Surto Opina: com talento e carisma, Caio Bonfim se consolida entre os grandes

Já passou da hora de colocar o marchador entre os grandes do esporte olímpico brasileiro

Fernanda Paradizo/CBAt
Fernanda Paradizo/CBAt

Caio Bonfim foi o nome do Brasil no mundial de atletismo. O marchador fez história em Tóquio, com uma prata e um ouro conquistados nas provas de 35 e 20km, respectivamente se tornando o maior medalhista brasileiro em mundiais, superando Claudinei Quirino. E estas conquistas, tão compartilhadas nas redes sociais e chegando até no Jornal Nacional, projetaram Caio para o “olimpo” dos grandes atletas — algo que demorou a acontecer.

Isso demorou porque Caio disputa um esporte que não é encantador aos olhos pela beleza ou graciosidade, ou pela força e velocidade. Desconhecida do grande público, a marcha atlética é um pouco complexo de se entender. Felizmente, Caio pode ter conquistado os brasileiros — afinal, como bem sabemos, o brasileiro adora ver um compatriota ser campeão de qualquer coisa.

É inegável que, tecnicamente, Caio é um dos melhores marchadores do mundo. Além do excelente preparo físico, a marcha exige saber o momento certo de impor um ritmo mais forte ou mais controlado. No Mundial, vimos Caio em seu auge na leitura de prova — especialmente nos 20 km, quando assumiu a liderança no km 14, foi ultrapassado, reagiu no km 18 e, com força total, garantiu a vitória. (Ele mesmo admitiu que achava que seria o segundo ao entrar no estádio, pois não havia visto o japonês ser punido. Sorte de campeão que fala)

E esse desempenho não vem do nada, Sempre regular Caio vem em uma crescente desde 2023, passando pela prata em Paris e culminando com um mundial espetacular. Sua experiência – ele tem 34 anos – tem sido um trunfo e em um esporte que pode se ter uma carreira longeva, esse fator pode ser o diferencial do brasileiro até Los Angeles, se ele se mantiver saudável – bate na madeira!

E o principal diferencial de Caio é que ele tem algo que simplesmente as pessoas adoram ver em uma pessoa pública – Ele é extremamente carismático, divertido ou como se diz hoje, ele é ‘resenha’. Com ótima oratória, suas entrevistas no mundial foram antológicas. Destaque para quando contou que havia perdido a aliança e que buscou o ouro para ver se a esposa o “perdoava”, ou quando narrou como entrou no estádio achando que estava em segundo e só então viu a faixa de chegada — descrição sensacional.

(Um parênteses rápido, tem a história sensacional que ele mesmo conta da sua estreia na olimpíada de Londres, que resolveu comer uma maçã antes de correr – ele não costuma comer nada antes das provas – e passou mal, abandonando a prova, descrevendo que ele e a Branca de Neve são as únicas pessoas na história que caíram para uma maçã)

Caio é um atleta que merece mais patrocinadores e mais seguidores — que hoje, convenhamos, viraram métrica de sucesso. Com isso, pode alavancar não só sua carreira, mas o próprio esporte. A CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) também precisa aproveitar esse momento: no ano que vem teremos o Mundial de Marcha Atlética em Brasília, e já passou da hora de usar a imagem de seus principais atletas para promover a modalidade e inspirar o surgimento de novos “Caios Bonfim”.

Caio Bonfim já tinha mostrado no ano passado que, quando falamos dos grandes olímpicos brasileiros da atualidade, seu nome precisa estar na lista. Neste Mundial, ele ratificou esse status. Para mim, hoje, ele é o maior atleta olímpico brasileiro em atividade, ao lado de Hugo Calderano. E, se mantiver esse nível, deve continuar se firmando entre os grandes e cravar de vez seu nome entre os maiores da história.

Marcos Antonio

Marcos Antonio

Pai, Carioca, 40 anos, profissional de TI e cursando jornalismo. Um Fã de basquete e de todos os esportes olímpicos (e alguns não olímpicos também) que faz um trabalho de formiguinha para que todos eles tenham seu espaço. No Surto Olímpico desde 2012.
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