Competição vai até o dia 27
O Brasil conquistou seis medalhas na manhã deste domingo, 21, no horário de Brasília, nas primeiras finais do Mundial de Natação Paralímpica de Singapura. O dia teve como destaque a nadadora pernambucana Carol Santiago, que chegou a sua 20ª medalha de ouro em mundiais ao conquistar o ouro na prova dos 100m costas da classe S12 (baixa visão), e a paulista Alessandra Oliveira, que conquistou seu primeiro ouro ao vencer os 100m peito da classe SB4 (limitações físico-motoras) e quebrar o recorde mundial da prova.
Ao final do dia de abertura do evento, o Brasil acumula dois ouros, uma prata e três bronzes, ocupando a quarta colocação no quadro de medalhas do evento. O ranking é encabeçado por Itália e Grã-Bretanha. Os dois países conquistaram três ouros, três pratas e três bronzes. As disputas em Singapura vão até o próximo sábado, 27.
Carol garantiu seu tricampeonato na prova dos 100m costas ao completar a prova em 1min09s42. A britânica Ela Letton-Jones foi a segunda colocada com 1min12s44, seguida por sua compatriota Carroll, com 1min12s97.Com o resultado, Carol, maior medalhista da delegação brasileira em Singapura, chegou à marca de 20 pódios em mundiais (14 ouros, quatro pratas e dois bronzes). A atleta de 40 anos está em sua quarta edição do evento — ela também participou de Londres 2019, Ilha da Madeira 2022 e Manchester 2023.
Carol também é a maior campeã paralímpica da história do Brasil, com seis ouros conquistados em Tóquio 2020 e Paris 2024. Para Singapura 2025, a atleta optou por nadar apenas as provas nas quais foi medalhista de ouro nos Jogos de Paris, em 2024: 50m livre, 100m livre e 200m costas.A prova dos 100m costas era considerada por Carol a mais difícil em seu programa. Entre os desafios estava realizar uma boa virada com seu novo treinador, Leonardo Leis, na função de tapper. Até o início do ano, suas viradas tinham o apoio de Leonardo Tomasello, treinador-chefe da Seleção Brasileira de 2014 até o início de 2015.
“É uma das provas que eu fico mais apreensiva para nadar. Desta vez, estava muito nervosa: os fundamentos, virada, chegada, tudo. Sempre me deixa muito estressada. Quando a gente deu a virada, que eu encostei o pé na parede, veio a empolgação. Não é fácil estar aqui e performar depois de tantos Mundiais e tantas medalhas”, disse Carol.
A pernambucana volta a nadar em Singapura na terça-feira, 23, quando disputa os 50m livre, prova da qual é recordista mundial com a marca de 26s61 obtidos em Berlim, em 2024, durante etapa do World Series.
Recorde mundial
O segundo ouro do dia veio com a paulista Alessandra Oliveira, em prova que contou com forte torcida da delegação brasileira.
A nadadora quebrou o recorde mundial e conquistou a medalha de ouro ao completar sua prova em 1min43s21. A melhor marca anterior, de 1min43s87, era da norueguesa Sarah Louise Rung, registrada há 11 anos, em julho de 2014 na Noruega.
A medalha de prata foi para a italiana Giulia Ghiretti, com 1min52s47, e o bronze para a espanhola Berta Garcia Grau, com 1min56s23.Alessandra teve vasculite pós-varicela, uma condição rara desenvolvida após ter catapora, e foi submetida a amputação de membros superiores e inferiores.
“É recorde mundial que a gente está falando. Não caiu a ficha ainda. Ano passado foi muito difícil [quando não se classificou para os Jogos de Paris]. Essa temporada também foi um pouco difícil. Mas é um sentimento de muita alegria. No Brasil e no Parapan também foi final direta. Então, estou acostumada com isso. Mas, junto com a comissão, a gente vem treinando muito forte eliminatórias e final, para o caso de precisar. E não precisou. Dei tudo na final e estou muito feliz”, disse Alessandra.
Estreante em mundiais, Alessandra é a atleta mais jovem da delegação, com 17 anos, e começou a praticar o esporte em 2018, na Escola Paralímpica de Esportes do CPB, no mesmo ano em que o projeto de iniciação esportiva gratuita para crianças e jovens com deficiência foi fundado. Ela conheceu o projeto pelas redes sociais e, desde então, participou de outras iniciativas do CPB, como as Paralimpíadas Escolares, maior evento esportivo para jovens com deficiência do mundo.
Em 2023, aos 15 anos, Alessandra havia conquistado seu maior título internacional até então, o ouro nos mesmos 100m peito dos Jogos Parapan-Americanos de Santiago.
Neste domingo, Alessandra ainda disputou uma segunda final, os 50m livre da classe S5 (comprometimento físico-motor). Terminou a prova na quarta colocação, com 41s59. O ouro foi para a italiana Monica Boggioni (38s37), a prata para a tcheca Agata Koupilova (41s27) e o bronze para a finlandesa Natalie Ornkvist (41s48).
A rotina de treinamento de Carol para se manter no alto rendimento foi apresentada no documentário “O Instante Decisivo”, enquanto a trajetória de Alessandra Oliveira é retratada na série “Da Inclusão ao Pódio”, ambas produzidas em 2024 pela Bushatsky Filmes com apoio do CPB e disponíveis no GloboPlay.
Mais medalhas
O paulista Samuel Oliveira foi bronze nos 50m livre da classe S5 (comprometimento físico-motor), a primeira medalha do Brasil em Singapura.
O atleta completou a prova em 31s67. O ouro foi para o chinês Jincheng com 30s11, e a prata para o ucraniano Artem Oliinyk, com 31s41.
“Estou muito feliz. Agora é curtir este lugar, dar uma soltada, porque tem muita prova para nadar ainda e espero que venham mais medalhas”, afirmou o atleta. Ele nada sua prova principal, os 100m borboleta da classe S5, na qual é bicampeão mundial, na terça-feira, 23.
Samuka falou ainda sobre a disputa com seu principal adversário, o chinês Jincheng. “Eu me espelho nos meus adversários. Eles são muito bons no que eles fazem e eu estou aprendendo sempre. Gosto de nadar com quem está mais forte do que eu para puxar meus resultados. E um dia, com certeza, vou chegar junto a ele”, disse o nadador, que foi submetido à amputação de ambos os braços após receber uma descarga elétrica aos 10 anos.
O também paulista Gabriel Bandeira conquistou a medalha de prata nos 200m livre para a classe S14 (deficiência intelectual) com uma forte arrancada após a virada dos 100 metros. Ele terminou a prova em 1min52s03. O ouro foi para o britânico Ellard Willian, que estabeleceu um novo recorde mundial da prova, 1min51s08. Já o bronze ficou com o canadense Nicholas Bennett (1min53s97).
“Essa prova é uma na qual nem sempre eu me sinto bem. Mas estava confiante depois de nadar pela manhã e pensei ‘vou pra cima do britânico, quero sentir dor’. Na hora em que fiz a virada dos 100m, falei, ‘vou pra cima’. Consegui colocar bastante perna, meu corpo reagiu bem. Gostei muito do meu resultado. Não tinha ido para o final dessa prova Jogos Paralímpicos de Paris nem no último Mundial. Então esse pódio foi um resultado muito bom para mim”, afirmou o atleta, que defenderá o bicampeonato mundial nos 100m borboleta no sábado, 27.O carioca Thomaz Matera conquistou o bronze nos 50m livre para a classe S11 (cegos), com tempo de 26s11. O ouro foi para o tcheco David Kratochvil, com 25s52, e a prata para o espanhol Mahamadou Dambelleh Jarra, com 25s88.
Thomaz voltou a competir em um Mundial após 8 anos. Sua última participação havia sido na Cidade do México, em 2017. Na ocasião, ele foi ouro nos 100m livre e 100m borboleta.
“Deu tudo certo da manhã para tarde, que foi um ensaio para chegar na final e fazer bem feito. A estratégia foi nadar forte, tentar bloquear e no final eu contei as braçadas. Quando tinham 32 braçadas eu respirei e fui até a braçada 40 sem respirar, e aí cheguei firme”, contou o nadador que, em junho, passou a nadar na classe S11 após passar por uma nova Classificação Esportiva Paralímpica na etapa da Cidade do México do World Series (antes, ele competia na classe S12, para nadadores com baixa visão).
A mineira Patrícia Pereira conquistou o bronze nos 50m peito para a classe SB3 com tempo de 57s70. A primeira colocação foi para a italiana Monica Boggioni (53s95), e a segunda com a Mira Larionova, dos Atletas Paralímpicos Neutros, com 56s33.
Na mesma prova, a fluminense Lidia Cruz ficou na sétima colocação, com 1min02s02.
As finais deste domingo ainda contaram com o carioca Douglas Matera, que encerrou os 100m costas da classe S12 (baixa visão) na quinta colocação, com 1min04s24. O pódio foi formado por Raman Salei, do Azerbaijão, com 1min01s58, Maksim Vashkevich, dos Atletas Paralímpicos Neutros, com 1min02s17e Evan Wilkerson, dos Estados Unidos, com 1min03s05.











