Surto Olímpico analisa os possíveis adversários da seleção brasileira, que só deve enfrentar uma equipe do top-5 do ranking em uma eventual final
A seleção brasileira masculina de vôlei inicia sua caminhada rumo ao quarto título do Campeonato Mundial neste domingo (14), às 10h, contra a China. O time comandado pelo técnico Bernardinho está no Grupo H ao lado dos asiáticos, de Chéquia e Sérvia. A competição será disputada nas cidades de Quezon e Pasay, nas Filipinas, entre os dias 12 e 28 de setembro.
Apesar do equilíbrio entre as principais seleções, o Brasil deve ter um percurso tranquilo até a semifinal, onde poderá encontrar um antigo algoz. Ainda assim, a equipe só enfrentaria um adversário do top 5 do ranking mundial em uma eventual final, já que todos estão posicionados do outro lado da chave. Com isso, aumentam as chances de o time brasileiro chegar à decisão.
Confira a seguir a projeção do caminho do Brasil rumo ao tetracampeonato mundial.
Fase de grupos
O Brasil estreia em Pasay contra a China, atual 26ª colocada no ranking mundial. Após ser eliminada ainda na fase de grupos do Campeonato Mundial de 2022, a seleção chinesa só voltou a disputar torneios de alto nível em 2025, com sua participação na Liga das Nações (VNL). Diferente da equipe feminina, tricampeã olímpica e bicampeã mundial, o time masculino não possui conquistas relevantes no cenário internacional. Além disso, não disputa os Jogos Olímpicos desde Pequim 2008, quando foi anfitrião. Naquela edição, assim como na recente VNL, foi eliminado pelo Brasil.
A segunda partida será contra a Chéquia, 21ª do ranking, no dia 15, às 23h. Os tchecos foram os únicos a quebrar a hegemonia da União Soviética em Mundiais nas décadas de 1950 e 1960, com os títulos de 1956 e 1966. Também faturaram uma prata olímpica em Tóquio 1964 e um bronze na Cidade do México em 1968. No entanto, seu último resultado expressivo foi o bronze na Copa do Mundo de 1985. Desde então, a seleção perdeu espaço no cenário intercontinental: não participa dos Jogos Olímpicos desde Moscou 1980 e jamais participou da Liga das Nações, criada em 2018. Seu último Mundial foi em 2010, quando chegou à terceira fase e foi eliminada pelo Brasil no tie-break.
Fechando a fase de grupos, o time verde-amarelo enfrentará a Sérvia, 12ª do ranking, às 23h do dia 17. A seleção europeia foi eliminada nas oitavas de final do Mundial de 2022, caiu ainda na fase de grupos dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 e não avança à segunda fase da VNL desde 2018. No último encontro entre os conjuntos, pela fase inicial da Liga das Nações 2024, o Brasil venceu por 3 sets a 1.

Oitavas e quartas de final
Encerrada a fase de grupos, as duas melhores equipes de cada um dos oito grupos avançam às oitavas de final. Os conjuntos vindos do Grupo H terão como oponentes seleções do Grupo A nesta fase. O cruzamento permanece o mesmo até as quartas de final, o que possibilita que seleções do mesmo grupo, caso sigam vencendo, voltem a se enfrentar nessa etapa do torneio.
O Brasil não deve encontrar grandes dificuldades nas oitavas de final, cujo adversário sairá entre Egito, Irã, e anfitriã Filipinas ou Tunísia. Destes, apenas o Irã, eliminado pelo Brasil nas oitavas de final do Mundial de 2022, figura no top 15 do ranking mundial, na 13ª posição. O Egito, segunda força da chave, ocupa a 25ª posição, enquanto Filipinas e Tunísia têm histórico ainda mais modesto. Nenhuma destas três seleções jamais disputou a Liga das Nações, torneio anual que reúne as 18 principais equipes do mundo.
Portanto, o cenário provável para as quartas de final é um reencontro com a Sérvia. O quadro balcã já não possui a mesma força das décadas de 2000 e meados de 2010, quando foi terceiro colocado no Mundial de 2010 e presença frequente nas finais da Liga Mundial. Na extinta competição, enfrentou o Brasil em quatro decisões, com vitórias brasileiras em 2003, 2005 e 2009, e um triunfo sérvio em 2016. No Mundial de 2018, o Brasil também levou a melhor na semifinal.
Semifinal
O cruzamento na semifinal será realizado contra uma das seleções advindas dos grupos D ou E. Os possíveis adversários do Brasil na semifinal são Estados Unidos, Eslovênia e Alemanha, respectivamente 6ª, 7ª e 8ª colocadas no ranking mundial. Cuba, atualmente em 10º lugar, também corre por fora.
Brasil e Estados Unidos têm extenso histórico em confrontos decisivos. Nos duelos mais recentes, os estadunidenses se sobressaíram nas quartas de final dos Jogos Olímpicos de 2024 e da Liga das Nações de 2022. O país possui um título mundial, conquistado em 1986.
A Eslovênia vem demonstrando gradativa evolução. Nos últimos dez anos, faturou três medalhas de prata nos Campeonatos Europeus de 2015, 2019 e 2021, além do bronze em 2023. Os balcãs também ficaram em quarto lugar no Mundial de 2022 e nas duas edições mais recentes da Liga das Nações. No confronto entre as equipes na fase inicial da última VNL, o Brasil venceu por 3 a 0.
Já a Alemanha costuma complicar adversários mais fortes, mas tem dificuldade de vencer jogos nas fases decisivas. Seus melhores resultados foram o terceiro lugar no Mundial de 2014 e o vice-campeonato no Europeu de 2017. No último embate com o Brasil, válido pela última rodada da fase classificatória da recém-finalizada Liga das Nações, a equipe europeia ofereceu resistência, mas acabou derrotada por 3 a 1.
Cuba, cuja última medalha em competições relevantes (bronze) foi conquistada na Liga Mundial de 2012, segue o mesmo padrão alemão e impõe dificuldades às grandes seleções, sobretudo ao Brasil. Desde que retornou à VNL, em 2023, venceu os três duelos contra os brasileiros, o mais recente por 3 a 2. Contudo, o retrospecto em Mundiais neste século é amplamente favorável ao Brasil: em cinco jogos, são quatro vitórias (fases de grupos em 2006, 2014 e 2022, além da final de 2010, que culminou no tricampeonato mundial), e apenas uma derrota, na primeira fase da competição, em 2010.

Final
O adversário na decisão tem grande chance de sair entre Polônia, Itália, França ou Japão, quatro das cinco seleções mais bem ranqueadas. O Brasil ocupa a terceira posição.
Atual campeã europeia (2023) e da Liga das Nações (2025), além de medalhista de prata nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 e no Mundial de 2022, a Polônia é apontada como a principal favorita ao título desta edição. Tricampeã mundial (1974, 2014 e 2018), disputou quatro das últimas cinco finais, ficando fora apenas em 2010. Os poloneses enfrentaram o Brasil em três decisões, com vitórias em 2014 e 2018, e derrota em 2006. Além disso, eliminaram os brasileiros na semifinal do último Mundial e nas fases decisivas das últimas três edições de Liga das Nações.
A Itália também chega forte para este Campeonato Mundial. Além de ser a atual detentora do título e dona de mais três troféus do torneio (1990, 1994 e 1998), a seleção acumula outros resultados expressivos nos últimos anos: foi campeã europeia em 2021 e vice em 2023, terminou em quarto lugar nos Jogos Olímpicos de Paris e ficou com o vice na última Liga das Nações.
Apesar do modesto currículo em mundiais, com apenas uma medalha de bronze conquistada em 2002, a França se consolidou como uma das principais potências do vôlei masculino nos últimos dez anos. Após o quarto lugar no Mundial de 2014, a equipe iniciou uma trajetória de ascensão marcada por conquistas relevantes ao vencer a Liga Mundial em 2015 e 2017 (este sobre o Brasil) e faturar dois títulos da Liga das Nações, em 2022 e 2024. E os franceses não pararam por aí: o ‘crème de la crème’ veio com o recente bicampeonato olímpico, nos Jogos de Tóquio 2020 e Paris 2024.
Emergente no cenário internacional, o Japão vem conseguindo bons resultados nesta década, especialmente na Liga das Nações. Após conquistar o terceiro lugar em 2023, os asiáticos foram vice-campeões no ano seguinte. Medalhista de bronze em 1970 e 1974, o Japão não alcança uma semifinal de Mundial desde 1982. Na edição mais recente, em 2022, foi eliminado nas oitavas de final pela França, em uma partida decidida no tie-break.

Brasil visa quebrar jejum que dura três edições
Após a década mais vitoriosa de sua história no vôlei masculino, entre 2001 e 2010, quando conquistou oito Ligas Mundiais, duas Copas do Mundo e os principais títulos da modalidade, como o ouro olímpico em Atenas 2004 e o tricampeonato mundial entre 2002 e 2010, a seleção brasileira almeja voltar ao topo do mundo e findar um jejum que já dura três edições em mundiais.
Apesar da ausência de títulos, o país se manteve no pódio da competição, trazendo para casa as medalhas de prata em 2014 e 2018 e o bronze na última edição, em 2022.
