Itália unificou os títulos mundiais no masculino e no feminino, e parece que não vai parar por aí
Domingo terminou o mundial masculino de vôlei, com mais um título da Itália. O país da bota acabou fazendo a dobradinha vencendo no feminino e no masculino. E com equipes jovens e talentosas, parece que a era de domínio italiano no vôlei veio pra ficar em ambos os gêneros. Por quanto tempo é que talvez seja mais difícil precisar, mas no masculino as chances de uma hegemonia ser mais longa é maior.
Vamos falar primeiro da equipe mais dominante do momento, que é a seleção feminina. As italianas levaram o ouro olímpico em Paris, bi da Nations League em 2024 e 2025 e agora o mundial deste ano – as quatro últimas competições conquistadas e uma invencibilidade de mais de 30 jogos mantida e por enquanto, sem previsão de quando vai acabar.
As comandadas do genial Julio Velasco estão jogando fino e finalmente atingiram o potencial em que se esperavam delas. A Seleção além de ter pontuadores de alto nível como Sylla, Egonu e Antropova, tem uma das melhores recepções do mundo, com De Gennaro jogando o fino como líbero, melhor do mundo disparado na posição. Além de ser difícil colocar a bola no chão no lado italiano, a bola tem chegado quase sempre redonda pra levantadora Orro, que tem jogado muito também -não à toa eleita MVP do último mundial.
E o feito de domínio da seleção italiana no feminino ainda é mais surpreendente porque por anos vimos um nível de equilíbrio enorme no cenário mundial, com Brasil, Estados Unidos, Turquia, Sérvia, Japão, China, Polônia e Países Baixos sempre no bolo nos últimos anos. São seleções fortes e que não vendem fácil a derrota. Turcas e brasileiras (principalmente) perderam no detalhe, porque sabem que para vencer as italianas no momento, tem que fazer o jogo perfeito.

Agora o desafio de Velasco é tentar manter esse time no auge até Los Angeles. Tirando De Gennaro, que está com 38 anos, a base da equipe é relativamente jovem e deve continuar forte por mais alguns anos. Problemas de lesões podem atrapalhar a caminhada e algum desfalque pode ser fator importante em um cenário de seleções tão equilibrado – tem gente que acha que com Ana Cristina saudável, o resultado da semifinal seria outro, mas entrar no campo das hipóteses é complicado neste momento.
Já o masculino o caminho parece ser mais promissor. Sempre iluminados em mundiais, a Itália viu desta grandes favoritos caírem – Brasil incluso, dominou os desafios que teve contra Polônia e Bulgária e levou o penta com uma seleção com média de idade 26 anos. Ferdinando Di Giorgi, levantador da era de ouro italiana tricampeã mundial nos anos 90, tem nas mãos nomes como Micheletto, que pra mim é melhor jogador do mundo no momento, Russo, Bottolo, Gianelli e Balaso, só pra citar alguns que foram destaques no mundial e todos abaixo dos 30 anos – aliás, o único jogador campeão mundial acima dos 30 deste grupo foi Simone Anzani, de 33 anos.
A seleção masculina é um grupo para o presente e para o futuro, e acredito que o principal desafio desta geração é acabar com o fim do incômodo jejum de ouros olímpicos no masculino, algo que nem a geração lendária dos anos 90 conseguiu. As chances são boas, já que ao contrário do feminino, as forças do cenário mundial não estão tão emboladas, com muitas buscando se renovar até 2028. Apenas a Polônia mostra uma certa regularidade neste início de ciclo, mas com uma seleção mais envelhecida em relação aos italianos pode não ter fôlego para acompanhá-los nos próximos anos.
Claro que é muito cedo para decretar que hegemonias começam ou terminam, mas é claro que a Itália fez direito o seu papel de descoberta de novos talentos e vem sobrando atualmente. Claro que é muito difícil que uma dominância como a que vimos do Brasil na primeira década de 2000 e início da de 2010 se repita, e nisso que os mundiais de 2027 deverão ser um bom termômetro para saber até onde a Itália pode se manter no topo do vôlei mundial no masculino e no feminino. Mas a verdade é que o cenário é promissor para eles e no momento, o mundo do vôlei tem como idioma principal italiano. E deve ‘parlar’ italiano por mais um tempinho.
