
Projeto mais ‘enxuto’
Ter a maioria dos seus eventos concentrados em um raio de 30 minutos e algumas construções mais pontuais levou vantagem sobre a candidatura brasileira, que mesmo com o reuso da maioria das instalações usadas na Olimpíada, custava mais por conta de algumas obras de infraestrutura como a linha 3, que ligaria Rio a Niterói passando por baixo da Baía de Guanabara, um custo altíssimo devido a complexidade da obra.
Sem contar que parece que a votação ficou meio de lado aqui no Brasil, com menos mobilização do que das outras vezes que o Brasil concorreu a grandes eventos n dos anos 2000. claro que o momento político e cultural é diferente, mas faltou o COB trabalhar um pouco melhor nesse engajamento, principalmente nas redes sociais.
Claro que provas como vela, surfe e canoagem slalom deverão disputadas longe de Assunção – talvez até no Brasil – e alguns problemas de infraestrutura, e de transporte principalmente, mas são problemas solucionáveis até 2031.
Diplomacia eficaz
Como dito no primeiro Tópico, Paraguai soube ser melhor politicamente, principalmente com nações menores e emergentes, já que muitas tem sonho de sediar próximas edições. Segundo informações da imprensa estrangeira, a maioria dos votos paraguaios veio de nações menores, sendo mais ágil nesse aspecto. Claro que estar mais tempo nessa busca de votos facilitou um pouco o trabalho – enquanto Assunção trabalhava em votos desde a derrota para Lima pra sede do Pan de 2027, o Brasil só começou a se movimentar no fim de 2024 sobre a candidatura.
Um detalhe é que o Brasil conseguiu ter muita força nos meses finais, e como chegou a falar o secretário de esportes do rio de Janeiro ao UOL, os dirigentes chegaram a sugerir uma parceria para que as duas cidades fossem escolhidas para os Pan de 2031 (Rio-Niteroi) e Assunção (2035), mas pelo visto, a ideia não seguiu em frente.
Projeto de Nação esportiva

Depois de sediar os Jogos sul-americanos em 2022 e o Pan júnior em 2025, o Paraguai queria continuar a expandir esse legado esportivo no país com uma edição de Jogos Pan-Americanos. E conseguiu convencer os votantes que este salto esportivo passa por este grande evento. Com investimentos da base ao alto rendimento, a expectativa é que, o país, então nanico no cenário esportivo – são apenas 22 medalhas em Pans em toda a história, comece a ser mais presente no topo.
O Pan júnior deu um indicativo de que o investimento do país em esporte começa a dar frutos no alto rendimento, com 23 medalhas conquistada pelos jovens atletas só na edição em casa. E se o investimento seguir, a tendência é que esse número a ser maior na próxima edição do Pan em 2027, a atinja o ápice em 2031.











