Surto Opina: não tem discussão, Hugo Calderano já é um gigante do esporte brasileiro

Hugo Calderano fez história e já merece figurar entre os grandes do esporte mesmo sem uma medalha olímpica

Não tem discussão: Hugo Calderano já colocou de vez seu nome na história do esporte brasileiro. Nos últimos dois meses ao conquistar o título da Copa do Mundo e o vice do campeonato mundial, foram os inúmeros feitos inéditos que o mesatenista conseguiu para a modalidade no país. Por mais que certa parte do público queira uma medalha olímpica para validar isto, ela não é necessária. Em um esporte tão dominado por um País, Hugo foi um herói solitário, que galgou os altos degraus do topo para enfrentar adversários até então imbatíveis e deixá-los desconfortáveis, algo impensável anos atrás. E isso deve ser exaltado.

E quando falo Calderano foi evoluindo o seu jogo galgando degrau por degrau para chegar ao topo, não é uma metáfora. Desde 2013, ele vem subindo posições em cada mundial, assim como ele vem subindo de produção nos três  Jogos Olímpicos que disputou. Mas o quarto lugar em Paris-2024 além de dolorido, faz com que muitos chamados ‘torcedores’ falem pelas redes sociais da vida que ele precisa da medalha olímpica para ser considerado lenda, ou ‘ vence chinês em mundial, mas chega na olimpíada e na hora amarela’, algo que muitos torcedores de ocasião (ou não) adoram falar sem fundamentos.

O grande problema é que muitos querem colocar sempre o próximo obstáculo para exaltar determinado atleta. Se venceu um torneio continental, precisa vencer um mundial; Se venceu o mundial, tem que ganhar um ouro olímpico; se ganhar o ouro olímpico, tem que fazer tudo de novo. Parafraseando Fernando Meligeni, o brasileiro tem um sério problema para saber identificar e exaltar quando atleta é bom ou ótimo. Somente os gênios que atingem a excelência irrefutável merecem ser exaltados como heróis unânimes – e (quase) imunes as críticas. 

Não somente de títulos se faz um ídolo, um gigante do esporte, mas sim do impacto que ele causa na sua modalidade e no público. Por exemplo, Daiane dos Santos e Gustavo Kuerten não tem uma medalha olímpica, mas o impacto dos dois na ginástica artística e no tênis são inegáveis. Tanto que eles entraram para o Hall da Fama do Comitê Olímpico do Brasil recentemente, um caminho que Hugo trilhará independente do que acontecer em sua carreira daqui pra frente.

Calderano está fazendo história. A hegemonia da China que perdura desde o início deste século foi rachada com o título dele da Copa do Mundo e impedindo uma final 100% chinesa no mundial. Se os mesatenistas chineses desconfiavam, agora eles tem certeza que se não jogarem tudo que sabem contra Hugo, vão ser derrotados. Ele tem jogado muito e como ele mesmo disse, passou a trabalhar muito sua parte mental após o quarto lugar em Paris-2024, o que pode ter ajudado a evoluir ainda mais o seu jogo agressivo no tênis de mesa. E próximo de completar 29 anos, ainda não parece que o brasileiro chegou ao seu ápice no esporte, o que significa ser número 1 do mundo não é mais um sonho tão impossível assim.

A minha torcida e de todos é que ele se mantenha saudável nos próximos anos e na Olimpíada de Los Angeles em 2028, ele continue sendo o pesadelo dos chineses e conquiste a tão sonhada medalha olímpica. Mas se Calderano não conquistar também, azar da Olimpíada. Hugo já pode sentar no olimpo do esporte brasileiro e conversar de igual para igual com qualquer um que habite este sagrado local.

Marcos Antonio

Marcos Antonio

Pai, Carioca, 40 anos, profissional de TI e cursando jornalismo. Um Fã de basquete e de todos os esportes olímpicos (e alguns não olímpicos também) que faz um trabalho de formiguinha para que todos eles tenham seu espaço. No Surto Olímpico desde 2012.
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