Estadunidense naturalizado brasileiro fez história no NBB em 17 temporadas, defendendo Bauru Basket, Mogi Basquete e Caxias do Sul Basquete
O dia que parecia distante, quase impossível de imaginar, finalmente chegou. Larry Taylor, o “Alienígena”, armador que se tornou sinônimo de garra, talento e paixão pelo basquete, anunciou sua aposentadoria. Um adeus às quadras que deixa uma saudade antecipada, lembranças inesquecíveis e um legado que transcende números e títulos.
Natural de Chicago (EUA), Larry chegou ao Brasil em 2008, aos 28 anos, trazendo na bagagem sonhos, talento e uma enorme vontade de escrever sua história no basquete brasileiro. Logo conquistou os torcedores do Bauru Basket com suas jogadas de outro mundo, o que, claro, gerou o apelido que o eternizaria: Alienígena.
Sua trajetória vai muito além dos lances espetaculares. Ele conquistou corações com sua humildade, alegria e entrega absoluta em cada minuto de cada partida. Ao longo de 13 temporadas no Bauru Basket, em duas passagens memoráveis, Larry colecionou feitos que o colocaram como uma lenda. Foi bicampeão paulista (2013 e 2014), campeão da Liga Sul-Americana (2014) e campeão da Liga das Américas (2015).
No Brasil, além do Bauru Basket, o armador também teve a oportunidade de defender o Mogi Basquete por três temporadas do NBB CAIXA, totalizando 107 jogos, sendo campeão Paulista e da Liga Sul-Americana em 2016. Por fim, ele atuou pelo Caxias do Sul Basquete, sua última equipe na carreira. O jogo contra o Flamengo, em 2 de maio de 2025, pelas oitavas de final da edição 2024/25, se tornou oficialmente sua despedida.
Mas talvez nenhum momento tenha sido tão emocionante quanto em 2012. Naturalizado brasileiro, Larry representou o País nos Jogos Olímpicos de Londres, realizando o sonho de todo atleta de sentir o coração do Brasil pulsando dentro do maior palco do esporte mundial.
“A vida de atleta tem prazo. E senti que, para mim, chegou a hora de avançar para a próxima fase. É uma decisão muito difícil, mas estou em paz com essa escolha”, disse Larry.
Eternizado na história
O armador se posicionou entre os jogadores lendários do NBB CAIXA. Larry é o terceiro em número de jogos (584), o quinto maior pontuador (6,726 pontos), o quarto em assistências (2,181), o nono em rebotes (2,419), o quinto em eficiência (7,871) e o líder em recuperações de bola (813). Foram ainda 28 duplo-duplos e quatro triplo-duplos.
Mas mais do que estatísticas, ele deixou uma marca invisível, porém indelével. A energia de um jogador que jogava com o coração, que transformava quadras em palcos de emoção e que inspirava todos ao seu redor a se superarem.
Rodrigo Franco Montoro, presidente da Liga Nacional de Basquete, resumiu o sentimento neste momento. “Larry Taylor é uma lenda do basquete brasileiro. Já defendeu nossa Seleção em Mundiais e Olimpíadas e tem várias marcas significativas na nossa liga. No entanto, mesmo com tudo que ele entregou dentro de quadra de forma tão brilhante, talvez a maior habilidade do Larry seja fora da quadra. É difícil apontar um cara tão gentil, educado e gente boa quanto o Larry”, disse o dirigente.
“Ele é nascido nos Estados Unidos, mas incorporou o espírito da nossa terra e hoje podemos dizer que é um dos grandes brasileiros da história do nosso basquete. Vai fazer falta no NBB CAIXA, mas esperamos que o legado dele nunca seja esquecido”, completou.
Homenagem
Larry será homenageado no dia 30 de outubro, durante o jogo contra o Caxias do Sul, pelo NBB CAIXA. Entre outras ações, a cerimônia marcará a eternização da camisa número 4 na parede do ginásio Panela de Pressão. Na mesma ocasião, será lançada a campanha “Missão Cumprida”, um selo que simboliza a carreira de um jogador que transcendeu o basquete para se tornar mito. Criado pelo designer Joaquim Xavier, ele será estampado no uniforme 2 do Bauru Basket ao longo de toda a temporada 2025/26.
“Tinha que ser em Bauru. Tenho muito amor por essa cidade. É claro que também guardo com carinho as passagens por Caxias e Mogi. Mas Bauru foi a cidade em que joguei mais tempo. Pra mim, aqui é a minha casa. Bauru é quem tem o meu coração”, afirmou Larry.
O armador se despede das quadras, mas nunca do basquete. O Alienígena encerra sua carreira, mas deixa uma história que seguirá inspirando gerações. Cada passe, cada cesta, cada drible permanecerá vivo na memória de quem ama este esporte. E assim, Larry deixa o jogo, mas o jogo nunca o deixará.











