Surto História: A Dança perfeita de Torvill e Dean

Dupla britânica revolucionou a dança no gelo em Sarajevo-84 com uma apresentação que ficou na história da modalidade

Reprodução/ youtube
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Após quinto lugar na dança do gelo nos Jogos de inverno de Lake Placid, os britânicos Jayne Torvill e Christopher Dean resolveram tomar uma atitude drástica: Abandonar os seus empregos de balconista e policial em Nottingham, respectivamente, para se dedicar somente à patinação artística.

Era um desafio, já que eles não podiam virar profissionais, mas a prefeitura da cidade inglesa resolveu bancar os treinos da dupla, que fizeram o pacto de conseguir o ouro na próxima olimpíada em Sarajevo, e de uma forma que o mundo não esqueceria.

Eles dominaram o ciclo olímpico, com três títulos mundiais, com a margem cada vez maior. E em Sarajevo-84, torvill e Dean resolveram ousar ainda mais, usando ‘Bolero’ de Maurice Ravel. E esta famosa canção do início do século seria um grande desafio para se tornar ‘patinável’.

Isso porque ‘Bolero’ tinha um total de 17 minutos e em sua edição, o mínimo de tamanho de 4m28s, 18 segundo a mais do que o permitido. A dupla começou a pesquisar as regras olímpicas e viu que o tempo de 4m10s só passariam a contar quando o primeiro patinador da dupla colocasse a lâmina no gelo. E Torvill e Dean decidiram ousar e começar a apresentação ajoelhados, movendo seus corpos no rito da canção por 18 segundos cronometrados mentalmente pela dupla, para então colocarem a lâmina no gelo e patinar.

E que apresentação. Em 14 de fevereiro de 1984, a Grã Bretanha parou para assistir um dos eventos olímpicos mais vistos da história do país, com o número aproximado de 24 milhões de televisores ligados na hora da apresentação – na época, 56 milhões de pessoas viviam na Ilha. E todos que assistiram, na Grã-Bretanha e no mundo, ficaram encantados com a apresentação da dupla.

Torvill e Dean foram sublimes na dança no gelo. Rompendo com muitas das tradições em sua coreografia inovadora, uma apresentação praticamente sem falhas, com leveza e graciosidade tamanhas que hipnotizou o todo público presente, que ovacionou de pé ao final da apresentação da dupla. E não foram só o público que se encantou, os jurados também foram impactados: foram 12 notas máximas de execução (6,0) e seis notas 5,9, além da nota máxima em impressão artística unânime. Um ouro merecidíssimo, em uma das apresentações que é considerada até hoje uma das mais perfeitas da história da Patinação artística.

E Eles viraram celebridades instantâneas no Reino Unido, tendo recebido ainda em Sarajevo o telegrama da Rainha Elizabeth II, dizendo que ficou emocionada e orgulhosa com a apresentação dos dois. O mundo ansiava por um namoro dos dois, tanto que eles, grandes amigos, assumiram um namoro falso para agradar o público por um tempo.

Torvill e Dean viraram profissionais e se apresentaram ao redor do mundo a sua icônica apresentação. Em 1993, aproveitando um relaxamento das regras de amadorismo, voltaram – já com todos sabendo que eles eram casados com outras pessoas – para disputar a Olimpíada de Inverno em Lillehammer em 1994, ficando com o bronze – o que a imprensa britânica acho que foi um grande roubo.

Famosos no Reino unido, os dois foram jurados do programa ‘ dancing on ice’ por 19 anos – 2006 e 2025, quando o programa terminou, sempre se apresentando durante o programa. Em 2018, foi lançando um filme para televisão sobre a história dos dois. Eles estão no Hall da fama da Patinação artística desde 1989.

Jayne Torvill e Chistopher Dean colocaram o seu nome na história ao redefinirem a modalidade, fugindo do tradicional para fazer algo mais passional e intenso ao ponto de fazê-la ser cativante de novo, voltando a ser sucesso de audiência nos Jogos olímpicos de inverno com novos e ousados elementos. Ele se despediram de vez dos ringues de patinação em junho deste ano, quando comemoraram 50 anos de parceria no gelo.

Marcos Antonio

Marcos Antonio

Pai, Carioca, 40 anos, profissional de TI e cursando jornalismo. Um Fã de basquete e de todos os esportes olímpicos (e alguns não olímpicos também) que faz um trabalho de formiguinha para que todos eles tenham seu espaço. No Surto Olímpico desde 2012.
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